Seleção de Veteranos Augusto Mangabeira é o terceiro, em pé, da esquerda para a direita || Arquivo Walmir Rosário
Tempo de leitura: 4 minutos

 

Se não for pecado, torço que o Todo-poderoso forme uma seleção imbatível. Competência eles têm, pois aqui foram testados e aprovados.

 

Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

Longe de mim querer me imiscuir nas coisas divinas, especialmente do céu, mas não posso deixar de me manifestar acerca de alguns acontecimentos passados de um certo tempo pra cá. Pelo que tenho notado, Deus tem feito escolhas bastante significativas nas pessoas levadas para junto dele, nos deixando chorosos. Esse fato me dá a impressão de que ele pretende formar uma seleção de futebol aí por cima.

E num ato de contrição, vou logo pedindo desculpas, se for o caso: “Eu pecador, me confesso a Deus Todo-poderoso, que pequei muitas vezes, por pensamentos, palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha máxima culpa…”. Não quero, aqui, dar pitacos sobre as decisões divinas, e vou ressaltando que estou arrependido de todos os pecados que por acaso aqui cometerei. Mas não é só por minha culpa.

Desde cedo – ainda na infância – me acostumei com as imagens produzidas pelos artistas plásticos – especialmente os pintores – sobre o céu, com aquelas paisagens tranquilas, sempre nas cores azul e branco, e os personagens em profunda contemplação. Peço perdão caso meu raciocínio venha profanar a morada celestial, mas acredito que não combina a enlevação dos pensamentos com a prática do futebol nesta santa morada.

Os amigos que me perdoem se insisto em falar desse tema, misturando fatos mundanos e divinos. Mas minha mente não consegue alcançar o porquê dessas escolhas – o que é mais um pecado. Nos últimos tempos perdemos por aqui Léo Briglia, Fernando Riela, Lua Riela, Luiz Carlos, Daniel Souza Neto (Danielzão), e agora, sem mais nem menos, Nelito Pedreira, João Augusto Mangabeira França e Pelé. De uma só vez!

Nelito e Augusto foram dois baques feios. Parece até aquelas cenas de filmes hollywoodianos. Amigos tão chegados no futebol e na vida, foram embora, sem mais nem menos, em cerca de 44 horas. Nelito, por anos professor de química, empresário do ramo do comércio agropecuário, esportista, aos sábados, não dispensava o encontro com os amigos para o “baba” semanal. E lutou para ter um campo próprio.

Assim que soube da morte dos dois amigos, liguei para outro em comum, Napoleão Guimarães, que lamentou o desaparecimento de Nelito e Mangabeira, com os quais conviveu e trabalhou ao lado deles por vários anos. Contou-me a situação debilitada em que os dois se encontravam e enalteceu a passagem deles no planeta terra. “Parece até que combinaram”, arriscou dizer Napoleão.

João Augusto Mangabeira França era um itabunense nascido em Senhor do Bonfim, com passagem pela capital baiana, onde exerceu a profissão de jogador profissional no Galícia, o Demolidor de Campeões, primeiro Tricampeão Baiano de futebol. Em campo, desempenhava o ofício de zagueiro, não daqueles acostumados a tirar a bola do adversário com chutes e pontapés, mas com classe, se antecipando às jogadas.

Em Itabuna foi professor de Educação Física, professor de Inglês, vendedor de produtos agropecuários e empresário do ramo de representações de empresas, mais conhecido como caixeiro viajante. Viajou pelo sul e extremo sul da Bahia vendendo produtos alimentícios aos supermercados. Não dispensava passar o fim de semana em Itabuna para o “baba” dos veteranos, no estádio Luiz Viana Filho, e depois no bairro Jorge Amado.

Juntos, cursamos direito, ainda na Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna (Fespi), depois Uesc. Ainda acadêmico, era conhecido pelo carinhoso nome de Corregedor, título dado por nós, pela sua idade superior à nossa e pelo seu jeito de dar seu parecer para finalizar as discussões. No período de provas estudávamos em sua casa, grupo de estudos que se transformava num encontro etílico após umas boas doses da famosa Cuba Livre.

Por muitos anos me abastecia com as histórias e estórias do seu tempo como jogador profissional no Galícia. Ele se divertia com a diversidade de cultura e temperamento dos jogadores e contava passagens memoráveis acontecida em campo e extracampo. Dentre os seus personagens prediletos o colega Apaná Venâncio e o treinador Sotero Montero, este pela surrada frase: “É pelo arriar das malas que conheço o bom jogador”.

Por algum tempo o Dr. Augusto Mangabeira frequentou as lides forenses, mas não se conformava com as pesadas gavetas nas quais dormitavam os processos, mesmo sendo arquivados em armários de prateleiras de aço, portanto, fáceis de serem vistos e retirados para apreciação. Continuou se dedicando às pastas de representação, tirando pedidos nos armazéns e supermercados, nos quais era bastante conhecido e querido.

Passamos um certo tempo sumidos entre nós e recebia notícias dele quando encontrava o seu irmão, o médico Antônio Mangabeira, que uma das vezes me informou sobre o acometimento de Alzheimer. Outro colega desde os tempos da universidade, o advogado José Augusto Ferreira Filho, me contou que, ao chegar para uma audiência, encontra o colega Augusto Mangabeira, desta feita não no mister de advogado, mas como parte, quando era requerida sua interdição, por causa dos esquecimentos provocados pelo mal.

Todos que por aqui passam cumprem sua missão, mas não sei o que está sendo reservado para eles lá em cima. Se não for pecado, torço que o Todo-poderoso forme uma seleção imbatível. Competência eles têm, pois aqui foram testados e aprovados.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Tempo de leitura: 4 minutos

 

Termina o primeiro tempo da partida em zero a zero. Os jogadores entram para o segundo tempo e a torcida impaciente começa a gritar: Queremos o Bomba, queremos o Bomba!

 

Walmir Rosário

Confesso que o futebol praticado hoje não mais me emociona e nem mesmo os jogos da seleção brasileira me convidam a uma vaga no sofá na sala, ou numa mesa de bar ou a casa de amigos, como fazia antigamente. Utilizo a televisão de casa para assistir aos filmes, documentários, musicais e aos jogos (não me condenem precipitadamente) do Glorioso Botafogo, costume que adotei do último campeonato brasileiro pra cá.

Confesso que estou bastante satisfeito com as poucas partidas de futebol assistidas, nas quais vejo os valores individuais jogarem para o coletivo, driblando, lançando bolas para os atacantes, fazendo os belos e necessários gols para vencer as partidas. Me recuso – terminantemente – a assistir jogos em que os “craques” de agora têm medo da bola e a maltratam constantemente apenas para satisfazer os caprichos dos pobres treinadores.

Frequentemente sou chamado de saudosista, o que simplesmente não me ofende, ao contrário, me deixa feliz por gostar de apreciar o bom futebol e não esses de planos construídos numa prancheta de um treinador qualquer. Como não gostar dos craques que sabem dominar a bola e fazem acontecer nos campos desse Brasil afora. Relembro dos telefonemas recebidos do saudoso professor Gabriel Saraiva, comentando o show de bola dos craques do Botafogo, e até do Bahia (este não me emocionava).

Pois fiquem os senhores e senhoras sabendo que não apenas os times do Rio de Janeiro e São Paulo possuíam craques capazes de nos emocionar com jogadas maravilhosas, às vezes desconcertantes, terminadas em gols, ou não. Para não ir tão longe, vou me ater aos jogos realizados no meu “terreiro”, com a famosa seleção amadora de Itabuna (hexacampeã baiana) e o Itabuna Esporte Clube.

Para não encher a paciência dos leitores, não citarei aqui centenas de craques que fizeram a história futebolística baiana, embora não possa esquecer Santinho, os irmãos Leto, Carlos, Lua e Fernando Riela, Ademir Chicão, Luiz Carlos, Bel, Tombinho, o baixinho Ronaldo Dantas, Itajaí Andrade, João Xavier, dentre muitos outros. A grande maioria desses jogadores formaram o Itabuna Esporte Clube, criado em 23 de maio de 1967.

Devidamente profissionalizados, os craques tiveram que se adaptar ao novo estilo de preparação física e tática, agora com os profissionais do Rio de Janeiro, São Paulo e até Rio Grande do Sul. Se antes eram uma só família, esse clã cresceu bastante com os novos “parentes” contratados nos estados do sudeste brasileiro, aos poucos, a maioria dos filhos da casa abandonaram (ou foram obrigados a abandonarem) o futebol.

E essa atitude caiu como uma luva para os técnicos daquela época, a exemplo do conhecido “Velha” e outros que o substituíram, entre eles o gaúcho Ivo Hoffmann, que aqui chegavam, avaliavam o elenco e pediam grandes reforços. E assim iam ao Rio de Janeiro com a missão de selecionar craques que não tinham chances nos grandes times e trazê-los para brilhar e fazer brilhar o Itabuna.

Só que muitos desses jogadores eram arrebanhados nos campos de pelada e vinham em sociedade com os técnicos, que levavam uma gorda comissão (e bota gorda nisso). Numa destas viagens, Ivo Hoffmann vai ao Rio de Janeiro para trazer um zagueiro, dois meios-campistas, dois atacantes e um ponta-esquerda, para substituírem os que se encontravam “bichados”, ou que iriam para o banco.

Desta turma toda, a maior necessidade do Itabuna Esporte Clube era o ponta-esquerda, que há muito sofria de uma contusão crônica. Apresentação feita na sede do clube, na rua Barão do Rio Branco, o destaque era um jogador negro, baixinho, gordinho, de nome Bolete (acredito que pela compleição), já nomeado pelo técnico Ivo Hoffmann como a bomba a ser lançada no próximo jogo contra o Leônico, o conhecido “moleque travesso”.

No treino da sexta-feira, que aprontava a equipe para o jogo do domingo, eis que Bolete é convocado para entrar em campo, e se apresenta todo serelepe correndo pela ponta-esquerda. Um sucesso! Terminado o treino, os repórteres esportivos encheram o técnico Ivo de perguntas, sobre o jogo de domingo e a estreia dos jogadores, melhor dizendo, da bomba a ser lançada contra o Leônico.

Nas emissoras de rádio e nos jornais itabunenses as manchetes eram o lançamento da bomba. Bomba pra lá, bomba pra cá, o nome Bolete foi logo substituído por Bomba. No domingo, a vermos a escalação do Itabuna no vestiário do velho Campo da Desportiva, o Bomba ficaria no banco e deveria entrar no segundo tempo, para arrasar o manhoso Leônico da capital.

Termina o primeiro tempo da partida em zero a zero. Os jogadores entram para o segundo tempo e a torcida impaciente começa a gritar: Queremos o Bomba, queremos o Bomba! Lá pelos 15 minutos o ponteiro-esquerdo bichado pede para sair e o campo da Desportiva vai abaixo gritando Bomba, Bomba, Bomba. Ele se aquece com uma rapidez impressionante para o delírio da torcida.

Na primeira bola que pega, sai em disparada pela esquerda em direção ao Jardim do Ó e quando o lateral direito corre em sua direção para contê-lo, eis que o Bomba tropeça em suas próprias pernas e cai. E a torcida, em silêncio sepulcral na Desportiva, assiste a chegada da maca para retirar o Bomba de campo. Ninguém conseguia entender nada. A Bomba deu chabu e o assunto passou a ser proibido no Itabuna, que dispensou o atleta.

Anos depois, numa conversa com Bel (Abelardo Moreira), que integrou o Itabuna, ele me contou que no dia da partida não encontraram no vestiário as chuteiras 39 que calçaria Bolete, o que foi motivo que ele ficasse no banco. A solução encontrada foi ele jogar com duas chuteiras de número 38. Mas como a Lei de Murphy diz que não há nada que não possa piorar, as chuteiras eram ambas para calçar o pé esquerdo.

Desse jeito, não há bomba que resista!

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Tempo de leitura: < 1 minuto
Osvaldo, Rogério, Iago, Edwin e Thiago caem na piscina por medalhas.

Cinco nadadores da equipe do Ciso participam, hoje e amanhã, do Campeonato Baiano de Classe de Inverno, no Salesiano, em Salvador. Osvaldo Pinheiro, Rogério Dantas Junior, Iago Santana, Edwim Batista e Thiago Correia vão competir com outros 200 atletas de todo o estado. A etapa do Baiano de Inverno terá 112 provas e 10 clubes nos dois dias de provas.

Os atletas são treinados pelos professores Júnior Brandão, Luís Carlos e Lucas Cerqueira. A comissão técnica está confiante. Os meninos, na avaliação dos treinadores, são grandes promessas de medalhas no campeonato. Na preparação, eles participaram de várias etapas em piscinas e travessias.