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Ângela Sousa tem bens bloqueados pela justiça

A Justiça Federal determinou o bloqueio de bens até o valor de R$ 12,3 milhões de 12 réus, entre eles particulares, dois deputados estaduais, dois ex-prefeitos e outros agentes públicos envolvidos em fraude a licitações e desvio de recursos em Buerarema.
A ação foi originada a partir das investigações do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal na Operação Águia de Haia e está relacionada ao pregão, realizado em 2011, para contratação de serviços educacionais voltados à implantação e uso de tecnologias de informação para a Secretaria de Educação e unidades escolares do município do sul da Bahia.
Segundo as ações de improbidade e penal, ajuizadas em dezembro e março últimos pelo Procurador da República Tiago Modesto Rabelo, o então prefeito de Buerarema Mardes Monteiro Lima firmou contrato de R$ 2,2 milhões com a empresa Ktech Key Technology Gestão e Com de Software Ltda para a prestação dos serviços referidos, com recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).
No entanto, as investigações comprovaram que a licitação foi fraudada, por meio da simulação do certame. O integrante da organização criminosa e representante da empresa vencedora, Marconi Edson Baya, já havia preparado as minutas do edital, publicação, termo de referência, projeto base e demais peças necessárias para a montagem do processo licitatório.
Em seguida, os documentos foram enviados por Kells Belarmino Mendes (que confessou os crimes e detalhou a participação dos membros da organização criminosa) ao ex-prefeito do município, Mardes Lima Monteiro, incluindo os atestados de visita técnica e o certificado de adequação ao edital, assinados posteriormente pelo Secretário de Educação à época, Astor Vieira Júnior.
Segundo o MPF, participaram do processo licitatório a Max.Com Soluções Tecnológicas Ltda, representada por Fernanda Cristina Marcondes Camargo (companheira de Kells Belarmino), e a Ktech Key Technology Gestão e Comércio Software Ltda, que atuavam em conluio, a revelar a falta de competitividade e o direcionamento da licitação para contratação de empresa ligada ao grupo.
A Ktech Key Technology venceu a licitação, tendo o pregoeiro Rogere Souza Magalhães avalizado os documentos forjados e declarado vencedora aquela empresa, após o que o ex-prefeito Mardes homologou o procedimento e firmou o contrato. Para viabilizar a contratação indevida da Ktech a partir da licitação fraudada, Mardes Lima Monteiro recebeu de Kells Belarmino vantagem patrimonial ilícita.
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Ainda de acordo com as ações, os deputados estaduais Carlos Ubaldino de Santana e Ângela Sousa e o ex-prefeito de Ruy Barbosa José Bonifácio Marques Dourado, também integrantes da organização criminosa, utilizavam seus mandatos para divulgar a atuação das empresas da organização e aliciar prefeitos para aderirem ao esquema, recebendo, em contrapartida, valores indevidos diretamente ou por meio de interpostas pessoas.
O MPF afirma que, além da montagem do processo licitatório para direcionar a contratação, da fraude na disputa, do aliciamento de prefeitos e agentes públicos mediante pagamento de propina, do alto custo da contratação e do sobrepreço, foi provado que o serviço não era executado e o produto não foi entregue, apesar dos valores pagos pelo município à empresa.Leia Mais

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Ex-secretária de Camacan é denunciada por fraude em licitação|| Foto O Tempo

O Ministério Público Federal (MPF) em Ilhéus denunciou a ex-secretária de Educação de Camacan, Ilce Tourinho, e mais seis pessoas por fraude a licitação e corrupção ativa e passiva praticados para a contratação ilegal de serviços educacionais de tecnologia para escolas do município em 2013.

Foram denunciados ainda o então pregoeiro e presidente da comissão de licitação de Camacan, Júlio César de Oliveira; a servidora responsável pelo setor de compras à época, Diva dos Santos; e os representantes das empresas que participaram da licitação fraudada Kells Belarmino Mendes e Marconi Edson Baya, além de Kleber Manfrinni de Araújo e André Souza Leal, beneficiados pelo esquema criminoso, segundo o MPF.

Os crimes investigados em Camacan fazem parte da Operação Águia de Haia. Segundo o MPF, o esquema criminoso liderado pelo denunciado Kells Belarmino Mendes visava contratações, por meio de licitações fraudadas e a preços exorbitantes, de produtos e serviços inservíveis para as escolas municipais. A procuradoria da República afirma que, em Camacan, a empresa ilegalmente contratada foi a Kells Belarmino Mendes.

PROVAS

Nas investigações, o MPF e a Polícia Federal reuniram provas de que os denunciados agiram conjuntamente para simular o Pregão Presencial nº 042/2013, instaurado pela ex-secretária de Educação e autorizado pela então prefeita Maria Ângela Cardoso, falecida em setembro de 2015. O MPF afirma que os documentos usados para forjar o pregão – como o projeto básico, edital, cotações etc – foram oferecidos pela organização criminosa e usados pelos agentes públicos de Camacan envolvidos no esquema.

De acordo com a procuradoria da República em Ilhéus, um dos principais serviços oferecidos no “pacote” da organização criminosa – o mesmo em todos os municípios investigados pela Operação Águia de Haia – era um sistema integrado de gestão acadêmica, que demandava uma boa conexão com a internet. Entretanto, poucas escolas no interior possuíam esse recurso, o que inviabilizaria a execução do sistema de forma satisfatória.

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Olímpio foi denunciado na Operação Águia de Haia (Foto ICurerê).
Olímpio foi denunciado na Operação Águia de Haia (Foto ICurerê).

O prefeito de Uauá, Olímpio Cardoso Filho, foi denunciado por fraude de R$ 2 milhões em licitação de serviços educacionais e de tecnologia da informação. Olímpio sofreu denúncia do Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Águia de Haia, que apura desvio de recursos públicos federais do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) em municípios da Bahia.

Além dele, outras seis pessoas também foram denunciadas, entre servidores municipais e o empresário Kells Bellarmino, líder do núcleo empresarial da organização criminosa. O município de Uauá (BA) tem aproximadamente 27 mil habitantes e fica a 363 quilômetros de distância da capital Salvador.

Segundo a denúncia oferecida pela procuradora regional da República Raquel Branquinho, a contratação da empresa KBM pelo município ocorreu por intermédio do então secretário municipal de Educação, Jadisson Oliveira de Morais, com autorização do prefeito.

De acordo com a investigação, em Uauá não houve a simulação de concorrência entre as empresas administradas por Kells Bellarmino, mas sim direcionamento puro e simples à única participar do certame licitatório (pregão 12/2013)”. A montagem do certame contou com o apoio operacional dos integrantes da Orcrim que forneceram ao prefeito e demais servidores envolvidos nas fraudes todos os documentos necessários à formalização do processo licitatório.

Apurações revelaram que a justificativa de preço na contratação foi mascarada pela coleta de preços das empresas KBM Informática, MAX.COM e EHW Informática, todas vinculadas a Bellarmino e seu grupo. A denúncia relata, ainda, que o contrato foi cancelado após notícias de que Bellarmino havia sido denunciado no município de Itaúna pelos mesmos tipos de fraudes praticadas na prefeitura de Uauá.

O MPF aguarda o recebimento da denúncia pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Se condenados, os acusados poderão cumprir pena de 4 a 8 anos de reclusão, multa e, no caso do prefeito, a perda do cargo e inabilitação pelo prazo de 05 anos.

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Polícia Federal deflagra operação no sul da Bahia (Foto Arquivo).
Polícia Federal deflagra operação no sul da Bahia (Foto Arquivo).

A Operação Águia de Haia, da Polícia Federal, cumpre dezenas de mandados de busca e apreensão e de prisão em várias regiões da Bahia, dentre elas o Sul do Estado, além de Minas Gerais contra desvio de verbas da Educação.

Prefeitos, ex-prefeitos e ex-secretários, além de empresários, são procuradores por forjar licitações para desviar recursos do Fundeb na Bahia, Minas, São Paulo e Distrito Federal.

OPERAÇÃO EM CAMACAN E BUERAREMA

Pelo menos em Camacan e Buerarema, ambas no sul da Bahia, agentes da PF cumpriram mandados em secretarias e casas de ex-gestores. Hoje, também, agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na casa da prefeita de Camamu, Emiliana de Zequinha, e de secretárias.

Há pouco, o PIMENTA conversou com o diretor da Polícia Federal em Ilhéus, Mário Vinícius Lima, mas ele não confirmou se houve prisões de gestores em Camacan. “Estou ouvindo um dos alvos da operação agora. Não posso confirmar nem negar [se houve prisão em Camacan]”, disse ele.

Segundo o diretor da PF em Ilhéus, a operação também está sendo executada em regiões da Bahia que fazem divisa com Pernambuco e Sergipe. “O que posso confirmar é que um dos chefes [do esquema] foi preso ontem à noite em Guarajuba, na Região Metropolitana de Salvador”, disse ele ao PIMENTA.

De acordo com informações obtidas pelo site, agentes da Polícia Federal cumpriram mandados em residências de ex-gestores e ex-secretários de Buerarema. Já em Camacan, a ação ocorreria na Secretaria de Educação. Apesar dos boatos, o delegado Mário Vinícius Lima não confirmou a prisão ou condução coercitiva de gestores de Camacan.

OPERAÇÃO EM 18 MUNICÍPIOS DA BA

A operação conta com 450 policiais e cumpre 100 mandados de busca e apreensão e 4 de prisão preventiva. De acordo com a PF, a quadrilha atua desde 2009, iniciando em São Paulo. Depois, migrou para a Bahia, onde instalou sua base principal. A organização atuou em 18 municípios baianos, um em Minas e outro em São Paulo.

Os responsáveis pelas fraudes serão indiciados por crimes licitatórios, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha, entre outros delitos. Desvios na Bahia superam os R$ 57 milhões.

Atualização às 10h33min – Por erro, a matéria citou operação da PF em Maraú, também no sul da Bahia, mas a ação ocorreu na vizinha Camamu.