Audiência sobre importação de cacau será nesta terça-feira (21), na Alba
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Alvo de reclamações de produtores baianos, a importação de cacau da África pelas indústrias moageiras instaladas em Ilhéus, no sul da Bahia, será de audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado, em Salvador, nesta terça-feira (21), às 9h. De acordo com a Associação Nacional dos Produtores de Cacau (ANPC), a entrada das amêndoas no país implica em riscos fitossanitários para a lavoura baiana.

A ANPC reivindica a anulação da Instrução Normativa nº 125 do Ministério da Agricultura, que permite a entrada no Brasil de amêndoas vindas da África sem ser tratadas com Brometo de Metila. Segundo a entidade, essa é a única substância eficaz no combate de pragas quarentenárias.

A audiência foi convocada pelo deputado estadual Hassan Iossef (PP), a pedido de entidades que representam cacauicultores. O debate contará com representantes da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) e da Superintendência Federal de Agricultura (SFA/BA), além da presidente da ANPC, Vanuza Barroso, e de produtores do sul da Bahia.

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Indústrias instaladas em Ilhéus importaram volumes mensais de cacau de Gana.
Indústrias instaladas em Ilhéus importaram volumes mensais de cacau de Gana.

As indústrias moageiras de cacau instaladas em Ilhéus importaram 53 mil toneladas de cacau nos últimos cinco meses. Todo o cacau é oriundo de Gana, na África. Produtores e instâncias sanitárias estadual e federal não escondem temor de que, com as amêndoas, as indústrias “importem” pragas para a lavoura sul-baiana. Parte da carga importada desde dezembro está em armazéns do Porto Internacional ilheense.

Se há pressão do mercado baiano contra a importação, o pool das moageiras em Ilhéus (Barry Callebaut, Olam e Cargill) fala em riscos à planta industrial instalada no município sul-baiano. Para eles, é real a ameaça de o sul da Bahia perder uma das quatro grandes indústrias, caso haja maior entrave ao aproveitamento (e mais importação, se necessário) do cacau de Gana. E reforçam que, embora a perspectiva para a nova safra seja boa, a produção interna é insuficiente para atender a demanda.

De acordo com fontes ouvidas pelo PIMENTA, caso o entrave persista, as indústrias poderão importar o cacau por outro terminal portuário, fora da Bahia. Até pensaram em Aratu, na Região Metropolitana de Salvador, mas este não teria as condições ideais para amêndoas e grãos.

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Indústrias importam cacau quase mensalmente desde dezembro.
Indústrias importam cacau quase mensalmente desde dezembro.

Unidades da Cargill, Olam e a Barry Callebaut em Ilhéus importaram total de 53 mil toneladas de cacau em três operações no Porto Internacional do Malhado somente neste ano. Desde segunda (17), estão sendo descarregadas 23 mil toneladas oriundas de Gana, na África, transportadas pelo navio Trammo Independent.

As indústrias moageiras importaram 15 mil toneladas em janeiro e outras 15 mil em março, causando preocupação no mercado interno devido às ameaças de pragas oriundas da África. Outras 18 mil toneladas foram importadas em dezembro passado.

As indústrias alegam que a importação se tornou inevitável diante da seca registrada no final de 2015 e durante quase todo o ano de 2016, com sérios reflexos na safra 2016/2017 na Bahia.

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Esta cena acima, a importação de cacau, pode se tornar coisa do passado (Foto Luiz Alves).
Esta cena acima, a importação de cacau, pode se tornar coisa do passado (Foto Luiz Alves).

Ainda era século XX quando o Porto de Ilhéus, localizado metade no centro, metade no norte da cidade, exportou amêndoas de cacau pela última vez. Como conta a repórter Évellin Portugal, no Mercado do Cacau, apesar dos inúmeros problemas do setor, a produção do país, que já foi um grande exportador, atingiu números capazes de atender à demanda interna e disponibilizar um excedente capaz de ser enviado ao velho continente.

A multinacional Cargill será a responsável por mandar seu excedente adquirido para o exterior, através do navio Achtergracht. Serão embarcadas, no próximo dia 21 de outubro, seis mil toneladas da amêndoa, com destino a Amsterdã, na Holanda.

A empresa explicou “que esse movimento se deve à boa safra no Brasil, entre os meses de junho e julho deste ano, aliada à baixa demanda local e, por isso, acredita que as exportações são um importante passo para a retomada do crescimento deste segmento no país”.

A retomada de exportação fez produtores ensaiarem um sorrisinho de canto de boca. À reportagem, Milton Andrade, cacauicultor e presidente do Sindicato Rural de Ilhéus, disse que a atitude da Cargill deve incentivar outras empresas e gerar um equilíbrio do mercado interno, que por conta do excedente, está com deságio.

Os produtores acreditam que essa iniciativa, ainda que tímida, pode também puxar outras semelhantes, devido à boa qualidade que a amêndoa brasileira tem apresentado nos últimos anos. As seis mil toneladas que sairão estão inseridas num total de 290 mil que circula nas indústrias moageiras da região.

Além disso, exportar cacau por Ilhéus movimenta os sindicatos, o setor de transporte e gera receita.

Por fim, conta o presidente do Sindicato Rural de Ilhéus, a atitude da Cargill também contrapõe um posicionamento da indústria, que diz que as previsões de safra feitas pela Conab não são verdadeiras. “A própria indústria diz que o cacau produzido aqui não é suficiente para suprir a demanda interna e ainda exportar. Com essa exportação, ela está contrapondo o que afirma”, ressaltou.

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Produtores querem barrar importação de cacau por causa de prejuízos (Foto Luiz Alves).
Produtores querem barrar importação de cacau por causa de prejuízos (Foto Luiz Alves).

– DESÁGIO POR TONELADA CHEGA A 600 DÓLARES

Produtores de cacau do Sul da Bahia estão reclamando do comportamento das três empresas processadoras – Cargill, Barry Callebaut  e ADM, que, por conta da importação de amêndoas da África e da Ásia, estão forçando a queda de preços no mercado nacional. A atuação das três empresas, que define a política de preços, acaba funcionando como uma espécie de cartel.

Há um ano, as empresas chegaram a pagar um ágio de 200 dólares por tonelada e hoje o deságio atinge 600 dólares por tonelada. A diferença chega a -130 reais a cada saca  de 60 quilos em relação a 2014.  Com uma produção de 700 mil sacas, as perdas são consideráveis e comprometem a capacidade de produção e renovação da lavoura.

A principal reivindicação é que o Governo Federal regulamente a importação de cacau, evitando prejuízos aos  produtores brasileiros. Uma das propostas é suspender a importação de cacau (eliminando temporariamente o chamado dawbrack) pelo prazo mínimo de dois anos, já que a produção nacional, em processo de expansão, é capaz de atender às demandas das indústrias processadoras. A previsão é de que os produtores brasileiros devam colher mais de 240 mil toneladas na safra de 2015/16.

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Pelo menos 7 mil toneladas de cacau importado de Gana devem desembarcar, nos próximos dias, no Porto Internacional do Malhado, em Ilhéus, segundo o presidente do Instituto Pensar Cacau, Águido Muniz. A origem do produto também levanta suspeita de riscos ambientais pela importação, também, de pragas.

Produtores sul-baianos alegam concorrência desleal do cacau africano, principalmente porque ocorre em um momento em que há crescimento da produção baiana. “Vamos mobilizar a região para evitar que as importações continuem”, disse Águido ao Blog do Thame.

O presidente do Instituto Pensar Cacau enxerga “mais prejuízos aos produtores” se a estratégia das empresas instaladas em Ilhéus e Itabuna for mantida, pois força a um rebaixamento do valor do produto internamente, sem citar os riscos ambientais.

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Deputados oposicionistas participaram de protesto em Ilhéus (Foto Marcos Souza/Pimenta).
Deputados oposicionistas participaram de protesto (Foto Marcos Souza/Pimenta).

O protesto dos produtores e trabalhadores rurais hoje, em Ilhéus, reuniu, também, deputados que integram o bloco de oposição na Assembleia Legislativa baiana. Leur Lomanto e Pedro Tavares, ambos do PMDB, Augusto Castro (PSDB), Coronel Santana (PTN) e Sandro Régis (PR). Os parlamentares defendem a adoção de preço único e endossaram os protestos contra a importação de cacau por parte das indústrias instaladas em Ilhéus.
O deputado Sandro Régis, que também é produtor, lamentou o papel de “coadjuvante” hoje jogado pela lavoura cacaueira baiana. O tucano Augusto Castro, além do preço mínimo para o cacau, também defende renegociação de dívidas em melhores condições para os produtores.

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Trabalhador ligado ao MST participa de manifestação liberada por produtores (Foto Maurício Maron-Bahia Online).
Trabalhador do MST participa de manifestação liderada por produtores de cacau no Porto do Malhado. Dezenas de pessoas participaram do ato (Foto Maurício Maron- Jornal Bahia Online).

O protesto contra a importação de cacau por indústrias moageiras instaladas em Ilhéus promoveu cena inédita. Produtores e trabalhadores rurais juntos em uma mesma manifestação – e pacificamente.
Além das críticas a indústrias, trabalhadores ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e produtores também cobram melhor política de preços para o cacau, que atingiu, nesta semana, R$ 58,00 a arroba.
Ainda quando protestavam, os manifestantes receberam notícia de que um africano clandestino morreu no Navio Victoria. Peritos do Departamento de Polícia Técnica de Ilhéus fizeram o levantamento cadavérico. A Polícia Federal vai investigar as causas da morte do homem encontrado em um tanque de água do navio.