Tempo de leitura: 2 minutos

O bate-boca na sala das comissões técnicas da Câmara de Vereadores, do vereador Solon Pinheiro (PSDB) e o comandante do 15º Batalhão da Polícia Militar, Jorge Ubirajara Pedreira, gerou um grande mal-estar entre a polícia e o legislativo, hoje à tarde. O encontro seria para debater a segurança pública. Foram tiros para todos os lados. Abaixo, trecho dos mais densos da discussão de ambos:

Comandante – O senhor conhece a Lei Orgânica do munícipio?

Vereador – Tenho procurado conhecer (Solon pede ajuda à secretaria parlamentar).

Comandante – O senhor cumpre com as suas obrigações como cidadão e como edil?

Vereador – Sim.

Comandante – O senhor é candidato a deputado estadual?

Vereador – Isso não vem ao caso. Só a partir de 3 julho e é uma coisa que vai se definir com o partido. O senhor está me desrespeitando. Isso eu não aceito. Eu tenho legitimidade. Fui eleito pelo povo. Respeite esta Casa Legislativa. Estou preocupado com a violência em minha cidade, que estampa, diariamente, os jornais. O senhor foi convidado para debater segurança pública e não para fazer indagações à minha pessoa.

Comandante – O senhor conhece o decreto lei 667?

Vereador – Não.

Comandante – Que formação o senhor tem sobre segurança pública?

Vereador – Nenhuma.

Comandante – Quantas autoridades o senhor convidou para esta sessão?

Vereador – Todas ligadas a àrea de segurança pública.

Comandante – Qual a competência legal que a Câmara tem para debater segurança pública?

Vereador – Fui eleito pelo povo e tenho legitimidade para debater.

Comandante – Não, mas eu quero que o senhor responda.

Vereador – A Câmara está à disposição para ajudar na segurança pública.

Comandante – Agora eu me coloco à disposição para você me fazer a pergunta que quiser.

—–

Àquela altura, a audiência pública já perdia a sua razão de ser. Solon passa a palavra ao defensor público estadual Walter Fonseca Júnior. Este se levanta e diz que não havia condições para discutir sobre segurança pública “naquele clima”. Pediu licença e saiu. O juiz Waldir Viana, da 4ª Vara Cível, também se levantou e bateu em retirada. E, de fato, não houve audiência.

—–

Na saída, o ainda comandante do 15º BPM disse que não aceitava que a segurança pública servisse de “palanque eleitoral”. Era uma referência ao fato de Solon ser pré-candidato a deputado estadual. “Repudio a atitude dele e de qualquer um que queira fazer o que não é de sua alçada”, disse Jorge Ubirajara. Mais que isso: “Ele é um descontrolado. Não sabe o que diz”.

—–

Solon Pinheiro rebateu o comandante. Ao repórter Fábio Roberto, da rádio Nacional, disse que não tirava o chapéu para o algoz. “Não tiro e não me arrependo. Ele já vai tarde [comandar a PM em Vitória da Conquista]“.

Todos que estavam na “quase” audiência deixaram a sala. Mas o tenente-coronel permaneceu no local, de lá saindo apenas quando abordado para uma entrevista ao repórter Fábio Roberto e ao jornalista Domingos Matos, do blog O Trombone.