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Manu BerbertManuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

Até Lula, que anda mais sumido que a esperança do brasileiro, deve ter pensado consigo mesmo: “Quanta deselegância num dia só!”

Repercutiu na mídia a cena protagonizada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na recepção ao papa Francisco no Palácio Guanabara. Ao final da cerimônia, durante os cumprimentos, Barbosa se despediu do mesmo e deixou a presidente constrangida por não lhe dirigir sequer um olhar. Questões políticas à parte, Dilma ainda esboçou um gesto para cumprimentá-lo, afinal a compostura dos cargos que exercem pede diplomacia, mas Barbosa virou-se e foi embora.

A palavra mais vista nas redes sociais foi deselegância, apesar da grande maioria entender que ele encontrou ali a sua forma de protestar, de dizer que não é conivente, que não aceita o modus operandi do governo atual. Embora concorde que o ato tenha sido um tanto indelicado com a maior autoridade do país, preciso comentar que Joaquim Barbosa não foi o único.

O discurso altamente político da presidente Dilma foi, no mínimo, desastroso. Ressaltou um possível crescimento do país de dez anos para cá, tempo em que o seu partido goza de poder e prestígio, esquecendo que o mundo acompanhou a população brasileira nas ruas bradando justamente querer mais deste governo, reclamando exatamente contra a falta de medidas e coerência na utilização dos recursos de que dispõe.

Achando pouco, a presidente se justificou afirmando, diante dos maiores líderes religiosos do mundo, que as manifestações populares que ocorreram são fruto de excesso de democracia, ignorando a situação precária da saúde, da educação, do transporte público, do retorno da inflação etc. Até Lula, que anda mais sumido que a esperança do brasileiro, deve ter pensado consigo mesmo: “Quanta deselegância num dia só!”.

Manuela Berbert é jornalista, publicitária e colunista do Diário Bahia.