Plínio de Assis, goleiro da Seleção Amadora de Itabuna || Foto Arquivo/Walmir Rosário
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Plínio lembrava com emoção as partidas disputadas no velho campo da Desportiva, sempre lotada de torcedores. Talvez por isso, sempre lhe dava um friozinho na barriga quando entrava em campo.

 

Walmir Rosário

Plínio Augusto Silva de Assis iniciou no futebol amador de Itabuna jogando pelo Flamengo, por insistência do amigo e comentarista de futebol Yedo Nogueira. De início não se entusiasmou pelo convite, pois torcia pelo Fluminense, no Rio de Janeiro e em Itabuna. Convite aceito, ganhou o futebol da cidade, pela excelente qualidade do goleiro, que fez uma carreira meteórica e chegou à titularidade do selecionado itabunense, em 1960.

Titular absoluto no Flamengo, no selecionado alvianil Plínio de Assis era o reserva imediato de Asclepíades, junto com Luiz Carlos. Em 1960, ano do cinquentenário de Itabuna, finalmente assume a titularidade da seleção. Por muitos anos é convocado para a brilhante seleção, muitas das vezes alternado com o goleiro Luiz Carlos, de acordo com a escolha da comissão técnica do selecionado.

De temperamento calmo, Plínio sequer se abalou com um tiroteio durante uma partida em Ilhéus, e teve a tranquilidade de orientar seus colegas em campo, enquanto a briga corria solta e os tiros pipocando na arquibancada. Se fora de campo o clima era tenso, entre os atletas das duas cidades a rivalidade exigia muito para manter o controle, mesmo os atletas se esforçando para um clima sadio durante a partida.

E Plínio não abria mão de se preparar físico e mentalmente para os jogos realizados entre as seleções de Itabuna e Ilhéus. E dentre os cuidados tomados, treinar bastante e dormir cedo para ter um desempenho à altura. Ele sabia que as cobranças de dirigentes e torcida eram maiores em relação ao goleiro, por existir as possibilidades de partidas melhores ou piores, daí estar sempre preparado.

Mesmo assim, Plínio não se abalava com os resultados negativos, por estar consciente de que se tratava de possíveis falhas por contingência da prática esportiva. Na mesma partida em que poderia sofrer algum frango, também existia a possibilidade de fechar o gol com defesas inesquecíveis, como na disputa do tricampeonato contra a Seleção de São Félix, em 1962, um dos grandes jogos em que participou.

Como não existiam àquela época grandes técnicos com táticas de jogo mais elaboradas, Plínio ouvia com atenção as orientações do cirurgião-dentista Carlito Galvão, Costa e Silva e Gil Nery, que montavam as estratégias da equipe. Fora de campo, os técnicos davam o recado, dentro, uma meia-dúzia de jogadores coordenavam o time como um todo, de acordo com os acontecimentos.

Uma lembrança permanente de Plínio era a atuação de Didi na Seleção Brasileira contra a Suécia, em 1958, quando o jogador, após sofrer um gol botou a bola debaixo do braço e se dirige até o meio de campo, pede calma aos colegas e renova os ânimos. Na seleção de Itabuna quem fazia esse trabalho eram Santinho, Tombinho e Abieser, além do próprio Plínio orientando os jogadores com sua visão privilegiada em campo.

E assim Plínio de Assis se manteve na Seleção de Itabuna até se sagrar tetracampeão, título inédito, ampliando em seguida para o Hexacampeonato Intermunicipal por anos seguidos. Era a época do amor à camisa, na qual os jogadores treinavam a partir das 5 da manhã, corriam pra casa para tomar café e se dirigirem para o trabalho. Era o sacrifício que compensava pelo amor e não pela remuneração profissional, como atualmente.

Mas o goleiro, além de bem preparado também tem que ter sorte. No campo da Desportiva, numa partida disputada contra a seleção de Muritiba, o atacante adversário cabeceou, Plínio foi vencido e levantou seu calcanhar como último recurso, conseguindo evitar o gol. Em outra partida, contra o Vasco da Gama, a Seleção de Itabuna perdia por 2X1. Delém estava com a bola na marca do pênalti e Plínio parte para a jogada. Delém chuta, a bola bate no seu peito e não entra.

E naquela época do futebol de craques a Seleção de Ilhéus era a maior adversária de Itabuna, até pela rivalidade criada entre as duas cidades, porém não se pode deixar de citar Muritiba, que fez um timaço e possuía grandes jogadores, a exemplo de Betinho, um grande goleiro. Estivessem ou não preparados, os jogadores da Seleção de Itabuna tinham que se superar nessas partidas.

Apesar do ditado de que não há favoritos num clássico, Plínio costumava dizer que existiam outros “ossos duros de roer”, a exemplo de Alagoinhas e Belmonte. E os jogos em Belmonte, então, eram famosos. E Plínio contava que certa feita, numa vitória importante, um político influente na cidade se postou no fundo do gol itabunense, com um revólver na mão, para evitar que as pedradas pudessem atingi-lo.

Mas após as partidas todas as diferenças eram superadas nas festas promovidas nos clubes dessas cidades. E no entender de Plínio, essa era a mística do futebol amador, paixão que não existe mais. E ele sempre dizia que o entusiasmo sequer mais existe até na Seleção Brasileira, quem sabe, pelo excesso de profissionalismo dos jogadores, tenha se transformado em apatia, o que não é bom para o esporte.

Naquela época, apesar de ainda ser uma cidade pequena, em número de habitantes, Itabuna possuía um campeonato amador de muita rivalidade, principalmente entre o Fluminense, Flamengo, Janízaros, Grêmio e o aguerrido Botafogo do bairro da Conceição. E Plínio ressaltava que uma partida de domingo na Desportiva era comentada a semana toda, antes e depois, despertando paixões nos noticiários das rádios e jornais, incentivando as discussões no trabalho, bares e praças.

E Plínio lembrava com emoção as partidas disputadas no velho campo da Desportiva, sempre lotada de torcedores. Talvez por isso, sempre lhe dava um friozinho na barriga quando entrava em campo. E para ele não era diferente se os adversários eram de Itabuna, Ilhéus, Salvador ou Rio de Janeiro. Eram jogos em que tinham que se superar das deficiências do preparo físico com um bom futebol. E era isso o que eles mais gostavam.

Plínio de Assis morreu em 16 de abril de 2019, em Salvador, onde morava, e foi sepultado no cemitério do Campo Santo, em Itabuna, no dia 17.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Tony Café relata os 20 dias de batalha contra a Covid-19
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O radialista e jornalista Tony Café fez um relato emocionante, nesta quinta-feira (29), sobre os dias de batalha para vencer o novo coronavírus. O locutor da Gabriela FM, de Ilhéus, contou que viveu momentos críticos, mas que hoje está melhor. Toda a família do jornalista foi infectada pela Covid-19.

Tony Café, que já está 20 dias fora do ar por causa das complicações da Covid-19, afirmou que até a criança de dois anos foi infectada pelo vírus. “Todo mundo aqui, em casa, contraiu a doença e foi tudo muito complicado. Houve a necessidade de ficar internado, sob observação médica. Fiquei uns quatro dias hospitalizado”, detalhou.

O jornalista relatou que, apesar dos poucos dias internado, é muito desesperador. “Porque você fica sem saber o que vai acontecer. Cansa muito, sente falta de ar. O organismo fica todo atrapalhado. Você fica desorientado. O psicológico fica lá em baixo, mas graças a Deus eu fui bem tratado no Hospital Calixto Midlej. Quero agradecer a todos os profissionais de saúde, do médico ao pessoal de serviços gerais. Toda essa rapaziada destemida”.

O profissional de comunicação conta que ficou admirado com o atendimento que recebeu no hospital. “O amparo foi uma das coisas que ajudaram a levantar o meu psicológico. Além do tratamento, esse carinho especial para com todos que estão ali, precisando de ajuda. Isso deu muita força e graças a Deus estou me recuperando bem. Ainda estou sob observação médica, tomando medicamentos, mas na segunda-feira, com fé em Deus, estarei fazendo o que mais gosto, que é trabalhar no rádio. Quero agradecer aos meus colegas de trabalho pela preocupação”, disse.

Tony Café tomou, no dia 7 de junho, a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Por isso, é provável que o estado de saúde do jornalista não tenha se agravado ainda mais. Pelo cronograma, em setembro ele deve receber a segunda dose do imunizante fabricado pela Oxford/Astrazeneca.

João Carlos Teixeira Gomes, "Joca", faleceu aos 84 anos || Foto Olívia Soares
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Depois de uma semana internado no Hospital da Bahia, o jornalista e escritor João Carlos Teixeira Gomes, 84 anos, não resistiu e morreu na noite de quinta-feira (18). O corpo de Joca, como era conhecido, será cremado no Cemitério Bosque da Paz, por volta do meio-dia de hoje.

Segundo amigos, ele teve um AVC no cerebelo há cerca de 3 anos e, desde então, sua saúde nunca mais foi a mesma. Nos últimos dias, ele estava muito fraquinho e precisou ser internado. No hospital, foi detectada uma pneumonia e ele acabou tendo falência múltipla dos órgãos.

Joca, que foi um dos maiores amigos de Glauber Rocha e João Ubaldo Ribeiro, era membro da Academia de Letras da Bahia, onde ocupava a cadeira de número 15. Amiga do escritor há mais de 30 anos, a jornalista Olívia Soares conta que ele adorava o apelido, Joca, Pena de Aço, dado por um amigo, Dario Bittencourt. Tanto que lhe fez dois pedidos muito antes de morrer: “coloque a bandeira do Bahia sobre meu caixão e um cartaz com essa frase”. “E será feito. Joca era apaixonado pelo Esporte Clube Bahia”, completa Olívia.

O jornalista também fundou o Jornal da Bahia, trabalhou em jornais como A Tarde e foi secretário de Comunicação da Bahia, na década de 80, no governo de Waldir Pires. Redação com Correio24h. “Joca” escreveu alguns livros, dentre os quais o polêmico Memórias das Trevas – Uma devassa na vida de Antônio Carlos Magalhães.

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O jornalista Eduardo Anunciação, de 67 anos, foi internado na manhã desta quinta-feira, 7, no Hospital Geral Luiz Viana Filho, em Ilhéus. Segundo as primeiras informações, ele passou mal em sua casa, na zona sul da cidade, e teria sofrido uma parada cardíaca, mas foi reanimado por um médico do Samu. Anunciação vinha se recuperando de uma cirurgia.
Mais informações em instantes.

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O jornalista Juarez Vicente de Carvalho está sendo sepultado nesta manhã, no Cemitério do Campo Santo, em Itabuna. Ele faleceu ontem, após quatro dias internado no Hospital Calixto Midlej Filho, aos 59 anos (completaria 60 no dia 5 de abril).
Num gesto de solidariedade, a família do jornalsta autorizou a doação de suas córneas, após entrevista realizada pela Comissão Intra-Hospitalar  de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cidhot).
A morte de Juarez Vicente provocou moções pesar de instituições como a Santa Casa de Misericórdia de Itabuna e do prefeito Claudevane Leite.

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O corpo do jornalista Juarez Vicente está sendo velado no no velório Santa Fé, ao lado do Cemitério do Campo Santo, em Itabuna. Ele morreu esta manhã, após quatro dias internado no Hospital Calixto Midlej Filho, vítima de complicações decorrentes do diabetes e da hipertensão. Juarez tinha 60 anos.
O sepultamento do jornalista está previsto para ocorrer às 10 horas da manhã desta quinta-feira, 31.
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walmirWalmir Rosário | wallaw1111@gmail.com

A sala de aula não foi o seu principal sacerdócio, reservado ao jornalismo, um repórter dedicado, um editor que “não brigava com a notícia”

A única certeza que temos na vida é a da morte. Às vezes ela chega sem esperar e conclui sua empreitada, outras, nem tanto, encosta no indivíduo e fica ali apesar de todas as resistências, minando a saúde até concluir o seu intento. Com Juarez Vicente de Carvalho foi assim, não adiantou espernear, a morte venceu a vida.
Tristes, nós, que gostamos de Juju (apesar dele ter morrido), estamos de luto, embora sua morte não vá apagá-lo de nossas memórias. Cumpriu o ciclo da vida. Nasceu, cresceu, viveu e foi embora. Particularmente, considero a vida (o viver) uma das características mais importante de Juarez Vicente, dada a sua vontade de exercê-la em sua plenitude.
Professor de Química, Juarez deixou um legado de conhecimento repassado aos alunos, hoje homens feitos e que sentem orgulho quando falam do seu professor. Mas a sala de aula não foi o seu principal sacerdócio, reservado ao jornalismo, um repórter dedicado, um editor que “não brigava com a notícia”.
E foi assim que foi conhecido nos veículos de comunicação por que passou, notadamente nos rádios e jornais, onde tratava a notícia com seriedade, mas sem desprezar as especulações. O “Bokadefogo”, como era conhecido pelo título da coluna que sempre levou para os veículos em que trabalhava, cuspia marimbondos. Era implacável.
Com a mesma seriedade com que tratava a comunicação social nos veículos de comunicação, exercia os cargos de assessoria de imprensa de autoridades dos poderes Executivo e Legislativo com responsabilidade. Transitava bem dos dois lados do balcão, como se diz comumente no jargão do jornalismo.
E Juarez não se limitava somente ao exercício da labuta das redações e assessorias. Era um sindicalista que participava de todas as lutas dos profissionais de comunicação, compartilhando com os companheiros de congressos, mesas redondas e workshops com a mesma desenvoltura de uma mesa de negociação salarial.
Juarez Vicente - P&BSua luta está registrada na direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba), particularmente na Delegacia Sindical do Sul da Bahia, da qual participou como candidato da eleição mais concorrida, no final da década de 1980. Perdeu a eleição, mas não a dignidade e o ímpeto para a luta.
O Juarez Vicente das redações, que por vezes não fazia concessões para escamotear a verdade, era o mesmo Juarez Vicente poeta, com livros publicados e participação ativa na vida cultural grapiúna. Fundador do Clube do poeta, exerceu também sua presidência, cuja contribuição é por demais conhecida.
Multifacetado, ou multimídia, tanto faz, ainda conhecemos o Juarez Vicente cantor, com passagens por diversos grupos musicais e bandas de Itabuna. Com um vasto repertório de sambas, boleros, jovem guarda, bossa nova e jazz, animava as madrugadas nos quatro cantos de nossa cidade.
A boemia era uma das facetas de Juarez Vicente, onde colecionava amigos tantos para um grande bate-papo nas mesas de bar da cidade. Aconchegado num desses ambientes debatia com maestria desde a atividade de um varredor de ruas até as científicas viagens à lua, com argumentos irrefutáveis.
Lá pras tantas, para evitar as distensões por conta da ingestão de cachaça e cerveja dos participantes da mesa, sabia como ninguém encerrar o bate-papo que descambava para o prenúncio de uma confusão:
– Deixa pra lá, isso é uma questão de hermenêutica, está entre a dialética e a metafísica – argumentava com altivez.
E não se fala mais nisso!
Adeus, Juju!
Walmir Rosário é jornalista, advogado e editor do blog Cia da Notícia www.ciadanoticia.com.br

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Juarez Vicente - P&BA família de Juarez Vicente de Carvalho acaba de confirmar a morte do jornalista, que estava internado no Hospital Calixto Midlej Filho, em Itabuna, desde o último dia 27. Nesta manhã, o profissional de imprensa sofreu uma parada cardíaca e não resistiu. Ainda não está definido onde será o velório.
Além de jornalista, Juarez foi professor de Química. Era também poeta e, apesar de não ter feito faculade de direito, tornou-se conhecido como um grande pesquisador das leis nas áreas administativa e eleitoral.

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marivalguedesO jornalista Marival Guedes deixou a assessoria de imprensa da Bahia Pesca, posto que exerceu com competência nos últimos anos, garantindo eficiente divulgação dos projetos e ações da empresa vinculada à Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri).
Sempre atencioso, Guedes enviou breve despedida aos companheiros da imprensa, agradecendo o apoio ao seu trabalho. Agora, o jornalista fará um périplo pelo Uruguai, Argentina e Chile, deixando os futuros compromissos profissionais para depois de fevereiro.

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O jornalista Juarez Vicente de Carvalho permanece no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Calixto Midlej, onde foi internado no dia 27. Hipertenso e diabético, ele está com o funcionamento dos órgãos vitais comprometidos e respira à custa de aparelhos.
Familiares do jornalista afirmam que a morte cerebral não foi confirmada, embora todos os sinais indiquem que ela tenha ocorrido. A confirmação somente se dará após exames que deverão ser realizados nesta quarta-feira 30.

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juarez-300x184O jornalista Juarez Vicente encontra-se internado em estado gravíssimo na UTI do Hospital Calixto Midlej Filho, em Itabuna. Segundo informações de familiares, ele não responde a estímulos e é mantido vivo por aparelhos. Sites de Itabuna chegaram a informar que o jornalista já teria falecido, mas isso não foi confirmado nem pelos médicos responsáveis pelo paciente nem pela família.
Juarez é hipertenso e diabético.

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Do G1

Morreu no início da madrugada desta quinta-feira (29) o jornalista Joelmir Beting, aos 75 anos. Ele estava internado desde o dia 22 de outubro no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e, no domingo (25), sofreu um acidente vascular encefálico hemorrágico (AVE).

Nesta quarta-feira (28), o hospital Albert Einstein informou que o jornalista estava em coma irreversível.

O corpo de Joelmir Beting será velado a partir das 8h, no Cemitério do Morumbi, na Zona sul. O velório vai ser aberto ao público. A cremação ocorrerá no Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, às 16h, numa cerimônia restrita à família.

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QUEM ESCREVE PERDE E PROCURA PALAVRAS

Ousarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br

A pergunta pode parecer ociosa, mas não é (as aparências, às vezes, enganam!): a gentil leitora alguma vez perdeu uma palavra? Claro que senhoras descuidadas perdem brincos, bolsas, documentos, talão de cheques, além de peças íntimas de vestuário e (ai meu Deus!) o caminho de casa. Mas, palavras? Pois saibam quantos e quantas (é assim que falam agora) destas linhas tomarem conhecimento que quem escreve perde e procura palavras. E, pior, não pode valer-se das seções de achados e perdidos para localizar a desaparecida: “Perdeu-se uma palavra azul-turquesa, vestida de minissaia e blusa, com 135 anos de uso, mas ainda em bom estado…” – não pode. Há de buscar-se a fujona nos escaninhos da memória.

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Puxar pela memória também não resolve

Dia desses, perdi a palavra “contrafação”. Aqui, pouco importa seu significado, importa é, digamos, o nome. Consultar o dicionário seria equivalente a procurar numa grande cidade uma pessoa que você não conhece nem sabe como se chama. Puxar pela memória não resolve (se ela fosse boa não perdia palavras). Da minha experiência de escrever todos os dias e todos os dias perder palavras, nasceu um truque infalível: esqueça. Como, minha senhora? A memória já vasqueira e eu receitando mais esquecimento? Pois é, minha amiga: faça-se de tola, diga pra si mesma que não precisa daquela palavra e, quando menos você esperar, ela ressurge, desconfiada feito cachorro que quebrou o jarro.

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AFRODITE E SUA RELAÇÃO COM O AMENDOIM

Eu ia escrever “almanaque antigo”, mas correria o risco de ser redundante – creio que não há almanaques novos. O que é uma pena, pois eles são a tábua de salvação deste e de outros colunistas “de cultura”. Ai de mim se não fosse a “cultura de almanaque” (o Google quase o substitui) que dizem para nada servir, mas que a mim me diverte, e isto já não é pouco. Pois li num deles que a palavra afrodisíaco (a tal vitamina do amendoim!) vem, quem diria, de Afrodite, deusa grega (a Vênus dos romanos). É a deusa do amor, da beleza e da fertilidade, o que explica um pouco as lendas em torno da questão.

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O Monte Olimpo não era o Jardim do Éden

Afrodite nasceu da espuma das ondas, depois de Cronos ter castrado o pai dela e jogado as genitais no mar (os deuses do Olimpo pegavam pesado!). Ela saiu da água numa concha de ostra – e essa confusão deu na crença de que os frutos do mar são afrodisíacos, sendo a ostra a verdadeira joia da coroa, se vocês me creem. E se não creem, culpem o Dicionário dos afrodisíacos, de H. E. Wedeck, pesquisador de estranhas coisas (publicou livros sobre feitiçaria, astrologia, o diabo e delícias assemelhadas). Os detalhes sobre o culto a Afrodite, nos bons tempos da Grécia (hoje estão péssimos), não publico, pois traumatizariam as mentes mais sensíveis.

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Fogo morto em tragédia de Shakespeare

É prudente parar por aqui, antes que minha gentil leitora e o criativo leitor comecem a pensar bobagem e por isso me culpem. Mas não resisto a uma citação de Shakespeare, especialmente indicada para o fim de semana (toda vida quis citar Shakespeare, para parecer “erudito”, e nunca tive oportunidade). Então, vamos: em Macbeth, creio ser logo na cena II, o tragediógrafo inglês destaca que o álcool “provoca o desejo, mas liquida o desempenho” e explica que “muita bebida equivoca a luxúria, a ajuda e a estraga, empurra para cima e empurra para baixo”. Shakespeare sabia dos falsos afrodisíacos.

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JORNALISTA É SINÔNIMO DE PALPITEIRO

Longe de mim a intenção de que isto aqui seja visto como aula de português (ou de qualquer outra coisa igualmente explosiva), já o tenho dito. São apenas comentários de alguém que trabalha com a linguagem, escrevendo ganha o leite e o uísque. Sou jornalista, embora já tropeçando na idade e pressionado pelo frenesi “diplomático” da Fenaj. Jornalista é também sinônimo de palpiteiro – somos (a maioria, na qual me situo) pessoas capazes de abordar os mais variados assuntos, sempre de forma perfunctória, superficial, tangencial. Se aprofundam a discussão, saio de fininho e vou procurar minha turma.

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O mar de gente balança o chão da praça

Tais prolegômenos servem para dizer que tenho o lugar-comum como a pior doença das tantas que acometem a língua escrita e falada. É um vício comparável às drogas pesadas, que nos fazem sentir bem e nos destroem a longo prazo. E com que frequência esse fenômeno ocorre, até em meios ditos “cultos”! Quem não ouviu recentemente um “para se ter uma ideia”, ou “faz a diferença” – isto para não falar nos clássicos “ver a luz no fim do túnel”, “poupar o precioso líquido”,  “mar de gente” e, particularmente no Carnaval, “ninguém ficar parado”, “tirar os pés do chão” e “balançar o chão da praça”. Argh! Acabou o espaço – e o assunto há de voltar outra hora.

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NO MEU RIO NÃO NAVEGARAM AS CARAVELAS

Onde eu nasci passa um rio. É o rio Macuco, que me lembra o poema de Fernando Pessoa (musicado por Tom Jobim): não é rio tão rio quanto o Tejo, famoso e amplo. Por ele não navegaram caravelas tendo-o por caminho, por ele ninguém alcançou importantes novas terras. Na verdade, é um rio chocho, um riacho, um fio d´água que desce da serra, mas para mim ele é o melhor rio do mundo, porque é o rio da minha aldeia e da minha meninice, é o meu rio, o rio em que me banhei. O rio corre como o homem. Um morre a caminho do mar, outro a caminho do nada. Meu rio morre um pouco a cada dia, na vã tentativa de chegar ao mar de Ilhéus (talvez melhor do que eu, que por não ter destino prévio, nem sei para onde vou). Quem sabe, por isso somos um tanto magros, desidratados, tímidos e tristes.

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Enquanto o rio corre, o homem caminha

Ao ouvi-lo resmungar baixinho, intimidado, penso no destino de suas águas antigas. E concluo que apreendi a essência da filosofia de Heráclito (sec. V a. C.), antes mesmo de saber de sua existência. Heráclito para iniciantes é o da conhecida afirmação de que “não nos banhamos duas vezes no mesmo rio”, pois no instante seguinte ao banho nós e o rio já não somos os mesmos. O pensamento dele é mais complexo – e não possuo engenho e arte para tal dissertação. Portanto, me tirem da peleja físico-metafísica, do vir a ser, do sim e do não, do é e do não é. Entendamos que gente e rio estariam em constante mutação, em ritmos diferentes: enquanto um caminha, o outro corre. Mas como correu o meu rio, e como me dói tudo isso. As águas se foram, ficou o menino e sua saudade.

(O.C.)

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Do Trombone

Estranho, mesmo, é o silêncio do prefeito Capitão Azevedo em relação ao mal-feito do seu secretário de Indústria e Comércio, Carlos Leahy. Como se sabe, Leahy assediou o repórter Luiz Conceição, do Pimenta,  e, sob coação, tomou-lhe um equipamento de trabalho, um gravador, que continha entrevista do próprio Azevedo, na manhã de sábado (14), na avenida do Cinquentenário, em Itabuna.

Azevedo se calou. Embora capitão PM – supõe-se, com isso, que preze pela correção de seus comandados – preferiu nada dizer, nada fazer em relação ao gritante desrespeito à liberdade de imprensa. Pior, para o comandante, é o fato de que no tal gravador havia uma entrevista que ele concedera minutos antes, sem nenhuma coação ou assédio, e que, por isso, pressupunha-se, era de sua vontade ver publicada. Quem manda na vontade do capitão?

Hoje, o prefeito capitão enviou dezenas de pedidos de amizades pelo Facebook – ele volta à rede social após deixar o site escondendo-se por ofensa a um dos então pré-candidatos, seu concorrente. Aceitaria seu pedido de amizade se soubesse, antes, qual será sua atitude em relação ao ocorrido.

Prefeito, diga algo. Nem que seja para dizer que nada irá dizer. Aí, poderemos saber, de fato se o senhor estará preparado, quem sabe, para enfrentar um debate no rádio ou na TV, sem que seus colaboradores por lá apareçam portando peixeiras…

Confira mais n´O Trombone

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Meses atrás, quando soube que precisaria ser submetido a uma cirurgia de ponte de safena para desobstruir as artérias, o jornalista Roberto Rabat, do site R2C Press, não perdeu o bom humor. Disse que sua ponte sairia primeiro que a nova ligação entre o centro e a zona sul de Ilhéus, há tanto tempo prometida pelos políticos.
Pois hoje o velho Rabat caiu no bisturi em Salvador e, horas após a operação, já estava com a corda toda. O primo Omar, o primeiro a visitá-lo no hospital, ouviu dele o seguinte:
“Vem cá, por acaso tem uma baiana aqui por perto? Eu tô maluco pra comer um acarajé…”.
Pense!