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Marco Wense

 

Fico a imaginar a imagem do Brasil lá fora, lá nos estrangeiros, como diz o povão de Deus. Dois ex-presidentes presos, troca de acusações entre os Poderes da República, declarações desastrosas de gente do primeiro escalão do governo Bolsonaro e o cotidiano noticiário da corrupção.

 

 

A primeira preocupação com a prisão de Michel Temer foi em relação ao trâmite da reforma Previdenciária nas duas Casas do Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados e Senado da República.

Se o MDB, legenda do presidiário Temer, iria causar problemas ao governo Bolsonaro como forma de vingar do calabouço a que será submetido o ex-presidente. Se os parlamentares do emedebismo, mais especificamente os temistas, ficariam rebeldes e incontroláveis.

Mas logo perceberam que o MDB não era o ponto principal no tocante às reformas que o governo Bolsonaro pretende aprovar no Parlamento, cuja tradição é a política do toma lá, dá cá.

Quem passou a assumir a preocupação maior foi o também preso Moreira Franco, ex-governador do Rio de Janeiro e político influente da era temista no Palácio do Planalto.

E agora? É a pergunta entre os senhores parlamentares, se referindo ao fato de que Moreira Franco é sogro de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, que tem a prerrogativa regimental de pautar os projetos.

Outro detalhe é que o PT, pelo menos até ontem, foi a única legenda que condenou o ato da Polícia Federal, obviamente com o aval de Sérgio Moro, ministro da Justiça e da Segurança Pública. O PT emitiu uma nota se posicionando contra a prisão de Michel Temer. Só faltou a palavra solidariedade.

Teremos o “Lula Livre” e o “Temer Livre” disputando quem vai ser solto primeiro, se a maior liderança do petismo ou o articulador-mor do impeachment de Dilma Rousseff.

A prisão de Temer joga um balde de água fria no discurso de que a Justiça está perseguindo Lula. Só falta a prisão de Aécio Neves para que a água fique mais gelada. O ex-presidenciável tucano parece imune diante dos rigores da lei, do “dura lex, sed lex”.

Fico a imaginar a imagem do Brasil lá fora, lá nos estrangeiros, como diz o povão de Deus. Dois ex-presidentes presos, troca de acusações entre os Poderes da República, declarações desastrosas de gente do primeiro escalão do governo Bolsonaro e o cotidiano noticiário da corrupção.

Pois é. Eles, os políticos, os com “p” minúsculo, simulacros de homens públicos, contam com a sorte de ter um povo pacífico e acomodado, sem vontade de “arrancar” suas orelhas.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Marco Wense
 
 

A estrondosa rejeição de Temer, detectada nas pesquisas como a maior da história da República, vai contaminar a campanha do tucano. Se a verdade pegar, que o candidato de Temer é Alckmin, o tucano vai ter muitas dificuldades para passar de dois dígitos nas pesquisas de intenção de votos.

 
Um final de novela previsível: o centrão, formado pelo DEM, PR, PP, SD e o PRB, vai apoiar   o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), que passa agora a ser o candidato de Michel Temer e do seu governo.
É esse ponto que deve ser explorado pelos adversários do continuísmo. Aliás, a torcida no “blocão” é pela manutenção da candidatura de Henrique Meirelles pelo MDB, o que serviria para disfarçar o apoio do presidente Temer e da sua turma ao ex-governador de São Paulo.
A notícia de que o centrão (ou blocão) vai ficar com Alckmin foi efusivamente comemorada no Palácio do Planalto. Aos partidos de esquerda e centro esquerda, cabe a responsabilidade de uma urgente reflexão para se chegar a um consenso em torno da imprescindível união, sob pena de um segundo turno sendo disputado entre dois nomes que representam o campo ideológico inverso.
PT, PDT, PSB e o PCdoB precisam sentar na mesma mesa e buscar um consenso em torno do melhor caminho que devem percorrer. Se Ciro Gomes errou em procurar o centrão (ou blocão), o PT, PSB e o PCdoB também cometeram seus erros, principalmente o PT quando fez de tudo para isolar Ciro na corrida presidencial. Resta agora  a busca urgente por um diálogo. O que passou, passou.
Problema maior é o que já começa a atormentar Alckmin: o tucano é o candidato do presidente Michel Temer e do MDB de Eduardo Cunha, Cabral, Geddel, Moreira Franco, Romero Jucá, Eliseu Padilha e companhia Ltda.
A estrondosa rejeição de Temer, detectada nas pesquisas como a maior da história da República, vai contaminar a campanha do tucano. Se a verdade pegar, que o candidato de Temer é Alckmin, o tucano vai ter muitas dificuldades para passar de dois dígitos nas pesquisas de intenção de votos.
Finalizo dizendo que é bom que as coisas comecem a ficar transparentes, com a definição de quem é quem, o que querem e de que lado estão.
Marco Wense é articulista político.

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marco wense1Marco Wense

O princípio constitucional que mais simboliza o estado democrático de direito, é o que diz “que todos são iguais perante a lei”. Do contrário, é farsa, simulacro de democracia.

 

Não tenho a menor dúvida de que a impunidade é a grande responsável por todo esse lamaçal que toma conta do país.

Essa MP editada pelo presidente Temer que mantém Moreira Franco como ministro e com foro privilegiado é a prova inconteste de que o monstrengo está vivíssimo.

Aliás, a impunidade é a grande inimiga do cidadão comum. É preconceituosa com os pobres e com quem não tem prestígio.

Pois é. O senhor Moreira Franco, ex-governador do Rio de Janeiro, é investigado em dois inquéritos autorizados pelo STF, sendo que um deles no âmbito da Operação Lava Jato.

O senhor Moreira Franco foi citado mais de 30 vezes nas delações dos diretores da Odebrecht e é investigado na chamada “Farra das Passagens”.

Enquanto isso, as penitenciárias estão abarrotadas de “ladrões de galinhas”, sem falar nos presos que já deveriam estar soltos.

O princípio constitucional que mais simboliza o estado democrático de direito, é o que diz “que todos são iguais perante a lei”. Do contrário, é farsa, simulacro de democracia.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia e editor d´O Busílis.

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marcowenseMarco Wense, d´O Busílis

 

Pobre país que tem um presidente da República sendo encurralado por um Eduardo Cunha da vida.

Já disse aqui que Eduardo Cunha não pretende ser um José Dirceu e se transformar em “herói” do PMDB como o petista é para o PT.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, um dos protagonistas do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, já mandou vários recados ameaçando uma delação premiada.

A última advertência foi em forma de anedota contada aos agentes penitenciários do Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

“Era uma vez cinco irmãos. Um virou presidente, três viraram ministros e um foi preso”, disse Cunha.

O que virou presidente é Michel Temer, o preso é o próprio Eduardo Cunha e os ministros são Eliseu Padilha, Moreira Franco e Romero Jucá.

Pois é. A próxima bravata, na iminência de acontecer, pode ser através de uma musiquinha, quem sabe até em ritmo de São João.

Pobre país que tem um presidente da República sendo encurralado por um Eduardo Cunha da vida.

Marco Wense é editor do site O Busílis.

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Marco Wense

O pronunciamento de Temer, com a nítida preocupação de não atingir os seus homens de confiança, é a prova inconteste de que o presidente está refém da banda podre da política, de que quem deve, teme.

Fazendo de conta que a corrupção fala, ouve e tem seus sentimentos, uma pergunta é pertinente: O que a velha conhecida do povo brasileiro diria sobre a mensagem de fim de ano do presidente Michel Temer?

Pois é. Deixaram a coitadinha de lado, como se não existisse. Ela, que é tão assídua nos noticiários, tão comentada, muitas vezes manchetes nos jornais, é menosprezada pelo mandatário-mor do país.

A corrupção, no entanto, tem que entender que Temer não poderia falar dela tendo auxiliares bem próximos citados pela Lava Jato, como Moreira Franco, Eliseu Padilha e Romero Jucá. Sem falar nos coadjuvantes, nos beltranos, fulanos e sicranos.

O ex-vice de Dilma Rousseff procurou o caminho da conveniência. Fugiu do constrangimento de ter que cobrar a dureza da lei, o que atingiria Rodrigo Maia (DEM) e Renan Calheiros (PMDB), respectivamente chefes da Câmara dos Deputados e do Senado da República.

O pronunciamento de Temer, com a nítida preocupação de não atingir os seus homens de confiança, é a prova inconteste de que o presidente está refém da banda podre da política, de que quem deve, teme.

Concluo dizendo que a corrupção deveria estar grata com as palavras do presidente. Pior é se Temer dissesse que iria combatê-la implacavelmente, sem dó e piedade.

A corrupção brasileira, além de adorar os holofotes, é masoquista.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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marivalguedesMarival Guedes | marivalguedes@gmail.com

Para fraudar, a Proconsult computaria os votos brancos e nulos em favor de Moreira Franco (PDS). A Rede Globo preparava o espírito da população. Havia o argumento de que eleitores de Brizola errariam os votos.

Há 11 anos morreu o ex-governador do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, Leonel Brizola (22-01-1922- 21-06-2004). Exilado pelos golpistas militares em 1964, retornou ao Brasil em 1979 e se candidatou a governador do RJ em 82.

O TRE do Rio contratou a Proconsult, empresa dirigida por ex-integrantes do Serviço Nacional de Informações-SNI, para fazer a apuração. O voto era na cédula e a contagem no mapa, mas a totalização era informatizada.

O eleitor escolhia candidatos a governador, senador, deputado federal, estadual, prefeito e vereador. Com um detalhe, os votos tinham que ser em todos os candidatos de um mesmo partido, voto vinculado.

Para fraudar, a Proconsult computaria os votos brancos e nulos em favor de Moreira Franco (PDS). A Rede Globo preparava o espírito da população. Havia o argumento de que eleitores de Brizola errariam os votos.

O PDT montou um esquema de apuração paralela. A Rádio Jornal do Brasil também. Parecia que havia duas eleições, em função da disparidade dos números anunciados pela Proconsult/ Rede Globo e JB.

No terceiro dia de apuração Miro Teixeira, que também estava na disputa, reconheceu a derrota. Procurado por um advogado do PDT, concordou em enviar telegrama cumprimentando Brizola pela vitória.

No dia 19 com o telegrama em mãos, Brizola concedeu entrevista principalmente para jornalistas estrangeiros afirmando que “só a fraude nos tira a eleição”.

A Globo recuou e solicitou entrevista com o candidato do PDT, que só aceitou falar ao vivo. Depois de muita confusão, Leonel de Moura Brizola foi proclamado governador eleito do Rio de Janeiro.

Outra fraude histórica foi na Bahia, em 1994, na disputa pelo senado. Havia duas vagas e disputavam Antônio Carlos Magalhães, Waldir Pires e Waldeck Ornellas. As pesquisas, às vésperas das eleições, davam como certas as vitórias de ACM e Waldir.

Mas os votos brancos e nulos foram computados para Ornelas, havendo urnas em que ele teve mais votos que ACM. Waldir Pires pediu recontagem, mas o TRE negou.

Além das fraudes, existe também a compra dos votos, a pressão. Numa das formas, o eleitor fingia que depositava a cédula na urna e entregava ao chefe político.

Surgiu até piada sobre esta modalidade. O peão retorna para a fazenda, entrega a cédula para o chefe. No final do dia pergunta: “coroné, eu votei em quem?”. O patrão responde com firmeza: “você sabe que o voto é secreto, rapaz”.

Marival Guedes é jornalista e escreve crônicas semanais no Pimenta.