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águatorneiraDefensor da água como um direito humano, o pesquisador Léo Heller – relator especial das Nações Unidas (ONU) sobre água e esgotamento sanitário – é a favor do subsídio cruzado na cobrança da tarifa de água. “Que os mais ricos paguem mais e os mais pobres paguem menos, uma transferência interna no sistema de cobrança”, declarou à Agência Brasil.

Ele avalia que são temerárias as políticas que aumentem o custo da água para estimular a economia do recurso hídrico, pois isso pode levar a injustiças. A prática de aumentar o preço da água foi utilizada em países como a Dinamarca. “É preciso ter muito cuidado com modelos de cobrança para que isso não implique um ônus desproporcional para as populações mais pobres”, avaliou.

De acordo com Heller, a maioria dos prestadores do serviço de água no Brasil adota um modelo tarifário que parte do pressuposto de que a população mais pobre gasta menos água. O valor do metro cúbico (m3) consumido, portanto, aumenta na medida em que o consumo mensal é maior. “Isso não é necessariamente verdade. Muitas vezes as populações mais pobres têm famílias mais numerosas, têm menos equipamentos domiciliares economizadores de água. Como resultante [desse modelo de cobrança], isso pode levar a consumos muito baixos, desconexões, sacrificando a saúde dessas pessoas”, apontou.

Parte do modelo tarifário da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), por exemplo, tem gerado questionamentos em meio à crise hídrica, especialmente as tarifas aplicadas a pessoas jurídicas. Os Contratos de Demanda Firme buscam fidelizar grandes consumidores, como shoppings, hotéis e indústrias, por meio de descontos, ou seja, quem consome mais paga menos. Por esse modelo, de acordo com a tabela tarifária, quem consome de 500 a 1.000 m3 por mês paga R$ 11,67 por metro cúbico. Acima de 40 mil m3, o valor é R$ 7,72. Para clientes comuns, a tarifa industrial e comercial para a maior faixa de consumo (acima de 50 mil m3) é R$ 13,97, sendo maior que nos dois casos anteriores.

Com a escassez de água, clientes comuns tiveram que economizar para ter descontos. Enquanto isso, os 537 consumidores que firmaram esses contratos continuaram a pagar menos pelo metro cúbico.

Uma lista divulgada pelo jornal El País, conseguida por meio da Lei de Acesso à Informação, mostra o volume consumido e o valor pago por alguns deles. A Viscofan, que produz tripas de celulose para embutidos, é a campeã no consumo, com um gasto mensal de 60 mil m3. De acordo com o jornal, a empresa paga, com o desconto fornecido pela Sabesp, R$ 3,41 por m3. Esse montante equivale à média mensal de mais de 2,7 mil famílias, considerando um gasto médio de 22 m3, segundo dados da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon).
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Santa Casa diz que isenção foi aprovada pela Câmara.

A isenção no pagamento da conta de água para os hospitais da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna foi questionada por vereadores itabunenses, como Ricardo Bacelar, e pelo presidente da Empresa Municipal de Água e Saneamento (Emasa), Alfredo Melo, numa audiência pública na última terça, 30 (confira a nota aqui).

De acordo com Alfredo Melo, a isenção à Santa Casa custa mais de R$ 1,2 milhão, por ano , aos cofres da Emasa. Por meio de sua assessoria, a Santa Casa contesta os vereadores e o presidente da Emasa, além de leitores do Pimenta.

De acordo com a nota, a Santa Casa negociou dívida de R$ 1.003.800,00 em contas atrasadas, relativas ao fornecimento de água dos hospitais Manoel Novaes e Calixto Midlej Filho. O parcelamento da dívida, segundo a instituição, foi efetuado ao final de 2008.  O parcelamento teve a anuência da Câmara Municipal.

De acordo com o contrato, a Santa Casa ganhou direito à isenção pelo menos no período em que estiver sendo paga a dívida de R$ 1 milhão. A isenção, observa a assessoria de comunicação, não cobre o consumo do Hospital São Lucas, arrendado pela provedoria. Mensalmente, é pago à Emasa R$ 5.800,00 do parcelamento.

“Sobre o caráter filantrópico da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna,  como ocorre em outras instituições de  mesma  finalidade , esta é uma  concessão do  Governo  Federal  e  constantemente reavaliada pelos órgãos  competentes . Com distinção, a Santa Casa de Itabuna tem ao  longo  das  últimas  décadas  renovado  seu título de  filantropia, a  partir de critérios técnicos  e amplamente reconhecidos pelo Governo Federal”, diz a nota.

A Santa Casa também repele, em nota, comentários sobre o atendimento a pacientes do SUS. Segundo informa, os atendimentos a conveniados somaram 43.993 em 2008, número que subiu para 89.541 no ano passado, sendo 20.366 internações. “Estes dados contestam a  afirmação que a instituição  não atende ao  SUS,  como  postado nos  comentários em anexo  ao texto”.

Confira a íntegra da nota