A enchente de dezembro de 2021 deixou marcas profundas em Itabuna e alterou o visual de uma das poucas regiões adequadas para lazer e prática de exercícios no município, a Beira-Rio. Mais de dois meses depois da enchente, também persiste o abandono daquela região, principalmente nas avenidas Aziz Maron, Mário Padre e Avenida Fernando Cordier.
Antes da chuva, a avenida necessitava de revisão do sistema de iluminação e de ações de zeladoria. Vândalos arrancaram grades de proteção nas margens do Cachoeira. A enchente deixou o cenário mais degradado. E a iluminação pública ruim deixa a região com aspecto inóspito.
A proteção para passantes também foi destruída pela ação da chuva, assim como parte da calçada, e o município ainda não fez os reparos necessários. “Dois meses depois, parece que choveu há dois, três dias”, critica Nilde Souza, que afirma caminhar pela Beira-Rio, pelo menos, duas vezes na semana.
Quem joga futebol de areia também cobra a restauração da arena de uma das cabeceiras da ponte que liga o Centro e a região do São Caetano. A enchente destruiu o alambrado e “despejou” entulhos na arena. As chuvas recentes formaram um lago onde antes era local de prática de futebol.
“Eu passo aqui todos os dias para ir pro trabalho. Tristeza esse abandono, essa falta de ação da Prefeitura”, afirma o padeiro José Ivan Souza, que aponta em direção ao São Caetano para lembrar que o centro administrativo fica próximo dali. E, também, para mostrar que o corrimão da ponte bastante avariado ainda não foi substituído e que pode lesionar quem trafega pela ponte.
ACADEMIA AO AR LIVRE DESTRUÍDA
O abandono pode ser constatado, ainda, na academia ao ar livre próximo à cabeceira da ponte de pedestres do Conceição. Quase todos os equipamentos e aparelhos foram destruídos pela ação do tempo e falta de manutenção, a exemplo do remo, distanciando não apenas jovens.
Carlos Cruz é das presenças constantes e que ajuda a manter o pouco que restou da academia ao ar livre. Também leva aparelhos próprios para ajudar quem sempre usava a academia e hoje não tem a quem recorrer. “Jovens, crianças vêm para a Beira-Rio, querem brincar, fazer exercícios. Gente de idade, que tem lesão e gosta de fazer atividade tá impossibilitado de fazer”, afirmou.
Carlos disse que o vice-prefeito e secretário de Esporte e Lazer, Enderson Guinho, esteve no local ainda no ano passado (“antes muito da enchente”). Prometeu que os aparelhos seriam substituídos e academias ao ar livre seriam instaladas também no bairro. Carlos, um guardião do que restou da academia, ainda tem esperança de que a realidade do local mude.
Lázaro Silva é vigilante e passou a praticar exercícios físicos na academia ao ar livre há cinco anos. Os aparelhos foram instalados na Beira-Rio em 2017. O vigilante lamenta o sucateamento dos aparelhos.
“Muitos idosos vinham aqui sempre. Todos sumiram. Era espaço para atividade física. Está tudo quebrado. Não tem nem como reformar mais. Tem que colocar [aparelhos] novos para que o pessoal retorne”, afirma Lázaro, entristecido com a cena. “Há até espaço para instalação de mais aparelhos”, completa.
OUTRO LADO
Por meio da Assessoria de Comunicação, a Prefeitura de Itabuna informou que os equipamentos da Academia de Saúde ao ar livre serão retirados e recuperados na oficina própria do município. A academia possui aparelhos como remo, simulador de andada e outros para exercitar cintura e coordenação motora, todos corroídos pela ação do tempo ou danificados pelo mau uso.
O gradil danificado das margens da Beira-Rio entre as pontes do São Caetano e Marabá será retirado para reparo e recolocado. Quanto a entulhos presos à vegetação, a retirada ocorrerá após a área de meio ambiente e a Biosanear definir a técnica mais segura para a limpeza.
O secretário de Relações Institucionais e Comunicação, Alcântara Pellegrini, diz aguardar licitação do governo baiano para a reforma da quadra poliesportiva e da arena de futebol da cabeceira da ponte do São Caetano. A obra integra pacote de R$ 730 mil, acrescentou.
Não há prazo para quando ocorrerá a licitação nem o início das obras, mas, informou Alcântara, a demanda está entre os compromissos do prefeito Augusto Castro e do secretário estadual de Trabalho, Renda, Emprego e Esportes (Setre), Davidson Magalhães.