Tempo de leitura: 2 minutos
De tudo, e ele fez muita coisa, guardarei para sempre a mensagem pessoal que deixou, nas entrelinhas da sua trajetória: não há troféu, dinheiro ou reconhecimento que compense a satisfação de atuar profissionalmente por e com PAIXÃO!

Manu Berbert

Ontem fui surpreendida com a morte do publicitário Duda Mendonça. Apaixonada por gente e grandes histórias desde sempre, lembrei dos tempos da faculdade, quando tinha acesso à internet apenas na biblioteca da Universidade Tiradentes, em Aracaju, e escrevia seu nome no Google quase todos os dias para me atualizar da sua vida profissional. Li seu livro, Casos & Coisas, presente do meu irmão Mucio, mais de dez vezes. Não dou, não empresto, e ainda o folheio sempre!

Duda Mendonça é um dos maiores nomes da comunicação do nosso país. Um cara que enxergava os sentimentos das pessoas e entendeu que a emoção era a alma da publicidade e da propaganda, inclusive política. Para muitos, um manipulador nato. Para outros, um cara inteligente e ponto. Para esta que vos escreve, uma mente rara, capaz de pensar por ele, por seus clientes e por toda uma nação. E a história do nosso país prova isso, porque ele, nos bastidores, fez parte de uma virada de chave nacional: a eleição de Lula, sindicalista e metalúrgico, pobre e tido por muitos como louco, após três tentativas frustradas, Presidente do Brasil!

Ele surpreendeu amigos, família e o mercado publicitário quando assumiu a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva. “Meu coração é povão”, assumiu em um tempo extremamente engessado, aristocrata, quando a internet ainda não tinha proporcionado a democratização das ideias. “Ele bateu na trave três vezes e voltou porque sua figura não conversava com o empresariado”, explicou em uma palestra. Palpitou e mudou a forma dele se vestir, estudou os trejeitos que o descaracterizavam como autoridade, e ajudou a escrever os maiores e melhores discursos do início da sua carreira. Bingo: Lula presidente e reconhecido internacionalmente como grande liderança!

Duda foi o primeiro publicitário a fazer uma campanha política usando um coração, salvo engano com Mário Kertész candidato a prefeito de Salvador, e isso representa mais do que a simples figura estampada nos outdoors. Ele implementou sentimento aos vídeos e jingles, narrando sentimentos. De tudo, e ele fez muita coisa, guardarei para sempre a mensagem pessoal que deixou, nas entrelinhas da sua trajetória: não há troféu, dinheiro ou reconhecimento que compense a satisfação de atuar profissionalmente por e com PAIXÃO!

Manu Berbert é publicitária.

Presidente da Alba enfatiza papel do publicitário para o destaque da Bahia no marketing político
Tempo de leitura: < 1 minuto

O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Adolfo Menezes (PSD), apresentou de moção de pesar pelo falecimento do publicitário Duda Mendonça, ocorrido nesta segunda-feira (16).

“Duda Mendonça abriu os caminhos da publicidade da Bahia para o Brasil e para o mundo, em companhia de nomes como Sérgio Amado, Geraldo Walter, Nizan Guanaes, Fernando Barros, Gal Barradas e João Santana. É uma perda imensa para a genialidade e o talento baianos, em um campo em que somos dos mais criativos e originais. Meus sentimentos aos amigos, a todos os publicitários baianos, em nome de ABAP, e à toda a família de Duda, na pessoa de sua esposa, Aline Mendonça, e de seus filhos, Eduarda, Lucas, Léo e Xande”, declarou Adolfo, ao formalizar o envio da moção à Mesa Diretora da Alba.

Duda morreu em São Paulo, no Hospital Sírio-Libanês, depois de dois meses de uma árdua batalha contra um câncer no cérebro. Na moção, Adolfo ressalta que o publicitário era uma das personalidades que mais cultivava a chamada “baianidade”, exaltando a cultura baiana e a paixão pelo Esporte Clube Bahia.

Publicitário Duda Mendonça morre aos 75 anos, em São Paulo || Foto Bernardo Hélio/AC
Tempo de leitura: 2 minutos

Da Redação

O baiano José Roberto Cavalcanti Mendonça, “Duda Mendonça”, um dos maiores nomes da propaganda brasileira e do marketing político mundial, faleceu na madrugada desta segunda-feira (16), vítima de câncer no cérebro, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ele morre aos 77 anos, completados no último dia 10.

Com quase 50 anos de carreira, Duda criou a DM9, que carregava as iniciais de seu nome, em 1975, em Salvador. É dele campanhas memoráveis e frases como “Não basta ser pai, tem que participar”, lembrou hoje um de seus pupilos, o também gênio Nizan Guanaes.

Ainda na década de 80, quando o então deputado Fernando Gomes lançou proposta de divisão da Bahia e criação do Estado de Santa Cruz, com os municípios do sul e extremo-sul, Duda criou a campanha A Bahia não se divide, que emocionou pelo texto e por mensagens com participações especiais, dentre elas a de Maria Bethânia.

Ainda naquela década, tornou-se também famoso por lançar a campanha eleitoral de Mario Kertész à Prefeitura de Salvador. Campanha vitoriosa que começou a projetá-lo nacionalmente. Mais uma grande vitória, agora em São Paulo, na década de 90, quando vence, com Paulo Maluf, a disputa em São Paulo.

Ele liderou e conquistou vitórias estaduais até ser consagrado em 2002 ao conduzir a jornada vitoriosa do petista Luiz Inácio Lula da Silva, que chega à presidência da República após três tentativas fracassadas. Para isso, repaginou Lula – do terno a modificações bucais – e criou o Lulinha Paz e Amor. Não parou por aí. O sucesso no marketing político o levou a outras praças, fazendo de Fernando De La Rua presidente da Argentina, tendo antes trabalhado para Carlos Menem.

MENSALÃO E LIVRO

O sucesso nacional também teve seu preço. Já em 2005, o publicitário foi um dos nomes mais falados na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o escândalo de corrupção conhecido como Mensalão. As experiências da vida de publicitário e gênio do marketing político levaram Duda a escrever o livro Casos & Coisas.