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Grande quantidade de óleo é retirada da Soares Lopes, em Ilhéus || Foto Divulgação

Após recolher quase duas toneladas de óleo na sexta e no final de semana, Ilhéus volta a registrar novas manchas em praias da região central e da zona norte nesta manhã de terça-feira (29). Equipes da Defesa Civil de Ilhéus e da limpeza pública, do Corpo de Bombeiros e da Marinha, além de voluntários, fazem a remoção de manchas na Praia da Avenida, na Soares Lopes, uma das regiões que mais atraem turistas no município.

Grandes quantidades de óleo foram registradas, além da Soares Lopes, na Ponta do Ramo e na Ponta da Tulha, no litoral norte, além da Praia do Sargi, que fica no limite dos municípios de Ilhéus e de Uruçuca. Há pouco, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Urbanismo de Ilhéus, Jerbson Moraes, disse ao PIMENTA que as equipes e voluntários estavam finalizando a limpeza da Avenida Soares Lopes e também trabalhando na zona norte.

A previsão é de que o trabalho também no litoral norte seja concluído nas próximas horas. A ação no município envolve cerca de 700 pessoas, dos quais 490 voluntários cadastrados, mais 100 funcionários do município, 60 homens da Marinha e outros 60 do Corpo de Bombeiros.

Com batalhão de servidores municipais, estaduais e federais e voluntários, Ilhéus tem conseguido concluir o trabalho de remoção das manchas ainda no mesmo dia do registro. “A gente conseguiu fazer trabalho antecipado, pois vimos as coisas acontecendo [em outras localidades] e conseguimos união [com Marinha, Bombeiros e voluntários]. Quando a mancha chegou já na sexta, a gente já estava um pouco preparado. De quinta para cá, evoluímos muito no modo de trabalhar”, disse Jerbson ao PIMENTA ao comentar a agilidade das equipes, Marinha, Bombeiros e voluntários.

MANGUEZAIS NÃO FORAM AFETADOS

Questionado se estuários marinhos foram afetados até aqui, o secretário disse que não houve registro. Marinha, Bombeiros, Prefeitura e Voluntários criaram um comando único e as ações têm sido rápidas para a remoção, o que impede o avanço da mancha para manguezais.

“Pelo menos, até agora, a gente consegue limpar rápido. Mas é muito risco [de atingir os manguezais]. Temos a Baía do Pontal, por exemplo, que é grande. Aí é outra técnica de retirada [do óleo]. Se houver quantidade maior [de óleo], tem que melhorar, aperfeiçoar o trabalho”. O registro de mancha na Soares Lopes soou o alarme para a possibilidade de invasão da mancha na Baía do Pontal, onde desembocam três rios, o Cachoeira, dentre eles.

O primeiro registro de manchas de óleo em Ilhéus ocorreu na sexta-feira (25), quando grande quantidade foi retirada da Praia do Norte, a 7,5 quilômetros do centro da cidade e a 1,5 quilômetro de Juerana, vila de pescadores com quase mil habitantes. No sul da Bahia, os municípios mais afetados pelas manchas até agora foram Ilhéus e Una, além de Canavieiras.

 

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Luciano Veiga

 

 

Tivemos as nossas vidas atingidas da cor do luto, na cor da morte. Podemos ressuscitar se aprender com os nossos erros ou podemos continuar morrendo na nossa ignorância e ganância. É uma questão de escolha.

 

Nos últimos anos o Brasil vem sofrendo fortes ataques ao seu maior patrimônio, o meio ambiente. Como não bastasse Mariana, vieram Brumadinho, as queimadas na Amazônia, cerrado e, agora, as praias e arquipélagos da costa marítima do Nordeste. Como diria Seu Zé, “agora lascou, fomos atingidos do Oiapoque ao Chuí”.

Das extrações minerais, madeiras e a costa litorânea, o que temos em comum?

A princípio, o descaso com o meio ambiente, com a exploração inadequada dos nossos patrimônios naturais e a forma de lidar com estes ataques ao meio ambiente. É difícil aceitar tais acontecimentos como desastre ambiental, que conceitualmente trata-se de um evento não previsível, capaz de, direta ou indiretamente, causar danos ao meio ambiente ou à saúde humana. Ora, todos os eventos citados foram e são previsíveis, e, o pior, têm como alvo certo o meio ambiente (flora, fauna e o ser humano).

Além da exploração desmedida do ponto de vista econômico, temos um Governo inapto na lida de prevenção, controle, ação mitigadora e corretiva diante dos acontecimentos expostos.

Em Mariana e Brumadinho, foi a população primeira vítima e também a primeira a colocar a mão na lama para salvar os seus. Nas queimadas, as mãos e os pulmões atingidos pelo fogo e a fumaça. E, agora, nas manchas pretas das praias, suas mãos são mais uma vez usadas para limpar a sujeira das areias, corais e pedras do nosso litoral.

Estão nos atingindo em nossos corações e almas. Podemos limpar as praias, as areias brancas marcadas pela lama preta, mas não podemos salvar os nossos peixes e mariscos, flora e fauna marinhas. Tivemos as nossas vidas atingidas da cor do luto, na cor da morte. Podemos ressuscitar se aprender com os nossos erros ou podemos continuar morrendo na nossa ignorância e ganância. É uma questão de escolha.

Este é um momento em que os entes federados têm que estar juntos, sem protagonismo, com único objetivo, primeiro mitigar os impactos, segundo criar políticas permanentes de controle e preservação, e, terceiro, entender de uma vez por todas que o maior patrimônio material e imaterial do Brasil é o seu Meio Ambiente rico e diverso.

Somos o único país no mundo com esta pluralidade de riqueza, entretanto, somos também aquele que parece distante do que pensa o seu povo. Os seus governantes persistem em ignorar a vocação natural desta nação, a de cuidar e preservar, transformando em ativo ambiental, econômico e social os seus rincões ambientais.

Para os governantes que aprendam com os voluntários, colaboradores, municipais, estaduais e também da União que colocam a suas mãos na lama preta para limpar as praias do petróleo cru, oriundo de um crime, que tem que ser descoberto a origem como forma de imputar o crime ao culpado, mas especialmente de estancar a hemorragia que ora atinge a nossa costa.

Entretanto, este é o ataque ao território brasileiro, que o conjunto das nossas forças armadas saia para fazer o bom combate, pois em uma guerra os voluntários e funcionários/colaboradores, muito das vezes sem conhecimento e mal equipados, são presas fáceis em uma luta, cujo nosso inimigo (petróleo cru), não se sabe os danos presentes e nem futuro a estes bravos soldados, que arriscam as suas vidas por outras vidas, vividas na nossa fauna e flora marítima e silvestre, podendo os nossos guerreiros sofrer danos a sua saúde no presente ou no futuro.

Que aprendamos com a dor. Nós somos uma nação da vida e não da morte.

Luciano Veiga é advogado, administrador e especialista em Planejamento de Cidades.

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Praias amanhecem limpas no litoral de Itacaré nesta segunda

A Prefeitura de Itacaré, com o apoio da Petrobras e equipe de voluntários, mantém o monitoramento de todas as praias do município para verificar e atuar com rapidez caso manchas de óleo cheguem ao litoral do município. Na manhã desta segunda-feira (28), as equipes de monitoramento constaram que as praias amanheceram limpas e propícias para o banho. O trabalho começou há cerca de 10 dias, quando foram registradas presenças de pelotas de óleo, mas não confirmadas como do óleo que atinge o litoral nordestino. Mesmo assim, o trabalho de monitoramento vai continuar.

Na manhã desta segunda-feira, na Praia da Concha, ocorre o segundo treinamento de voluntários, pessoas da comunidade que serão orientadas a agir no caso da mancha de óleo chegar à cidade. O treinamento é feito por técnicos da Petrobrás e da Prefeitura de Itacaré, que informam sobre os riscos, uso de equipamentos necessários e como retirar o óleo do litoral. Para ser um voluntário, basta se cadastrar pelo link https://chat.whatsapp.com/KjcKcFzYf7b8k5tCVxC9pq

O município também criou uma Base de Monitoramento para acompanhar toda a evolução da mancha de óleo que atinge o litoral nordestino e ainda uma unidade de treinamento de voluntários para auxiliar, caso necessário, na retirada do material das praias da cidade. A Base de Monitoramento foi montada na Secretaria de Juventude, Esporte e Cultura, na Praça do Canhão, onde estarão de plantão equipes da Prefeitura de Itacaré, Petrobras e Polícia Militar.

Na última sexta-feira (25) o prefeito de Itacaré, Antônio de Anízio, se reuniu com o comandante da 72ª Companhia Independente da Polícia Militar, major Hosanah Rocha, secretários municipais e representantes da Petrobras para traçar a estratégia de atuação caso a manca de óleo avance e atinja o litoral itacareense. Também foi criado o grupo de trabalho da Base de Monitoramento.

No local, além da realização dos treinamentos e funcionar como uma unidade para receber as denúncias dos cidadãos quanto a procedência do material nas praias, também são depositados todos os materiais que serão utilizados em caso de necessidade. De acordo com o prefeito Antônio de Anízio, a expectativa é de que o óleo não atinja o litoral itacareeense. “Mas, se chegar, equipes estão de plantão, prontas para limpar, em caso de emergência”.

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Manchas de óleo foram detectadas nesta manhã na zona norte de Ilhéus

Uma quantidade ainda não mensurada de manchas de óleo foi encontrada nesta sexta-feira (25) no litoral norte de Ilhéus, no sul da Bahia. O registro ocorreu quase uma semana após os primeiros vestígios do material serem identificados ao sul do município, em praias de Olivença e no Cururupe. As manchas foram localizadas por volta das 5h da manhã próximo à região da Juerana, no quilômetro 7,5 da BA-001, trecho da rodovia entre Ilhéus e Itacaré (confira foto abaixo).

Homens removem manchas de óleo no litoral norte ilheense || Foto José Nazal

De acordo com o vice-prefeito de Ilhéus, José Nazal, a Marinha já foi comunicada nesta manhã e equipe se deslocava para a região. Equipes do município também foram acionadas, assim como do Corpo de Bombeiros e do Ibama.

Até ontem (24), o sul da Bahia registrava apenas pequenos vestígios de óleo em Ilhéus, Uruçuca e Itacaré. Mais ao norte, em Morro de São Paulo, município de Cairu, foram registradas grandes manchas de petróleo.

Área onde foram detectadas as manchas de petróleo no litoral norte || Foto José Nazal

Ontem à noite, a Prefeitura de Ilhéus emitiu alerta à comunidade e orientação para não ter contato com o material tóxico. Os telefones informados pelo município para esclarecer dúvidas e fornecer orientações foram os do Corpo de Bombeiros (Telefone 193) e da Defesa Civil do Município – (73) 98178-2255.

MANCHAS OU VESTÍGIOS EM PRAIAS DE 15 MUNICÍPIOS

Segundo levantamento da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), 15 municípios já foram impactados por manchas ou vestígios do material tóxico, dos quais seis decretaram situação de emergência. Jandaíra, Conde, Entre Rios, Esplanada, Camaçari e Lauro de Freitas estão em situação de emergência. Os demais são Mata de São João, Salvador, Itaparica, Vera Cruz, Cairú, Uruçuca, Ilhéus, Maraú e Itacaré.

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Mancha de óleo avança por praias de Sergipe e da Bahia

A Justiça Federal em Sergipe determinou que a União, junto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), implante barreiras de proteção nos rios São Francisco, Japaratuba, Sergipe, VazaBarris e Real, no litoral sergipano. A medida deve ser tomada em até 48 horas, para evitar uma contaminação maior do óleo de origem desconhecida que tem se espalhado pelo litoral do Nordeste brasileiro.

A União e o Ibama terão que pagar R$ 100 mil para cada dia de descumprimento da medida. A decisão do juiz Fábio Cordeiro de Lima atendeu a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) no estado. Para o MPF, a União não tem tomado todas as medidas que poderia para proteger as áreas sensíveis.

“Desde o primeiro instante os Planos Estratégicos de Proteção de Áreas Vulneráveis (existentes e aprovados pelo órgão ambiental competente) poderiam ter sido acionados em Sergipe, de modo a serem implementadas todas as medidas necessárias de contenção e recolhimento do material poluente”, diz um trecho da ação do MPF.

Procurada, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que ainda não foi notificada e que, assim que isso ocorrer, analisará as medidas a serem adotadas.

Em sua decisão, o juiz afirma que não é possível colocar barreiras de contenção de óleo em toda a costa do Sergipe e que uma decisão judicial deve ser tomada considerando sua possibilidade de realização, para que não se torne uma medida inócua.Leia Mais