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O MAR BRAVIO É O MEU RIO MULTIPLICADO

Ousarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br
Quando menino em Buerarema, eu não sabia o que era o mar. Aliás, nenhum de nós sabia. Orlandino, o mais velho da turma, gabava-se de já ter visto o mar, em Ilhéus, mas a gente não acreditava – ele, diziam os mais velhos, era mentiroso e fumador de maconha. Mas sabíamos, talvez do livro de Geografia de Gaspar de Freitas, que o mar era feito de água – a maior parte daquelas três quartas partes de que se formava o planeta, segundo a professora Aflaudísia. Na minha imaginação, multiplicado o rio Macuco, obtinha-se o mar bravio, sem tirar nem pôr… Mas eu queria mesmo era ver o bichão bem de perto, frente a frente, meu olho no olhão dele.

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O sono perdido entre o mar e a vizinha

1Serra do Jequitibá

Orlandino dissera que o mar era salgado, mas isso era mentira: pelos meus cálculos, todo o sal das vendas de Gringo e Zé Bazuza não daria para salgar o Poço da Pedra, quanto mais o marzão de Ilhéus. Eu andava com insônia (não só por culpa do mar, mas também de uma vizinha – e o nome dela eu não digo nem sob tortura). Da existência e tamanho desmesurado do mar eu já sabia, pois o vira, meio encoberto e misterioso, lá do alto da Serra do Jequitibá. Foi onde nasceu a árvore símbolo  de minha terra, que lhe dá poesia e proteção (o jequitibá primeiro morreu de velho, mas há um filho que lhe herdou a responsabilidade de guardião de Buerarema.
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Feiro do chocolate Paris 2010Quis ser um pássaro e voar até o oceano

Fizemos muito piquenique (o pastor Freitas preferia “convescote”) ao pé da árvore generosa, depois de caminhar da cidade à serra. De lá tínhamos uma mal definida vista de Ilhéus, com as águas de tanta insônia. Minha intenção nunca confessada era ser um pássaro, bater as asas na Serra do Jequitibá e voar, voar, voar toda a distância entre a serra e o oceano – Marcelo Ganem, menestrel da minha terra, disse isto em verso e música. Cheguei, em sonho desvairado, a pensar que, por magia só cabível em mente infantil, tal poderia acontecer. Mas não precisou. Certo dia, não sei a troco de quê (talvez devido à boa sorte, que sempre me segue)…
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Tonto de emoção, provei o mar salgado
… Fui dar com os costados em Ilhéus, fiquei frente a frente com o mar imenso, tendo, afinal, aquele despropósito de água ao alcance dos dedos. Lembro-me agora daquele menino Diego (de Eduardo Galeano, em O Livros dos abraços) que, trêmulo de emoção frente à grandeza do oceano, pediu ao pai: “Me ajuda a olhar”. Não digo que fiz o mesmo, porque sou um triste menino de verdade, não um inteligente ser de ficção. Apenas, emocionado, levei à boca um pouco daquela grandeza. Provei-o. Era salgado o mar, e muito. O gosto era minha única interrogação, pois o existir a Serra do Jequitibá já me confirmara. Foi bom saber que meu amigo Orlandino não mentia nem puxava. Quer dizer: só um pouquinho de cada coisa.
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SEM RIO OU SÃO PAULO, SÓ RESTA O NADA

5Antônio Jr.Ninguém é profeta em sua terra (equivale a santo de casa não faz milagre). Em matéria de arte, não se chega ao êxito se não romper as fronteiras do próprio quintal. Veja-se apenas na região cacaueira da Bahia: Adonias Filho, Jorge Amado, Hélio Pólvora, Marcos Santarrita, Telmo Padilha, Cyro de Mattos – todos que tiveram maior ou menor notoriedade foram buscá-la no Rio de Janeiro. É no Rio (e, nos últimos tempos, também num lugar chamado São Paulo) que as coisas acontecem; fora desse eixo, é o nada. Exemplos, em contrário (os que nunca saíram daqui): Ruy Póvoas, Jorge Araujo, Euclides Neto, Antônio Nahud Jr., Janete Badaró. Dirão que a música baiana, feita em Salvador, ganha o Brasil e o mundo – mas isto é exceção.

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Na Bahia, os caminhos são obstruídos

Afora minha humilde opinião de que ivetinhas, harmonias, claudinhas, chicletes e danielas ficariam melhor no anonimato, a exceção confirma a regra: Caymmi, João Gilberto, Gal, Gil, Nana, Caetano e Bethânia foram vencer no Rio (e João Ubaldo também, se falamos em literatura). A reflexão me vem a propósito de O desterro dos mortos (Via Litterarum), belo livro de Aleilton Fonseca. Contista excepcional, comparável aos grandes do Brasil, ele não ocupa o espaço nacional merecido – e eu atribuo isto ao fato de (nascido em Firmino Alves) morar em Salvador. Mesmo recebendo incentivadoras menções na Europa, notadamente na França, o autor ainda não foi “descoberto” pelo sul maravilha, o que lhe obstrui os caminhos.
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VÍDEO PROVA QUE O IMPOSSÍVEL ACONTECE

7Billie HolidayOs tenoristas Coleman Hawkins, Ben Webster e “Pres” Lester Young, mais Gerry Mulligan (sax barítono), Roy Eldridge (trompete), Milt Hinton (baixo) e a voz mágica de Billie Holiday juntos – seria um delírio difícil de imaginar até como delírio. Pois, creiam, o encontro aconteceu, em 1957, numa apresentação ao vivo, da qual destacamos Fine and mellow, uma composição da própria Billie. E ainda teve Mal Waldron (piano), Doc Cheatham (trompete), Vic Dickenson (trombone), Danny Barker (guitarra) e Osie Johnson (bateria). O vídeo nos dá, mais de meio século depois, a emoção desse momento raro do jazz (Billie morreria em 1959).
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“Pres”, o favorito de Billie Holiday

Ela canta os primeiros versos do tema, para a entrada de Webster e, em seguida, Lester Young. Billie, em close, tem os olhos brilhantes e segue o solo, balançando a cabeça, como em aprovação ao sopro suave de Young, seu saxofonista favorito – foi ela quem o apelidou de “Pres” (President). Após a segunda intervenção de Lady Day, vem o “choro” do trombone de Vic Dickenson e o som particularíssimo de Gerry Mulligan, o único branquelo do grupo. Mais Billie (“O amor vai fazer você beber e jogar” – Love will make you drink and gamble), para o solo do mestre Coleman Hawkins, meu saxofonista preferido, seguido de Roy Eldridge. Sublime.

(O.C.)

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Artista participou do evento em 2011

O músico Marcelo Ganem, de Buerarema, fará duas apresentações durante o Salon du Chocolat de Paris, evento que começa no próximo dia 31 e vai até o dia 4 de novembro. Será a segunda vez que o artista participa do evento.

Os shows acontecem nos dias 2 e 3, dando destaque às composições incluídas no álbum Amoroso Chocolate. Está prevista a presença do percursionista itabunense Cláudio Kron, que vive em Londres.

Ganem viaja à França a convite da Câmara Setorial do Cacau e do Instituto Cabruca.

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Marcelo Ganem, cantor sul-baiano e também conhecido pela causa ambiental, fez sucesso em sua passagem pela França, quando se apresentou no Salão do Chocolate, em Paris. Quem viu gostou e o artista foi convidado a se apresentar em três cidades europeias: Madri, Londres e novo show na capital francesa. Num clique, você acompanha um pouco do que fez o homem de Macuco em solo parisiense.

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O programa Aprovado que a Rede Bahia leva ao ar neste sábado, às 8 horas, será dedicado a uma cidade centenária. Sim, ela, Itabuna. Apresentado pelo ator Jackson Costa, o programa trará muita gente boa da terrinha ou que cresceu neste chão: Alba Cristina, Aldenor Garcia, Eva Lima, José Delmo, Marcelo Ganem e Ramon Vane, além da banda Manzuá.
O programa foi gravado em Itabuna há cerca de 15 dias e nele se destaca o poético e maltratado… Rio Cachoeira.  A banda Manzuá, informa a atriz Eva Lima, é a vencedora do V Festival Multiarte Firmino Rocha.
Da Redação: No final da noite de sexta, a Rede Bahia informou que o programa seria exibido somente no dia 7.

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O músico Marcelo Ganem e o escritor Antônio Lopes se juntaram para prestar uma bela homenagem a Itabuna. A música 100 anos de Itabuna tem letra do mestre Lopes e voz  e composição do homem da Serra do Jequitibá.
O músico, aliás, participa de bela homenagem à cidade no programa Aprovado, da Rede Bahia, que vai ao ar neste sábado (31). Além de Ganem, o poeta Ramon Vane participa do programa que tem apresentação do itabunense Jackson Costa. Ainda no vídeo, uma homenagem de Ganem no Canal Rural.

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Marcelo Ganem e a garotada da Clave de Sol, num intervalo dos ensaios (foto Ari Rodrigues)
Marcelo Ganem e a garotada da Clave de Sol, num intervalo dos ensaios (foto Ari Rodrigues)

As 15 canções do CD “Encantado” – a mais recente produção de Marcelo Ganem – serão conhecidas pelo público nesta sexta-feira (18), a partir das 20 horas, em um show no Centro de Cultura Adonias Filho.

A apresentação, de acordo com a Arteiros Associados, que divulga o trabalho do artista, contará com participações especiais do grupo Clave de Sol, músico Sérgio Ganem e dos bailarinos Aldenor Garcia e Lindamara Braga.

Compõem a banda de Marcelo Ganem Adilson Vieira (teclado e voz), Damião (bateria), Mirailson Silva (guitarra e voz), Conceição Sá (teclado e voz), Carlos Dórea (baixo e voz), Louro (percussão) e Solene Reis (backing vocal). A direção é de Gideon Rosa.

No dia 25, também a partir das 20 horas, Ganem se apresenta no Teatro Municipal de Ilhéus. Depois, segue em turnê por diversas capitais brasileiras.

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O primeiro show no qual Marcelo Ganem apresentará ao público as canções do seu mais recente CD vai acontecer no Centro de Cultura Adonias Filho, em Itabuna, a partir das 20 horas do dia 18 de setembro. “Encantado”, o título do trabalho, traz 15 músicas inéditas, compostas pelo próprio artista (algumas em parceria com poetas da região) e uma releitura de Serra da Boa Esperança, de Lamartine Babo.

Depois de Itabuna, Ganem  se apresenta no Teatro Municipal de Ilhéus, no dia 25, também a partir das 20 horas. Em seguida, o artista parte com o violão debaixo do braço para São Paulo, Salvador e palcos de outras capitais brasileiras.

Filho de Buerarema, Marcelo Ganem lançou seu primeiro disco em 1984, conquistando o público com o sucesso “Serra do Jequitibá”. Ele é considerado um artista refinado e cuidadoso, daqueles que não cedem aos apelos do mercado fonográfico. Em outras palavras, é um músico raro e que merece ser prestigiado.

Atualizado às 20h08min