Em Ilhéus, grupo de extrema-direita pede intervenção militar || Redes Sociais/Reprodução
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O momento da disputa, com o calor que lhe é natural, já passou. Agora é preciso retirar os adesivos dos carros e das casas e prosseguir.

 

Julio Gomes

Sábado, 29/10/2022. Flamengo e Athletico-PR se enfrentam em Guayaquil, no Equador, para decidir quem seria o campeão da Copa Libertadores da América. Com um único gol, marcado aos 48 minutos do 1º tempo, o Flamengo decidiu o jogo e sagrou-se campeão.

Domingo, 30/10/2022. Lula e Bolsonaro disputam, no Brasil, quem seria o Presidente da República nos próximos 4 anos. Com 50,9% dos votos e pouco mais de 2 milhões de votos de vantagem, Lula ganha as eleições.

Os exemplos acima são muito significativos para mostrar o quanto é descabido o questionamento quanto ao resultado final dos embates, sobretudo quando eles se dão dentro de regras claras, devidamente pré-estabelecidas e com contendores plenamente cientes de que apenas um poderia ser o ganhador.

É natural que, ao final de disputas acirradas, haja comemorações públicas nas ruas, como fizeram torcedores no sábado e eleitores no domingo. Também é natural que um sentimento mais acentuado de frustração ou mesmo de tristeza se apodere, nos momentos imediatamente seguintes ao resultado, das pessoas emocionalmente envolvidas.

Porém, o que não é natural é que se questione o resultado estabelecido, e menos ainda que se apele para uma terceira força, inteiramente estranha à disputa em questão, para tentar alterar o resultado final.

O fechamento de rodovias, com vistas a provocar transtornos de toda ordem e desabastecimento, com suas graves consequências, passa dos limites do choro natural e humanamente aceitável de quem perdeu. E muito pior são as manifestações em frente a unidades militares, incitando-as a meter os pés pelas mãos e fazerem a grossa besteira que seria intervir no resultado de uma eleição que se deu, em última análise, na conformidade com as previsões constitucionais.

A vida precisa seguir em frente.

Há quatro anos, também em uma eleição presidencial, o candidato derrotado em 2022 ganhou e teve seus quatro anos de governo. É justo, natural e necessário, para o bem do país e de todos, que o ganhador das eleições realizadas em 30/10/2022 tome posse no cargo para o qual concorreu e governe pelo período legalmente previsto.

Como ocorre em todas as eleições disputadas no Brasil nos últimos 60 anos, quem ganhou deve assumir e governar, garantindo-se a quem perdeu o direito democrático de constituir-se como oposição política, sempre dentro dos marcos e limites da lei.

Precisamos trabalhar, estudar, cumprir nossos deveres cotidianos e trazer para casa o pão de cada dia. O momento da disputa, com o calor que lhe é natural, já passou e agora é preciso retirar os adesivos dos carros e das casas e prosseguir, retirando também do coração eventuais ressentimentos que nada trarão de positivo.

Vamos seguir em frente com o resultado democraticamente estabelecido nas urnas, para o bem do Brasil, de todos e de cada um de nós.

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.

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Manifestações pela saída do presidente interino estão programadas para amanhã (Foto Andressa Anholete/Gazeta do Povo).
Manifestações estão programadas para amanhã (Foto Andressa Anholete/Gazeta do Povo).

A Frente Brasil Popular, composta por partidos do campo progressista, centrais sindicais e movimentos sociais, fará protesto nacional contra o governo do presidente provisório, Michel Temer, nesta sexta (10).

O “Fora Temer” em Itabuna foi marcado para o período da tarde, quando os manifestantes começam a se concentrar, a partir das 14 horas, no Jardim do Ó. Já por volta das 15h30min, haverá caminhada pela Avenida do Cinquentenário.

A manifestação deverá ser encerrada por volta das 18h, com ato na Praça Adami. O ato reunirá também manifestantes de cidades da região.

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Edmilton Carneiro, presidente da OAB de Itabuna
Edmilton Carneiro, presidente da OAB de Itabuna

Antecipando-se a possíveis confrontos e eventuais prisões de manifestantes pró e contra o impeachment da presidente Dilma, a subseção da OAB de Itabuna organiza um sistema de plantão de advogados para este domingo (17). O advogado Edmilton Carneiro, presidente local da Ordem, convocou especialmente criminalistas.

“No domingo, haverá manifestações a favor e contra o impeachment, por conta disso pode haver conflitos e prisões”, prevê Carneiro. Ao decidir organizar o plantão, ele afirma que a OAB está cumprindo seu dever de guardiã da Constituição Federal.

 

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Rui Costa, governador da Bahia, e ACM Neto, prefeito de Salvaor (Fotos Raul Spinassé/A Tarde).
Rui Costa, governador da Bahia, e ACM Neto, prefeito de Salvaor (Fotos Raul Spinassé/A Tarde).

A Tarde

Apesar de não comparecer aos protestos, neste domingo, 16, contra a presidente Dilma Rousseff, o prefeito ACM Neto apoiou as manifestações através de redes sociais e classificou o ato como “grandioso e pacífico”. Já o governador Rui Costa advertiu contra tentativa de “ataques à democracia”.

“Espero que o governo compreenda essa crescente insatisfação das diversas camadas da sociedade e adote medidas para superar a crise política e institucional”, afirmou Neto. O prefeito citou o crescimento do desemprego e da inflação, mas não falou sobre impeachment.

O governador Rui Costa afirmou, por meio de nota, que os brasileiros têm a liberdade e o direito de ir às ruas. “Todos nós queremos mais empregos e uma economia melhor”, afirmou.

Apesar de alegar a validade das manifestações, disse que todos devem ficar atentos a “qualquer tentativa de ataques a princípios democráticos”. “O País não pode aceitar qualquer tentativa de golpe e deve estar atento aos que estão estimulando a política do ‘quanto mais pior, melhor’”, diz trecho.

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Manifestação da CTB e da CUT travou o trânsito no centro de Itabuna.
Manifestação da CTB e da CUT travou o trânsito no centro de Itabuna.

Sindicatos filiados à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e à Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Itabuna realizaram uma série de manifestações, nesta sexta-feira (29), para marcar o Dia Nacional de Paralisação e Manifestações.  O principal foco dos protestos foi o Projeto de Lei da Terceirização, além da revogação as Medidas Provisórias 664 e 665.

Por volta de 4h, foram realizadas manifestações nas fábricas da Penalty e Trifil, seguido de atos na Adei (Administração dos Estádios de Itabuna) e Codeti (Central Operacional de Transporte), órgãos da Prefeitura Municipal de Itabuna.

Os protestos foram encerrados com uma grande manifestação no centro de Itabuna. Os trabalhadores fizeram barreiras humanas, bloqueando o acesso à Ponte do Marabá. O ato teve duração de duas horas.

Impedidos de trafegar, os motoristas dos ônibus desceram dos veículos e se juntaram aos manifestantes. O Sindicato dos Rodoviários é filiado à Força Sindical, que apoia o projeto de terceirização, e não participou das manifestações das centrais em Itabuna. Os bancos aderiram à paralisação e só retornaram as atividades às 13 horas.

Apesar de ligados à Força Sindical, Rodoviários aderiram à manifestação de outras centrais.
Apesar de ligados à Força Sindical, Rodoviários aderiram à manifestação de outras centrais.

PARALISAÇÃO NACIONAL

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Centrais sindicais, como a CTB, CUT e Força, o Movimento de Luta pela Terra (MLT), associações de moradores e outros grupos agendaram para essa sexta, 29, ato em defesa dos trabalhadores. A manifestação está marcada para logo cedo, às 9h, na Praça Cairu, região central.

O movimento deve levar complicações ao centro da cidade. O Sindicato dos Rodoviários já informou que não fará paralisação, porque está proibido pela justiça. A entidade, no entanto, não garante ônibus na rua nessa sexta, já que qualquer anormalidade na Cairu trava todo o trânsito.

Os organizadores não estipularam um horário para o fim do ato.

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Agência Brasil
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, confirmou que, até o final desta semana, deve apresentar à Casa Civil da Presidência da República um projeto para regulamentar as manifestações de rua. Ele confirmou que irá propor um endurecimento das penas aplicadas aos condenados por crimes previstos no Código Penal que forem cometidos durante protestos, como os que, desde junho de 2013, tomaram as ruas das principais cidades do país.
“Há certos delitos que estão [tipificados] no Código Penal, mas que estão ocorrendo em manifestações lícitas, praticados por pessoas que desvirtuam os atos para danificar o patrimônio público e privado, lesionar [outras pessoas] e, agora, lamentavelmente, cometer homicídios. Por isso, estamos discutindo uma elevação das penas para esses casos. Ou seja, um agravamento da pena”, disse Cardozo ao explicar que o principal objetivo do projeto de lei será disciplinar dispositivos legais, como o que proíbe o anonimato em manifestações populares.
De acordo com Cardozo, o projeto deverá ser encaminhado ao Congresso Nacional em regime de urgência para que seja aprovado e possa entrar em vigor “o quanto antes”. O ministro explicou que a iniciativa não pode ser confundida com uma tentativa de limitar o direito à liberdade de expressão ou de reunião.
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Ernesto diz que o PT precisa restabelecer o diálogo com os movimentos sociais (foto Pimenta)
Ernesto diz que o PT precisa restabelecer o diálogo com os movimentos sociais (foto Pimenta)

O jornalista Ernesto Marques, vice-presidente da Associação Baiana de Imprensa, tem consciência de que trava uma luta desigual, mas diz que representa a voz da “planície” na disputa pela presidência do PT na Bahia. Segundo ele, o partido se burocratizou, seus dirigentes se encastelaram nas instituições e perderam as linhas de comunicação com os movimentos sociais.

Ernesto prega que é preciso “acordar um certo tipo de dirigente petista que, como diz o presidente Lula, se acostumou a ficar com a bunda na cadeira e se esqueceu de que a obrigação de todo petista é estar o tempo inteiro com um pé na institucionalidade, mas o outro na vida real, na rua”.

O petista, que enfrentará no Processo de Eleição Direita (PED) a poderosa chapa encabeçada por Everaldo Anunciação, secretário estadual de Organização do PT, discorda dos “companheiros” que classificaram as manifestações de junho como orquestrações da direita e afirma que os brasileiros finalmente aprenderam que a democracia funciona.

Em tempo: as eleições dos novos diretórios petistas em todo o País serão realizadas no dia 10 de novembro.

 

PIMENTA – Para começar, como o senhor avalia essa situação ma disputa pelo diretório de Salvador, onde o secretário Rui Costa teria incentivado a formação uma chapa para combater Marta Rodrigues, liderança ligada a Walter Pinheiro. Já temos aí uma prévia da disputa de 2014?

Ernesto Marques – O que está em vias de se configurar em Salvador é mais ou menos o que a gente observava no começo do ano, como aglutinação de campos divergentes dentro do partido. Nós criamos um campo chamado “PT Mais Forte”, que deu origem à nossa chapa e tinha basicamente as mesmas forças que hoje estão se aglutinando em torno de Marta (Rodrigues). É claro que para nós já estava evidente, desde aquele primeiro momento, onde se encontram as contradições. Não era à toa que nós constituíamos esse campo, exatamente na expectativa de ter um espaço para debate sobre 2014, mas também sobre 2013.

PIMENTA – Onde estão as contradições?

EM – Primeiro você estrutura um partido, prepara esse partido do ponto de vista organizativo, para que então você tenha melhor condição de enfrentar a batalha eleitoral. Os argumentos do agrupamento majoritário foram suficientes para quebrar a unidade do campo, mas não para nos submeter a ponto de aderir à ideia do “chapão”.  Decidimos manter a postulação que já apresentávamos antes, de que esse agrupamento tinha consistência e força política para disputar e vencer as eleições internas do partido. Como houve algumas defecções, inclusive da própria EDP (Esquerda Democrática Popular), liderada pelo deputado (Nelson) Pelegrino, nós mantivemos a nossa “levada” e estamos cada vez mais convencidos do acerto da nossa posição.

 

PIMENTA – Mas há um tensionamento no PT na capital…

EM –  O tensionamento em Salvador recoloca exatamente o confronto, no bom sentido, como nós estamos acostumados no PT, entre dois campos que têm visões não exatamente opostas, mas em alguns pontos divergentes em relação à condução que deve dar ao partido aqui na Bahia, assim como com relação às questões nacionais. Há uma tentativa de antecipar as coisas em relação a 2016, o que talvez seja um pretexto para se aglutinar um bloco com a intenção –  segundo se diz na imprensa, mas não ouvi isso de nenhuma liderança – de isolar o deputado Nelson Pelegrino dentro da sua principal base, que é Salvador e a Região Metropolitana. É difícil fazer isso porque qualquer pessoa pode contestar a trajetória do companheiro Pelegrino, mas ninguém pode negar a liderança que ele é e o papel que exerceu na construção do partido em Salvador. A capital hoje é o berço do que antes a gente chamava de carlismo e nós não temos nenhuma dúvida de que precisamos fazer uma oposição muito séria, consistente e contundente à Prefeitura, e isso não se confunde com fazer oposição à cidade, são coisas muito diferentes. Temos visões muito diferentes sobre como tratar os problemas de Salvador.

PIMENTA – O senhor faz uma crítica à forma como o PT fez oposição a João Henrique e propõe uma atuação diferenciada agora com ACM Neto. Em que pontos devem se estabelecer as diferenças?

EM – Há uma coisa muito estranha quando o prefeito propõe o aumento do IPTU e cinco dos sete vereadores do PT aprovam esse aumento. É um sinal muito preocupante de que o partido não está conseguindo tratar as matérias adequadamente e esgotar o debate interno antes de ir para as votações na Câmara. Segundo o tributarista e também vereador Edvaldo Brito (PTB), é um aumento que pode chegar a 35% e ainda restabelecer a tributação em cascata, que é uma coisa que o Brasil já tinha abolido há muito tempo. O vereador Waldir Pires (PT) também já apontava sérios vícios de inconstitucionalidade na reforma tributária. Essas questões estão sendo tratadas como se cada vereador fosse dono do seu mandato, mas na verdade os mandatos pertencem ao partido, e este faz oposição ao prefeito ACM Neto. No fundo, o que está em jogo é qual a qualidade da oposição que vamos fazer. Será uma oposição low profile, de baixa intensidade, ou faremos uma oposição sistemática, que, repito, não se confunde com oposição à cidade, mas deixa muito claro qual é o entendimento nosso sobre política urbana, habitação popular, transporte público, movimentos sociais e mais uma série de questões que nos diferenciam bastante. E não dá para misturar água com óleo.

PIMENTA – O senhor discorda da política de “boa vizinhança” entre o PT e ACM Neto?

EM – Essa tentativa de isolar Pelegrino talvez seja exatamente pelo desejo de fazer uma oposição de baixo perfil, o que, no caso do prefeito João Henrique, gerou para nós uma conta muito grande a pagar. Inclusive porque uma parte da população de Salvador não identificava os investimentos do Estado, vendo-os como obras do ex-prefeito João Henrique, a exemplo da Via Expressa. O fato de termos apoiado João Henrique no segundo turno de 2004 e termos participado de seu primeiro governo deixou essa coisa mal resolvida, porque o PT não apresentou claramente para a cidade se era oposição ou se era situação no governo João Henrique. Neste atual governo, não pode haver qualquer margem de dúvida, até porque o prefeito ACM Neto, com toda justiça, personifica o outro campo da política baiana, contra o qual nós sempre nos opusemos. Não há porque mudar de posição, tendo em vista que o prefeito ACM Neto continua fiel ao seu berço político e nós também não mudamos. Pelo menos uma parte do PT.

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Não há porque mudar de posição, tendo em vista que o prefeito ACM Neto continua fiel ao seu berço político e nós também não mudamos. Pelo menos uma parte do PT.

 

PIMENTA – Esses conflitos do PT não decorrem da opção que o partido fez pela política de alianças para alcançar resultados eleitorais? Ou seja, não é uma consequência do pragmatismo do partido?

EM – O PT vive problemas que são naturais em um partido que tem 33 anos de idade, embora não seja um dos partidos mais velhos do país. Nesse tempo, nós deixamos de ser um partido pequeno, de gueto, para progressivamente conquistar cadeiras nos parlamentos em todos os níveis: prefeituras, governos estaduais, até o governo federal. A gente vive as dores de um partido que já tem um bom tempo no governo e este exercício naturalmente expõe as nossas contradições, o que inclusive é muito salutar, principalmente se a gente entende a contradição como uma coisa natural da democracia, a ser enfrentada sem muito receio.

PIMENTA – Seria o lado positivo da crise?

EM – Essa é a parte da crise que eu acho natural e a gente tem que conviver com ela, discuti-la exaustiva e permanentemente, para encontrar as saídas sem perda de consistência política. Em relação a alianças, a história mostra que ninguém ganhou sozinho. Nem nas revoluções armadas, nem nos processos democráticos. Sempre é necessário se fazer alianças e na democracia ganha mais quem agrega mais. O governador Jaques Wagner ensina isso e reafirma a todo tempo. Fazer alianças não é problema e isso o PT já tem resolvido há muito tempo. Você pode questionar a qualidade das alianças e a gestão dessas alianças após as eleições. Nós podemos observar que é difícil constituir e manter uma aliança que seja muito ampla no espectro ideológico e no aspecto numérico.

PIMENTA – Não é esse o caso da aliança “super ampla” em torno do governo Wagner?

EM – Gerir uma base com cerca de 50 parlamentares em 63 é de fato uma engenharia política extremamente complexa. Aquela lógica que a gente aprende em casa, de ceder sempre o  lugar para a visita, é mais ou menos assim que acontece na política. Para acomodar os aliados, é natural que o partido que é o centro da aliança seja mais generoso na abertura de espaços para acomodar os aliados. O problema é exatamente a gestão desses espaços e nos parece que houve equívocos graves na direção partidária, na hora de gerir as alianças, seja na distribuição dos espaços no governo, seja no posicionamento na hora das coligações. Ter ex-carlistas no governo também não representa nenhuma dificuldade porque comunistas trabalharam nos governos carlistas o tempo inteiro, ou sendo servidores de carreira, e portanto cumprindo sua obrigação como servidor público, ou em alguns casos porque atenderam convites profissionais e tiveram também que de alguma maneira cumprir uma tarefa política. E eu não me lembro de um governo carlista ter virado comunista por causa disso.

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Dinho Ouro Preto dedicou “Saquear Brasília” ao Congresso (imagem reprodução G1)

Para quem andava reclamando de certa indiferença da classe artística com relação às manifestações nas ruas do país, o Rock in Rio veio como um alento. No palco, vários músicos não perderam a oportunidade para mandar seu recado aos políticos e elogiar a juventude que protesta.

Na sexta-feira, 13, dia da abertura do festival, Roberto Frejat, em homenagem a Cazuza, disse que sempre lhe perguntam sobre o que ele acha que o velho parceiro estaria fazendo se estivesse vivo (Cazuza morreu há 23 anos). Frejat respondeu: “eu não sei o que ele estaria fazendo, mas com certeza estaria apoiando essa garotada que está nas ruas”.

Na noite de sábado, Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial, colocou nariz  de palhaço, mencionou Natan Donadon, “nosso primeiro presidiário congressista”, e dedicou a música “Saquear Brasília” aos ilustres deputados e senadores. Um dos trechos da letra diz que “é uma maravilha fazer parte da quadrilha”.

Pouco antes, no show em homenagem a Raul Seixas, um burburinho começou em meio ao público e foi crescendo, até que milhares de vozes gritavam para o governador carioca: “Ei, Cabral, vai tomar no c…”. O cantor da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, deixou o público à vontade:

– Vocês querem dar seu recado? Podem dar.

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O desfile cívico de 7 de Setembro terá uma mudança este ano em Itabuna. O palanque das autoridades sai da Praça Otávio Mangabeira, onde tem sido instalado há muitos anos, e vai para a Praça Adami.

Oficialmente, a Prefeitura diz que pensou na segurança do público, pois a alteração permitiria melhor distribuição das pessoas ao longo da Avenida Cinquentenário. Na real, a impressão é de que o governo está preocupado mesmo é com as manifestações prometidas para este sábado.

Com o palanque na Praça Adami, os manifestantes perdem um tradicional ponto de concentração de protestos. Além disso, se o Grito dos Excluídos desfilar em ritmo de “black block”, haverá mais tempo para as autoridades baterem em retirada.

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Grevistas ofereceram café da manhã aos manifestantes do Reúne Ilhéus (foto Maurício Maron/JBO)
Grevistas ofereceram café da manhã aos manifestantes do Reúne Ilhéus (foto Maurício Maron/JBO)

Um momento de demonstração de solidariedade entre grupos que protestam por questões diversas em Ilhéus. Na manhã desta quarta-feira, 31, os manifestantes do “Reúne Ilhéus” saíam das barracas onde estão acampados há 16 dias, em frente à Prefeitura, quando receberam mais que um “bom dia” dos servidores do município, em greve e também num plantão há mais de uma semana no mesmo local, na esperança de amolecer o coração do prefeito Jabes Ribeiro.

Os servidores traziam pães, bolos, biscoitos e garrafas com sucos de frutas para oferecer aos jovens que reivindicam redução no valor da passagem de ônibus. O gesto comoveu a molecada e quem passava por ali. Alguns transeuntes quiseram dar um jeito de mostrar que não estão indiferentes e doaram uma graninha para reforçar o caixa e a despensa dos acampados.

Presidente da Associação dos Professores Profissionais de Ilhéus (APPI), Enilda Mendonça comentou o significado do gesto. “Estão aqui os nossos filhos, o futuro da cidade que precisa de respeito e apoio”, disse ao Jornal Bahia Online. Em torno da “mesa” farta, os dois grupos fizeram uma oração, agradecendo pelo alimento e clamando por gestores mais sensíveis às demandas do povo.

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acampados

Forçados pela justiça a desocupar o Palácio Paranaguá, sede do governo ilheense, manifestantes do movimento Reúne Ilhéus montaram acampamento em frente ao prédio. Eles pressionam o governo a determinar a redução da tarifa do transporte coletivo.

Na quarta-feira, 17, a juíza Carini Silva determinou a desocupação do palácio, sob pena de multa diária de R$ 2 mil. A Prefeitura alega ter solicitado informações sobre as planilhas de custos das empresas de ônibus e diz estar realizando licitação para contratar uma auditoria do serviço de transporte coletivo, a fim de verificar a possibilidade de redução da passagem.

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Um debate sobre os dez anos do PT no comando do país e os reflexos das recentes manifestações populares será realizado no próximo dia 18, a partir das 19 horas, no plenário da Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista. Propondo uma discussão sobre “os dez anos de governo pós-neoliberais, as manifestações e o futuro do Brasil”, o evento reunirá o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo; o secretário de Planejamento da Bahia, José Sérgio Gabrielli; e a deputada federal Alice Portugal (PCdoB).

A atividade é promovida em parceria pelo mandato do deputado estadual comunista Fabrício Falcão e a Fundação Marcelo Grabois e antecipa a programação do XIII Congresso do PCdoB e V Congresso do PT, que acontecem neste segundo semestre de 2013.

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Protesto com críticas à polícia nas manifestações de junho (Foto Marival Guedes/Pimenta).
Protesto com críticas à atuação da polícia nas manifestações de junho (Foto Marival Guedes/Pimenta).

Marival Guedes

O cortejo do 2 de Julho em Salvador, como já era esperado, repetiu muitas reivindicações dos atos realizados nos últimos dias na capital baiana. O prefeito ACM Neto, o governador Jaques Wagner e políticos como Geddel Vieira Lima foram vaiados pelos participantes do cortejo.

O ato desta terça teve intensa participação de movimentos sociais. A luta pela redução da tarifa de ônibus foi uma das principais bandeiras. Os jovens ganharam mais estímulo com as vitórias em São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.

Eles gritavam “Salvador vai se unir, a tarifa vai cair”, também entoado pelos demais participantes em alas próximas. Uma banda musical próxima tentava abafar a manifestação e logo foi chamada de “governista”. A polícia militar precisou intervir.

Também foi destaque um protesto contra o Fator Previdenciário, método criado em 1999, que mudou os cálculos para o pagamento da aposentadoria.

Na área de saúde, profissionais protestam contra o projeto de lei do Ato Médico, que segundo eles, caso este texto se torne lei, apenas os médicos apenas os médicos poderão diagnosticar doenças e prescrever tratamentos. O grupo diz que não é contra a regulamentação da medicina, mas que o ato não pode prejudicar outras áreas da saúde. Por isso, pedem o veto da presidente Dilma Rousseff ao projeto.

Teve ainda reivindicação para que o nome do aeroporto volte a ser Dois de Julho, agilidade para a conclusão da eterna obra do metrô, 10 por cento do PIB para a educação e reforma política com financiamento público de campanha. Já o Observatório da Cidadania exige “polícia cidadã e policiais cidadãos”. Confira, no vídeo abaixo, o Hino ao 2 de Julho.

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ricardo artigosRicardo Ribeiro | ricardo_rb10@hotmail.com

 

No momento histórico vivido pelo Brasil, os do poder estão assustados, dão respostas atabalhoadas, veem as reações equivocadas se traduzir em queda na aprovação popular, pois são os que mais têm a perder. Os que estão fora do poder gralham e gargalham, torcendo pelo pior cenário. São os que mais têm a ganhar.

 

Amanhã é 2 de Julho, data máxima do espírito cívico baiano, símbolo de luta e resistência de um povo que, apesar de injusta fama de passivo, teve que brigar para livrar-se das garras do colonizador. Um povo que também está nas ruas hoje, exigindo seus direitos, cobrando mais da política, exercendo plenamente sua cidadania.

O povo baiano, assim como o do restante do país, estabeleceu que a rua passa a ser definitivamente o seu espaço de manifestação. Um grito difuso que a casa grande ainda não entendeu, por não ser de sua praxe dialogar seriamente com a senzala e por ignorar que as demandas desta vão além de uma passagem de ônibus, benesses pontuais ou uma reforma política cosmética.

A passagem que o povo exige é para a plena dignidade que o ordenamento jurídico prevê, mas é negada pelo dia a dia nas filas dos postos de saúde, no atendimento precário dos hospitais, nas escolas sem estrutura onde pouco se aprende, nas cidades entupidas de carros, barulho e fumaça, mas sem espaços de lazer e esporte. Cidades não sustentáveis, asfixiadas, hipertensas, moribundas.

Amanhã, no 2 de Julho, como se comportarão os políticos? Desfilarão cínicos, como se nada tivesse acontecido? Passarão sóbrios e circunspectos, procurando demonstrar atenção e preocupação? Deverão ausentar-se das ruas, reconhecendo que o momento é de imersão reflexiva?

É preciso esperar para ver qual será a postura na data festiva. Porém, o mais importante é esperar para saber o que acontecerá de agora em diante. Há quem aposte na vitória do futebol como lenitivo das dores do povo; outros, certamente mais sensatos e responsáveis, creem que o caráter inédito, espontâneo e “epidêmico” das manifestações torna o esmorecer pouco provável. Há um reconhecimento geral de que não é mais possível à política continuar como uma ineficiente ilha de mordomias, esgotada em si mesma, ignorante dos anseios da sociedade.

No cortejo do 2 de Julho, os políticos têm uma rara oportunidade de andar na mesma direção. No momento histórico vivido pelo Brasil, os do poder estão assustados, dão respostas atabalhoadas, veem as reações equivocadas se traduzir em queda na aprovação popular, pois são os que mais têm a perder. Os que estão fora do poder gralham e gargalham, torcendo pelo pior cenário. São os que mais têm a ganhar.

Em meio a esses dois grupos, que o povo tenha sabedoria e mantenha o foco. Que compreenda a dimensão de seu poder quando exerce a cidadania que a Constituição lhe confere e não abra mão do direito de ser protagonista na busca de um futuro melhor.

Esse espírito iluminou os baianos a 2 de Julho de 1823. Que ilumine todos os brasileiros hoje, amanhã e sempre!

Ricardo Ribeiro é advogado.