Tempo de leitura: 2 minutos
Navio levará seis mil toneladas de cacau sul-baiano para a Holanda (Foto Pimenta).
Navio levará seis mil toneladas de cacau sul-baiano para a Holanda (Foto Pimenta).

A carga é histórica e carregada de simbolismo. Após 20 anos, o sul da Bahia volta a exportar cacau. As seis mil toneladas do produto começaram a ser embarcadas, no Porto Internacional do Malhado, em Ilhéus, na manhã desta quarta-feira (27).

O carregamento deverá ser concluído no próximo final de semana, entre sábado (31) e domingo (1), quando o Navio Achtergracht, de bandeira holandesa, zarpa em direção a Amsterdã.

A operação será marcada, também, pelo ineditismo, de acordo com fontes da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba). O cacau será exportado a granel. Isso para ganhar tempo, evitando um reenvase por causa da falta de padronização das sacas. A exportação será feita pela Cargill, que tem parque moageiro em Ilhéus, e enviará a carga para a sua unidade naquele país europeu.

AUTOESTIMA

A operação levanta a autoestima do produtor em um período de alta na produção e na cotação do cacau nas bolsas internacionais – e com a arroba sendo comercializada, em média, a R$ 140,00 no eixo Ilhéus-Itabuna.

O produtor e presidente do Sindicato Rural de Ilhéus, Milton Andrade, ressalta pontos positivos e negativos da operação. Para ele, a exportação é um reconhecimento da qualidade do produto brasileiro e aponta, ao mesmo tempo, que há excedente no mercado. Caso as operações de exportação sejam contínuas, os reflexos serão ainda mais positivos para a região, na análise de Milton.

DESÁGIO

Milton enxerga como ponto negativo o deságio de, aproximadamente, 1,4 mil dólares por tonelada paga pela Cargill. O deságio faz com que deixem de ser movimentados em torno de R$ 576 milhões na Bahia e mais de R$ 1 bilhão em todo o país, quando computadas as produções do Pará, Amazonas, Rondônia e Espírito Santo.

Homens em operação de embarque de carga de cacau no porto ilheense (Foto Pimenta).
Homens em operação de embarque de carga de cacau no porto ilheense (Foto Pimenta).

Hoje, de acordo com estimativas do mercado, há excedente de, pelo menos, 60 mil toneladas de cacau no país, em parte como reflexo do excesso de importação no ano passado, quando as indústrias moageiras trouxeram 40 mil toneladas do produto no mercado africano.

Apesar da arroba do cacau atingir um dos melhores preços dos últimos anos, os cálculos de Milton apontam para um deságio de R$ 50,00 por arroba pago pela indústria ao produtor sul-baiano. “O preço justo da arroba do cacau, hoje, seria R$ 190,00”, diz em entrevista ao PIMENTA. A íntegra poderá ser conferida nesta semana.