Leonardo Léo foi vítima de infarto || Reprodução/Instagram
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O músico Leonardo Silva de Jesus, 49, faleceu no Alto da Conquista, em Ilhéus, na noite desta quinta-feira (27), vítima de infarto. Muito querido na cidade, Leonardo Léo, como era conhecido, era motorista do município desde 2008, lotado na Secretaria de Saúde.

Irmão do publicitário e ex-secretário de Comunicação Hélio Ricardo, Léo deixa três filhos, três netos e uma legião de fãs e amigos. “Eu não consigo acreditar. Te vi em muitas fases da vida, dentro e fora da minha família. Eu tava falando de você nestante! Não pode ser, não”, escreveu o DJ Breno Riberio, amigo de Léo, em uma rede social.

O corpo de Léo é velado no SAF da Conquista. O sepultamento será no Reviver Cemitério Parque, nesta sexta-feira (28), às 16h. Atualizado às 10h57min.

Nego Freeza: mutimba é a celebração antes da luta || Fotos Silla Cadengue
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O MC Nego Freeza, d’OQuadro, acaba de lançar Mutimba, música em parceria com o DJ e produtor Fabiano K’boko, recifense radicado na Alemanha. Nesta conversa com o PIMENTA, Freeza fala do novo som e da relação que estabeleceu com a cultura do Recife, onde o artista de Ipiaú, no sul da Bahia, vive há sete anos.

A palavra mutimba, segundo Freeza, remete a uma manifestação moçambicana do período da revolução anticolonial (1964-1974), que encerrou quatro séculos de colonização portuguesa em Moçambique. “K’boko já tinha o beat e uma pesquisa sobre isso. Mutimba era a dança que os guerrilheiros faziam antes das batalhas, na época da luta pela independência de Moçambique”. Ao invés do aspecto bélico, a música enfatiza a celebração, conta o MC.

Na capital pernambucana, Freeza encontrou na discotecagem uma forma de se manter no universo da música. Desde 2018, é um dos DJs residentes da festa Estrela Negra, ao lado de Patrick Torquato, baiano de Paulo Afonso. A vida no Recife também o apresentou a outros modos de ser preto, diz o músico. “Perceber esse jeito peculiar de ser preto pernambucano é muito importante pra mim. É um outro jeito de olhar para a cultura que vem de África. É a diáspora com seu jeito próprio de se manifestar em Pernambuco”.

INDÚSTRIA CULTURAL E CULTURA POPULAR

Freeza: “a gente faz o caminho, mas é o orixá que dá linha”

Como essas particularidades se manifestam? “Por exemplo, nas religiões de matriz africana. Por mais que existam elementos parecidos, você percebe a diferença da Bahia. E tem a cultura popular. Pernambuco conseguiu manter a cultura nas ruas”, diz Freeza, tecendo crítica ao que chama de indústria do axé music. Segundo ele, a monocultura do axé, patrocinada por uma visão enviesada de política cultural, foi um rolo compressor sobre as manifestações populares da Bahia, inclusive no interior do estado.

– A gente tinha um Governo que só investia nesse gênero, e vários elementos da cultura popular foram se perdendo, porque não havia manutenção disso por parte dos administradores do Estado. Aqui em Pernambuco, percebo que há uma coisa da cultura popular que você olha e fala: porra! Isso é África. Sabe? As cores, o toque, o maracatu, caboclinho e o cavalo marinho têm muito de África. Para mim, estar aqui, vendo isso de perto e entendendo como funciona, é algo que agradeço ao orixá. Nada na vida é em vão. A gente faz os caminhos, mas é o orixá que dá linha -.

Outro elemento distintivo da cultura popular no Recife é a presença da poesia nas ruas, avalia Nego Freeza, relatando os encontros com o poeta Miró da Muribeca, ícone da arte urbana recifense falecido em julho de 2022, aos 61 anos. “No Mercado da Boa Vista, tive a oportunidade de conversar várias vezes com o saudoso poeta Miró, de ver o lançamento das poesias dele pra todo mundo. Você percebe que é algo da cultura local, não foi implantado ali, é natural”.

As andanças em Pernambuco também levaram o MC a experimentar outras facetas como artista. Na série Lama dos Dias, ele interpreta um DJ. A história tem como pano de fundo o início dos anos 1990 e, ainda que de forma indireta, retrata o caldo de cultura que daria origem ao Manguebit, diz Freeza, que também participou do documentário Filho de Todos os Santos. Mas, essa é outra história.

Confira, abaixo, o videoclipe de Mutimba.

Laiô: "amar uma mulher é um ato político" || Foto André Medina
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Está tudo pronto para o lançamento de Já chego, nova música da cantora e compositora ilheense Laiô. O single estará disponível em todas as plataformas digitais a partir desta sexta-feira (21). Feita em parceria com o produtor musical Lukas Horus, conterrâneo da artista, a composição conta a história do amor vivido por duas mulheres pretas.

É a própria compositora quem fala da inspiração da música. “A aceitação do amor como cura ancestral e a liberdade de amar em diversidade fazem parte da descolonização deste sentimento, que, durante muito tempo, foi negado aos nossos corpos”, inicia Laiô, acrescentando que o videoclipe de Já chego também será lançado nesta sexta.

Capa do single “Já Chego”

Há 18 anos na estrada, a ilheense lançou o EP MiMiMi (2015) e os singles Primavera (2017), A Chave (parceria com Pedro Pondé, em 2020) e Alerta (2020), além do álbum homônimo de 2022. Ela avalia que a nova música reafirma o caráter político de sua obra, sem perder leveza no estilo.

– [Já chego] é um afrobeat com balanço, letra leve, que fala de amor, saudade e desejo. É pra dançar, se divertir, mas sobretudo, para ressaltar que o amor também é pra nós e que amar uma mulher já é, por si só, um ato político poderoso – resume Laiô.

Para receber a notificação do lançamento assim que a música estiver nas redes, clique neste link e escolha a plataforma digital.

Capa do EP "Durante este tempo", feita por Tiago Paim
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O cantor e compositor Diego Schaun lançou, nesta sexta-feira (14), Durante Este Tempo, segundo EP autoral do artista grapiúna. As quatro músicas já podem ser ouvidas em todas as plataformas digitais (confira aqui).

Diego conta que aproveitou o recolhimento da pandemia para terminar a composição de músicas engavetadas. “Uma canção inacabada é muito pior do que uma esquecida”, diz o músico nascido em Itabuna e criado em Camacan. Hoje residindo em Ilhéus, ele avalia que músicas refletiram a mudança de cidade.

O álbum foi gravado e mixado pelo produtor Charles Williams. A foto e a edição da capa do novo EP foram assinadas por Tiago Paim, parceiro de longa data do músico. A capa foi inspirada nos discos da década de 1970, como os de Caetano Veloso. A concepção foge das fotos de rosto, que estavam nos últimos singles, sai dos tons mais escuros, do preto e branco, opta pelo vermelho e diz exatamente o que se ouve no EP: o artista com voz e violão.

Graduado em História, Diego Schaun foi professor da disciplina por 9 anos. Hoje, dedica-se só à música, numa rotina intensa de apresentações. Traz na bagagem a experiência no I Festival de Música da Rádio Uesc, de 2017, quando levou o terceiro lugar, no Festival Nacional da Canção 2022, com três músicas selecionadas, chegando à semifinal. Desde o primeiro álbum, Carpe Diem (2010), apresentou-se em emissoras de televisão, foi o artista mais votado na disputa do prêmio TNB Toque no Beco 203, que lhe rendeu um show no Beco 203, casa tradicional da noite paulistana.

Ouvinte atento e autodeclarado artista folk, Diego afirma que suas influências musicais vão de Humberto Gessinger, Nick Drake, Elliott Smith, The Decemberists, Bryan Adams e The Beatles a Alceu Valença e outros grandes nomes da música popular brasileira.

AS CANÇÕES DO EP, SEGUNDO O COMPOSITOR

Diego Schaun descreve inspiração de músicas || Foto Tiago Paim

O próprio Diego Schaun escreveu sobre o processo de criação e os significados que atribui às quatro canções de Durante Este Tempo. Leia.

Pra Fora – Esta canção é a mais recente entre as quatro do disco. Criei a melodia inteira e a deixei no celular. Não tinha ainda uma letra. Na quarentena, quando comecei a esboçar a ideia de um disco/ep, listei todas as possíveis canções que queria e achei que estava faltando aquela, do celular. Mas ela não tinha letra. Ora, pra ser antagônico com a canção “Pra dentro”, resolvi escrever uma letra oposta. Gosto destas dualidades e gosto de causar no ouvinte aquela dúvida: “Ué, ele falou isso na música e agora está dizendo ao contrário; o que ele quer dizer afinal?”. Assim surgiu a letra de “Pra fora”. Nesta música trato sobre a importância em falar as coisas que sente, mesmo que seja sozinho de frente para o espelho. Quando se é verdadeiro consigo mesmo, a tendência de ser com os outros é maior. Mesmo que seja dolorido, a cicatriz será uma boa lembrança do rancor que deixou de existir.

Pra Dentro – Esta é a canção mais antiga do EP. Comecei a escrevê-la em 2017. Mas ela ficou pela metade. Era aquele tipo de canção que você sabe que tem futuro, mas precisa maturar. Durante a quarentena terminei rapidamente as estrofes que faltavam. Nela trato exatamente o oposto da canção Pra fora. O eu lírico, como se estivesse falando com alguém, repete insistentemente para que esta pessoa o deixe em paz, que não lhe conte seus problemas, porque, afinal, somos todos iguais e ele pode até atrapalhar, já que nem sabe lidar com suas próprias dores.

Pipa – Esta deve ser a música de trabalho e tinha um refrão diferente do atual. Era uma canção que falava de uma história de amor, mas de amor a si mesmo. Depois de um tempo, já em preparação para o EP, percebi que não fazia muito sentido falar dessa forma tão egocêntrica. Quem se interessaria? Fiz alterações importantes na letra, colocando o amor como algo genuíno e puro. Associei a pipa à pessoa amada. Quando se ama, solta-se a linha e deixa-se a pipa ir com o vento. Amar de longe é amar demais (de forma demasiada mesmo). Quem ama de verdade, inclusive, deixa ir.

Hálito de Pétalas – Também é uma canção antiga. Surgiu em meados de 2017/2018, quando, certa feita, assisti a um vídeo de uma pessoa comendo uma flor. A cena não saía da minha cabeça por semanas. Poeticamente, imaginei uma pessoa mastigando uma flor para se apossar do aroma que esta exalava. Numa forma pueril até, sondei o tal hálito de pétalas. A cena é talvez bizarra. Por isso inicio a canção já me justificando: “deixa pra lá, não leve a mal, não tô ficando louco”. Deixei esta canção para o final para dar um ar de leveza, já que as três anteriores são brigas de dândis, chavões sobre amor ágape e reflexões mais sérias.

Nascida em Ibirataia, no sul da Bahia, cantora fez sucesso nacional || Foto Redes Sociais
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Nascida em Ibirataia, no sul da Bahia, e uma das fundadoras e integrante do Quarteto em Cy, a cantora Cinara de Sá Leite Faria, que recebeu o nome artístico Cynara, faleceu nesta terça-feira (11), no Rio de Janeiro, onde fez muito sucesso na década de 60. Internada no Hospital Prontocor, na Tijuca, Zona Norte, a artista morreu de insuficiência respiratória, aos 78 anos.

Quarteto do sul da Bahia para os palcos do Rio de Janeiro || Foto Marcelo Castello Branco

Cynara estava hospitalizada desde a semana passada, quando quebrou o fêmur e passou por uma cirurgia. Mas o quadro de saúde agravou-se por causa de uma pneumonia que contraiu durante a recuperação. “É com muito pesar que informamos que Cynara, integrante e fundadora do Quarteto em Cy, nos deixou hoje, dia 11/4/23, terça-feira, pela manhã”, diz um trecho da nota emitida pelo grupo musical nas redes sociais.

Acrescenta ainda que “foi uma jornada musical incrível, muitos projetos, principalmente, pela família, que foi algo sagrado pra ela. Cynara deixa três filhos, João, Irene e Francisco, quatro netos (Alice, Chiquinho, Tom e Vinícius) e duas irmãs em Cy (Cyva e Cilene). Muito obrigado pelo carinho”, afirma a nota.

Juntamente com as irmãs Cyva, Cylene e Cybele, também nascidas no sul da Bahia, a cantora Cynara fundou o Quarteto em Cy, em 1964. As meninas ficaram conhecidas como lendárias baianas. Elas fizeram muito sucesso interpretando canções próprias e de nomes como Tom Jobim, Chico Buarque de Holanda e Vinicius de Moraes.

Em 1968, com a irmã Cybele, interpretou a canção Sabiá, de Tom Jobim, Chico Buarque, no Festival Internacional da Canção de 1968, no Rio de Janeiro. No sul da Bahia, a história de sucesso das artistas é praticamente desconhecida. Ela nasceu em 7 de janeiro de 1945.

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A Escola de Música Sacra de Itabuna (Emusita) reabre os trabalhos, nesta quinta-feira (30), com uma aula inaugural gratuita que abordará a importância da música para a saúde, às 18h30min. A palestra será proferida por Carolina Torquato.

Após a aula inaugural, hoje, começarão as aulas dos cursos ofertados pela Emusita, no próximo dia 3 de abril. São oferecidos cursos de flauta doce, flauta transversal, sax, trompete, violão, bateria, piano, teclado, acordeão, técnica vocal, canto, musicalização infantil e regência.

MATRÍCULAS

As matrículas estão abertas e poderão ser feitas na secretaria da Igreja Batista Teosópolis, no bairro da Conceição, ou pelo telefone (73) 98810-0013.

A Emusita é mantida pela Associação Beneficente e Cultural Teosópolis (ABCT) e está instalada no Centro Cultural Teosópolis, localizado na Rua Professor Vieira Lima,298, Jardim dos Eucaliptos, bairro da Conceição, em Itabuna.

Danilo Briz, Jorge Bala e Murilo Melo são a Javali's Blues Band || Foto Divulgação
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A Javali’s Blues Band lança, nesta terça-feira (7), a partir das 19h30min, o projeto Terça do Blues na Barrakítika, reduto da boemia no Centro Histórico de Ilhéus. Criada em 2022, a banda é formada por Danilo Briz (guitarra e voz), Jorge Bala (bateria e voz) e Murilo Melo (baixo). “É uma combinação de três caras que querem fazer um som, se divertir e, eventualmente, ganhar alguma grana, né?”, resume Jorge em conversa com o PIMENTA.

No repertório, clássicos do gênero musical criado no sul dos Estados Unidos da América. “Basicamente, é o blues tradicional, não tem muita coisa moderna, não. Tem a parte moderna do blues tradicional”, explica o baterista, citando nomes como B.B King, Little Richard, Eric Clapton e Steven Void. A banda também interpreta obras do lendário Robert Johnson e de outros nomes das antigas. “Aquela coisa bem rural mesmo do Delta do Mississipi”, acrescenta Jorge Bala. 

Além da parceria com a Barrakítika, o novo projeto da Javali’s Blues Band tem apoio da Fisk e da BIS Contabilidade e Negócios. As apresentações serão mensais. Atualizado em 07/03/2022 para correção da periodicidade dos shows.

Ricô faz show de pré-lançamento do disco, hoje, em Ilhéus
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Logo mais, o músico Ricardo Santana fará o pré-lançamento de C’est la vida, primeiro álbum solo do baixista d’OQuadro. A apresentação será a partir das 22h, no Flow Burger Bar, na Avenida Soares Lopes, em Ilhéus. Ao PIMENTA, Ricô antecipou um pouco do que será apresentado hoje (16).

Tidê e Amérikkka estão no repertório desta noite. O nome da primeira música brinca com a flexão do verbo dar, comum em frases do léxico religioso. Segundo Ricô, em uma conversa com o amigo e historiador Wilfredo Lessa, ouviu que suas composições são atravessadas pelo tema da espiritualidade, mas sem cair na armadilha dos clichês.

A afirmação de Wilfredo, a quem Ricô chama de guru, pode ser demonstrada em músicas como Fogos de artifício para o precipício à vista, de OQuadro, disco homônimo da banda. “Foi a primeira composição que tive coragem de cantar”, disse Ricô.

O diálogo com a espiritualidade também é um elemento marcante da parceria de Ricô com Rafa Dias (Àttoxxá) no álbum Ziminino, lançado nos Estados Unidos, em 2019, pelo selo International Black (INTL BLK), a exemplo da música Intermitência (confira o videoclipe).

Já em Amérikkka, uma das nove faixas de C’est la vida, a reflexão é sobre o tipo de relações que consagraremos no grande continente americano. “Que tipo de América a gente deseja pra gente, com C ou três K?”, pergunta Ricô, opondo a perspectiva da integração continental à visão supremacista da Ku Klux Klan.

Morando há um ano e meio na França, o músico ilheense disse ao PIMENTA que o álbum solo começou a ganhar forma nos primeiros anos da pandemia, quando intensificou o trabalho de composição. “Fui encontrando um mote, uma história que precisava ser contada, uma estética de som, [como se dissesse]: isso aí sou eu mesmo. Tem muita coisa de misturar idiomas, ritmos, frequências e estéticas, tentar fazer esse cruzamento de nacionalidades, etnias”.

Jonas Amorim, filho de brasileiros nascido na França, é primo do músico ilheense e coproduziu C’est la vida. O disco ainda não tem data de lançamento, mas está pronto. “Já tem clipe. Tudo no esquema. Só falta definir as estratégias [de distribuição]”, assegura Ricô.

Quem quiser vislumbrar o que está por vir tem que correr para comprar os ingressos da apresentação desta noite. São limitados e estão à venda na livraria Badauê (Praça Rui Barbosa) e pelo perfil do Flow no Instagram. No palco, além de Ricô, Victor Santana, DJ Mangaio e Zezo Maltez. A abertura da noite ficará por conta dos DJs Nah Araújo e Múcio Caló.

Moa Vênus na capa do single "Flow Nazaré Tedesco"
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A cantora e compositora ilheense Moa Vênus lançou Flow Nazaré Tedesco, música que fez em parceria com o DJ e produtor musical Bruno Vita. Nome e refrão do single citam a personagem homônima da novela Senhora do Destino, que a TV Globo levou ao ar em 2004. A vilã se notabilizou por derrubar três personagens da escada de sua casa. Ouça.

Julio Gomes recupera memórias afetivas nas vozes de Moraes, Gal e Erasmo
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“Perder cantores que ouvíamos quando éramos bem jovens – e que eram ídolos de nossos pais – é como perder um pouco mais e novamente aqueles que nos criaram”.

 

Julio Gomes

Primeiro foi Moraes Moreira. Senti o golpe ao saber que aquele que cantava Pombo Correio e que sacudia a praça, seja a Castro Alves, em Salvador, ou qualquer outra pelo Brasil afora, quando embalava Tem que dançar a dança / Balança o chão da praça, ao som de quem tanto dancei e pulei carnaval, havia partido repentinamente após um infarto. Doeu, deixou um sabor de nunca mais misturado com muitas saudades.

Há bem pouco tempo, outra perda significativa: aquela Gal que docemente cantava Baby, eu sei que é assim e que eletrizava dizendo que é preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte também se foi muito de repente, sem aviso prévio e sem adeus, fazendo ecoar por dias seguidos em minha mente as músicas que ouvia minha mãe colocar na vitrola no tempo em que eu ainda era criança.

Perder cantores que ouvíamos quando éramos bem jovens – e que eram ídolos de nossos pais – é como perder um pouco mais e novamente aqueles que nos criaram, pais e mães que, com seu amor e seus defeitos, nos formaram como seres humanos que somos.

Agora, ainda não refeitos da ida de Gal, recebemos a notícia da partida de Erasmo Carlos, sempre mais ousado do que seu parceiro Roberto Carlos, que fez mais sucesso e vendeu mais discos, mas não tinha o charme rebelde do Tremendão, apelido de Erasmo, que tão bem encarnava a Jovem Guarda e o espírito inovador e inquieto dos anos de 1960.

Perder pessoas que nos anos 60 tinham em torno de 20 anos e que, naquela época, mudaram o mundo com a força de sua juventude e rebeldia é, sem dúvida, um duro golpe para nós que crescemos escutando suas músicas, namorando apaixonadamente ao som de seus acordes, que dançamos os seus ritmos e que sonhávamos acordados com as letras das músicas que falavam de um mundo novo, ressignificado e em busca de paz e amor, como se as revoluções e o movimento Hippie nunca mais fossem acabar, como se a nossa juventude também pudesse ser eterna.

Erasmo, Gal e Moraes Moreira se juntaram àqueles da sua geração que partiram precocemente, como Gonzaguinha e Elis Regina, e nos deixaram com esse sentimento de estarmos órfãos, de perder as referências sentimentais e culturais que nos fizeram ser quem somos, pensar como pensamos, gostar do que gostamos.

Fica a vontade de ouvir novamente suas maravilhosas canções, originais como o mundo que desejavam criar, como os sonhos que ousaram viver.

Eles se foram, mas cumpriram sua missão: enfrentaram a caretice, a repressão sexual, as ditaduras, criticaram a Guerra do Vietnã e todas as outras guerras, ousaram se vestir de forma colorida e diferente, usar cabelos longos e desprezar a sociedade de consumo que trata o dinheiro e o mercado como se fossem deuses absolutos.

Acima de tudo, penso que a geração dos jovens nos anos 60 – a geração de meus pais – tentou aprender a amar e a viver ardentemente, errando e acertando, quebrando a cara e recomeçando, criando novos estilos musicais e novas formas de convivência entre as pessoas, acreditando que toda a forma de amor vale a pena.

Que todos nós possamos ser um pouco como eles, sobretudo em seus acertos, para sermos mais ousados, mais inovadores e amarmos ainda mais intensamente do que eles conseguiram amar.

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc (Universidade Estadual de Santa Cruz).

Banda Adão Negro encantou público com o melhor do reggae em Itacaré
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A primeira edição do Festival de Reggae de Itacaré, encerrado na última semana, deixou saudades, com atrações de nomes consagrados do estilo não apenas na Bahia como no país. Das bandas que subiram ao palco da orla central da cidade sul-baiana, Adão Negro, com 26 anos de estrada, sacudiu a nação do reggae com um show único.

A banda se apresentou no domingo do festival, segunda noite do evento, lotando a orla. A apresentação foi muito elogiada pelo público.

O sucesso da Adão Negro na segunda noite, o dia 13, foi tão grande que o público não se contentou com apenas um. Pediu “bis” por duas vezes. E o respeitável público acabou atendido com o melhor do reggae em festival promovido pela Prefeitura Municipal de Itacaré e patrocínio do Governo da Bahia, por meio da Bahiatursa.

Cantora de Eunápolis está na final de programa da Globo || Foto TV Globo
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Estudante de Enfermagem e moradora de Eunápolis, no extremo-sul da Bahia, Inaiá Ramos, de 22 anos, venceu, no sábado (19), a eliminatória do quadro Altas Promessas, do Altas Horas, da TV Globo, programa comandado pelo apresentador Serginho Groisman. Daqui a três semanas, no dia 10, a baiana disputará a final contra outros dois concorrentes, que serão classificados nas eliminatórias dos dias 26 deste mês e 3 de dezembro. O vencedor levará para casa um prêmio de R$ 80 mil.

Altas Promessas é uma competição que reúne artistas de todas as regiões do país. Os concorrentes interpretam canções do gospel nacional. Na primeira eliminatória do quadro, Inaiá Ramos foi muito elogiada pelos jurados e acabou  escolhida por dois deles: Soraya Moraes, ganhadora de quatro Grammy Latino; e Ton Carfi, indicado a quatro Troféus Talento – principal reconhecimento do gênero.

Inaiá Ramos também foi a escolhida do público (plateia). Inaiá concorreu com os cantores evangélicos  Mila Kristine, do Rio de Janeiro, que recebeu o voto da jurada convidada, a cantora Joelma; e Hélio Borges, de Brasília, que não recebeu nenhum voto.

Cantora do interior da Bahia está na final de programa || Reprodução TV Globo

Inaiá Ramos nasceu em Feira de Santana e atualmente mora em Eunápolis. Ela é frequentadora da Igreja Betel e trabalha numa loja de roupas no município do extremo-sul da Bahia. “Estava na loja quando recebi a chamada informando que eu havia sido selecionada. Foi uma correria danada para arrumar a mala, passar roupa. Peguei o avião, corria para cá, e hoje estou aqui”, contou

Inaiá Ramos, que cantou a canção Agnus Dei, relatou que sempre sonhou em participar da plateia do programa Altas Horas e que estava muito feliz com a classificação. “Para quem sempre sonhou com a plateia, e está no palco. Gente: é demais para mim”, afirmou. O nome da baiana significa a índia que canta.

Em pé: Patuca, Vilson, Paim, Dal (Tarzan) João Bocar e Vitor Baú; agachados: Jonga, Pedrinha, Pintadinho, Afrânio e Esquerdinha
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“Soube parar o futebol quando as pernas e o fôlego já não conseguiam ter o mesmo rendimento de antes. Parou na hora exata, para que os amigos e torcedores lembrassem dele como o excepcional e implacável atacante”.

Walmir Rosário

Concordo plenamente com os que defendem a tese de que há muita proximidade entre o futebol e outras artes, a exemplo da música. Certifico e dou fé – se é que assim posso proceder – que muitos dos meus conhecidos fazem dessas artes “gato e sapato”, com a maior intimidade. E para provar, apresento aqui Zé Pintadinho, Pintadinho Alfaiate ou simplesmente Pintadinho, como exemplo.

Habilidade na música e no futebol não lhe faltava. Para ele, tanto fazia jogar na ponta-esquerda, ponta-direita ou como centroavante. O que importava mesmo era fazer gols para seu time ganhar o jogo. E tudo isso pode ser comprovado por quem o viu jogar ou pelos livros de registro da Liga Desportiva de Itabuna (Lida), onde está tudo anotado para dar conhecimento à posteridade.

Na música não era diferente. Era considerado o homem dos sete instrumentos: cantava, tocava surdo, pandeiro, reco-reco, e agogô e ainda fez incursões por alguns instrumentos de sopro, principalmente o trombone, que o considerava um dos mais sublimes da música e que fazia tocar a alma das pessoas. Deixou o instrumento aconselhado pelo maestro, que o avisou dos riscos de ficar com a “papada” grande. E ele obedeceu.

Zé Pintadinho já fez de tudo em Itabuna assim que chegou de Sergipe, em 1944, aos 16 anos de idade. Trabalhou em sorveteria, feira livre, enveredou pela música, onde se sentia bem, e pelo futebol. Porém, aconselhados pelos amigos mais velhos, buscou aprender um ofício mais seguro, como o de alfaiate, profissão que exerceu até o final de sua vida, e que lhe proporcionou criar uma numerosa família.

Pintadinho jogou futebol em Itabuna em apenas duas equipes: o Botafogo do bairro da Conceição e no Bahia de Álvaro Barbeiro, o esquadrão de aço do sul da Bahia. Pelo Botafogo, atuou nas célebres partidas contra o Brasil de Buerarema e o Bahia de Itajuípe, ganhando as duas. Esta última para decidir uma aposta firmada por Sílvio Sepúlveda – jogador e cartola do Botafogo – e Oswaldo Gigante, do Bahia.

Outras partidas memoráveis jogadas por Pintadinho – já no Bahia – tiveram como palco Belmonte, na festa para comemorar o aniversário da cidade. No sábado, venceu por 3X2 e no domingo 2X1. Àquela época, diante da dificuldade de viajar pelas estradas ruins, embarcaram num avião em Itabuna e fizeram valer a supremacia do futebol itabunense, para o desgosto dos belmontenses, que não aceitavam fácil as derrotas.

Na década de 1950 sete times disputavam o campeonato amador de Itabuna – Corinthians, Grêmio, Janízaros, Flamengo, Fluminense, Itabuna e Botafogo – numa disputa ferrenha pelo título. Jogador que decidia partidas com os inúmeros gols que marcava, Pintadinho jogava cadenciado, com estilo, embora soubesse impor seu ritmo de jogo para não ser incomodado pelos zagueiros adversários.

Com toda essa habilidade e determinação, em campo atuava com humildade e sabia respeitar os adversários para também ser respeitado, gostava de dizer Pintadinho, para não ser visto como um jogador boçal. Além do respeito em campo, Pintadinho era uma pessoa muito querida na sociedade, além de ser um profissional da alfaiataria de conceito, haja vista as encomendas que recebia.

Soube parar o futebol quando as pernas e o fôlego já não conseguiam ter o mesmo rendimento de antes. Parou na hora exata, para que os amigos e torcedores lembrassem dele como o excepcional e implacável atacante. Se deixou de entrar em campo, fora dele continuou torcendo para o magnífico futebol de Itabuna, levando seus filhos ao campo da Desportiva nas tardes de domingo.

Fora de campo, continuou fiel à máquina de costura, sua inseparável companheira de anos a fio na antessala de sua residência, onde recebia clientes e amigos para desempenhar seu trabalho, ou simplesmente ter uma boa prosa. E ali conversava sobre tudo, principalmente seus feitos no futebol e na música, atividade que continuou a exercer até os últimos dias de sua vida.

Na música, além de cantor, ensinava os colegas a cantar, principalmente boleros e sambas. Com sua charanga, animava os comícios de seus candidatos ou eventos políticos de prefeitos nas inaugurações de obras em toda a cidade. Nos domingos, participava dos programas de auditório ou externos, realizados nos bairros da cidade pelos radialistas Titio Brandão e Germano da Silva.

O Carnaval era seu forte e desfilava nas baterias de blocos e escolas de samba de Itabuna. Cantou e tocou nas escolas Império Serrano, Salgueiro e Nova Mangueira, esta fazendo parte da diretoria. Perto de completar os 80 anos, Pintadinho surgia garbosamente na bateria do Bloco Casados I…Responsáveis, no qual participou ativamente desde a sua fundação. Homem de variados instrumentos, Pintadinho recebeu certificado da Sociedade Montepio dos Artistas de Itabuna como percussionista pelos instrumentos que tocava.

Mesmo após ter sofrido duas cirurgias: próstata e hérnia, Pintadinho continuou trabalhando como alfaiate, já não mais com as encomendas de ternos, calças e camisas, mas sobretudo de consertos, com a mesma dedicação. Pintadinho não abria mão de, no fim do dia, descer até a praça dos Capuchinhos para comprar os pães e trocar uns leros com os amigos.

José Pintadinho, ou José Alves da Silva, nos deixou num sábado, 13 de agosto de 2011, aos 83 anos.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Maior ícone do reggae brasileiro, Edson Gomes se apresenta em Itacaré || Foto Divulgação
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Edson Gomes é a principal atração da última noite do Festival de Reggae de Itacaré, nesta segunda-feira (14), na Praia da Coroinha, Centro. O maior ícone do reggae brasileiro sobe ao palco às 22h20min, segundo divulgado pela Prefeitura de Itacaré, promotora do evento.

Última noite do evento, esta segunda-feira terá, ainda, Dom de Jah, às 21h. Após o show de Edson Gomes, quem sobe ao palco é Rogério D´ Lucca, encerrando a edição 2022.

Desde o último sábado (12), milhares de pessoas já passaram pela orla central da cidade para curtir atrações como Tribo de Jah, Rusty Zinn e Adão Negro. Gratuito, o Festival de Reggae tem promoção da Prefeitura e apoio do Governo do Estado.

Festival reunirá grandes nomes do reggae nacional e um atração internacional
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Com nomes nacionais e internacionais, a organização do Festival de Reggae de Itacaré fechou a grade de atrações do evento. Edson Gomes, Adão Negro, Tribo de Jah, Bia Ferreira e o americano Rusty Zinn são alguns dos nomes confirmados para a primeira edição do Festival, que começa no dia 12 e vai até 14 de novembro.

Durante três dias, os amantes do reggae vão também poder curtir atrações como Santuáryo, Mussutaíba, Dom de Jah, Bruta Raça e Rogério D’Lucca. O Festival terá como cenário a orla de Itacaré.

Segundo a organização, o evento busca promover, valorizar, preservar, proteger e divulgar o patrimônio cultural e imaterial de Itacaré para as gerações futuras, além de ser fonte de geração de renda para a comunidade.

“Com uma diversidade de atrações que fomentará a união da comunidade de Itacaré, essa edição vai valorizar o estilo, não apenas como ritmo musical, mas também como um dos principais ícones de nossa cultura”, explica a organização em apresentação à imprensa. “Por reconhecer o reggae como um dos ritmos favoritos dos itacareenses e por transmitir mensagens de igualdade, o evento, sem dúvida, terá impacto positivo no turismo do município”.