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Mariana FerreiraMariana Ferreira | mariana.sferreira90@gmail.com
 

O que parecia um fenômeno imbatível e impositivo da vida foi passo a passo minado por ações agressivas e muitas vezes contestadas, rotuladas como assistencialistas e eleitoreiras. Mas, assim como a fome é criação do ser humano, a segurança alimentar também o é.

 
Em meio a tantos e exaustivos embates dessa campanha eleitoral, vi na página do Facebook da Dilma que a Globo a mandou retirar um vídeo por não ter autorização de uso. Sem necessidade aqui de julgar sobre a relação Globo x Dilma – já há tantas declarações e percepções sobre isso –, fui ver o vídeo. Enfim, fala de uma reportagem sobre o retrato da fome no Brasil que repercutiu no mundo e ganhou vários prêmios. O conteúdo é forte, mostra o Brasil do ano 2001.
No vídeo é possível ver como há tão pouco tempo a vida era tão difícil e em muitos casos insuportável para as pessoas do grupo de baixa renda. Não pela violência, não por acidentes, mas pela fome. Sem fazer apologia a Lula e Dilma, que é a minha candidata, é verificável que é realmente impressionante o ritmo acelerado de evolução em relação à fome e à miséria no país.
Àquela época, que não está tão distante assim, a reportagem da Globo versou que “proeza era criança viva, e bebê recém enterrado era acontecimento banal”. Revelou ainda que “no Brasil, a cada 5 minutos morria uma criança, a maioria de doenças da fome”. Um médico sanitarista foi entrevistado e ele informou que, de acordo com o Unicef, morriam cerca de 290 crianças por dia nessas condições, o que correspondia, também segundo o órgão, a dois boeings 737 de crianças mortas por dia.
É incrível ver como o que parecia impossível há tão pouco tempo, e tão discutido por Milton Santos, geógrafo que no mesmo ano gravou um documentário sobre o assunto (meses antes de sua morte), desmanchou-se no ar, como quem apenas esperava alguém para intervir. E foi assim que comer mostrou-se ser, além do óbvio, um ato político.
O que parecia um fenômeno imbatível e impositivo da vida foi passo a passo minado por ações agressivas e muitas vezes contestadas, rotuladas como assistencialistas e eleitoreiras. Mas, assim como a fome é criação do ser humano, a segurança alimentar também o é. Santos, um mestre de fato e de direito, ficaria orgulhoso ao saber que, hoje, o seu Brasil deu exemplo mundial e foi honrosamente retirado do Mapa da Fome da ONU. Um feito para encher os brasileiros de orgulho.
Segue o link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=-A9zEQ1-ODQ#t=166
Mariana Ferreira é comunicóloga.