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O ator ilheensee Fábio Lago chegou a Ilhéus na última quinta-feira, 10, com dois objetivos. Um deles foi comemorar o aniversário de 41 anos em companhia de sua família. O outro foi conversar com lideranças locais sobre o projeto do Complexo Intermodal Porto Sul.

Em uma reunião na sede do Sindicato dos Estivadores de Ilhéus, Lago ouviu diversas opiniões tanto sobre o Intermodal quanto acerca do terminal privativo da empresa Bahia Mineração. Particularmente, o artista inclina-se favoravelmente ao empreendimento, defendendo, porém, que ele seja implantado de uma forma que minimize os impactos ao meio ambiente.

Lago disse acreditar na importância dos investimentos que estão chegando a Ilhéus, como forma de dar novas perspectivas à comunidade local. Ele também pretende incentivar um projeto de reflorestamento em áreas degradadas da Mata Atlântica na região.

Sobre esses e outros assuntos (como o engajamento de colegas seus da Rede Globo em uma campanha contra o Porto Sul), Fábio Lago falou em entrevista concedida ao PIMENTA  e ao site JORNAL BAHIA ONLINE.

Há quem afirme que você esteja na contramão do que pensam os artistas da Rede Globo. Muitos já se posicionaram contrários ao Complexo Intermodal Porto Sul, alegando que o investimento traria sérios prejuízos às causas ambientais da região. Por que você decidiu defender o Complexo?
Primeiro não estou na contramão do que pensam os artistas da Rede Globo, porque não sei o que eles pensam, não parei para conversar sobre o Complexo Intermodal Porto Sul. E, segundo, te confesso que acho até normal que atores se engajem em campanhas que dizem respeito ao meio ambiente.  O que me incomodou ao ver a campanha, inclusive eu estava presente no dia que ela foi lançada, é que eles não conhecem profundamente a região em questão, nem o povo envolvido. Como sou filho apaixonado pela minha terra e sendo hoje o único artista que tem uma projeção em nível de imagem no contexto nacional, me senti na obrigação de pelo menos esclarecer o equívoco que a campanha “Porto Sul, não” representa.

Você deixa claro que não pretende ser um protagonista desta discussão, mas que será um ator importante no trabalho de consciência popular. Como você pretende se engajar nesta luta?
Quando digo que não quero ser um protagonista dessa discussão, tenho alguns motivos claros: Não sou ambientalista, não sou um político partidário, não sou técnico em construção de portos, rodovias e aeroportos, sou simplesmente um ator. Um ator popular. Além disso, tenho um dever como cidadão ilheense de me posicionar a respeito de um tema tão importante. Acredito numa nova cultura, numa cultura em que não há um único protagonista. No caso em questão, pretendo, com a minha popularidade, abrir os olhos (que estão fechados em alguns ilheenses) para uma das mais importantes oportunidades de crescimento, não só econômico e cultural, mas humano. Esse é meu maior interesse: o desenvolvimento do ser humano ilheense, elevando sua auto-estima e tentando criar uma consciência de que um indivíduo, mais outro indivíduo, mais um outro terceiro indivíduo, pode formar uma força agregadora que supera qualquer apatia do velho e caquético poder público. Mas para isso é preciso que a sociedade se organize e entenda que só existe um protagonista nessa história: ela mesma.

Achei, no caso da propaganda da Bamin, uma oportunidade incrível de investimento na minha região. Fazia pelo menos 25 anos que nada tão substancial acontecia por aqui.

Há algum tempo você apareceu numa propaganda da Bamin, uma das principais interessadas na consolidação deste projeto. Você não tem receio de te acusarem de estar a serviço da empresa?
Quando decidi ser ator eu tinha 16 anos, e o meu maior mestre, que se chamava Pedro Mattos, um dos maiores ativistas culturais que essa cidade já teve, era homossexual  e  não escondia isso de ninguém. Alguns amigos, alguns familiares e muita gente em Ilhéus torceu o nariz (preconceito puro) achando que eu era gay, porque eu fazia teatro com ele. Só tive o apoio, como sempre, da minha santa Mainha. Se tivesse parado para ouvir o que as pessoas pensavam de mim, eu não estaria aqui dando essa entrevista para você. Não me importo muito com o que as pessoas pensam sobre o que faço. Achei, no caso da propaganda da Bamin, uma oportunidade incrível de investimento na minha região. Fazia pelo menos 25 anos que nada tão substancial acontecia por aqui. Sou um ator. Faço teatro, cinema, TV e campanhas publicitárias em vários lugares do Brasil, mas essa campanha da Bamin era especial porque trazia a oportunidade de uma retomada da auto-estima do meu povo com os investimentos que a empresa prometia. Podia ser a Bamin, podia ser a Bavocê, Baeles, não me importava mesmo qual a empresa em questão. Sentia como artista, que deveria usar a minha imagem para me comunicar com meu povo, mesmo que ela sofresse críticas ou algum desgaste. Não me importo! O que me importa é essa discussão que estamos tendo agora, exercendo o que considero ser a maior conquista da nossa geração: a democracia. A Mata Atlântica nós podemos reflorestar.

O que você acha do movimento dos artistas contrários ao Porto Sul?
Acho um movimento perigoso e, ao mesmo tempo, necessário para essa discussão. Aprendi que, dependendo do ponto de vista, uma única árvore pode esconder uma floresta inteira. Você imagine alguém dizer para você que, num lugarzinho, ali no sul da Bahia, tem uma Mata Atlântica e uns corais que vão ser “destruídos” para construção de um porto que vai transportar minério de ferro. Talvez ouvindo uma afirmativa dessa, sem nenhum conhecimento de causa, cairia no mesmo erro e apoiaria um tipo de campanha como essa. Talvez se fosse para transportar passageiros para Itacaré e baía de Camamu, eles nem fossem contra, porque quando falaram em desmatar a mesma Mata Atlântica para fazer o Aeroporto Internacional de Ilhéus, não ouvi, nem li, nem vi nenhum ambientalista, nenhum artista de projeção nacional vestindo camisa, nem levantando a bandeira contra a construção de tal obra. Com isso, pretendo convidar os meus colegas e ambientalistas que encabeçam a campanha contra esse empreendimento, inclusive Caetano Veloso, que fez críticas ao Porto em sua coluna em um jornal, a virem conhecer a realidade da nossa região, ouvir o meu povo e debater sobre esse assunto aqui dentro da nossa terra, para que eles vejam a calamidade em que esse povo tão generoso se encontra, e ouvir a frase chocante de um jovem ilheense que me disse: “Estudar pra quê?”.

Serei a favor desse empreendimento e lutarei não só com unhas e dentes, mas com o coração e minha alma pelo nosso desenvolvimento humano.

Você acha que te diferencia deles o fato de ser daqui e conhecer como nenhum outro a realidade sócio-econômica da região?
Não tenho nenhuma dúvida disso. E até que meu povo me prove o contrário, serei a favor desse empreendimento e lutarei não só com unhas e dentes, mas com o coração e minha alma pelo nosso desenvolvimento humano.

Você tem um projeto de conscientização ambiental, de reflorestamento de áreas no sul da Bahia. Como pretende desenvolver esta sua proposta? E como engajar a sociedade nela?
É o que vim fazer aqui. Aglutinar. Encontrar atores que se comprometam junto comigo, com você, com toda sociedade para formalizarmos um projeto que visa o desenvolvimento humano. Tentando sensibilizar os empresários, o velho poder público, os líderes comunitários, estudantes, artistas e principalmente as crianças. O reflorestamento de áreas do sul da Bahia, limpeza de praias e manguezais, podem parecer apenas pequenas ações. Mas, meu amigo, eu aprendi a plantar uma árvore e te garanto, é estimulante e revitalizante. Espero que a sociedade entenda que é preciso o desenvolvimento, mas junto com esse vem a responsabilidade e comprometimento de cada cidadão.

A Rede Globo dá sinais bastante claros de que, talvez por interesse de alguns dos seus diretores, é contrária ao empreendimento. Aliás, é rotineiro matéria mostrando o lado negativo do Porto Sul. Você é funcionário da empresa. Não teme nenhum tipo de represália por estar contra ao que ela defende?
Não.

Não tenho interesse, nem autorização do meu povo para ser o defensor público número um de causa alguma. Ao contrário, quero ouvi-los.

Qual o sentimento de Fábio Lago, ilheense, ao abraçar esta causa?
Sentimento de responsabilidade com minha cidade e com o meu povo. Agora, quero deixar bem claro que não sou o único a defender essa causa. Não tenho interesse, nem autorização do meu povo para ser o defensor público número um de causa alguma. Ao contrário, quero ouvi-los. Porque se não for do interesse do povo ilheense o desenvolvimento, serei o primeiro a tirar o meu time de campo, com uma tristeza profunda no peito, mas respeitando o desejo da sociedade.

Que proposta você faria hoje aos artistas, colegas seus, para debater esse tema com mais profundidade e mais conhecimento sobre os dois lados da moeda?
Tive a impressão que alguns dos meus colegas de profissão que aderiram a campanha, não sabiam nem do que se tratava o projeto intermodal Porto Sul, pois, por acaso, estava presente no dia em que a campanha “Porto Sul, não”, foi lançada.  E eu questionei a um deles: Você conhece Ilhéus? A resposta foi clara: Não! Então, a proposta que faço é que venham debater sobre o tema e conhecer o povo mais acolhedor que eu conheço. O povo mais “boa praça” que eu conheço e muitas vezes, numa grande maioria, até apático. Esse último me incomoda profundamente. Acho que eles esqueceram de como eram corajosos e aguerridos nossos antepassados, quando expulsaram daqui os holandeses e os corsários franceses que queriam usurpar nossos bens e nossas riquezas. E é nessa força que estou apostando minha reputação, meu empenho e meu entusiasmo. Juntem-se a nós.

Essa é a maior ou talvez a última oportunidade de esperança de desenvolvimento humano que essa geração poderá ter nos próximos anos.

Em uma pequena frase, gostaria que você definisse o que representam estes investimentos para o povo daqui da região.
Quero deixar claro também que isso não será a salvação da lavoura, mas com o aumento da arrecadação, possivelmente surgirão novos empregos, aumentarão as perspectivas e auto-estima dos jovens, diminuirá a violência desenfreada, aumentará a qualidade de vida da população. Essa é a maior ou talvez a última oportunidade de esperança de desenvolvimento humano que essa geração poderá ter nos próximos anos.

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Aldicemiro Duarte | mirinho_estivador@hotmail.com

 

Curioso verificar que uma das regiões mais procuradas por turistas de todo o mundo convive com três grandes terminais de embarque de minério, sem que essa situação interfira em sua vocação turística.

 

O noticiário informa que a Vale irá expandir o seu terminal de embarque de minério em Mangaratiba, no sul do Estado do Rio de Janeiro, em uma região conhecida como Costa Verde. O terminal tem capacidade para movimentar 42 milhões de toneladas de minério de ferro por ano e recebe investimentos para alcançar 54 milhões de toneladas / ano em 2015.

Além da exportação de minério de ferro, Mangaratiba, um município dinâmico, está entre os mais procurados por turistas de todo o mundo, possuindo grandes condomínios e hotéis e resorts de luxo. A localização privilegiada, próxima a Angra dos Reis, Paraty e Itaguaí, favorece a atividade turística, sendo importante destacar que na região existem outros dois portos que se dedicam à exportação de minério de ferro.

Em Ilhéus, a empresa Bahia Mineração aguarda a Licença Prévia do Ibama para a instalação de um Terminal de Uso Privativo, pelo qual serão escoados 19,5 milhões de toneladas de minério de ferro/ano (menos da metade do volume embarcado em Mangaratiba). O minério virá de Caetité pela Ferrovia da Integração Oeste-Leste (Fiol), esta com as obras já iniciadas.

Um parêntese: é importante destacar que o transporte do minério de Caetité a Ilhéus seria feito por mineroduto, mas o Governo Federal entendeu que o empreendimento da Bamin seria a oportunidade de colocar em prática o antigo projeto de construir a Ferrovia Oeste-Leste. Ou seja, a iniciativa privada favoreceu e ajudou a viabilizar uma ação de alto valor estratégico para o Brasil.

Curioso verificar que uma das regiões mais procuradas por turistas de todo o mundo convive com três grandes terminais de embarque de minério, sem que essa situação interfira em sua vocação turística. Não desconsiderar também o fato de que se trata de uma região conhecida como Costa Verde e na qual a Mata Atlântica ainda preserva sua exuberância.

A convivência entre grandes portos e zonas turísticas existe em outros lugares do Brasil, como Suape (Pernambuco), que fica próximo à belíssima praia de Porto de Galinhas e ao Eco Resort Cabo de Santo Agostinho. Quem visita esses locais se encanta com a beleza e pode observar a satisfação da comunidade com a existência do terminal portuário. É um catalisador de empregos e desenvolvimento.

Há pequenas cidades na Europa onde vários portos operam com cargas diversas. Sines, em Portugal, tem uma população menor que a do bairro ilheense do Teotônio Vilela e conta com três grandes portos.

Em Ilhéus, um reduzido grupelho, cheio de interesses “por baixo do pano”, combate com ferocidade o Complexo Intermodal Porto Sul e o Terminal de Uso Privativo da Bamin. A turma tenta propagar que a infraestrutura do complexo será incompatível com o turismo e destruirá o meio ambiente. A visão é obtusa e míope, a postura é arrogante e egoísta.

Essa turma tem entre suas maiores protagonistas uma senhora que cultivava ligações bastante próximas com hoteleiros ingleses cuja área foi desapropriada pelo Governo da Bahia para a instalação do Complexo. Seus interesses, disfarçados de defesa do meio ambiente, passam por essas e outras questões, que depõem contra a seriedade do falso movimento ambientalista.

Diante de tamanha insensatez e egoísmo de quem sobrepõe mesquinhos interesses a um projeto que trará desenvolvimento para a nossa região, resta-nos um grito: Socorro!

Aldicemiro Duarte (Mirinho) é coordenador do Coeso (Comitê de Entidades Sociais em Defesa dos Interesses de Ilhéus e Região).

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Para Josias, Porto Sul beneficiará o turismo

O deputado federal Josias Gomes (PT) fez pronunciamento no plenário da Câmara defendendo o Complexo Intermodal Porto Sul e a implantação de uma área industrial no sul da Bahia, aproveitando o Gasene (Gasoduto Sudeste-Nordeste) e a Zona de Processamento de Exportação em Ilhéus. Com relação à ZPE, o deputado integra um grupo que pressiona por agilidade nas obras de implantação.

Para o parlamentar do PT, o Complexo Porto Sul tem importância que extrapola as fronteiras baianas. “Esse amplo complexo assumirá importante papel como polo gerador de riquezas e desenvolvimento não só para a Bahia, mas para todo o país”, declarou o deputado na tribuna.

Ele também acredita que o Porto Sul terá impacto positivo no turismo, prevendo a geração de receita e postos de trabalho com a presença do porto e do aeroporto internacional. “Há exemplos interessantes em outras partes do Brasil, como no Porto de Suape, em Pernambuco, onde  a estrutura portuária fica a apenas três quilômetros do Eco Resort Cabo de Santo Agostinho e a poucos quilômetros de Porto de Galinhas”, mencionou Josias.

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Camila Oliveira | A Tarde

Apesar de ainda não estar autorizada, a  implantação do Complexo Intermodal Porto Sul preocupa moradores dos condomínios localizados na Ponta da Tulha. De acordo com relatório do Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia (Derba), foram cadastradas 269 construções para desapropriação em quatro condomínios: 155 casas no Paraíso do Atlântico; 78 edificações e lotes sem construções no Barramares; 33 casas e lotes sem construções no Loteamento Vilage da Barra e três casas no Barra Nova.

Os proprietários das casas reclamam da falta de transparência e comunicação do Derba, autarquia responsável pelo processo de desapropriação. E questionam o tratamento dado aos moradores pelo órgão: “Quando os funcionários vieram fazer o cadastramento dos moradores para desapropriação, eles falavam : ‘Pode curtir o verão e o Carnaval que em abril estaremos aqui. Se não sair, o trator derruba’. Foi uma falta de respeito”, disse a professora Maria D´Ajuda.

O diretor do Derba, Saulo Pontes, explica que a intenção do Estado é evitar conflitos sociais que porventura possam ocorrer no futuro. E afirma que, apesar de a área ter sido declarada como de interesse público,  ainda não é possível informar quantos imóveis serão desapropriados.

De acordo com ele, a medida vai depender da abertura de processo licitatório para contratação de uma consultoria que vai acompanhar o projeto do porto público. “É possível que nenhuma casa seja atingida. Tudo vai depender do resultado do estudo”, disse ele.

Confira reportagem completa n´A TArde

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Reinaldo Leão | reinalleao@gmail.com

Eles são endinheirados e têm mansões entre Serra Grande e Itacaré. Alguns têm projetos para grandes resorts e campos de golfe na APA da Lagoa Encantada. Não se interessam propriamente pela manutenção de espécies nativas da flora e da fauna deste bioma, mas exclusivamente com a fruição pedante da bela paisagem. De nariz empinado, como lhes apraz.

Os ricaços – o dono da empresa Natura, Guilherme Leal, e o presidente das Organizações Globo, Roberto Irineu Marinho, estão entre eles – moram na região Sudeste e têm o privilégio de possuir mansões no sul da Bahia, destinadas ao seu descanso e lazer. Frequentam a região em finais de semana, chegando em seus jatinhos particulares e saindo rapidamente do aeroporto de Ilhéus em carros de vidro fumê. Passam “voando” por Ilhéus, sem olhar nada em volta, pois a atenção quase sempre está focada em laptops.

O que esses privilegiados conhecem da região não ultrapassa os muros de suas mansões, mas eles estão dispostos a ditar os rumos do sul da Bahia. Para isso, contam com um grupo de pseudo-ambientalistas, linha de frente de um movimento que se dispõe a fulminar o projeto do Complexo Intermodal. Eles são ricos e estão convictos de que têm poder de fogo para a empreitada.

A estratégia do Complexo do Caviar contra o Complexo Intermodal foi traçada durante uma reunião ocorrida esta semana, naturalmente em São Paulo. Foi comandada pelo ex-secretário do Meio Ambiente… de São Paulo e tinha umas 50 pessoas: mais de 40 paulistas, é claro, e uma meia dúzia de baianos cooptados. Gente muito “bem-intencionada”.

Quem defende o Intermodal pode se preparar, porque vem chumbo grosso por aí. A ofensiva tem nome de novela (“Vale Tudo”), artimanhas de novela e até artistas de novela. Gente graduada na arte de fingir emoções e sentimentos alheios irá se mostrar indignada com o Intermodal. Desconhecem o projeto, seu verdadeiro impacto e a importância de que o desenvolvimento chegue ao interior da Bahia, mas irão decorar textos comoventes, com falsas premissas, mas com o forte apelo da preservação ambiental.

Não importa se quem vive na região apoia maciçamente o projeto. Não importa que o órgão responsável pelo licenciamento esteja atento às questões ambientais, tanto que solicitou novos estudos aos responsáveis pelo empreendimento. Não importa que o projeto inclua condicionantes capazes de garantir uma preservação que hoje efetivamente não existe. Nada importa, para quem pretende trabalhar com a mistificação, o preconceito e meias-verdades, transformando a vida real em enredo de ficção. Apostam num final feliz para eles, em suas mansões nababescas, desde que a pobreza continue como sempre esteve: do lado de fora do muro e com os papéis sempre secundários nessa novela.

Reinaldo Leão é engenheiro civil e ilheense radicado no Paraná.

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A Tarde:

Antonio Risério | ariserio@terra.com.br

Para dar um exemplo, o eixo Ilhéus-Itabuna tem de ser reativado. Precisa do porto, de equipamentos culturais, de novos estímulos, de novas direções.

É coisa relativamente rara, mas parece que estamos mesmo caminhando para um consenso. Nossa questão maior, hoje, é intensificar a integração espacial, econômica, social e cultural da Bahia. Outro dia, aqui neste jornal, Armando Avena escreveu sobre integração espacial, do ponto de vista econômico. É por aí. Para a Bahia se projetar em direção ao futuro, será necessário articular, no território estadual, uma nova rede infraestrutural e uma rede de cidades estratégicas, capazes de mobilizar e dinamizar a vida baiana, a partir de suas regiões.

No plano da logística, os projetos centrais do governo já estão devidamente definidos.

Quanto ao plano das cidades, o que se impõe é a qualificação de núcleos urbanos vitais para o sucesso no enfrentamento das novas realidades e de seus desafios. Ou seja: as realizações no campo da logística exigem a realização simultânea de uma ampla e criativa ação urbanística, operando sobre polos urbanos previamente definidos, dentro de critérios claros de desenvolvimento.

É na convergência de uma nova infraestrutura e de uma rede urbana renovada (em termos físicos e culturais) que está a chave para o êxito baiano.

A Ferrovia Oeste-Leste tem de acontecer já.

Assim como é indispensável dar outra vida ao Porto de Aratu (o Porto de Salvador – deixando de parte a ficção burocrática de que as unidades de Aratu e da capital formam um só complexo portuário – deve se voltar para cruzeiros e passageiros, em tempos de democratização do turismo e com vistas à Copa do Mundo). Construir o Porto Sul. Impulsionar o estaleiro do Paraguaçu, retomando, em outro patamar tecnológico, a tradição baiana de construção naval. Etc.

Mas os entraves ao desenvolvimento não estão somente aí. Estão, em grande parte, nos núcleos sociais dinamizadores, que são as cidades. A começar por Salvador. Mas se estendendo a todas as regiões baianas. Daí que o governo estadual esteja na obrigação de formular e executar uma política de intervenções urbanístico-culturais estratégicas, definindo polos articuladores regionais, a partir de suas condições atuais de existência.

Para dar um exemplo, o eixo Ilhéus-Itabuna tem de ser reativado. Precisa do porto, de equipamentos culturais, de novos estímulos, de novas direções. Tanto Ilhéus quanto Itabuna precisam ser repaginadas, em termos urbanísticos e culturais.

Não só Ilhéus e Itabuna, é claro. Precisamos definir aí por volta de umas nove cidades estratégicas (uma no semiárido, obviamente) e fazer com que elas funcionem bem e de forma articulada, na sua região e entre regiões. Estas cidades necessitam de realizações na educação, na saúde, na segurança, etc. Mas é necessário ir além disso.

Elas precisam de uma ação reconfiguradora para sacudir a poeira e ativar energias criadoras.

De uma investida assentada, sempre que possível, num tripé: urbanismo, cultura e turismo.

Com isso, teremos uma intervenção que se vai dar, de forma simultânea e complementar, tanto no corpo físico quanto na dimensão simbólica da cidade. Ela será repensada, em seus aspectos mais fundamentais, de uma perspectiva urbanística. Mas será encarada, acima de tudo, pelo que é: um fato de cultura, no sentido antropológico da expressão. Terá ampliado o seu acesso aos bens culturais e viabilizada sua própria produção nesse campo. Coma perspectiva turística se abrindo para a tornar mais visível, no espectro de suas realidades e manifestações.

Mas vamos, enfim, atar os fios dessa meada.

Falei que é necessário articular a implantação de uma nova malha infraestrutural e a energização urbanístico-cultural de um elenco de cidades estratégicas, cuja definição se impõe de modo lógico (Salvador, Feira, Conquista, Ilhéus-Itabuna, Juazeiro, etc.). Por esse caminho, poderemos ter novidade logística, novidade citadina e novidade cultural, convergindo, em ações exemplares, para situar a Bahia na linha de frente do avanço brasileiro. Mas, para isso, é preciso romper com a rotina, a timidez e o provincianismo. É preciso não ter medo de fazer. É preciso ousar.

Antônio Risério é escritor.

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Aproveitando a visita do presidente Lula a Ilhéus, na sexta-feira, 10, os integrantes do Comitê de Entidades Sociais em Defesa dos Interesses de Ilhéus e Região (Coeso), reivindicou o destravamento de obras de infraestrutura consideradas estratégicas para o sul do Estado.
Encabeça a lista a construção do Porto Sul, que integra o Complexo Intermodal de Transportes. Este começa a sair do papel com a Ferrovia da Integração Oeste-Leste (Fiol), cujas ordens de serviço dos quatro primeiros trechos foram assinadas por Lula em Ilhéus.
“Agora, é preciso que o Ibama acelere a emissão da licença ambiental do Porto Sul na Ponta da Tulha”, afirma Aldicemiro Duarte (Mirinho), um dos representantes do Coeso. Outras solicitações do movimento são a duplicação da rodovia Ilhéus – Itabuna e obras de dragagem e manutenção do Porto de Ilhéus.

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Passos afirma que a Fiol é a maior obra de infraestrutura viária que a Bahia já viu (foto Mary Melgaço)

Em um discurso empolgado na cerimônia de assinatura das ordens de serviço para os quatro primeiros lotes da Ferrovia da Integração Oeste-Leste, o baiano Paulo Sérgio Passos, titular do Ministério dos Transportes, cobriu o presidente Lula de elogios.
Segundo Passos, Lula realizou “um pacote de obras sem precedentes na história desse país”. Ele enfatizou que os investimentos foram especialmente direcionados às áreas da habitação, saneamento, recursos hídricos e transportes.
Sobre sua área, o ministro afirmou que houve uma melhora no estado das rodovias, que também receberam obras de pavimentação e duplicação. Passos também citou obras em portos, ferrovias e hidrovias, destacando a construção das eclusas de Tucuruí, no Pará, que tornaram possível a navegação de Belém até Marabá. A obra ficou parada por mais de 30 anos.
Especificamente com relação à Fiol, Passos declarou que se trata, “do ponto de vista viário, da maior obra de infraestrutura que a Bahia já viu”.

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Apesar da impressionante pujança econômica da região oeste da Bahia, ancorada na produção de grãos, é de fato no litoral que ainda se concentra o maior interesse dos investidores. Ontem (dia 09), quando foi apresentado o Plano Diretor do Porto Sul, o secretário estadual do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, falou sobre o assunto.
De acordo com Spengler, 92% dos investimentos previstos para a Bahia nos próximos anos estão concentrados numa faixa de cem quilômetros a partir do litoral. Todo o restante do estado fica apenas com 8%. O secretário defendeu a ampliação de políticas para o desenvolvimento do semi-árido, a fim de reduzir a distorção.
Falando especificamente sobre o Porto Sul, Spengler chamou de “mentirosos” aqueles que apregoam a incompatibilidade desse projeto com o desenvolvimento do turismo. “Temos hoje 35 grandes empreendimentos turísticos em processo de licenciamento na Bahia e essa região continua despertando bastante o interesse do setor”, declarou o secretário.

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 A Bahia já é o segundo estado brasileiro que mais formalizou contratos para a produção de fontes alternativas de energia. O posto foi alcançado esta semana, quando a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica realizou o 2º Leilão de Fontes Alternativas e o 3º Leilão de Energia de Reserva – Fase 3.
A participação baiana fechou em 16 usinas eólicas contratadas, totalizando uma capacidade de 587,4 MW. O estado perde apenas para o Rio Grande do Norte, responsável por 1.064,6 MW de capacidade leiolada.
Para o governo baiano, os resultados nessa área contribuem para uma divulgação positiva junto ao empresariado, possibilitando a atração de empreendimentos. O potencial energético do estado foi apresentado no  Brazil Windpower 2010, maior evento sobre energia eólica na América Latina, que aconteceu ontem no Rio de Janeiro.

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O projeto de instalação do Terminal de Embarque Privativo da Bamin na Ponta da Tulha entra em uma nova fase. Agora, não se trata mais de ser contra ou a favor, de se tocar o não o empreendimento, mas de discutir a melhor forma de realizá-lo. E por esse melhor entenda-se o que for mais benéfico para a sociedade.
Neste sábado, dia 28, representantes de Conselhos de Meio Ambiente dos Municípios que integram a APA da Lagoa Encantada/Rio Almada se reúnem em Ilhéus para discutir as condicionantes do projeto. Democraticamente, cada representante indica o que a mineradora deverá fazer para recompensar a população local pela presença do seu empreendimento na região. Um projeto que certamente tem impactos, tanto negativos como positivos, assim como qualquer outra ação humana.
A discussão sobre o terminal da Bamin chegou, assim, à maturidade. Com isso, perdem espaço os argumentos radicais e a resistência improdutiva, cedendo lugar ao debate construtivo de propostas. Afinal de contas, prevalece o entendimento de que uma região há tantos anos estagnada não pode se dar ao luxo de abrir mão das oportunidades.
Com a nova fase das discussões, abandonando as turbulências e instabilidades infantis, o que se busca é o equilíbrio e formas de fazer com que a presença da Bamin reverta em boas compensações.
No dia 14 de agosto, o Conselho Gestor da APA Lagoa Encantada/Rio Almada manifestou-se democraticamente, por ampla maioria, pela concessão da licença para o terminal. Agora, resta evoluir  para outro patamar, num nível de discussão que certamente interessa muito mais à população sul-baiana.

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Terminal será utilizado no embarque do minério de ferro extraído pela empresa em Caetité

O Conselho Gestor da APA da Lagoa Encantada/Rio Almada se reuniu na manhã deste sábado, 14, em Itajuípe, e aprovou – por 13 votos a 1 e cinco abstenções – a emissão da anuência ao projeto do Terminal de Embarque Privativo da Bamin.
A execução do projeto ainda depende do licenciamento a ser dado pelo Ibama, mas a Bamin vê a decisão da APA como o reconhecimento de que a empresa está trabalhando com respeito à legislação ambiental. O conselho gestor será ouvido pela mineradora baiana para a definição de algumas condicionantes ao seu empreendimento na zona norte de Ilhéus.
Para o vice-presidente da Bamin, Clóvis Torres, a anuência da APA da Lagoa Encantada/Rio Almada dá importante respaldo ao projeto. “Estamos confiantes que a licença o Ibama para o nosso terminal saia ainda este mês”, afirma.
Torres diz ainda que a decisão do conselho demonstra compreensão “de que o nosso projeto traz embutido um conceito de promoção do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável”.

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O químico industrial Marcelo Buffon, da Bamin, fará palestra sobre o tema Gestão Ambiental, nesta quinta-feira, 15, a partir das 19 horas, no stand “Ilhéus de braços abertos para o futuro”. Instalado em uma área de 576 metros quadrados na Avenida Soares Lopes, o stand apresenta informações acerca de diversos projetos relacionados ao desenvolvimento do município e da região.
Fazem parte da exposição, entre outros, os projetos do Porto Sul, Zona de Processamento de Exportação (ZPE), novo aeroporto de Ilhéus e terminal pesqueiro. No local, a Bamin destaca as ações do Projeto Transformar, que desenvolve em parceria com o Instituto Aliança.

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Cerimônia de inauguração do estande (foto Mary Melgaço)

Intervenções que deverão mudar profundamente o perfil econômico e social da região estão destacadas no estande “Ilhéus de braços abertos para o futuro”, inaugurado hoje na avenida Soares Lopes. No espaço, de 576 m², podem ser encontradas fotografias, maquetes e informações gerais sobre projetos como Porto Sul, Zona de Processamento de Exportação (ZPE), Ferrovia Oeste-Leste, novo aeroporto, além de ações da Ceplac e Bahiapesca.
O estande, organizado em parceria pela Prefeitura de Ilhéus e Governo da Bahia, ficará aberto até o início de agosto, sempre no horário das 16h às 21h. O propósito é torná-lo um local onde a comunidade possa se informar sobre os projetos em curso na região, como enfatizou o secretário extraordinário da Indústria Naval e Portuária, Roberto Benjamin, que representou o governo baiano no evento.
Newton Lima, prefeito ilheense, destacou a importância de projetos como o do Porto Sul e disse  que também continuará defendendo investimentos no atual porto de Ilhéus, o do Malhado.

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Ilhéus já foi capitania hereditária e seu território ia do mar até o centro-oeste do Brasil, esbarrando na linha que dividia o continente entre Portugal e Espanha. Por essa predestinação histórica, a terra de São Jorge (que hoje, graças a Jorge Amado, é mais conhecida como terra da Gabriela), foi a “mãe” de toda a região sul do Estado. Quando Itabuna nascia, ainda como mera vila ilheense, a ex-capitania já contava mais de três séculos de existência.

Ainda assim, houve um momento, em meados do século XX, em que a filha Itabuna ultrapassou a mãe em importância econômica e assim tem sido até hoje. Itabuna cresceu, atraiu investimentos, enquanto Ilhéus em diversos aspectos estagnou-se.

Os ilheenses mais velhos se lembram que a história era outra quando não havia a BR-101. Então, as mercadorias chegavam pelo mar e eram estocadas por grandes atacadistas, cujos depósitos ficavam em Ilhéus. Quando surgiu a estrada, Itabuna ficou em posição estratégica, passando a ser o centro de uma região que hoje soma uns 2 milhões de habitantes. Ilhéus virou periferia.

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