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Domingas contou sua história de superação e sucesso em evento no CCAF (Foto Gabriel Oliveira).
Domingas, ao microfone, conta sua história de superação e sucesso (Foto Gabriel Oliveira).

Lorena Guimarães
Relatos de preconceito na roda de conversa “Mulheres Negras”, no Centro de Cultura Adonias Filho, ontem (19), emocionaram as pessoas que participaram da atividade. O evento reuniu testemunhos dos que conviveram e ainda convivem com o preconceito étnico-racial no dia-a-dia.
Um dos momentos mais marcantes da roda de conversa Mulheres Negras, ontem, no Centro de Cultura Adonias Filho, foi o relato da trajetória de vida da educadora, psicóloga e coordenadora do Movimento Negro Unificado, Maria Domingas Mateus de Jesus. Filha de agricultores, ela saiu da cidade de Ituberá, no Baixo Sul do Estado, e aqui conseguiu se firmar no mercado de trabalho. “Meu pai sobrevivia aqui em Itabuna da pesca no Rio Cachoeira. Muitas vezes o peixe por ele pescado era o único alimento na nossa mesa”, contou.
E acrescentou: “Certa vez, pai não tinha chegado da pescaria e minha mãe me disse: ‘você não vai à escola’. Mas fui, porque sabia que lá teria merenda. Neste dia, a professora que nunca se aproximou de mim, colocou-me de castigo, porque eu disse que a filha dela era metida. Isso sempre me marcou”, contou a educadora emocionada.
Maria Domingas ainda assiste a manifestações de preconceito como a que sofreu no condomínio onde mora. “No meu prédio, parece mentira, mas muitos ainda me olham desconfiados. Outro dia eu fui até a piscina com minha filha e uma moradora chegou a perguntar à síndica o que eu estava fazendo ali. Recebeu como resposta que eu era moradora e se calou”, relatou.
HOJE TEM CORTEJO A ZUMBI DOS PALMARES
Nesta quinta-feira, ao som de atabaques, chocalhos e outros instrumentos musicais afro-brasileiros e com indumentárias, o cortejo em homenagem a Zumbi dos Palmares, sairá às 17 horas do Jardim do Ó em direção ao monumento Berimbau, na Avenida Princesa Isabel, no Banco Raso.
Será o ponto culminante das festividades promovidas pelo Coletivo de Entidades Negras de Itabuna e do Comitê Gestor Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial no Dia da Consciência Negra para que seja lembrado um dos um dos líderes de nossa história desde o Brasil Colonial.