Cerveja artesanal ganha mais espaço no Nordeste || Foto Divulgação
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Das bebidas mais consumidas no Brasil, a cerveja tem ganhado destaque com a variação artesanal. Na Bahia, o reflexo desse consumo foi registrado no Anuário da Cerveja, um estudo publicado anualmente pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que apontou o aumento de 68% no número de microcervejarias instaladas no período 2018 e 2019 (último ano do relatório), se destacando como o 9º estado com o maior número de empresas desse segmento no Brasil.

Na Bahia, já são mais de 25 cervejarias entre as que tem parque fabril e as ciganas, que produz em planta de terceiros. Seguindo o crescimento, o País alcançou, somente em 2019, a marca histórica de 1.209 cervejarias registradas em 26 Unidades da Federação, 320 novos estabelecimentos em relação ao ano anterior.

Apesar da maior concentração de cervejarias nos estados do Sul e Sudeste, alguns estados do Nordeste do país, como Rio Grande do Norte, Alagoas e Bahia, apresentam crescimentos notáveis. O relatório completo do Anuário da Cerveja pode ser conferido neste link.

O crescimento das microcervejarias e do consumo da ‘cerva’ artesanal chamou a atenção do Sebrae. A entidade está fomentando estratégias para a melhoria do ambiente de negócios, estabelecendo também parceria com outras instituições para garantir a sustentabilidade dos negócios.

“Este crescimento revela uma vocação nacional para a produção de bebidas artesanais e o Sebrae tem contribuído para o fortalecimento deste segmento por meio dos seus projetos de atendimento coletivo dedicado ao setor de indústria”, afirma Edicarlos Moreira, analista técnico da Coordenação de Indústria do Sebrae Bahia.

– Recentemente, um grupo de empresários proprietários de fábricas instaladas em solo baiano com o apoio do Sebrae, em parceria com o Cieb/Fieb, instituiu o primeiro Núcleo de Microcervejarias da Bahia (CervBahia) 0 diz  Uma organização similar a uma associação que vai representar o segmento em pleitos comuns ao ambiente de negócios que estão inseridos”, diz Moreira.

OS DESAFIOS DA PANDEMIA

Microcervejarias ganham espaço na Bahia || Foto Darío Neto/ASN-BA

Assim como em outros setores, o de bebidas também sofreu grande impacto da crise causada pela pandemia de Covid-19, fator que fez agravar a situação financeira e comercial destas empresas. Somado aos decretos estaduais vigentes que proíbe a comercialização de bebidas alcoólicas nos finais de semana, o fechamento de bares e restaurantes (principais clientes das cervejarias) representa hoje um grande desafio na gestão desses negócios.

“Assim como outros setores, as microcervejarias baianas lutam também para sobreviver. Depois de um período de grandes avanços, o segmento está ameaçado de retroceder com o encerramento das atividades de fábricas locais e alguns pontos especializados em venda de cerveja artesanal, além da proibição, lógica, de realização de eventos. É duro ver tudo isso morrer na praia. Precisamos, mais uma vez, unir esforços para reagirmos e sobrevivermos a essa crise, que vai passar, lamenta Isabela Casales, organizadora do Projeto Beba Local Bahia e sócia da Casulo Projetos.

ESTÍMULO ÀS VENDAS

Diante deste cenário, o Sebrae Bahia irá apoiar uma campanha realizada pelo projeto Beba Local Bahia, incentivando a compra de cervejas artesanais baianas para valorização do produto local. A campanha pretende alavancar as vendas das cervejarias participantes, aumentando também a visibilidade das marcas baianas frente a um público consumidor cada vez mais crescente.

A campanha “Cerveja artesanal da Bahia, compre essa ideia” busca estimular o consumidor a escolher cerveja artesanal produzida aqui na Bahia, para consumir em casa, assim ele apoia o comércio local, valorizando a economia interna e ajuda na manutenção dos pequenos negócios.

“Para manter viva a cena cervejeira local, o apoio do consumidor é de extrema importância em um momento de crise como esse. E nem precisa sair de casa para comprar. Enquanto não podemos ir aos bares e restaurantes favoritos, peça através do delivery. Veja lista e contatos das cervejarias baianas participantes por meio do perfil no Instagram do @bebalocalbahia”, complementa Casales.

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Neca, da Uesc, promove curso de criação de marcas e registro de cervejas
Neca, da Uesc, promove curso de criação de marcas e registro de cervejas

Encorajando ações empreendedoras e formação qualificada no setor de microcervejarias na Costa do Cacau, o Núcleo de Estudos sobre Cervejas Artesanais (Neca), da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), promove capacitação gratuita sobre criação, desenvolvimento e registro de marcas para cervejas artesanais. O curso será ministrado no próximo sábado (21), a partir das 8h, no Pavilhão Pedro Calmon. Inscrições antecipadas e gratuitas podem ser feitas pelo email neca@uesc.br

A capacitação é direcionada a todos os atores sociais envolvidos com a produção de cervejas artesanais. O curso possui metodologia 100% prática, abordando estratégias de posicionamento e design para construção de marcas para cervejas artesanais. Ainda serão apresentados os principais casos de sucesso e as etapas de registro no INPI.

Com duração de 4 horas, o curso será ministrado por Gustavo da Cruz, professor de Marketing e Transferência de Tecnologia do Departamento de Administração da Uesc em conjunto com Lais Viana, advogada e ex-integrante do Núcleo de Inovação e Tecnologia (NIT) da universidade.

Segundo o professor Gustavo, o curso tem como objetivo gerar reflexões e estímulos nos produtores de cervejas artesanais para a construção de marcas fortes e protegidas por meio da geração de vantagens competitivas para as microcervejarias da região.

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Marcelo O. Honda, Franco D.R. Amado, Ana Paula Uetanabaro, Mauro de Paula Moreira, Antônio Fabio Reis Figueiredo, Gustavo da Cruz e Zolacir T.O. Junior || Foto Julia Barreto
Os fundadores do Neca: Marcelo Honda, Franco Amado, Ana Paula Uetanabaro, Mauro Moreira, Antônio Fabio Figueiredo, Gustavo da Cruz e Zolacir Junior || Foto Júlia Barreto

Pesquisadores da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), em Ilhéus, criaram núcleo para promover atividades de pesquisa, extensão e ensino exclusivas na área de cervejas artesanais. Segundo os idealizadores, o objetivo do Núcleo de Estudos sobre Cervejas Artesanais (Neca) é fomentar a inovação, competitividade e desenvolvimento regional dos pequenos produtores e gestores de microcervejarias que atuam em um mercado que deverá crescer 15% ao ano.

Constituído por um grupo multidisciplinar de pesquisadores, o Neca é parte de ação do programa acadêmico da Uesc. A universidade já conta com uma planta piloto de microcervejaria, inaugurada em julho do ano passado. O Neca é, conforme os idealizadores, o primeiro núcleo do Nordeste e o terceiro do Brasil que atua exclusivamente na área de cervejas artesanais.

NO VINHO, A INSPIRAÇÃO

Segundo o professor Zolacir Junior, coordenador do Neca, a ideia de criar o núcleo surgiu inspirada nas experiências do Instituto Federal de Bento Gonçalves, que tem o primeiro curso de Enologia do país, e na Embrapa, que desenvolve pesquisa na área de vitivinicultura. No município gaúcho, produtores locais, gestores de vinícolas, agentes políticos e pesquisadores universitários atuam integrados na cadeia produtiva de vinhos em busca de inovação, competitividade e desenvolvimento regional.

De acordo com Zolacir, o Neca promoverá atividades de pesquisa, extensão e ensino dirigidos prioritariamente para pequenos produtores, gestores de microcervejarias e demais empresas que atuam no setor de cervejaria, além de instituições públicas e do terceiro setor.

O professor e coordenador do Neca cita que o movimento de produção de cervejas artesanais no Brasil iniciou-se na década de 90. Elas possuem características regionais, justamente por serem produzidas em menor escala, sendo exclusivas e diferenciadas em texturas, aromas e sabores.

MERCADO

Enquanto na Europa e na América do Norte as cervejas artesanais detêm de 13% a 20% de mercado, no Brasil ela cresce, mas ainda representa 3%, segundo Zolacir. “E vem apresentando um crescimento de 15% ao ano”, acrescenta.

A partir do Neca, observa o professor, os pesquisadores pretendem atuar na inovação e no desenvolvimento de soluções para o setor. A ideia é “tornar o núcleo um centro de excelência acadêmica em cervejas artesanais no Brasil e sendo capaz de dar também respostas a questões ambientais, econômicas e tecnológicas no âmbito deste crescente mercado”. Informações sobre o Neca podem ser obtidas por email (neca@uesc.br) ou telefone (73-3680-5275).