Clóvis Aquino (à direita, embaixo) e família
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Após muitos anos, torcedores e adversários se mostram saudosos com o futebol praticado pela Associação, um elenco digno de respeito e que se perpetuou na história do esporte itabunense.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Walmir Rosário 

A cada dia o futebol contagiava os itabunenses e crescia em bons jogadores e torcida. No final da década de 1930, surge a equipe Associação Athletica Itabunense (AAI), considerado o “bicho-papão” do futebol. A proposta era apresentar um futebol amador de forma organizada, com técnica suficiente para ganhar partidas e campeonatos seguidos, com um elenco de fazer inveja aos adversários.

E a Associação, como carinhosamente era chamada, aterrorizava os adversários, principalmente pelo nível dos jogadores, em que titulares e reservas possuíam o mesmo potencial. Saía um entrava o outro e o time não caia de produção. Para isso, escolhiam uma zaga vigorosa, um meio de campo técnico e um ataque arisco, composto por jogadores que se movimentavam muito, sempre em direção do gol adversário.

A contratação de um jogador se baseava não apenas no talento com a bola. Eles tinham que primar pelo coletivo, fazer se respeitar dentro e fora de campo e cumprir as determinações técnicas para manter a tática imposta pelo técnico, entre eles, Costa e Silva. No período compreendido entre 1939 e 1946 a Associação Athletica se impôs no futebol de Itabuna e região se tornando pentacampeã.

Certa feita, numa entrevista concedida aos jornalistas José Adervan, Ramiro Aquino, Antônio Lopes e Walmir Rosário, no Jornal Agora, um dos remanescentes da Associação, o engenheiro agrônomo e produtor rural Clóvis Nunes de Aquino, lembrou sua passagem pela equipe. E ele apresentou algumas cadernetas, nas quais registrava, fielmente, todos os dados das partidas da Associação.

E Clóvis Aquino era um jogador fenomenal, um centroavante com talento e vigor suficiente para marcar os gols nas vitórias da Associação. Os seus predicados futebolísticos foram descobertos quando ainda estudante de agronomia na conceituada Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP). Mesmo assim, amargava jogar no segundo quadro da Associação e ser reserva do também craque Juca Alfaiate.

Embora não gostasse da reserva, mostrava seu futebol ao entrar em campo, no primeiro ou segundo quadro, encantando os torcedores. E Clóvis Aquino recordava com alegria sua participação como titular da equipe principal em 1946, ano em que disputou o campeonato como dono da posição, o que lhe valeu o título de pentacampeão itabunense. Tudo registrado em suas cadernetas.

E as notícias do escrete “matador” chegam à capital baiana e a diretoria dos times de Salvador se interessam em excursionar no Sul da Bahia, notadamente para jogar contra a famosa Associação Athletica Itabunense. No campo da Desportiva jogavam de igual para igual, e na maioria das vezes, a Associação mostrava o seu magistral futebol, ganhando as partidas, sem se importar com os adversários.

Mais experta foi a Associação Desportiva Guarany, que veio ver de perto os propalados craques de Itabuna e resolveu levar o time inteiro para Salvador. Dos titulares, apenas Juca Alfaiate não aceitou a proposta e continuou na Associação. Mesmo assim, o Guarany contratou o segundo reserva de Juca, Elísio Peito de Pomba. Pela primeira vez, a equipe do Guarany se sagrou campeã baiana em 1946, único de sua história.

Alguns torcedores da Associação creditam o declínio da Associação à perda dos jogadores contratados pelo Guarany, a exemplo de Tombinha, Nivaldino, Amaral, Bolívar, Bacamarte, Quiba, Elísio Peito de Pomba, Elvécio, Tuta, Mangabeira, Juca e Zezé, sendo que estes três últimos se transferiram para o Flamengo local. Elísio Peito de Pomba foi o artilheiro do Guarany com 12 gols marcados no campeonato.

A Associação Athletica Itabunense possui uma história gloriosa, o que é inegável até pelos adversários. Se chegava a notícia de um grande jogador, a diretoria não media esforços para contratá-lo e assim formou a equipe mais temida do interior da Bahia. De início, um time de elite, no qual só jogavam atletas brancos; com o passar do tempo, passaram a aceitar pessoas de cor negra, sendo o primeiro deles, o zagueiro Ruído, de Jequié.

Nas cadernetas de Clóvis Aquino estão anotados jogadores famosos da Associação Athlética Itabunense (AAI) como Balancê, Niraldo, Mota e Victório na posição de goleiros, Bolivar, Álvaro, Bacamarte, Dircinho, na posição de zagueiros, na chamada linha intermediária Amaral, Mangabeira, Zecão, Helvécio e ainda os atacantes Tombinha, Puruca, Juca, Clóvis, Nivaldino, Tuta, Zezé e Nandinho.

E após muitos anos, torcedores e adversários se mostram saudosos com o futebol praticado pela Associação, um elenco digno de respeito e que se perpetuou na história do esporte itabunense. Alguns remanescentes daquela época não pensam duas vezes em escalar as equipes da Associação, com titulares e reservas, além dos gols e momentos importante de cada partidas que jogavam.

E a Associação permanece na saudade dos itabunenses.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor d´Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Notícia da viagem de Nininho para teste no Fluminense, em 1958
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O menino de Macuco, iniciado no Pindorama Futebol Clube, depois no Brasil Esporte Clube, o BEC, venceu no futebol e até hoje é reconhecido como bom exemplo por onde passou.

 

Walmir Rosário

Campeão pela Seleção de Itabuna no primeiro Intermunicipal vencido, Nininho, o Sputnik, sentiu necessidade de mostrar seu futebol em outras terras, se apresentar no Maracanã, o santuário do futebol. E aqui pra nós, qual jogador de futebol que nunca sonhou atuar no Gigante do Maracanã? Nem tinha medo com o tradicional friozinho na barriga no jogo de estreia. Era o começo de uma carreira, quase sempre bem-sucedida.

E José Maria Santos, o menino de Macuco, hoje Buerarema, só pensava nisso. Tanto foi assim que dispensou as honrarias dos cartolas, comerciantes e torcedores de Itabuna para aventurar a carreira no Rio de Janeiro. Quem sabe poderia aparecer no Canal 100, em todos os cinemas do Brasil, jogando por um grande clube do Rio de Janeiro ou São Paulo. A mudança valeria a pena e ele estava disposto a correr o risco.

Artilheiro com 11 gols marcados em sete jogos da Seleção de Itabuna campeã. Eleito em 1958 o atleta mais eficiente e disciplinado de Itabuna, Nininho ganhou uma passagem de ida e volta, além da hospedagem para 15 dias em hotel no Rio de Janeiro. Viajou acompanhado do colega Hildebrando, que ia visitar dona Guiomar, esposa de Didi do Botafogo, que é da região cacaueira. Nininho foi apresentado aos dois e se tornaram grandes amigos.

Finalmente, o craque Sputnik se foi. No Rio, fez teste no Fluminense, time em que jogava o conterrâneo Léo Briglia, e treinou muito bem. Aprovado, o técnico Pirilo queria inscrevê-lo como juvenil, mas não foi possível, pois já completara 20 anos. Como não tinha vaga no aspirante, completo com jogadores subidos dos juniores, nem mesmo a intervenção de Léo Briglia resolveu. A escolinha do Flu era uma fábrica de craques, o que sempre impedia o aproveitamento de novos valores. E o Sputnik era um deles.

Se não deu certo no Fluminense, ainda em 1958 Nininho decidiu dar uma passada no Botafogo para se submeter aos testes. Enquanto fazia o famoso vestibular no Glorioso, um treinador do Guarani de Divinópolis gostou de sua atuação e quis saber qual era situação do atleta. Informado que era livre e estava passando por testes, convidou o Sputnik para ir disputar o Campeonato pelo Guarani. Aceitou, de pronto.

Em janeiro de 1959, volta ao Rio de Janeiro para se submeter a novos testes no Botafogo, onde pretendia jogar ao lado do time dos grandes craques. Nesse período, foi levado para o Canto do Rio, em Niterói, e daí para o América, no qual se sagrou campeão carioca em 1960. Nesse ano, mesmo na reserva, foi o artilheiro dos aspirantes. Nessa época já tinha incorporado novo nome: Zé Maria.

Nininho (Zé Maria) no América campeão carioca de 1960

Emprestado ao Bonsucesso Futebol Clube para fazer uma excursão no exterior, atuou no Chile e Peru. Nessa viagem jogou o que sabia nos 15 jogos realizados, uma campanha invicta. No último jogo, contra o Sporting Cristal, do Peru, que já era campeão peruano antecipado, faltando três rodadas para o fim do certame, marcou o gol mais bonito de sua vida. Para ele foi a consagração como jogador profissional.

Em 1962 volta a São Paulo, desta vez para jogar na Prudentina. No ano seguinte, 1963, Sputnik, ou Zé Maria, joga um belo campeonato. Àquela época, a Prudentina era um time cheio de bons jogadores e ele consegue se destacar, embora a equipe tenha ido mal. Resultado: no final do ano todos os atletas foram dispensados. Nininho chegou a ser cotado para ir para o Peru, onde jogaria no Sporting Cristal, mas como não se concretizou, ele continua no Brasil e passa a jogar pelo Nacional.

Depois disso foi trabalhar na Rede Ferroviária Federal e continuou jogando por dois anos, e encerrou a carreira em 1967. Anos depois o craque volta para Itabuna. Deixa a Rede Ferroviária, um emprego federal e se instala em Itabuna. Convidado por Ramiro Aquino, José Adervan e João Xavier para supervisionar o Itabuna Esporte Clube, cumpriu a missão de fortalecer o profissionalismo no futebol itabunense.

Nininho preferia ser treinador, mas foi convencido a atuar na supervisão. E fez um excelente trabalho, dando uma nova cara à equipe profissional, àquela época ainda tratada com muito amadorismo no sul da Bahia. O Itabuna chega ao final do campeonato em uma boa colocação, resultado do trabalho implantado por ele e o treinador Roberto Pinto, mudando as características do futebol por aqui praticado.

Nessa época, Itabuna reunia bons jogadores, muitos deles valores regionais. Um em especial, vindo de Itarantim para fazer teste no Itabuna como quarto zagueiro. Era Zezito Carvalho. Assim que viram a baixa estatura dele, Nininho, Roberto Pinto e João Xavier sugeriram que fosse testado na lateral direita. Deu certo e o Zezito Carvalho passou a se chamar Tarantini, nome dado em homenagem ao jogador argentino e que fazia referência à sua cidade, Itarantim.

Nininho também fez um excelente trabalho com a juventude itabunense, quando convidado pelo amigo João Xavier, à época vice-prefeito e secretário de Esporte de Itabuna. A missão era implantar as escolinhas de futebol projetadas pela Prefeitura. E execução deu excelentes resultados, retirando meninos da rua para proporcioná-los uma vida melhor com a prática de esportes, notadamente o futebol.

O menino de Macuco, iniciado no Pindorama Futebol Clube, depois no Brasil Esporte Clube, o BEC, venceu no futebol e até hoje é reconhecido como bom exemplo por onde passou.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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O que vivenciei faço questão de repassar, para que não caia no esquecimento por não ter registro digital, já que no papel está suscetível a todos os tipos de intempéries, ataques de traças e de humanos. E o arquivo do jornal Agora corre esse sério risco.

Walmir Rosário

A criação da redes sociais foi um passo definitivo para democratizar a informação e disso ninguém mais duvida. O problema da comunicação não está na história presente nem na do futuro, que será bem mais moderna do que se imagina. Nosso calcanhar de Aquiles está na comunicação do passado, na qual se gastou muito papel, tinta, fitas magnéticas de áudio e vídeo e outros meios de gravação que vão se perdendo no tempo.

Em Itabuna, Ilhéus e região não é diferente e muitas dessas memórias foram parar na lata do lixo, após ter servido para embrulhar peixes e outras mercadorias nas feiras livres, sem que nos déssemos conta que jogávamos – e ainda jogamos – fora a nossa história. Os livros – por si sós –, podem ser parâmetros de um tempo, mas não mostrarão os acontecimentos diários de uma sociedade.

É de conhecimento público e notório minha preocupação com o passado. O que vivenciei faço questão de repassar, para que não caia no esquecimento por não ter registro digital, já que no papel está suscetível a todos os tipos de intempéries, ataques de traças e de humanos. E o arquivo do jornal Agora corre esse sério risco, conforme nos lembrou o escritor Clóvis Silveira Góis Júnior, no artigo “O acervo do jornal Agora”.

É muito comum ouvirmos e falarmos que somos um povo sem história, embora pouco façamos para reverter esse pecado comportamental. Merece registro e louvor o jornalista Ramiro Aquino ao publicar “De Tabocas a Itabuna: 100 anos de imprensa”, trabalho de pesquisa responsável pelo resgate da comunicação desde os seus primórdios. Hoje merecem destaques as publicações “História de Itabuna” e História Grapiúna”, digitais, dentre outras.

Uma das preocupações de José Adervan – que fundou em 1981 o Agora com Ramiro Aquino – era a recheada edição anual do Agora a cada 28 de julho, data da emancipação político-administrativa de Itabuna. Um planejamento minucioso envolvendo jornalistas, historiadores e memorialistas nas pesquisas e grandes reportagens, esperadas ansiosamente pelos estudantes e a população como um todo.

Nos orgulhávamos das edições com cerca de uma centena de páginas apresentadas aos leitores, contendo reportagens e opiniões sobre Itabuna – desde que era Tabocas –, abordando os aspectos econômicos, políticos, históricos, sociológicos, geográficos, esportivos, antropológicos e religiosos. A cada edição, novas descobertas eram apresentadas aos ávidos leitores itabunenses.

E o leitor me pergunta: por que, então, as próprias empresas não dispõem esses arquivos nos modernos meios de comunicação digitais hoje existentes? Simples: muitas das empresas de comunicação, a exemplo do jornal Agora, não mais existem, e as que ainda sobrevivem não têm condições de tocar um projeto dessa envergadura por falta de recursos financeiros.

Os grandes conglomerados de comunicação até que disponibilizam esse serviço em troca de pagamento por assinatura, serviço que se torna inviável para pequenas empresas. Mas, a realidade é que muitas delas já não existem e apenas conservam o arquivo em papel, no caso dos jornais. Por se tratar de um serviço de interesse da comunidade, esse múnus deveria ser transferido a um ente público.

Geralmente, as prefeituras de maior porte contam com centros de documentação (cedocs), que poderiam assumir acervos menores. Mas esses centros não contam com orçamento disponível para tanto, ou vontade dos governantes. Em nossa região a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) tem prestado relevantes serviços nesta área e acredito que teria condições de assumir esse ônus.

Aqui já instalada temos, ainda, a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), que poderia se envolver com esses relevantes projetos que beneficiariam substancialmente a educação e o conhecimento regionais. Está na hora dos responsáveis por esses acervos iniciarem uma conversação para a manutenção do acervo original, a digitalização e publicação na rede mundial de computadores.

Para encerrar, comento aqui uma indispensável indiscrição: os jornais sempre abriram seus arquivos para a pesquisa, embora não tivessem pessoal disponível para acompanhar esse trabalho. Muitas vezes, alguns desses “pesquisadores” simplesmente – e sorrateiramente – rasgavam a página do caderno, levando-a, para prejuízo da empresa e de futuras pesquisas. Trocando em miúdos: cuspiu no prato em que comeu.

O acervo do jornal Agora é a cereja do bolo da comunicação do Sul, Extremo-sul e até do Recôncavo baiano. O pensamento e o labor do saudoso José Adervan, que foi professor de economia da Fespi (antecessora da Uesc), não podem nem devem ficar relegados ao esquecimento. Hoje esse acervo representa a base para para o presente e a construção do futuro e disto ninguém discorda.

Como participei da equipe do Agora, tenho consciência de que não estou chovendo no molhado!

Walmir Rosário é jornalista, radialista e advogado.

Carlos Farias e Thelma
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Walmir Rosário

Notícia boa viaja a pé, já as más, a cavalo. E é exatamente nessa antiga premissa que estamos nos acostumando – mesmo com irresignação – a viver nesses últimos tempos assolados pela pandemia da Covid-19. Desta vez, a péssima notícia chega em dose dupla, pelo whatsapp de José Nazal: “Nosso amigo Faria faleceu nesta sexta-feira (12), de Covid-19, e sua esposa Thelma se encontra internada na UTI”.

Irrequieto, dinâmico, agitado, astucioso, afável – para muitos –, carrancudo – nem tanto – para outros. E neste contexto se encaixava o ilheense Carlos Farias Reis, exatamente como o pensamento de Nélson Rodrigues, para quem toda a unanimidade era burra. Eu mesmo o classificaria com mais adjetivos díspares, principalmente quando o tema era sua conduta no trabalho, no dia a dia. Ainda bem.

Meses atrás, o casal Farias e Thelma deixa Ilhéus para dar apoio à filha em Aracaju, onde o genro passou um grande tempo na UTI, lutando contra a terrível Covid-19. Trancado no apartamento, não se conformava na mudança de vida, no comportamento totalmente estranho para quem sempre foi acostumado a sair às ruas, passear pela cidade, ou simplesmente conversar com os amigos.

Por ironia do destino, o Casal Farias Reis resolve retornar a Aracaju, refazendo o trajeto anterior pela capital baiana, revendo os amigos mais chegados. Já em Sergipe, sentem-se mal e são diagnosticados com a infecção da Covid-19. O que tanto temiam que infectassem os amigos, chegou a eles sem qualquer aviso-prévio, longe de sua querida cidade natal, Ilhéus.

Farias era um apaixonado por Ilhéus, embora sempre manifestasse vontade de se mudar para Aracaju, para viver mais próximo à família, ato sempre postergado por ele e cumprido pelo Divino. Farias se foi e agora rezamos por Thelma, sua esposa, para que se livre desta doença e deixe a UTI, restabelecendo-se por completo. Um casal perfeito, separado de forma violenta.

E desde o início do ano passado que Farias tentava marcar um almoço em sua casa para homenagear o jornalista José Adervan, falecido em 12 de fevereiro de 2017. Com a epidemia, a data festiva não foi agendada, e uma das preocupações do anfitrião eram as sucessivas mortes dos convidados – acometidos da Covid-19 –, com o risco de não haver quorum para a recepção. E Farias morre exatamente quatro anos após Adervan.

Por falar em recepcionar os convidados, um dos seus chegados na legião de amigos, o saudoso Raimundo Kruschewsky (Barão da Popov), sempre foi pródigo em nomear Farias como o último dos grandes anfitriões de Ilhéus. Essa frase foi tomada emprestada do escritor grapiúna Jorge Amado, que costumava chamar seu amigo Raimundo Pacheco Sá Barreto de o último coronel do cacau.

Grande anfitrião, Farias (ou Carranca, para alguns), se preocupava de forma exagerada com os amigos, tanto que nos nossos telefonemas quase diários, dava notícia do estado de saúde de quase todos, perguntando acerca dos que não tinha notícia. Nessa lista, uma de suas inquietudes era o jornalista e escritor Antônio Lopes, seu amigo desde os tempos de escola, com direito a cadeira e litro de whisky cativo na residência de Farias.

Carlos Farias Reis era considerado um homem das antigas, embora transitasse com muita facilidade em todas as faixas etárias e sociais, às vezes dizendo verdades merecidas, outras vezes palavras de conforto, ou simples pilhérias. Em sua casa reunia amigos, sem importar a ideologia política, posição social ou financeira, e seus convidados iam de representantes do clero, passando por jornalistas, comerciantes, comerciários ou políticos.

Ao tomar conhecimento da morte de seu amigo Farias, Antônio Lopes, ainda agastando com os efeitos de um infarto, ao se refazer do choque, exclamou. “Estou arrasado, creio que perdi uma parte de mim”. O sentimento de Lopes por certo ecoou em Ilhéus e ultrapassou seus limites, dada a comoção que tomou conta de amigos tantos em Itabuna, Canavieiras, Salvador, Aracaju, dentre outras cidades.

Funcionário da Petrobras, abandonou sua merecida aposentadoria quando chamado para implantar o terminal da empresa de Itabuna, tornando a vestir o pijama listrado assim que inaugurado. Como era do seu temperamento irrequieto, prestou vestibular para Direito; formado, prestou concurso para juiz conciliador do Juizado Especial; aprovado, preferiu não assumir o cargo, deixando a vaga para os mais novos.

Em sua colação de grau, Farias não era chamado pelos amigos de formando, como natural, mas de desembargador, pela idade, o que valeu um lauto almoço, com direito a assento na mesa da diretoria. Como bem disse o amigo Antônio Lopes, com a partida de Faria todos perderam um pedaço de si – em graus diferentes –, lembrança que por certo não sairá da memória de cada um de nós.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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Abstêmio há anos, Robson participava da farra beliscando um tira-gosto e fazendo o que herdou do pai: tirar fotos, as quais eram imediatamente postadas nas redes sociais.

Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

Nesses últimos dias o Pai Criador de todas as coisas deste mundo tem chamado para perto de Si uma turma boa, daquelas que já começaram a fazer muita falta aos amigos que deixaram aqui na terra. Toda a nossa amargura se reverterá na eterna – enquanto dure – saudade, pois temos que reconhecer a sabedoria Divina nas sábias escolhas que sempre faz.

Devem ter cumprido suas missões aqui pelo mundo terreno e, quem sabe, chegou a hora de darem uma mãozinha ao Criador na infinita missão de tornar melhor a humanidade, atualmente tão afastada da espiritualidade. Enquanto o materialismo campeia a passos largos, cada um segue caminhos mais que diferentes, antagônicos, em que vale mais a obediência à ideologia sectária, opressiva, que dispõe do homem apenas e tão somente como um objeto de dominação do Estado.

Em menos de um mês perdemos aqui no Sul da Bahia três pessoas que sempre foram além da conta, como o padre João Oiticica (28 de abril), um missionário que levava o nome de Deus aos ilheenses. Problemas renais o tiraram deste mundo e sequer pode receber as últimas homenagens do rebanho que apascentou por anos a fio e que lhe devotavam muito respeito e admiração.

Em pouco mais de duas semanas recebemos com pesar a notícia da morte do Bispo Emérito de Itabuna, Dom Czeslaw Stanula, acometido de pneumonia, chicungunha e neoplasia da próstata. De origem polonesa, Dom Ceslau (como passou a ser chamado) viveu as dificuldades em sua terra massacrada pela guerra e o domínio comunista e dedicou sua vida a fazer o bem à humanidade.

Em Itabuna, onde chegou em 1997, encontrou parte da diocese desviada de sua finalidade, descuidando das coisas de Deus e privilegiando sobremaneira a política partidária. Com muita sabedoria soube separar o que era de Cesar e o que era de Deus, retomando os ensinamentos de Jesus Cristo, de forma apostólica para promover a salvação do homem.

Figura carismática, Dom Ceslau pacificou ânimos com sua sabedoria. Ao entrevistá-lo, convidei-o para escrever um artigo semanal no jornal Agora, do qual era o editor, sobre assuntos litúrgicos e da Igreja, de forma geral. A cada semana nos brindava com grandes peças sobre a fé, lidos e debatidos pela comunidade católica com grande repercussão no Sul da Bahia.

Muitas das vezes, quando não recebia o e-mail no prazo do fechamento, nos comunicávamos e o encontrávamos em vários países dos diversos continentes pregando missões, embora aqui pouco soubéssemos do conceito internacional que gozava. Nos bate-papos descontraídos, quando eu comentava sobre meus tempos de seminarista capuchinho e que poderia lhe dar trabalho hoje caso tivesse me ordenado, dizia de forma risonha: “Meu filho, Deus é muito sábio e me poupou desse contratempo”.

Nesta terça-feira (19), recebo um telefonema de minha amiga jornalista Maria Antonieta (Tonet) informando da morte do amigo Robson Nascimento, com o diagnóstico de ter contraído o vírus Covid-19. Robson era um daqueles amigos inseparáveis e nos falávamos cerca de três vezes por dia, a última ligação no dia 7 de maio, quando se queixou de uma gripe e tosse – não a seca – que lhe estava causando dores de cabeça.

Recomendei sua transferência para a casa de praia, onde poderia caminhar diariamente nas areias da praia dos Lençóis e fortalecer o corpo e o espírito, notadamente o pulmão, órgão sensível ao vírus. Embora fosse ele que estivesse acamado, manifestava a toda hora os cuidados que eu e minha mulher deveríamos tomar para não ser infectado e recomendava: “Muito cuidado, não saia de casa!”. Outros telefonemas não foram atendidos, pois já se encontrava internado e eu não sabia.

Robson é meu companheiro de lutas jornalísticas desde a década de 1980, quando viajava a Bahia inteira e trazia dezenas de fitas com entrevistas e reportagens para darmos o texto para o jornal Agora. No Correio da Bahia, do qual foi chefe da sucursal de Itabuna, cobríamos o Sul, Extremo Sul e Baixo Sul da Bahia para a publicação diária e o caderno Sul da Bahia, onde fiz reportagens memoráveis, com magníficas fotos dele.

De volta do Paraná e Santa Catarina, fui convidado a elaborar o projeto para transformar o semanal jornal Agora em diário, e Robson foi uma das pessoas que pedi a contratação para a direção comercial. Assim, fortaleceríamos as vendas e a torcida do Botafogo – apenas eu e Joel Filho contra os flamenguistas Kleber Torres, José Adervan e Antônio Lopes.

Edição de fim de semana fechada com mais de 100 páginas, a sexta-feira do Agora se tornou famosa pelo encontro etílico semanal na sala do presidente Adervan – dividida com Robson –, local dos comes e bebes. Abstêmio há anos, Robson participava da farra beliscando um tira-gosto e fazendo o que herdou do pai: tirar fotos, as quais eram imediatamente postadas nas redes sociais.

Por falar em encontros, fico meio ressabiado com nossos almoços promovidos pelo último grande anfitrião de Ilhéus, Carlos Farias Reis, recentemente desfalcado pelo padre João Oiticica, encarregado das orações com os pedidos de que nunca faltassem recursos e vontade de novos convites. Agora, teremos sentiremos a falta do nosso fotógrafo oficial e motorista da vez, dada sua condição de abstêmio.

Rogo a Deus que sensibilize nosso anfitrião Carlos Farias a realizar mais um almoço, desta vez para relembrarmos e homenagearmos os ausentes fisicamente José Adervan, padre João Oiticica, Robson do Nascimento, Moreia, Djalma Eutímio, dentre outros. Prometo que chegarei o mais cedo possível para ajudar a transportar a mesa da diretoria, na qual terei o merecido assento.

O tempo Urge!

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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walmirWalmir Rosário | wallaw1111@gmail.com

Adervan lutou pela transformação da Fespi em Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) se empenhou na criação da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Mas nada disso se compara como o carinho com que recebia jovens estudantes que frequentemente visitavam o Agora.

Em 3 de março próximo José Adervan completaria 75 anos de existência, 66 deles vividos em Itabuna – sem levar em conta o período que passou em Salvador e Alagoinhas. A intenção dos amigos e família era elaborar uma edição especial do Jornal Agora para homenageá-lo, mas como ainda não conseguiram tornar a vida perene, nos deixou antes disso.

Lutou contra a enfermidade até não poder mais. E não poderia ser diferente para quem passou toda a vida superando obstáculos, sempre com a naturalidade que lhe era peculiar. Se as coisas estavam difíceis, aí era que ele apostava num salto mais alto. Contava que aprendeu isso com sua mãe, obstinada, como toda sergipana, em tornar vencer as dificuldades.

E Adervan, o mais baiano – grapiúna – dos sergipanos, costumava lembrar do dia em que chegou a Itabuna, numa data qualquer de 1951, em cima de um “pau-de-arara”, fugindo da terrível seca. Aos nove anos, o menino se deslumbrou quando o caminhão parou no terreno baldio onde hoje é o Fórum Ruy Barbosa, e resolveu fazer um reconhecimento daquela que seria a cidade do seu coração.

Mais do que sergipano de Boquim, passou a ser itabunense e cidadão da região cacaueira, título dado e passado pela população do Sul da Bahia, como reconhecimento dos seus feitos. Era um obstinado pelo desenvolvimento regional e travou uma luta constante na defesa da nossa economia, pelo cumprimento das promessas dos políticos, e pela garantia básica de direitos assegurados em nossa Constituição, como educação, saúde e cidadania.

É bom que se diga que esse estofo não nasceu do Jornal Agora, bastião da defesa regional, criado por Adervan e Ramiro Aquino, uma instituição que teima em desafiar a história, sobrevivendo por longos 35 anos. Não pensem que foi o Jornal Agora quem fez Adervan. Foi exatamente o contrário e desde os tempos de Alagoinhas que ele já se dedicava à imprensa, editando uma revista.

Dos tempos menino, quando começou a respirar o cheiro das tintas nas gráficas, ainda com tipos frios, passou pelo chumbo quente dos linotipos até as impressoras planas e a composição digital. Durante esse período, dividiu seu tempo com a política, a começar pela estudantil, elegendo-se presidente da então toda poderosa União dos Estudantes Secundaristas de Itabuna (Uesi). Leia Mais

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Allah-GóesAllah Góes | allah_goes@hotmail.com

 

Adervan me deixou como lições, além do seu amor incondicional por Itabuna, por sua Ivone, filhas e netos, que é possível vencer, mesmo saindo de uma família humilde, por meio do estudo, do entusiasmo e da perseverança, construir algo grandioso e ser lembrado por ter vivido uma vida plena, profícua e feliz.

Pois é. E foi num domingo de carnaval que nos despedimos do Pai, amigo, companheiro e “folião” José Adervan de Oliveira. “Folião” sim, pois nos seus 74 anos de vida terrena ele se mostrou um apaixonado pela vida, por festejar, por fazer amigos, deixando um grande legado às novas gerações, de que é possível ser sério e correto, sem ser sisudo e fechado.

Sim, ele era tímido, e até avesso a homenagens públicas, mas também era alegre, gozador, polêmico e, acima de tudo, um democrata. Ele permitia que “seu” Jornal publicasse a opinião ou comentário de qualquer político, mesmo os “desafetos” ou não “tucanos”, pois entendia que jornalismo se faz de forma plural e maiúscula, o que fez com o Jornal Agora fosse considerado o maior, e – por que não? – o melhor Jornal do interior da Bahia.

Mesmo com as modificações das mídias, por conta dos avanços tecnológicos, ainda assim, tudo aquilo que é publicado no Jornal Agora, seu “filho” mais conhecido, repercute. E vira tema de debates pela cidade, o que trazia muita satisfação ao orgulhoso “Pai”.

Apesar de sabermos que não somos eternos, e que Adervan vinha há anos lutando contra esta terrível doença, a passagem de uma pessoa como ele, em razão da grandeza de sua história pessoal, só nos é confortada por causa de uma certeza que carrego: Sua inquietude continuará, mas agora em outro plano, junto com outros gigantes da civilização grapiúna, pois uma única vida é muito pouco para uma pessoa multifacetada como ele.

As várias facetas de Adervan se misturam com o calendário político, esportivo e cultural de nossa Região. Seja organizando a Bienal cultural, a festa de aniversario do Jornal (onde a política é o prato principal), elaborando a edição especial do Agora, homenageando o aniversário de Itabuna (com seus vários cadernos resgatando a nossa história), promovendo jogos de futebol, realizando festas, “politicando”, arrendando rádio ou cobrindo copa do mundo de futebol. Tudo regado pela irreverência daquele que não se acomoda ou se acovarda diante dos desafios e das dificuldades.

E não foram poucas as dificuldades e os desafios que o irrequieto menino de Boquim (SE) enfrentou, pois desde cedo teve que aprender a conciliar o trabalho com o estudo, o que se mostrou relevante para sua história, vez que foi desta junção que surgiram as suas primeiras paixões: a política, da época em que virou líder estudantil, quando chegou a presidir a saudosa UESI – União dos Estudantes Secundaristas de Itabuna; e a jornalística, pois foi trabalhando em gráfica, que tomou gosto pela arte de informar.

Foi um vitorioso na vida. Até mesmo o seu insucesso político, de quando tentou ser prefeito de sua amada Itabuna, permitiu o soerguimento do PSDB local, que, sob a sua presidência, conseguiu eleger, depois de muito tempo, um vereador e, tempos depois, um deputado estadual.

Para mim, que tive o privilégio de ter podido desfrutar de seus conselhos e ouvir suas estórias e histórias, Adervan me deixou como lições, além do seu amor incondicional por Itabuna, por sua Ivone, filhas e netos, que é possível vencer, mesmo saindo de uma família humilde, por meio do estudo, do entusiasmo e da perseverança, construir algo grandioso e ser lembrado por ter vivido uma vida plena, profícua e feliz. Até breve meu amigo.

Allah Góes é amigo e fã de José Adervan.  

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Adervan faleceu ontem, no Calixto Midlej Filho.
Adervan faleceu ontem, no Calixto Midlej Filho.

A contribuição do jornalista José Adervan de Oliveira, 74 anos, para a região cacaueira sul-baiana foi destacada, hoje (13), pelos prefeitos Mário Alexandre, “Marão”, de Ilhéus, e Moacyr Leite, de Uruçuca, além do vice-prefeito ilheense José Nazal. Ambos emitiram nota de pesar pela morte de um dos fundadores do Jornal Agora, ocorrida ontem à tarde, no Hospital Calixto Midlej Filho, em Itabuna, após resistir, bravamente, contra câncer de próstata.

O prefeito Moacyr Leite Júnior ressaltou a importância de Adervan para o sul da Bahia. “Deixa uma lacuna não apenas na comunicação regional, mas no bom debate de ideias no campo da política e do desenvolvimento socioeconômico regional. Era, reconhecidamente, uma pessoa caridosa e que tinha devoção e amor pelo sul da Bahia”. Moacyr decretou três dias de luto em reconhecimento a Adervan.

Em nota, Marão e José Nazal, observaram, em nota, que o jornalista “José Adervan exerceu um papel de destaque no contexto da comunicação no Sul Bahia, nas últimas décadas, sendo um incansável defensor dos interesses da Região e do Município de Ilhéus”.

O presidente da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (Ficc), Daniel Leão, lamentou a perda. “Seu desaparecimento causou grande consternação à classe jornalística e a FICC expressa seus maiores sentimentos ao seu grande número de amigos, admiradores e familiares”.

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL

A participação de Adervan nas questões regionais e a preocupação com o desenvolvimento foram citadas pelo presidente da Associação Comercial e Empresarial de Itabuna (Acei), Ronaldo Abude. “Um dos seus legados [deixados pelo jornalista], o Jornal Agora repercutiu as suas preocupações com os problemas da região cacaueira, como também transmitiu muitas conquistas.

O corpo de Adervan está sendo velado no SAF de Itabuna, na Juca Leão, ao lado do Grapiúna Tênis Clube. O enterro será às 16 horas, no Cemitério Campo Santo, em Itabuna.

SINAPRO

A morte do jornalista também foi lamentada pela direção do Sindicato das Agências de Propaganda da Bahia (Sinapro-Bahia). “Fundador do jornal Agora, José Adervan era amante da política e mantinha uma coluna diária no jornal que fundou e do qual foi administrador. À família e aos amigos enlutados, o Sinapro-Bahia envia sinceras condolências”, destaca nota do sindicato.

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Adervan deixou legado na área de comunicação.
Adervan deixou legado na área de comunicação.

O jornalista e um dos fundadores do Jornal Agora, José Adervan de Oliveira, faleceu na tarde deste domingo (12), no Hospital Calixto Midlej Filho, em Itabuna, após lutar contra câncer de próstata.

O corpo do jornalista será velado no SAF de Itabuna, na Juca Leão, ao lado do Grapiúna Tênis Clube, a partir das 20 horas deste domingo. O enterro está previsto para as 16 horas desta segunda (13), no Cemitério Campo Santo, em Itabuna.

Adervan deixa viúva, Ivone, e as filhas Andréa, Fernanda e Roberta.

Bancário aposentado, Adervan fundou o Jornal Agora, na década de 80, com o também jornalista Ramiro Aquino. Inicialmente semanal, a publicação passou a ter edições diárias, de terça a sábado. Pela redação, passaram nomes como Antônio Lopes, Maurício Maron, Walmir Rosário, Ricardo Ribeiro e Kleber Torres.

À frente do Agora, foi ousado. Investiu por muitos anos em cadernos especiais para revelar o potencial da agricultura, do comércio e da economia sul-baiana. Ou abrir espaço para a cultura, com o Caderno Banda B. Os aniversários de Itabuna sempre eram marcados por edições especiais com a nossa história e as perspectivas para a economia.

O jornal era uma das suas razões de vida. Uma outra era a política. Adervan tinha militância desde os tempos de juventude e foi um dos fundadores do PSDB itabunense. Em 2008, disputou a Prefeitura de Itabuna pelo PSDB, tendo a médica Zina Macedo (PSDB) como vice. Também presidiu o diretório do partido. A política era um dos assuntos principais de sua coluna no jornal.

Marco Wense, que por muitos anos escreveu sobre política em sua coluna no Agora, assim se expressou em um aplicativo de mensagens:

“O jornalismo político fica mais pobre. Adervan era apaixonado pelo fascinante mundo do comentário, da análise e da opinião, seja na sua coluna nas páginas do Agora ou em qualquer outro lugar”.

E completa:

“Lá, em um lugar chamado de eternidade, vai se encontrar com [Eduardo] Anunciação. E o óbvio ululante, é dizer que vão conversar sobre política, política e política”.

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Adervan 2A edição do Agora desta quarta-feira (3) esgotou poucos minutos depois de chegar às bancas de Itabuna. Trazendo em sua primeira página manchete sobre a farra (legal, mas imoral) da bolsa estudantil na Assembleia Legislativa baiana, a publicação também menciona os 73 anos de um de seus fundadores, o jornalista José Adervan.

Em tempo: Às 20 horas de hoje, familiares e amigos prestam homenagem a Adervan em um jantar na Churrascaria Los Pampas, em Itabuna. O evento promete reunir, também, lideranças políticas do eixo Ilhéus-Itabuna.

1ª página jornal agora
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O PSDB itabunense começa a viver um novo clima de disputa pelo comando do diretório local. De um lado, o empresário e dirigente José Adervan. Do outro, o deputado estadual Augusto Castro.
A última disputa causou pequenas fraturas. E a nova, também promete, pois o grupo “castrista” se organizou para a tomada, literalmente falando, do diretório.

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Marco Wense 

A verdade é filha do tempo. E o tempo, como senhor da razão, vai mostrar que os seguidos erros de Geraldo Simões – alguns até infantis – podem levá-lo para o isolamento político.

O governador Jaques Wagner faz um esforço sobrenatural para entender o político Geraldo Simões. Fica mais abismado quando compara o Geraldo de ontem com o Geraldo de hoje.

O irreverente jornalista Eduardo Anunciação diria que o Geraldo Simões de priscas eras, na época de “minha pedinha”, é o oposto do Geraldo Simões de agora.

Anunciação, comentarista político do Diário Bahia, tem razão quando diz que GS “está precisando com urgentíssima-urgência perceber alguns episódios, alguns erros, alguns fatos, falhas”.

Wagner também não entende como é que Geraldo Simões consegue, concomitantemente, se atritar com as legendas da base aliada, suas respectivas lideranças e com os próprios companheiros.

Das agremiações partidárias de maior expressão, obviamente do cenário baiano, apenas o PSB e o PDT de Acácia Pinho acompanharam a então candidata Juçara Feitosa na última sucessão municipal.

O fato de Juçara ser a suplente da senadora Lídice da Mata, que é a comandante-mor do PSB, contribuiu para que petistas e socialistas ficassem no mesmo palanque.

O PSB, no entanto, assim como o PDT, ficou dividido entre as candidaturas de Juçara e Vane do Renascer. A ala histórica do brizolismo grapiúna decidiu pelo apoio ao candidato do PRB.

Vale ressaltar que Acácia Pinho foi protagonista de uma enxurrada de discursos contra o capitão Azevedo e Geraldo Simões. A neopedetista pregava o fim da “mesmice”, aí incluindo o ex-prefeito Fernando Gomes.

Ao romper com a frente partidária, que terminou optando por Wenceslau Júnior como vice de Vane, Acácia se aproximou do capitão Azevedo com o intuito de integrar a chapa majoritária.

O comando estadual do PDT daria o aval para a estranha aliança, já que todas as pesquisas de intenção de voto apontavam Azevedo em uma posição confortável. Sua reeleição era considerada como favas contadas. Leia Mais

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Augusto sofre novas “bicadas” do colega de ninho, José Adervan.

O deputado estadual Augusto Castro sofreu bicadas do também tucano José Adervan Oliveira por ter se colocado como potencial candidato a prefeito de Itabuna, caso Capitão Azevedo (DEM), considerado ficha-suja pela Justiça, seja mesmo impedido de concorrer.

No final de semana, Adervan desferiu críticas ao colega de partido em sua coluna no Agora. “Ao que tudo indica, nem mesmo no partido Augusto Castro teria consagrado o nome como candidato, mas demonstra que a sua ambição não tem limites…”, anotou o empresário e jornalista que – detalhe – preside o PSDB itabunense.

Adervan aproveita para, na mesma coluna, elogiar o peemedebista Renato Costa, que afirmou não ter interesse em ser cabeça de chapa. “O médico Renato Costa demonstra toda a sua integridade política ao afirmar que, caso haja algum impedimento à candidatura do Capitão Azevedo, ele não aceitaria compor a chapa com mais ninguém”.

Adervan e Augusto trocam farpas há muito tempo.

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O presidente do PSDB itabunense, José Adervan, disse que a tentativa do deputado Augusto Castro de impor o nome de Capitão Azevedo (DEM) aos tucanos em detrimento da candidatura própria soa a ditadura. Para Adervan, se o deputado imagina impor suas vontades à Executiva Municipal do PSDB, antes terá de correr em busca de apoio para dissolvê-la:
– Somente assim, depois de assumir o controle total e absoluto do PSDB, poderá nominar seus pré-candidatos a prefeito sem consultar os membros do Diretório.
O presidente do diretório itabunense ainda ensina que, no tucanato local, as decisões são sempre colegiadas, “ouvindo os membros do partido e nunca poderão ser ditadas no calor dos seus interesses pessoais, visando defender uma negociação que possa lhe render bons dividendos”.
O tucano itabunense não deixou por menos ao apontar interesses pessoais do deputado quando atua em favor de Azevedo. Uma empresa de familiares do deputado presta consultoria jurídica ao governo municipal. Há pouco, o dirigente fez publicar resposta ao deputado no Agoranarede (confira).

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O irreverente Gonzalez não estava no estúdio nem em sala alguma da emissora. Foi embora. E nunca mais voltou.

Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

No início da década de 80 os jornalistas Ramiro Aquino e José Adervan  arrendaram a pioneira Rádio Clube ( hoje Nacional). Quando o contrato venceu o proprietário Daniel Gomes pediu pra  continuarem na direção da emissora. Eles concordaram.

Certo dia foi marcada uma entrevista com o proprietário, deputado estadual, no horário apresentado por Gonzalez Pereira. Ramiro e Adervan orientaram o radialista a tratar o entrevistado na condição de parlamentar e não fazer referência à sua atividade empresarial. Gonzalez explicou isso ao deputado, que ficou calado, dando a entender que concordara com tudo.

No momento da entrevista Gonzalez explicou aos ouvintes que o deputado Daniel Gomes iria “dar uma palavrinha”. O deputado começou contestando enfaticamente o locutor: “palavrinha não, a rádia é minha e eu falo na hora que eu quiser e o tempo que eu quiser.”

Inspirado em Fidel Castro, não na forma ou conteúdo, mas no longo tempo que o cubano costuma utilizar discursando, deitou falação. Gonzalez aproveitou a concentração do falante e deixou o estúdio “à francesa”, nas pontas dos pés.

Quando Daniel Gomes cansou de falar, tentou passar o microfone pra Gonzalez. Foi um sufoco. O técnico da mesa de som teve que, de improviso, colocar música. O irreverente Gonzalez não estava no estúdio nem em sala alguma da emissora. Foi embora. E nunca mais voltou.

Marival Guedes é jornalista e escreve no PIMENTA às sextas.