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O irreverente Gonzalez não estava no estúdio nem em sala alguma da emissora. Foi embora. E nunca mais voltou.

Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

No início da década de 80 os jornalistas Ramiro Aquino e José Adervan  arrendaram a pioneira Rádio Clube ( hoje Nacional). Quando o contrato venceu o proprietário Daniel Gomes pediu pra  continuarem na direção da emissora. Eles concordaram.

Certo dia foi marcada uma entrevista com o proprietário, deputado estadual, no horário apresentado por Gonzalez Pereira. Ramiro e Adervan orientaram o radialista a tratar o entrevistado na condição de parlamentar e não fazer referência à sua atividade empresarial. Gonzalez explicou isso ao deputado, que ficou calado, dando a entender que concordara com tudo.

No momento da entrevista Gonzalez explicou aos ouvintes que o deputado Daniel Gomes iria “dar uma palavrinha”. O deputado começou contestando enfaticamente o locutor: “palavrinha não, a rádia é minha e eu falo na hora que eu quiser e o tempo que eu quiser.”

Inspirado em Fidel Castro, não na forma ou conteúdo, mas no longo tempo que o cubano costuma utilizar discursando, deitou falação. Gonzalez aproveitou a concentração do falante e deixou o estúdio “à francesa”, nas pontas dos pés.

Quando Daniel Gomes cansou de falar, tentou passar o microfone pra Gonzalez. Foi um sufoco. O técnico da mesa de som teve que, de improviso, colocar música. O irreverente Gonzalez não estava no estúdio nem em sala alguma da emissora. Foi embora. E nunca mais voltou.

Marival Guedes é jornalista e escreve no PIMENTA às sextas.