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Ledívia não resistiu ao jogo do irmão do prefeito.
Ledívia não resistiu ao jogo do irmão do prefeito.

Ledívia Espinheira não é mais a secretária de Saúde de Ilhéus. Após ser fritada pelo prefeito Jabes Ribeiro e por um dos irmãos do gestor, John Ribeiro, a profissional preferiu retornar a Salvador e assumir cargo na Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), onde, segundo carta de exoneração, assumirá a Diretoria da Rede Própria.

Ledívia deixa o cargo oito meses depois e sem resultados. Numa resposta protocolar, o prefeito agradeceu a colaboração da ex-secretário e diz que se ela não pôde fazer muito devido às dificuldades financeiras do município.

O prefeito anunciou o nome de Antonio Ocké, gestor do Fundo Municipal, como substituto interino de Ledívia na Saúde.

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Jabes (1)O prefeito Jabes Ribeiro diz que a Prefeitura de Ilhéus precisa cortar R$ 3 milhões da folha de pagamento e a proposta de um pacto com os servidores, o que inclui a não concessão de reajuste salarial, é justamente para evitar a necessidade de demissões. Segundo ele, o município tem duas opções: “deixar tudo como está ou o diálogo”. Os servidores estão em greve geral há quase duas semanas.

Na entrevista ao PIMENTA, Jabes fala em situação falimentar do município, nega que tenha contribuído para o caos financeiro com os precatórios e faz críticas tanto aos servidores quanto ao Reúne Ilhéus.

O prefeito acredita que os sindicatos estejam tentando medir forças com o governo e disse que está disposto a assumir o custo do enfrentamento. “Acho que é um pouco de teste, de enfrentamento de forças. Isso não me incomoda”.

Confira a entrevista concedida durante a inauguração da sede da Bahiagás em Itabuna, dia em que Jabes e secretários enfrentaram protestos e xingamentos no centro da cidade. O prefeito ainda falou porque dispensaria a reeleição: “Eu já fui reeleito uma vez e não gostei nada. Dá para trabalhar em 4 anos”.

BLOG PIMENTA – Os sindicatos cobram proposta de reajuste, mas o governo diz que não tem como atender. Dá para chegar a um acordo?

JABES RIBEIRO – Só existem dois caminhos para Ilhéus. É deixar tudo como está, desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal, não ter dinheiro para nada… A folha chega a comprometer quase 70%, o que tem levado o governo a não poder atender os serviços básicos, essenciais. Eu me recuso. O outro caminho é o diálogo.

PIMENTA – Os sindicatos têm outros números. O comprometimento com a folha significaria 55% das receitas.

JABES – Nós estamos propondo uma empresa especializada para conferir os números. Em 2011, a folha de pessoal já estava em 64%. A informação que temos do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) é de que em 2012 ultrapassa 70%. Janeiro a maio deste ano, está na faixa dos 78,6%. Vamos contratar uma empresa técnica, vamos conferir [os percentuais]. Mas até agora é só me dá aumento, me dá aumento.

PIMENTA – E o sr. vai conceder?

JABES – Eu estou impossibilitado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, além de não ter recurso financeiro. O diálogo está aberto. O Pacto por Ilhéus tem resposta positiva da sociedade organizada. Ministério Público presente, OAB, todos… Eu só não consegui pacto com os servidores.

PIMENTA – As negociações vêm de algum tempo e a resistência do servidor seria justamente por entender que há como sair este aumento.

JABES – Não, não. Pelo amor de Deus. Eles sabem que não há.

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GREVE DOS SERVIDORES Acho que é um pouco de teste, de enfrentamento de forças. Isso não me incomoda.

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PIMENTA – E por que sabendo disso, como o senhor diz, o funcionalismo continua em greve?

JABES – Acho que é um pouco de teste, de enfrentamento de forças. Isso não me incomoda. Eu quero é o diálogo. Se for deixar como está, é caos. Ou então, vamos fazer um freio de arrumação. Isso tem um custo.

PIMENTA – O governo está disposto a assumir esse custo?

JABES – Não tenha dúvida. Meu compromisso não passa por popularidade momentânea, mas reorganizar a cidade. Nisso aí, nós temos o apoio da sociedade organizada.

PIMENTA – E como é mensurado esse apoio, a partir do pacto, pesquisa?

JABES – Eu tenho sido transparente. Essa é a única forma.

PIMENTA – O que levou a esse caos na gestão?

JABES – A arrecadação em Ilhéus caiu muito ao longo dos últimos anos. Nós éramos o terceiro ICMS da Bahia. Hoje, somos o 16º. As despesas só fazem crescer.

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DÍVIDAS COM PRECATÓRIOS – Grande parte dos precatórios é do governo Antônio Olímpio. Então, não adianta mais. Já se transformaram em sentenças judiciais. Fazer o quê?

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PIMENTA – Na origem do caos financeiro de Ilhéus estão os precatórios. O senhor é acusado de deixar mais de R$ 60 milhões em precatórios.

JABES – Não, não. Grande parte dos precatórios é do governo Antônio Olímpio. Então, não adianta mais. Já se transformaram em sentenças judiciais. Fazer o quê? Fazer o que fizemos. É parcelar e pagar. Não tem jeito. É sentença transitado em julgado. Tem ainda um terceiro ponto: o governo anterior foi muito complacente com essa coisa de reajuste salarial.

PIMENTA – Complacência em negociação salarial?

JABES – O sindicato chegava, peitava. O prefeito não queria enfrentamento e dava o que se pedia. Se você observar, os aumentos salariais superaram em muito a inflação do período. Se você me perguntar se é justo, claro. O problema é que o empregador está falido.

PIMENTA – O senhor fala de um pacto com a sociedade e servidores. Mas de que forma esse pacto que o senhor propõe poderia ajudar?

JABES – Aí é que está. Nós temos que cortar quase R$ 3 milhões da folha. É preciso sentar e definir como.

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DEMISSÃO DE SERVIDORES – O único caminho que a lei me dá é exatamente a demissão de servidores. O pacto é para evitar isso e preservar o emprego.

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PIMENTA – Numa entrevista, o senhor falou em demissões, até 700 demissões.

JABES – Não, não. Colocando a verdade, o único caminho que a lei me dá é exatamente a demissão de servidores. O pacto é para evitar isso e preservar o emprego, os direitos individuais e, sobretudo, ter um processo de discussão. Até porque, você não terá um pacto eterno.

PIMENTA – Do ponto de vista jurídico, o comprometimento da folha continuará o mesmo. O senhor fala da possibilidade de ser um ficha-suja, ter contas rejeitadas pelos tribunais. Mas no que esse pacto ajuda a reduzir esse nível de comprometimento?

JABES – À medida que você senta [para conversar], começa a ter cenários. Mas se só diz eu quero aumento, eu quero aumento

PIMENTA – Da parte do servidor, o que pode ser proposto?

JABES – A partir do momento que ele sentar, pode propor tudo.

PIMENTA – E do lado do governo, o que propor? Vai mexer na receita?

JABES – Nós estamos trabalhando. É melhoria do cadastro do IPTU… Eu agora estou preparando projeto tributário que é muito inspirado em Salvador. O professor tributarista Edvaldo Brito está vindo nos ajudar nessa discussão. Mas tudo isso só terá efeito no próximo ano. É o princípio da anterioridade. Só que eu tenho que fechar as contas neste ano. Estou aproveitando a Era Franciscana: é diálogo, paciência, humildade, compreensão. Só não me peçam para deixar como está e não cumprir a lei. Isso me afetaria e afetaria o gerenciamento da cidade.

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EXONERAÇÃO DE LEDÍVIA – Se amanhã qualquer secretário não preencher os requisitos mínimos, é outra discussão. Não dá para ter queimação agora.

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PIMENTA – No plano da gestão e da política, muito se fala em substituição na saúde. A secretária Ledívia Espinheira será exonerada?

JABES – O governo não pensa isso. O governo avalia cada secretário a cada dia. Os problemas que ela está passando são os problemas do governo. Portanto, não dá para ter atitude desonesta, responsabilizar fulano. Se amanhã qualquer secretário não preencher os requisitos mínimos, é outra discussão. Não dá para ter queimação agora. Eu estou absorvendo responsabilidade completa do Pacto. Enfim, ou há pacto ou caos.

Para ler a íntegra da entrevista, clique no “leia mais”, abaixo.

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Secretária cobra "apuração rigorosa".
Secretária cobra “apuração rigorosa”.

A secretária de Saúde de Ilhéus, Ledívia Espinheira, revelou que a prática da cobrança de taxa de pacientes do SUS é algo que ocorre “há algum tempo”. Ela prometeu “agir com rigor para combater a falta de ética profissional” de médicos na saúde pública em Ilhéus.
Como revelado em reportagem de Karen Póvoas, da TV Santa Cruz, o médico obstetra Paulo Bitencourt cobrava taxa de R$ 50,00 de pacientes para garantir atendimento mais rápido. O caso ganhou repercussão nacional. Bitencourt admitiu que ficava com a taxa de R$ 50,00 de cada paciente (confira mais aqui).
A secretária disse ter entrado em contato com a provedoria da Santa Casa de Misericórdia de Ilhéus. O provedor Eusínio Lavigne informou que o caso será levado à comissão de ética da instituição. O processo, no entanto, pode levar meses e ser atrapalhado pelo corporativismo.
Ledívia Espinheira classificou como inadmissível a cobraçna de taxa a pacientes do SUS. “É inadmissível e a população tem que vir a público, denunciar esses abusos à Secretaria [da Saúde] e utilizar os veículos de comunicação também para falar desses absurdos”. 
A gestora adiantou que irá cobrar do Conselho Regional de Medicina (Cremeb) que acompanhe a apuração do caso na Santa Casa de Misericórdia, além de se posicionar quanto ao caso.

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Ilhéus SaúdeHospitais, clínicas, consultórios e laboratórios que integram a rede de prestadores de serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) em Ilhéus ameaçam suspender o atendimento por tempo indeterminado. A paralisação se deve ao atraso de três meses no pagamento pelos serviços prestados a pacientes do SUS e é visto como forma de pressão para que a Secretaria de Saúde de Ilhéus a quitar a pendenga.
Prestadores de serviço e usuários participaram da reunião do Conselho de Saúde de Ilhéus, na noite de terça, 26, com a presença da secretária de Saúde, Ledívia Espinheira. O encontro foi tenso. O município ainda não informa quando pretende pagar os atrasados.
O governo passado deixou o mês de novembro sem pagar e o atual atrasou os repasses de dezembro e janeiro. “Há um clima de quase insolvência”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Itabuna e Região (Sintesi), Raimundo Santana, ao lamentar o quadro em Ilhéus e até suscitar a possibilidade de perda da gestão plena da saúde devido aos atrasos.
Dirigentes de clínicas, laboratórios, hospitais e consultórios decidem até amanhã, sexta, 1º, quando devem suspender o atendimento. Há, ainda, a possibilidade de dar mais um prazo – curto – para que o município sinalize quando e como pretende quitar as pendências.
Os atrasos teriam ocorrido porque a nova gestão ilheense demitiu todo o quadro de funcionários do financeiro, afetando a operacionalização dos pagamentos.

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Reunião do Conselho de Saúde para discutir o atraso no pagamento a fornecedores (Foto Alfredo Filho).
Reunião do Conselho de Saúde para discutir o atraso no pagamento a fornecedores (Alfredo Filho).

A crise na saúde de Ilhéus recrudesceu neste início de ano. Ontem, a secretária municipal de Saúde, Ledívia Espinheira, tomou posse no Conselho Municipal de Saúde, sob intensos questionamentos de prestadores de serviço e usuários. O município atingiu atraso de três meses no pagamento A clínicas, consultórios, laboratórios e hospitais, relativos às competências de novembro e dezembro de 2012 e janeiro de 2013.
A reunião extraordinária do Conselho de Saúde foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Itabuna e Região (Sintesi). Raimundo Santana, presidente do Sintesi, diz que esta é a pior situação dos últimos tempos. Segundo ele, caberia à nova gestão, pelo menos, agilizar o pagamento aos fornecedores relativo aos meses de dezembro e janeiro, o que ainda não ocorreu.
Apesar da nova secretária da Saúde sinalizar que há como pagar os atrasados, Santana diz que os prestadores de serviço estão desanimados, pois Ledívia reconheceu problemas operacionais para os pagamentos.
“O que ocorre é que o novo governo demitiu todos os servidores contratados responsáveis por empenhos e pagamentos. Isso travou a parte operacional da secretaria e, consequentemente, não houve como pagar”, disse. “Foi um erro estratégico que está sufocando toda a saúde, os prestadores”.
Raimundo Santana sugere, para amenizar a nova crise na saúde local, o pagamento aos prestadores pela média de produtividade. O sindicalista diz que a situação “sufucou” prestadores de serviço e afeta o pagamento aos trabalhadores na área de saúde. O Sintesi foi representado na reunião pela dirigente Vânia Andréa Santos.