Irmãos acompanham aulas pelo celular na zona rural|| Fotos Mônica de Souza/PIMENTA
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Ailton Silva 

Os irmãos adolescentes Alex e Ana Clara Pereira dos Santos, moradores da zona rural, no sul da Bahia, vivem uma nova rotina desde o último dia 10 deste mês, quando o ano letivo na rede municipal de Itajuípe foi iniciado. Eles acordam cedo, tomam banho, café, vestem a farda (colocam uma camisa de manga longa por baixo para evitar o ataque de pernilongos) e seguem para mais um dia de aula.

Morando na Fazenda Barra Mansa desde o primeiro semestre do ano passado, para onde a família resolveu mudar-se para tentar evitar a infecção pelo novo coronavírus, Alex, de 14 anos, e Ana Clara, 12,  de segunda a sexta-feira caminham por 300 metros até uma das áreas mais altas da propriedade. Ao chegar ao local, a dupla começa a assistir, às 8h, a primeira aula do dia, ou melhor, videoaula, transmitida por um aplicativo direto da Escola Municipal Dr Pedro Catalão, no centro de Itajuípe.

Irmãos driblam dificuldades para assistir às aulas virtuais|| Foto Mônica Souza/Pimenta

Numa mesa e cadeiras plásticas colocadas debaixo de pés de cacau,  às margens de uma estrada vicinal, os dois irmãos acompanham todas as aulas ministradas pelos professores. “O desafio foi encontrar um lugar onde o sinal da telefonia chegasse melhor. Vencida essa etapa, colocamos a mesa, levamos os livros, material didático e telefone para o lugar onde eles assistem às aulas hoje”, afirma o fotógrafo aposentado Cláudio Santos da Silva, de 62 anos, pai das crianças.

LEVANTAM SOMENTE NO INTERVALO PARA O LANCHE

“O nosso futuro está na educação”, afirma Ana Clara|| Foto Mônica Souza/Pimenta

Sentados em cadeiras plásticas, à sombra de pés de cacau, na beira de uma estrada vicinal, os irmãos não perdem um só minuto da aula. Eles levantam-se somente durante o intervalo, de 15 minutos, para o lanche e beber água. Além das aulas virtuais, os estudantes recebem atividades impressas ou por e-mail. Eles podem tirar dúvidas durante a transmissão ou via grupo de aplicativo criado pela escola.

Professor Jeferson Pereira de França, da Escola Catalão, ministra aula virtual|| Foto Pimenta

Questionada se não era desconfortável assistir às aulas de maneira improvisada, no meio do mato, correndo o risco de ataque de mosquito, Ana Clara responde rápido. “Está dando para levar de boa. O pior é não ter acesso ao conhecimento. Aqui está a chance e a oportunidade  para assegurar um futuro digno”. A menina sonha em cursar Medicina Veterinária quando concluir o Ensino Médio.

Estudantes da rede municipal de Itajuípe têm aulas virtuais|| Foto Pimenta

O fotógrafo e pai Cláudio Santos afirma que o único caminho para a evolução do ser humano é o conhecimento. “A educação é fundamental no processo de crescimento do cidadão, não importa a classe social a qual ele pertence. A pessoa que não consegue buscar e filtrar bem as informações é facilmente manipulável”, explica ao  PIMENTA.

Esse é um pensamento compartilhado por quase toda a família de Cláudio Santos. Ele decidiu mudar-se com a esposa, dona Mônica de Souza Pereira, e os filhos por causa do novo coronavírus. “Como os casos de Covid-19 e as mortes aumentavam assustadoramente,  decidimos deixar a cidade para morar no campo até que todos estejamos vacinados”, conta.

RETIRADA DE MATERIAL NA ESCOLA

De acordo com a diretora da Pedro Catalão,  Tânia Regina, as aulas remotas são complementadas com atividades que os responsáveis pelos estudantes retiram na escola.  ” Fiquei muito emocionada quando recebi uma foto dos meninos sentados àquela mesa em um lugar tão distante do centro de Itajuípe. São esforços e esses exemplos que nos fazem acreditar na educação”, relatou.

Com 22 anos atuando na educação, a professora conta que, pela primeira vez na sua carreira, está acompanhando um envolvimento tão grande dos pais, uma preocupação maior com os filhos. “Os pais de Ana Clara e Alex sempre acompanharam de perto os meninos na escola. São histórias como essas que nos fazem acreditar que escolhemos a profissão certa, que podemos trabalhar como amor. Posso dizer hoje que estou realizada”, diz emocionada.

A Escola Municipal Dr Pedro Catalão tem 600 alunos matriculados. Cerca de 70 são moradores da zona rural. A maioria deles tem dificuldade de acesso à internet para acompanhar as aulas virtuais. Os pais de muitos deles, que moram em fazendas próximas, estão tentando se juntar para contratar um pacote que permita que seus filhos tenham acesso às aulas remotas. Por enquanto, eles retiram o material impresso na escola.

A Fazenda Barra Mansa está localizada no município de Ilhéus, mas fica a cerca de 12 quilômetros da Escola Pedro Catalão, no centro de Itajuípe, onde a família das crianças tem residência e pretende retornar depois que a crise sanitária passar. Até esta semana as aulas foram ministradas das 8h às 11h, mas a partir da próxima será das 7h30min às 11h45min. Alex e Ana Clara estão no 7° ano do Ensino Fundamental.

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As servidoras deram exemplo de honestidade|| Foto Uoston Pereira/Site Notícias de Santaluz

Duas servidoras públicas que trabalham na limpeza das ruas da cidade de Santa Luz viraram notícia pelo exemplo de honestidade. Elas encontraram uma bolsa com R$ 1.070 e devolveram ao dono, o lavrador Petrônio Brito Dias, de 36 anos, que tinha feito um saque para pagar as contas da mãe, uma idosa de 80 anos.

Petrônio Brito  relata que, depois de pagar algumas contas, foi até a praça Ezequiel Cardoso da Costa (Praça do Cuscuz), onde sentou-se para descansar e esqueceu-se da bolsa em um banco na última sexta-feira (31). O objeto foi encontrado na madrugada de sábado (1º), quando as garis começaram a varrer o centro da cidade.

A servidora Irenildes Ferreira Lopes conta que a colega achou a bolsa e ficou desconfiada do que era. Ela recorda-se que olharam ao redor e não tinha ninguém e ficaram com receio de abrir. “Ela [a colega Eliana Santos de Jesus] chegou a apertar a bolsa com o cabo da vassoura. Depois decidimos abrir, vimos o dinheiro, conta de luz e até uma receita médica” relata.

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