Leonardo Boff faz palestra em evento da Bamin em Salvador || Divulgação
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A Bahia Mineração (Bamin) apresentou sua plataforma de governança ambiental, social e coorporativa, nesta quinta-feira (29), em Salvador. Além da apresentação da Plataforma ESG Bamin, a empresa anunciou adesão ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). O evento contou com palestra do filósofo e escritor Leonardo Boff.

O Pacto Global engaja e oficializa o compromisso de organizações na adoção dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. Coube ao CEO da Bamin, Eduardo Ledsham, assinar a Carta de Princípios em nome da companhia.

Rosane Santos, diretora de Sustentabilidade da Bamin

A diretora de Sustentabilidade da Bamin, Rosane Santos, afirmou que os projetos da empresa nascem integrados a estratégias de viabilidade e continuidade. “Nos preocupamos, prioritariamente, em adotar as melhores formas de minimizar os possíveis impactos às comunidades e ao meio ambiente”, acrescentou.

LEONARDO BOFF: SUSTENTABILIDADE É A CONTINUAÇÃO DA VIDA

Na segunda parte da solenidade, Leonardo Boff dedicou sua palestra à relação indissociável entre conservação ambiental e vida.

– Entendo sustentabilidade como aqueles processos e atos destinados a garantir a continuidade da vida, sua reprodução, para as presentes e futuras gerações. Não só para os seres humanos, mas para toda a comunidade de vida. De tal forma que, faltando sustentabilidade, nós corremos o risco de destruirmos as bases que sustentam a nossa vida. Olhando um pouco a situação do mundo, a gente se dá conta de que assim como as coisas estão, não podem continuar. Têm que mudar – disse o palestrante.

Eduardo Ledsham enfatizou que a Bamin se preocupa de modo genuíno com o meio ambiente e o bem-estar da sociedade. “Nesse processo, é importante ter transparência com as comunidades e todos os envolvidos, em qualquer nível, com os nossos projetos”, explicou o executivo.

De acordo com a Bamin, na região do Porto Sul, em Ilhéus, são desenvolvidos 34 programas (sendo 11 de caráter social e 23 ambientais) e no entorno da Mina Pedra de Ferro, em Caetité, são outras 35 iniciativas socioambientais (sendo 15 de caráter social e 20 ambientais).

Leonardo Boff é o autor do livro que inspira o Papa Francisco || Foto Acervo Pessoal
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Da BBC Brasil

Aquele padre já estava incomodando bastante os círculos mais conservadores da Igreja Católica. No comecinho dos anos 1980, a atuação do então frade franciscano Leonardo Boff repercutia social e politicamente, justamente pela atuação à frente da Teologia da Libertação, corrente cristã que enfatiza como necessária a opção preferencial pelos pobres.

Quarenta anos atrás, Boff lançou um livro até hoje considerado sua obra máxima, constante de bibliografias de cursos de teologia e presente nas cabeceiras de muitos pensadores influentes — e, há quem diga, até mesmo do papa Francisco. Trata-se de Igreja: Carisma e Poder (Vozes), um compilado de 13 densos ensaios cuja primeira edição foi publicada em 1981.

Ao longo de mais de 200 páginas, o teólogo afirma existirem violações aos direitos humanos no interior da Igreja Católica, questiona a engessada hierarquia eclesiástica e entende a teologia como resultado das experiências de fé vividas pelo povo — e não o contrário.

Se o jeito de ser religioso de Boff, militando junto aos pobres, causava desconforto em setores católicos, o livro serviu como prova concreta para os que viam nele um dissidente, alguém fora do padrão instituído.

O caso foi analisado primeiro pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. Em seguida, encaminhado para a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), órgão do Vaticano herdeiro histórico do temido Tribunal da Inquisição, conhecido por perseguir aqueles considerados hereges até o século 19.

No comando da CDF estava o então cardeal alemão Joseph Ratzinger, que mais tarde se tornaria o papa Bento 16, sucessor de João Paulo 2º (1920-2005).

Sua decisão sobre o caso Boff foi publicada em 11 de março de 1985. No julgamento, a congregação entendeu que o livro era uma afronta a pelo menos quatro pontos da doutrina católica.

“Examinadas à luz dos critérios de um autêntico método teológico […] certas opções do livro de L. Boff manifestam-se insustentáveis”, pontua o documento final.

“Sem pretender analisá-las todas, colocam-se em evidência apenas as opções eclesiológicas que parecem decisivas, ou seja: a estrutura da Igreja, a concepção do dogma, o exercício do poder sagrado e o profetismo.”

Entendendo que as reflexões de Boff “são de tal natureza que põem em perigo a sã doutrina da fé”, a congregação condenou o religioso brasileiro. Coube a ele um ano do chamado “silêncio obsequioso”, uma espécie de “cala-boca” oficial que o proibiu de emitir opiniões ou mesmo exercer publicamente suas atividades religiosas.

Por e-mail, Boff afirmou à BBC News Brasil que “a intenção originária do livro era aplicar as intuições da teologia da libertação às relações internas na Igreja, em setores da Igreja”.

“Uma igreja que prega a libertação na sociedade não pode ser um fator de opressão nas suas relações internas”, argumenta ele.

“A razão reside neste fato: todo o poder sagrado está nas mãos de um pequeno grupo clerical; os leigos, que são as grandes maiores, não participam dele e as mulheres são completamente excluídas. Uma Igreja que assim se organiza e exige libertação na sociedade se desmoraliza porque, internamente, não dá mostra de ser libertadora.”

POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO

Recordando seu próprio livro, o teólogo sustenta que “na medida em que a Igreja hierárquica se assenta sobre o poder em sua forma absolutista e até tirânica na figura do papa, não há a possibilidade de se converter”.

“Este tipo de poder centralizado necessariamente é excludente e, por isso, sua natureza viola direitos dos fiéis”, diz.

Boff vê os leigos reduzidos a uma cidadania inferior, e as mulheres encaradas como “força auxiliar do clero”, a despeito de serem numericamente a maioria.

“O ponto crítico e extremamente sensível para as autoridades eclesiásticas foi a crítica que fiz ao poder sagrado, sobre o qual se constrói toda a compreensão da Igreja”, acrescenta.

“Jesus fez uma arrasadora crítica ao poder como centralização e busca de privilégio. O poder só se legitima evangelicamente como serviço e não como privilégio e elemento de criação de diferenças na comunidade. A Igreja dos primórdios se construía sobre a categoria da comunhão de todos com todos, no sentido de uma comunidade fraternal de iguais, embora com funções diferentes.”

Boff diz que no catolicismo contemporâneo, a comunhão foi “esvaziada” e, “no lugar do Espírito Santo, entrou o direito canônico, que tudo estabelece”.

“Não me restringi a fazer crítica à Igreja hierárquica do poder sagrado. Tentei mostrar […] uma alternativa possível e fundada biblicamente, de uma Igreja assentada sobre o Espírito Santo e os carismas como forma diferente de organização comunitária”, explica. “Estes seriam os pontos nevrálgicos que provocaram minha convocação pela Congregação para a Doutrina da Fé.”

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

O teólogo reconhece, contudo, que os problemas não eram apenas os teológicos. “Havia dois outros, muito importantes, de caráter político”, ressalta ele, frisando que o primeiro dizia respeito à teologia da libertação.

“Uma semana antes de minha convocação [para prestar esclarecimentos], a congregação [CDF] havia publicado um documento crítico a este tipo de teologia, acusando-a de politização da fé e do uso de categorias marxistas. Submeter-me, logo após, a um juízo doutrinário significava também colocar sob suspeição a Teologia da Libertação e, com isso, desautorizá-la.”

O segundo motivo político dizia respeito às chamadas comunidades eclesiais de base — grupos ecumênicos em que pessoas com necessidades comuns são incentivadas a se reunir para leituras bíblicas e debates sociopolíticos. Como diz Boff, lugares “onde se praticava e ainda se pratica a Teologia da Libertação”.

“A intenção já antiga do Vaticano era declarar que essas comunidades não são eclesiais, mas políticas”, afirma ele. “Desta forma, ficariam também desclassificadas e, junto delas, a Teologia da Libertação.”

A reportagem perguntou a Leonardo Boff se, com passar do tempo, ele se arrepende ou chegou a se arrepender de alguma coisa do conteúdo desse livro — considerando, inclusive, a repercussão do mesmo no interior da Igreja. Ele negou categoricamente.

“Continuo sustentando as teses do meu livro, que são secundadas pela melhor reflexão teológica católica e ecumênica”, esclarece.

Ele afirma que “a estruturação institucional da Igreja hierárquica é mais e mais criticada por não ser suficientemente fundada nos evangelhos e na prática de Jesus e dos apóstolos”.

“Sobre isso se fizeram inúmeras teses nas muitas faculdades de teologia. Mais ainda, esta teologia oficial é posta de lado pela prática do atual papa Francisco, que explicitamente vive o modelo de Igreja de comunhão, favorece as comunidades eclesiais de base e tem dado apoio explícito à teologia da libertação, de onde ele mesmo mesmo veio.”

Boff comentou que se corresponde com o papa Francisco “em sucessivas e amistosas trocas de cartas”.

“O livro [‘Igreja: Carisma e Poder’] resultou de uma série de textos de conferências e de artigos publicados. O título vai direto ao ponto”, define o teólogo Luiz Carlos Susin, professor na Pontifícia Universidade Católica no Rio Grande do Sul (PUC-RS) e na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana e membro do Comitê Internacional do Fórum Mundial de Teologia e Libertação.

“Na América Latina em geral, mais especificamente no Brasil, a década de 1970 tinha sido tensa politicamente pois nos extremos estavam as ditaduras e as guerrilhas, e no campo intelectual a situação social era analisada com categorias marxistas. A Teologia da Libertação dialogava com este pensamento crítico, embora nem Boff e nem os demais teólogos dominassem bem as categorias marxistas. Mas havia ‘afinidades eletivas’.”

Em 1981, Boff já era bastante respeitado. Catarinense de Concórdia, nascido em 14 de dezembro de 1938, ele civilmente se chama Genézio Darci Boff e assumiu o nome de Leonardo quando se tornou membro da Ordem dos Frades Menores, ao fim da década de 1950.

Ordenou-se sacerdote em 1964 e, depois, viveu um período na Alemanha, onde doutorou-se pela Universidade de Munique.

Ao longo dos anos 1970, seu pensamento passou a ser materializado em artigos e livros. Ele integrou o conselho editorial da Vozes, onde coordenou a coleção Teologia e Libertação e atuou como redator da Revista Eclesiástica Brasileira, entre outras publicações periódicas.

Nesse contexto, o teólogo fundou em 1979, com a ajuda de um grupo de militantes e religiosos, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH), em Petrópolis, onde vive. Os antigos parceiros nesse projeto são os que guardam as melhores memórias da perseguição sofrida por Boff no processo junto ao Vaticano.

“Trabalhava no CDDH nos anos 1980 e convivia diariamente com Boff, principalmente no ano do famoso silêncio obsequioso [1985], afirma o teólogo e filósofo Adair Rocha, professor na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

“Silêncio obsequioso é uma expressão de uma sabedoria histórica incrível, bem mais respeitosa do que ‘faz favor de calar a boca’.”

Igreja: Carisma e Poder se relaciona com Jesus Cristo libertador. Isso acabou incomodando os setores hierárquicos da Igreja”, diz ele.

“[Boff] trabalha os pressupostos teóricos de natureza teológica com as questões de natureza prática, numa perspectiva estruturante do modelo da circularidade da Igreja, enquanto o modelo tradicional existente é hierarco-piramidal.”

“Quando isso vai para as comunidades eclesiais de base, implica em questões que vão interferir diretamente na vida das pessoas, e isso assume uma conotação de natureza política que vai identificar Boff e toda sua produção com autores preocupados com essa questão estruturante do capitalismo e como os meios de produção interferem na força de trabalho”, completa.

Para Rocha, a teologia trazida pelas reflexões de Boff estava empenhada em possibilitar que a população mais pobre adquirisse “todos os direitos”. “A palavra de Deus vai deixando isso cada vez clara. A conotação política acaba sendo clara”, acrescenta.

Professor e desenvolvedor de aplicativos em Goiânia, o filósofo José Américo de Lacerda Júnior recorda que foi arrebatador quando, nos anos 1980, “mergulhou” na leitura de Igreja: Carisma e Poder.

Em 1987, viveu em Petrópolis e “a proximidade com a pessoa do Leonardo trouxe ainda mais força àqueles seus escritos que tinham me marcado tanto”.

“Eu vi nele a coerência entre sua prática e sua escrita, entre sua ação e sua teologia”, afirma. “Práxis. Compreendi na pele e na alma a mensagem do livro: o desafio de manter o equilíbrio entre a força fundante do amor e a razão opressora da institucionalização.”

Evento virtual de economia solidária terá a participação da líder indígena Shirley Krenak e do teólogo Leonardo Boff, entre outros convidados
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Está marcado para este domingo (13), Dia de Santo Antônio, o lançamento do Festival de Economia Solidária São João da Minha Terra, promovido pelo Governo do Estado por meio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre). Por causa da pandemia da Covid-19, o evento será realizado de forma virtual.

A live de abertura, que terá início às 19 horas, contará com as participações de Leonardo Boff, teólogo, escritor, filósofo e professor conhecido internacionalmente por sua defesa dos direitos dos pobres e excluídos, e Shirley Krenak, ativista que atua na defesa dos direitos indígenas e da conservação da floresta.

Eles refletirão sobre a economia solidária, o conceito de bem-viver a partir da cosmovisão ameríndia, a relação do ser humano com a natureza e o papel da mulher na transformação dos modos como a humanidade habita a Terra.

A parte musical do evento, que valoriza a cultura regional, terá como atrações o cantor Del Feliz, o cordelista Antônio Barreto, a Orquestra Sisaleira e a Camerata Popular do Recôncavo.

Durante todo o evento haverá a comercialização, via internet, de produtos de associações e cooperativas da agricultura familiar de 15 Territórios de Identidade da Bahia. Elas integram empreendimentos atendidos pelas 13 unidades de Centros Públicos de Economia Solidária (Cesols)

O Festival de Economia Solidária São João da Minha Terra será transmitido no Facebook, YouTube e Instagram (@economiasolidariaba).

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Observado por PHA, Boff defende mudança de consciência (Foto Jonas Santos).
Observado por PHA, Boff defende mudança de consciência (Foto Jonas Santos).

Vitor Fernandes

Uma mesa inusitada marcou o primeiro dia de debates do Encontro Estadual da Esquerda Popular Socialista (EPS), tendência interna do PT, na Faculdade de Arquitetura da Ufba, em Salvador, com a presença do jornalista Paulo Henrique Amorim (PHA) e do teólogo Leonardo Boff.

Quebrando o protocolo e chamando para compor a mesa, o comunicólogo uniu dois distintos discursos interligados pela dinâmica socialista em um evento com representantes de cerca de 100 municípios da Bahia. PHA salientou a importância do encontro com a participação de Boff para a esquerda brasileira e apontou a saída para vencer o golpe, a crise política e restaurar a democracia.

– A saída é montar uma aliança do centro para a esquerda, que reúna toda a sociedade num trabalho que tenha o interesse do povo em primeiro lugar, no centro do problema e lutar de modo que isso se concretize na campanha presidencial do Lula, que é quem tem as condições para liderar esse movimento.

Já o teólogo Leonardo Boff, com explanação sobre a existência, conceito de socialismo, defesa da unidade como início de um processo de revitalização, fez uma profunda análise da situação atual e defendeu que todas as políticas tenham que incluir um momento ecológico.

– Porque se não tem a terra que produz vida, não adianta as igrejas, não adianta os partidos, não adianta a nossa civilização, vamos desaparecer. Eu acho que a gente tem que manter isso como horizonte, não é que a gente vá deixar de trabalhar no concreto, fazer nossas políticas necessárias, nós temos que tomar consciência da nova responsabilidade dos seres humanos e que as políticas verdadeiras têm que incluir formas de educação para uma nova consciência, como sempre acentua o deputado Valmir [Assunção], uma nova mente um novo coração, para captar essa realidade e dar a nossa contribuição para evitar esta catástrofe – sintetiza Boff.

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Fernando Caldas, Irmã Margarida, José Roberto e Sulivan Sales.
Fernando Caldas, Irmã Margarida, Roberto José e Sulivan Sales.

Gestores da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (Ficc) definiram que a I Feira Literária de Itabuna (Felita) será realizada no Colégio Ação Fraternal de Itabuna (AFI), de 4 a 7 de dezembro. A feira seria realizada no Centro de Cultura Adonias Filho, mas o espaço continua em reforma.
“Esperava que as melhorias que estavam sendo feitas no Centro de Cultura Adonias Filho, local onde originalmente seria realizado o evento, fossem concluídas antes da data de realização do evento, mas isso não se confirmou, o que levou a diretoria da fundação a procurar outro espaço”, disse o presidente da Ficc, Roberto José da Silva.
Roberto frisou que “o mais importante é que está garantido a realização de um evento de muita qualidade nos serviços que serão ali oferecidos”. Para o dirigente, a AFI, por intermédio da Irmã Margarida, demonstrou sensibilidade ao se associar a uma ideia que, “seguramente, vai projetar a cidade nacionalmente e oferecer aos itabunenses e à população regional uma oportunidade inédita de conhecer novas obras literárias e aproximar-se de autores nacionais e intelectuais reconhecidos”.
NOMES CONFIRMADOS
Nomes regionais, nacionais e internacionais estão confirmados, como Leonardo Boff, Cyro de Mattos, Tica Simões, Daniela Galdino, Capinan, Jorge Araujo e Nelson Maca, além das bandas Manzuá e Enttropia, dentre outras.

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Leonardo Boff | do site Vermelho
Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso” pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais”, onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.
Esta história de vida me avaliza fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de ideias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.
Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando veem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos de O Estado de São Paulo, de A Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem desse povo. Mais que informar e fornecer material para a discusão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.
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