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Paul, Maria e Peter vivem um romance amadiano na vida real (Reprodução Mirror).
Paul, Maria e Peter vivem um romance amadiano na vida real (Reprodução Mirror).

Do G1
Em uma casa na região de Barking, na Inglaterra, Maria Butzki, de 33 anos, vive com dois parceiros ao estilo do romance Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado, e garante que os homens são amigos e a família vive em clima de muita harmonia.
Maria contou ao jornal Mirror que, quando deixou Paul, de 37 anos, por Peter, de 36 anos, não conseguia conviver com a ideia de nunca mais ver o primeiro, mas também não estava disposta a abrir mão do novo romance. “Sendo assim, viver com ambos os homens foi o único jeito”, disse a mulher.
Na casa vive o triângulo amoroso mais as duas filhas de Maria com Paul, Laura e Amy com 16 e 12 anos respectivamente, e a mulher diz que em “nenhum momento os três dividem a mesma cama”, e que todos dormem em cômodos separados.
Para que não haja brigas, Maria explicou que as relações sexuais entre os parceiros só ocorrem quando um deles não está em casa, e que o ato nunca acontece na presença do outro.
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Leandro Afonso | www.ohomemsemnome.blogspot.com

A Riviera não é Aqui (Bienvenue chez les Ch’tis – FRA, 2008), de Dany Boon, é dos casos em que a comédia é maior que o filme; ou seja, a ideia de fazer rir se torna obsessão, sem necessária relação com qualidade final – ou a falta dela. Aqui, esse caráter obstinado pelo riso, felizmente, se alia a um esmero para a feitura do produto como audiovisual, e o resultado é delicioso.
Desde créditos iniciais, somos apresentados a parte do mapa da França, que o personagem principal percorre de sul a norte; região mais fria, chuvosa e com sotaque e dialeto diferenciados para onde Phillipe (Kad Merad) se muda. Boon trabalha com muito do que é clichê em qualquer adaptação e mudança de ambiente, só que com caráter regionalizado. O que se nos leva a pensar que somente os franceses podem captar tudo que existe ali, de bom e de ruim, de caricatural e de verossimilhante.
Para um não francês – especificamente, alguém que entende apenas um pouco da língua e tudo que sabe de lá é sem nunca ter ido –, tudo isso se torna secundário, e o que fica é a comédia. O texto e as gags visuais, mesmo gritantes em alguns raros momentos, são maravilhosos. O momento em que lhe é dito que algo de ruim acontecerá (comparação com Paris), o espasmo de deficiente, as paradas da Polícia, a mudança da mulher, a recepção dos nortistas em solidariedade a ele – não são poucos os momentos dignos de nota.
Ponderado o desafio, o sucesso também vale para a tradução usada no Brasil – ou pelo menos à cópia que, essa semana, esteve no Cinema do Museu em Salvador. Ainda que a tradução tenha passado a ideia de que o sotaque do norte da França, no geral, seja equivalente ao carioca (o que me parece não ter sentido), foi uma saída, e difícil cravar em outra como indiscutivelmente melhor.
Em meio a essa incapacidade geográfica de total absorção da obra, fica a comédia. E A Riviera não é Aqui, como tal, é bem boa.
Visto no Cinema do Museu – Salvador, julho de 2010.

8mm

* A Riviera não é Aqui, enquanto esteve em exibição na França, conseguiu um público de 20 milhões – o país tem 65. Com 190, nosso filme de maior alcance interno recente (Se Eu Fosse Você 2) levou 6 milhões às salas; e o maior da história nacional (quando o brasileiro ia ao cinema), é Dona Flor e seus Dois Maridos (1976), que sequer chegou a 11.
* Será que só eu não gostei de Brilho de uma Paixão (2009), de Jane Campion?

Filmes da semana

1. Cabaret (1972), de Bob Fosse (DVDRip) (***)
2. A Riviera não é Aqui (2008), de Dany Boon (Cinema do Museu) (***1/2)
3. A Todo Volume (2008), de David Guggenheim (DVDRip) (**1/2)
4. O Show deve continuar (1979), de Bob Fosse (DVDRip) (***)
5. À Prova de Morte (2007), de Quentin Tarantino (UCI Multiplex Iguatemi) (****1/2)
Curta:
6. La Jetée (1962), de Chris Marker (DVDRip) (*****)
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Leandro Afonso é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”.

<p style=”text-align: center;”><a href=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/70-MM2.jpg”><img title=”70 MM” src=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/70-MM2.jpg” alt=”” width=”559″ height=”95″ /></a></p>
<p style=”text-align: center;”><a href=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/Final-3.jpg”><img class=”aligncenter size-full wp-image-30092″ title=”Final 3″ src=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/Final-3.jpg” alt=”” width=”42″ height=”13″ /></a></p>
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<p><strong>Leandro Afonso</strong> | <a href=”http://www.ohomemsemnome.blogspot.com”>www.ohomemsemnome.blogspot.com</a></p>
<p><em><img class=”alignright” src=”http://roteiroceara.uol.com.br/wp-content/uploads/2009/09/BLOG2_viajo_porque_preciso_volto_porque_te_amo_cultura.jpg” alt=”” width=”368″ height=”182″ />Viajo porque preciso, volto porque te amo</em> (<em>idem</em> – Brasil, 2009), de Karim Aïnouz (<em>O Céu de Suely</em>, <em>Madame Satã</em>) e Marcelo Gomes (<em>Cinema, Aspirinas e Urubus</em>), é um <em>road-movie </em>experimental (também por isso inevitavelmente irregular) que tem de melhor o que de melhor seus dois diretores podem oferecer – especialmente Aïnouz. É um filme em um meio, o semi-árido nordestino, e sobre sentimentos – carinho, amor, rejeição – já visitados por ambos, mas trata também e principalmente das divagações e aflições do personagem principal.</p>
<p>Faz sentido dizer que a maioria dos planos de <em>Viajo porque preciso…</em> não tem significado concreto ou função narrativa. Do mesmo modo, praticamente tudo aquilo que visa o horizonte e paisagens afins dura mais que o que o plano de fato mostra – mas esses fatos são menos um demérito que uma defesa da contemplação. E ainda que muitas vezes simplesmente não haja o que ser contemplado, faz parte do personagem esse sentir-se parado – a agonia e o tédio do personagem chegam a nos atingir, às vezes, sem eufemismo algum</p>
<p>Em filme que se assume tão ou mais experimental quanto narrativo, temos aí, no entanto, talvez – e paradoxalmente – uma tentativa de evitar uma monotonia que a ideia do filme sugere. Quase tudo não acontece em cena, mas na cabeça do personagem principal, a escrever suas cartas – trata-se de um filme epistolar de mão única. Como, então, filmar isso – algo tão ligado a um diário, algo a princípio tão anti-audiovisual?</p>
<p>Não temos uma resposta, mas uma opção arriscada, na qual os melhores momentos vêm de depoimentos (prostituta falando em vida-lazer, por exemplo), quando percebemos que os dois souberam extrair uma sinceridade tocante que emana daqueles que dirigem. Isso sem falar do personagem como entrevistador/provocador, em situação que nos liga inevitavelmente a ele fazendo o papel de diretor.</p>
<p>Esse caráter experimental, contudo, pode camuflar desnecessários tremeliques de câmera ao mostrar o personagem em meio à sua jornada, uma vez que não dá para chamar de experimental (ou dar qualquer mérito aqui) o que já virou um quase padrão – a câmera na mão nos dias de hoje.</p>
<p>Ainda assim, vale dizer que os altos do filme atingem um nível de sensibilidade que vem, entre outras coisas, justamente dessa abstração da narrativa convencional: da por vezes completa imersão em um mundo acima de tudo sensorial. Torto, talvez fatalmente torto, talvez o mais fraco trabalho de ambos, mas com momentos de coragem e brilhantismo bem-vindos.</p>
<h2><span style=”color: #800000;”>8mm</span></h2>
<p><strong>Paixão do visível</strong></p>
<p style=”text-align: left;”><em><img class=”aligncenter” src=”http://harpymarx.files.wordpress.com/2009/03/sylvia2.jpg” alt=”” width=”480″ height=”270″ />Na Cidade de Sylvia</em> (<em>En La Ciudad de Sylvia</em> – Espanha/ França, 2007) é meu primeiro contato com José Luis Guerín, catalão que teve três de seus longas exibidos no Panorama Internacional Coisa de Cinema. (Alguém sabe falar sobre?)</p>
<p>Guerín se mostra preocupado com a cidade, às vezes mais que com seus dois personagens principais, ou – o que pinta com alguma prioridade – as relações entre personagens diversos e o lugar onde vivem. No entanto, a busca dele (Xavier Lafitte) por ela (Pilar López de Ayala) é interessante a ponto de causar angústia quando algo foge do esperado. Ele desenha e retrata a cidade, é ele o mais afetado e sobre quem é o filme, é ele que não sabemos de fato o que sente, viveu ou viu; mas é ela que magnetiza a tela quando aparece.</p>
<p>Todavia, e felizmente, o filme vai além da contemplação de um sensacional rosto de uma boa atriz. Pode-se entrar em longas discussões e análises sobre memória e imagem, sobre miragem e dúvida; em uma palavra, sobre cinema. E, o que é melhor, através do cinema.</p>
<h2><span style=”color: #800000;”>Filmes da semana<br />
</span></h2>
<ol>
<li><strong>Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009), de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes (Cine Vivo) (***)</strong></li>
<li><strong>Batalha no Céu (2008), de Carlos Reygadas (sala Walter da Silveira) (***1/2)</strong></li>
<li><strong>O Refúgio (2009), de François Ozon (Espaço Unibanco – Glauber Rocha) (***)</strong></li>
<li><strong>O Profeta (2009), de Jacques Audiard (Espaço Unibanco – Glauber Rocha) (***1/2)</strong></li>
<li>O Demônio das 11 Horas (1965), de Jean-Luc Godard (DVDRip) (****)</li>
<li>Na Cidade de Sylvia (2007), de José Luis Guerín (DVDRip) (***1/2)</li>
</ol>
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<p><strong>Leandro Afonso</strong> é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”.</p>