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Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

Se o juiz não conhece, experimente, pois vale a pena. A fruta é rica em fibras, portanto recomendada contra problemas intestinais.

Em 1962, quando Maria Olívia Rebouças Cavalcanti ganhou o primeiro lugar no concurso Miss Brasil, uma polêmica acirrou a rivalidade entre Itabuna e Ilhéus. Equivocadamente, o então deputado Demóstenes Berbert publicou nota parabenizando a vencedora e destacando o orgulho dos ilheenses em tê-la como conterrânea. Afirmou que Maria Olivia nascera em Rio do Braço, distrito de Ilhéus.

Segundo Adriana Dantas, no livro “Itabuna:História e Estórias”, a notícia caiu feito uma bomba e os itabunense reagiram de imediato. Uma comissão formada por Elza Cordier, Célia Vita, Simone Neto, Olga Oliva, Cremilda Lima, Célio Franco, Adelindo Kfoury e Paulo Lima foi pesquisar nos cartórios e conseguiu a certidão de nascimento da bela Maria Olívia, comprovando que a Miss era itabunense.

Não satisfeitos, os itabunenses, num ato de provocação, foram a Ilhéus e colaram cópias do registro nas paredes de várias casas. Itabuna vibrou quando a Miss Brasil desfilou em carro aberto pelas ruas da cidade e até as pessoas que não se interessavam pelo concurso festejaram. Para se ter uma ideia, foi algo semelhante a uma conquista da Copa do Mundo pela Seleção Brasileira.

Indiscutivelmente, um fato histórico. Nem o famoso mão-de-figa José Oduque Teixeira resistiu. Num momento de emoção, enfrentou a “cobra” que carrega no bolso e pagou faixas em homenagem à vencedora. Também ofereceu almoço a ela e para autoridades em sua residência.

Alguns ilheenses ficaram inconformados com a derrota. Eles pensavam que Maria Olivia desembarcaria em Ilhéus ( o avião aterrissou em Itabuna). Em protesto, foram até o aeroporto e espalharam cascas de jaca. Para completar, fincaram uma placa na pista com a inscrição: MISS PAPA-JACA.

Foi a reação dos papas-caranguejos.

50 ANOS DEPOIS

Meio século depois, o juiz Valdir Viana “xinga” o presidente da OAB itabunense, Andirlei Nascimento, de papa-jaca. Confesso que não entendi e assumo que tenho o privilégio de ser papa-jaca. Fruta tropical excelente e com a característica de oferecer duas opções: jaca mole (dos bagos moles) e dura.

Se o juiz não conhece, experimente, pois vale a pena. A fruta é rica em fibras, portanto recomendada contra problemas intestinais; tem vitaminas do complexo B, cálcio, ferro e fósforo. Os caroços cozidos em água e sal dão um bom tira-gosto.

Faço questão de dizer também que sou papa-caranguejo. De maio a agosto, período em que estão gordos, degusto este marisco semanalmente no Katikero (jabá gratuito) do casal Mari e Zequinha, em Itabuna.

Um adendo: o bom é trabalhar com respeito mútuo e comer jaca e caranguejo para não ficar estressado.

Marival Guedes é jornalista e escreve no PIMENTA às sextas-feiras.