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O sogro de Dilermano, que não era comunista e nada sabia da sabotagem, ia passando na hora e foi agredido pelos “galinhas verdes”

Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br
Nas eleições de 1955 o líder integralista Plínio Salgado se candidatou a presidente da República pelo PRP (Partido da Representação Popular). Em Itabuna havia muitas lideranças deste grupo, fato que o estimulou a fazer um comício nesta cidade.
Mas o PCB (Partido Comunista Brasileiro) também estava fortalecido, tendo inclusive nos seus quadros pessoas de destaque no município. Uma das lideranças, Dilermano Pinto, que gerenciava a farmácia do sogro, resolveu sabotar o comício. Convocou os militantes menos famosos, moradores dos bairros, e pediu que se infiltrassem no grupo de direita para uma atividade clandestina. Fez suspense e depois contou o que deveria ser feito.
O evento foi no cine Itabuna. Quando Plínio Salgado começou a falar, um cheiro forte invadiu o local. As pessoas lacrimejavam e tossiam. Algumas chegaram a desmaiar e em poucos minutos o local foi esvaziado.
O farmacêutico havia distribuído ampolas contendo gás tóxico. Os militantes do partidão jogaram estas armas no chão do cinema e se retiraram. Pisadas, pelos próprios integralistas, as ampolas estouravam. O candidato também deixou imediatamente o local, indo fazer um comício improvisado na praça Adami, sem som nem palanque.
O sogro de Dilermano, que não era comunista e nada sabia da sabotagem, ia passando na hora e foi agredido pelos “galinhas verdes” – assim eram chamados os integralistas. Revoltado, foi à delegacia e prestou queixa.
Plinio Salgado ficou em quarto e último lugar com apenas 8% dos votos. Juscelino Kubitschek obteve 36%, derrotando também Juarez Távora e Adhemar de Barros. A oposição tentou impedir a posse alegando que Juscelino não conseguiu os 50% mais um voto. No entanto, a Constituição determinava que seria eleito o mais votado.
Marival Guedes é jornalista e escreve sempre às sextas-feiras.