Uesc anuncia expansão do mecanismo de cotas || Foto Jonildo Glória
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A Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) anunciou, nesta terça-feira (16), que adotará reserva de vagas nos processos seletivos para cursos de pós-graduação. O sistema já vale para as graduações. Serão reservadas 50% das vagas de cada curso para grupos minoritários, a exemplo de indígenas, quilombolas, refugiados e pessoas trans. O percentual não será aplicado quando a seleção oferecer até quatro vagas.

Do total de vagas reservadas, 50% serão para pessoas negras e pardas. A outra metade deverá ser dividida para pessoas com deficiência, trans e demais minorias políticas. “Uma mesma categoria só poderá ser contemplada com mais de uma vaga se não houver candidatos aprovados nas demais categorias”, diz trecho da resolução do Conselho Superior da Uesc.

Os candidatos à reserva de vagas participarão do processo seletivo regular, mas serão classificados em listas específicas. As pessoas optantes pela reserva de vagas deverão entregar, no ato de inscrição, documentos que atestem a condição minoritária. No caso de pessoas trans, por exemplo, é necessário apresentar documento de autodeclaração assinado, que poderá conter o nome social ou comprovante de retificação da identidade.

No processo seletivo, os candidatos negros aprovados no sistema de reserva de vagas serão submetidos a uma banca de verificação. Já quilombolas e indígenas deverão apresentar documento assinado pela liderança do grupo tradicional a que é vinculado.

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Após recomendação do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) modificou a forma de aplicação da reserva de cotas para a população negra no seu concurso público de professores. Agora, ao invés de aplicar a cota de 30% por departamento, a Universidade reservou 15 das 49 vagas para negros e pardos. O novo edital foi publicado nesta terça-feira (10), oito dias após a suspensão do certame.

O novo prazo de inscrição será de 16 de maio a 9 de junho. No ato, o candidato deverá preencher o formulário do requerimento, que ficará disponível no site da Uesc. A taxa é de R$ 195,00. Têm direito à isenção os candidatos inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) ou doadores de medula óssea inscritos em entidades reconhecidas pelo Ministério da Saúde.

VAGAS E ETAPAS DO CONCURSO

A Uesc vai contratar professores para os departamentos de Ciências Agrárias e Ambientais, Ciências Administrativas e Contábeis, Ciências Biológicas, Ciências Jurídicas, Ciências Econômicas, Ciências Exatas e Tecnológicas, Ciências da Educação, Filosofia e Ciências Humanas, Letras e Artes, e Ciências da Saúde. A relação de vagas está disponível no anexo do edital.

O concurso terá as etapas de prova escrita, prova didática (aula pública), plano de trabalho e prova de títulos.

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…E, PARA TANTO, FOI PRECISO QUE OS ESTUDANTES CHUTASSEM A PORTA DO PALÁCIO

sandro ferreiraSandro Ferreira | sandrosf@gmail.com

Era preciso radicalizar ainda mais o caráter inclusivo da UFSB para aqueles que aqui já estavam – em sua ampla maioria cotistas – e para aqueles que aqui ainda não estavam, por conta das próprias limitações da lei, como quilombolas, indígenas aldeados e populações transgêneros.

 

Nenhum intelectual sério, nenhum pesquisador dedicado, nega o papel fundamental das Ações Afirmativas na transformação simbólica da universidade brasileira. Mas ainda temos a difícil tarefa de reconhecer o potencial (e fazer valer) deste processo, ainda em curso, para uma transformação epistemológica do nosso principal espaço de produção de conhecimento: a UNIVERSIDADE PÚBLICA.

O último ciclo de expansão do ensino superior brasileiro, entre 2012 e 2014, produziu quatro novas universidades públicas, todas no eixo histórico da exclusão política e educacional, no Norte-Nordeste. As escolhas das regiões, onde cada uma das quatro novas universidades se instalaria, guardavam consigo enorme simbolismo e potencial transformador da própria concepção de universidade.

A região do Cariri, no Ceará, com o simbolismo político e religioso de Juazeiro do Norte; a região do sul e sudeste do Pará, com a luta pela resistência ecológica dos povos de Marabá e região; a região do oeste baiano, marcado por um desenvolvimento predatório e excludente do agronegócio do entorno de Barreiras; e a região do sul da Bahia, com toda sua beleza cultural articulada a toda a sua sabedoria ancestral, fruto dos povos indígenas e quilombolas que ainda resistem entre Itabuna e Teixeira de Freitas.

Neste sentido, é preciso esperar mais das universidades, mais do que apenas a oferta de vagas e a reprodução dos modelos clássicos de ensino universitário direcionado para os setores sociais que só pensam suas vidas e trajetórias por meio do saber moderno acadêmico.

A UFSB em sua construção inicial se propôs esta tarefa. Reuniu colaborações diversas vindas dos quatro cantos do Brasil, com experiências ímpares e interessadas em construir uma universidade inclusiva e democrática, mas, sobretudo, crítica dos saberes constituídos na universidade moderna. Mas, nesta crítica, deveria caber o novo, resultante da articulação do acúmulo teórico-epistemológico da universidade moderna com os saberes pluriepistêmicos ofertados na região por meio de suas comunidades tradicionais. Alguns percalços no caminho nos fizeram desviar um pouco desta potencialidade. Precisamos radicalizar a democracia interna para reascender esta tarefa.

Em outro campo, não menos importante, a UFSB produziu ainda em 2013 uma adesão ampla aos mecanismos recém-consolidados de inclusão e ação afirmativa: o ENEM, o SISU e a Lei de Cotas. Sobre esta última, a opção por aplicar integralmente a lei (que só previa a obrigatoriedade da aplicação integral em 2016) já no primeiro processo seletivo, foi efetivada por meio da ampliação simbólica da reserva de 50% para 55%, acompanhado da criação dos Colégios Universitários, enquanto mecanismo de aproximação com os egressos de escola pública (refletido na cota específica de 85%).Desde então, pouco avançamos em nossa adesão à Lei de Cotas. Demoramos, e eu diria, até resistimos ao imperativo legal da aplicação da Lei 12.711/2012 também na transição do primeiro ao segundo ciclo da graduação.

Talvez influenciados por uma leitura romântica e antissociológica da formação geral e da formação interdisciplinar do primeiro ciclo – que teria o potencial de equalizar desigualdades de oportunidades educacionais que reconhecíamos existir na passagem do ensino médio para a universidade – acabamos induzidos a esta demora excessiva para discutir tal questão.

Há que se dizer que esta vacilação foi encontrada também na UFBA, que só passou a aplicar a lei de cotas na passagem ao segundo ciclo agora em 2017, e em outras universidades baianas que também têm regime de ciclos (de modo complementar), como a UFOB e a UNILAB.

Mas, na UFSB, o incômodo quanto à possibilidade de termos uma representação étnico-racial no segundo ciclo – especialmente em áreas simbolicamente tão importantes na reprodução de status quo como a Medicina -, bem distinta daquela que efetivamos no primeiro ciclo com a Lei de Cotas, chamou a atenção de uma parte dos professores e gestores, bem pequena, diga-se de passagem. Eu mesmo, que passei os últimos dois anos estudando e militando por esta causa, fui instado a esta reflexão pela professora Joana Angélica, vice-reitora, que, após um conjunto de reuniões com os estudantes, me solicitou a produção de um estudo sobre o perfil provável dos ocupantes das vagas na Medicina sem a aplicação da Lei de Cotas. Pouco ou nenhum efeito teve este estudo.

Reunião do Conselho Universitário em que foi aprovado percentual de cotas para o segundo ciclo ||Foto Saulo Carneiro
Reunião do Conselho Universitário em que foi aprovado percentual de cotas para o segundo ciclo ||Foto Saulo Carneiro

Os estudantes, empoderados justamente pelo ideal de inclusão proposto em nossos documentos oficiais, resolveram comprar esta briga. E em junho de 2016 iniciaram a qualificação do debate por meio de um grupo de discussão no Facebook, chamado Cotando UFSB. E, aqui, cabe o registro histórico, para a devida localização daqueles sujeitos responsáveis por um conquista que, no futuro, terá papel fundamental na transformação social e política do sul-baiano.

Nomes como Letícia Lacerda, Emerson Mendes, Kaline Goncalves, Jorge Miguel, Vicente Izidro e Saulo Carneiro, dentre muitos outros, precisam ser lembrados por mim – enquanto pesquisador do tema – enquanto sujeitos destacados deste processo. Com estes, tive a oportunidade de discutir diversas vezes, muitas madrugadas inclusive, cada aspecto legal, cada demanda específica e cada estratégia política diante da tarefa de garantir o óbvio: a aplicação do que determinava a Lei de Cotas em seu Artigo 1o.

As instituições federais de educação superior vinculadas ao Ministério da Educação reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação, por curso e turno, no mínimo 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. (grifo nosso)

Mas se para mim já era um grande feito garantir os 55%, já aplicados no primeiro ciclo, na passagem aos cursos do segundo ciclo, para estes estudantes isso era pouco. Era preciso radicalizar ainda mais o caráter inclusivo da UFSB para aqueles que aqui já estavam – em sua ampla maioria cotistas – e para aqueles que aqui ainda não estavam, por conta das próprias limitações da lei, como quilombolas, indígenas aldeados e populações transgêneros.

E, nesta direção, demostrando uma coragem ímpar, insistiram na proposição de 75% de reserva para egressos de escola pública, apoiados nos dados da composição atual dos estudantes da UFSB; apoiados no fato de termos muitos estudantes ingressos através da ABI com sua cota de 85%; e apoiados nos dados dos egressos de escola pública e da população preta, parda e indígena da região sul da Bahia.

E, no histórico dia 1º de setembro de 2017, foi aprovado o novo sistema de reserva de vagas da UFSB, com 75% para egressos de Escola Pública e adoção de vagas supranumerárias para outros segmentos que não são especificamente citados pela lei.

Cabe também o destaque acerca da sensibilidade demostrada pela maioria do Consuni sobre a necessidade de um programa de transição, que considere o direito dos estudantes já ingressos na UFSB pela ampla concorrência de alcançarem o seu lugar no segundo ciclo, a partir de parâmetros condizentes com aqueles previstos na sua entrada. É preciso como passo urgente, formalizar e organizar estas normativas internas, sob pena de aumentarmos as condições de angústia e adoecimento em curso por conta da demora institucional em organizar este processo.

Agora, cabe aos gestores, aos estudantes e aos demais interessados no tema a tarefa de consolidar esta conquista e qualificar os mecanismos de seleção e subdivisões internas, garantindo ao máximo os resultados desejados com o novo sistema de cotas da UFSB.

Vida longa ao desejo de fazer desta universidade um instrumento real de transformação social, uma coisa pública que ajude a superar o histórico de desigualdades do sul da Bahia, sobretudo sobre a sua população majoritariamente negra e indígena.

Vida longa aos estudantes que lideraram esta batalha. Que estes nomes sejam lembrados, como sujeitos históricos em luta, nos livros que virão a contar os caminhos desta conquista.

Sandro Ferreira é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).

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Alunos da UFSB pedem adoção irrestrita de sistema de cotas (Foto Gabriel Oliveira).
Alunos da UFSB pedem adoção irrestrita de sistema de cotas (Foto Gabriel Oliveira).

Alunos da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) iniciaram movimento para que seja implantado sistema de cotas para o segundo ciclo de todos os cursos de graduação. Por meio das redes sociais, estudantes começaram a coletar assinatura, feita por meio de uma plataforma digital (confira aqui). Somente os estudantes participam do abaixo-assinado. No sul da Bahia, instituições públicas de ensino como a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) adotam o sistema de cotas.

Diferentemente de outras instituições, a UFSB adota sistema inovador de bacharelado e licenciatura interdisciplinares para os semestres iniciais (primeiro ciclo), quando os alunos de cada área escolhida estudam conteúdos comuns. As cotas funcionam apenas para esta fase inicial.

As disciplinas específicas são oferecidas a partir do segundo ciclo, período em que o aluno escolhe o curso em uma das quatro áreas de bacharelados (Artes, Ciências, Humanidades e Saúde) ou licenciatura (Artes, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais, Linguagens e Códigos e Matemática e Computação).

“Entendemos que as cotas se constituem como um mecanismo imprescindível para a promoção da equidade nos cursos de 2º ciclo propostos pela UFSB. É imperativo afirmar que esta luta se constitui como demanda comum a todos os cursos, não sendo restrita a progressão para Medicina. Assinam este documento, portanto, discentes das diversas áreas do conhecimento e saberes existentes na instituição”, expressa o documento.

Os articuladores do sistema de cotas ainda citam repúdio coletivo a “toda tentativa de desqualificação e silenciamento da discussão das cotas, entendemos esta como uma luta de princípio”. “Além de tudo, é importante reiterar que o território do Extremo Sul da Bahia se constitui como região eminentemente indígena e negra, dessa forma uma não politica afirmativa neste sentido feriria o Plano Orientador da instituição, este que assume compromisso com o desenvolvimento regional, econômico e social.” Atualizado às 14h37min.

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cotas-negros-3O governo baiano reservará 30% das vagas em concursos e processos seletivos públicos para a população negra. Assinado pelo governador Jaques Wagner, o decreto foi publicado na edição de final de semana do Diário Oficial do Estado.
A reserva valerá para negros ou afrodescendentes que fizeram autodeclaração no ato de inscrição no concurso ou seleção pública. A cota para negros e afrodescendentes em concursos já estava prevista na Lei 13.182, de 6 de junho deste ano.
O sistema de cotas passará a valer em certames estaduais que oferecerem três ou mais vagas.  Os critérios de autodeclaração seguem o quesito cor ou raça utilizado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A opção só pode ser feita no momento da inscrição para o concurso. As sanções para casos de declarações comprovadamente falsas incluem a eliminação do concurso ou a anulação da admissão, caso o candidato já tenha sido nomeado ou contratado.
Para o secretário da Administração, Edelvino Góes, iniciativa demonstra “compromisso do governo na busca pela consolidação e ampliação das políticas públicas” de promoção da igualdade racial.
– A lei federal, em vigor desde junho deste ano, reserva 20% das vagas para os negros em concursos federais. A Bahia entra no cenário estadual de forma pioneira, pois reserva 30% de suas vagas para a população negra.
O secretário de Promoção e Igualdade Racial, Raimundo Nascimento, disse que “o decreto é a primeira ação voltada para a regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia, escrito por várias mãos de representantes do Estado e sociedade civil”.

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cotas-negros-3A Câmara dos Deputados aprovou hoje (26) o projeto de lei que reserva 20% das vagas em concursos públicos da administração direta e indireta da União a candidatos negros. Foram 314 votos favoráveis, 36 contrários e seis abstenções.
De acordo com o projeto, a reserva vai durar dez anos e começará a valer após a aprovação do texto pelo Senado e a sanção presidencial. O projeto, apresentado pelo Executivo, segue agora para apreciação dos senadores.
Hoje pela manhã, o projeto tinha sido aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, depois de ter sido discutido durante toda a tarde de ontem (25) e parte da manhã de hoje.
Antes da votação em plenário do texto principal, os deputados rejeitaram duas emendas ao projeto, que estendiam a reserva de vagas aos cargos em comissão da esfera federal e subdividiam a cota, nos concursos públicos, entre os que estudaram em escola pública e privada. Informações da Agência Brasil.

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A Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) abre nesta quarta-feira, 16, o prazo de inscrição ao vestibular 2010. A inscrição somente poderá ser feita no site da instituição (clique aqui), a partir das 13h desta quarta. O último dia para garantir participação no exame é 10 de outubro. O valor da taxa é de R$ 85,00.

As provas estão previstas para os dias 10, 11 e 12 de janeiro. A Uesc aderiu ao sistema de cotas, para o qual destinou metade das vagas (conheça as regras no site da instituição). São 1.440 vagas para os 18 cursos de bacharelado e 11 de licenciatura. A universidade obteve conceito 4 no Índice Geral de Cursos, do Ministério da Educação (MEC), e nota média 3 no Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade), antigo provão.

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Do Globo

Pesquisa de opinião realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) mostra que 75% dos brasileiros preferem que as cotas nas universidades federais sejam destinadas a alunos pobres que estudaram em escolas públicas, contra 11% que preferem a cota racial. Apenas 9% são contrários a qualquer tipo de reserva de vagas.

A pesquisa foi contratada pelo DEM, que pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão das cotas raciais na Universidade de Brasília. Foram entrevistadas mil pessoas, por telefone, em todas as regiões do país.

De acordo com a enquete, as cotas sociais, destinadas a alunos pobres que concluíram o ensino médio na rede pública, contam com o apoio de 84% da população. Quando os entrevistados foram indagados se apoiam apenas as cotas raciais para negros, pardos e índios, o percentual de aprovação foi menor: 53% dos entrevistados defenderam a proposta. Já 44% se disseram contrários às cotas raciais, e 4% não souberam ou não quiseram opinar.

A polêmica sobre as cotas está em debate no Senado. De um lado, o governo defende a reserva de vagas de acordo com critérios raciais e sociais. Do outro, a oposição apoia a reserva de vagas de acordo com critérios sociais, apenas, e rejeita a distinção dos estudantes pela cor da pele.

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