Após a solicitação do prefeito de Itabuna para que os cargos de confiança sejam desocupados por aqueles que não apoiam a pré-candidatura do deputado federal Davidson Magalhães (PCdoB), aguarda-se com expectativa as próximas edições do Diário Oficial do Município.
Pelas movimentações de grande parte dos servidores indicados politicamente, haverá uma debandada geral. Curiosamente, a rejeição ao comunista se dá com maior força entre os aliados mais próximos do prefeito, e especialmente de seu partido, o PRB.
O Pastor Francisco Edes, que comanda a Secretaria de Assistência Social, é um que deverá pedir o boné para reassumir sua cadeira na Câmara de Vereadores. Francisco não só rejeita a candidatura de Davidson, como já tem mantido conversas com outros pré-candidatos. Por ele, o nome pode ser o do apresentador Tom Ribeiro, do professor Roberto José e até do deputado Augusto Castro. Seu cardápio só não inclui antepasto de cururu.
Não é de hoje que o prefeito tem enfrentado rebelião em sua cozinha. Há alguns meses, o vereador Manoel Júnior (PRB), suplente do Pastor Francisco, assinou requerimento para abertura de uma Comissão Especial de Inquérito com o objetivo de investigar um caso de plágio na produção do Plano Municipal de Saneamento. A CEI não vingou, mas por esse episódio Claudevane já teve uma ideia de que possui correligionários de comportamento pior que o dos adversários.
Possível pré-candidato pelo PRB, Tom Ribeiro tem feito críticas duras ao governo e acusado o prefeito de não saber comandar. “Existem erros na administração, pois o prefeito não tomou a iniciativa como deveria ter feito e a caneta ficou o tempo todo na mão do vice (Wenceslau Júnior, do PCdoB)”, dispara Ribeiro. Ou seja, com uma cajadada só, o apresentador bateu no “irmão” Claudevane e no comunista.
Alguns analistas acreditam que o apoio pessoal de Claudevane, em um governo sem coesão, é pouco significativo para Davidson. Aliás, a situação faz lembrar um episódio relado por Lira Neto na biografia do ex-presidente Getúlio Vargas, quando este venceu as eleições de 1950 com apoio do velho PSD. Detalhe: o PSD tinha candidato oficial, o mineiro Cristiano Machado, porém as alas mais influentes do partido eram ligadas a Getúlio.
Segundo Lira Neto, surgiu daí na política brasileira um novo sentido para o verbo “cristianizar”, quando uma legenda declara apoio formal a determinado candidato, enquanto na prática seus correligionários passam a trabalhar por outro. No caso de Davidson, não há sequer apoio da legenda, apenas do prefeito, mas ele corre o sério risco de ser “cristianizado”.