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No meio de sua palestra, todas as questões que sempre defendeu foram postas, para delírio dos presentes. Num desses temas, como era de se esperar, a crescente utilização da maconha, não se restringindo ao “cigarrinho maldito”, como se referiam alguns, mas em diversas atividades econômicas.

Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

Um dos melhores momentos vividos nesse Brasil foi a chamada luta pela redemocratização, com movimentos estourando por todo o país, com palestras, seminários, workshop ou os simples comícios. Desde a luta pelas eleições diretas, a Constituinte e a eleição de Tancredo Neves o Brasil só respirava política. Não se falava em outra coisa.

Políticos com mandato cruzavam os céus em aviões de carreira ou particulares em busca de apoio para suas propostas no Congresso Nacional ou para a formação de novos partidos políticos. Os sem mandatos também se viravam como podiam para “vender seu peixe”, inclusive “as novidades”, a exemplo dos cassados e exilados políticos que retornaram ao Brasil e buscavam mandatos, ou os já eleitos.

Convidado do Município de Ilhéus para vir à cidade participar de um fórum de debates, o deputado federal Fernando Gabeira se transformou, como sempre, numa atração à parte. Não tão somente pela sua história, mas, sobretudo pelas propostas inovadoras para a política brasileira, a exemplo do que sobe fazer, haja vista sua constante capacidade de transformação em relação ao presente e ao futuro.

Em Ilhéus, durante toda sua estada, sempre esteve cercado pela imprensa, inclusive a nacional, e não se fazia de rogado ao tratar dos mais diversos assuntos ligados à política e economia nacional internacional, analisando estruturas e conjunturas, construindo cenários futuros. E assim passou a ser o maior e mais importante personagem do evento, inibindo figuras importantes da vida política e econômica brasileira.

E não era para menos. Jornalista experiente, político defensor de questões consideradas controversas, polêmicas, verdadeiros tabus, o casamento homossexual, a descriminalização da maconha e profissionalização da prostituição, Gabeira tinha muito a falar por onde andava. Ainda mais quando a questão é sua história, a exemplo da militância política clandestina e as ações na luta armada durante o período da ditadura militar, quando participava do Movimento Revolucionário Oito de Outubro.

Membro fundador do Partido Verde (PV), Gabeira é um esquerdista histórico, tanto que alternou sua militância também no Partido dos Trabalhadores (PT) em diversas eleições. Por essas e outras, Gabeira tinha muito que contar e os jornalistas a perguntar. E esse assédio ficou mais evidenciado durante sua palestra no auditório do hotel em que também se hospedava, o Opaba.

No meio de sua palestra, todas as questões que sempre defendeu foram postas, para delírio dos presentes. Num desses temas, como era de se esperar, a crescente utilização da maconha, não se restringindo ao “cigarrinho maldito”, como se referiam alguns, mas em diversas atividades econômicas. O cânhamo passava a ser visto como commodity e não mais como um problema de polícia ou política social.

Tanto era assim, que uma das demonstrações feitas pelo deputado federal Fernando Gabeira era o seu próprio tênis, fabricado com cânhamo, nome vulgar da Cannabis sativa, arbusto que fornece as folhas para a produção do velho cigarrinho de maconha. E a plateia ficou ouriçada com o exemplo dado pelo deputado. A notícia, por certo, ganharia as manchetes dos rádios, jornais e televisões do mundo inteiro, como efetivamente ganhou.

Mas essa não era a preocupação de um expectador em especial, que não perdia um lance do deputado Gabeira, era o repórter fotográfico Mário de Queiroz, o conhecido Mário Bandeira, identificado como um dos usuários da maconha na sua versão enroladinha. Após os cliques de praxe, sempre buscando o melhor ângulo, Mário finalmente se aproxima de Gabeira e diz baixinho:

– Deputado, deputado, vamos subir ao seu apartamento para darmos uma fumada no seu tênis? – incentivou Mário de Queiroz.

Como era de se esperar, Gabeira respondeu com toda a tranquilidade:

– Olha, Mário, atualmente só uso maconha no tênis. Cânhamo, melhor dizendo – e seguiu respondendo as perguntas dos jornalistas.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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Os 19 mil eleitores de Presidente Tancredo Neves, no sul da Bahia, voltam às urnas no próximo domingo (14) para a escolha do novo prefeito. A disputa será entre Carlito de Jesus Sacerdote (PSDB) e Valdemir de Jesus Mota (PV). O prefeito Moacy Pereira dos Santos, o Quinha (PDT), foi cassado pela Justiça Eleitoral por compra de votos (confira abaixo).

A eleição direta em Tancredo Neves foi confirmada, por unanimidade, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2 de junho, quando foi negado mandado de segurança impetrado pela Câmara de Vereadores. Pelo mandado, a eleição seria indireta, quando o prefeito é escolhido pelos vereadores. O Pimenta não conseguiu contato com os candidatos.

COMPRA DE VOTOS

A eleição foi determinada após a cassação da chapa vencedora em outubro de 2012. Moacy Pereira dos Santos (PDT) e o vice-prefeito, Moacir de Jesus Félix, foram cassados por compra de votos e abuso de poder econômico. Em novembro de 2013, a Justiça Eleitoral cassou o prefeito e decretou a inelegibilidade do prefeito e do vice por oito anos, além de multá-los, individualmente, em R$ 5.230,50.