Tempo de leitura: 2 minutos

Juliana Soledade | jsoledade@uol.com.br

 

A falta de estrutura física, material e até mesmo humana segue retardando o progresso social e jurídico do país.

 

Os chamados direitos e garantias fundamentais como legalidade, igualdade, isonomia, liberdade, devido processo legal, contraditório e ampla defesa, estabeleceram novos parâmetros para o sistema normativo brasileiro.

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, em face do sistema normativo anterior, os chamados direitos e garantias fundamentais como legalidade, igualdade, isonomia, liberdade, devido processo legal, contraditório e ampla defesa, estabeleceram novos parâmetros para o sistema normativo brasileiro.

A partir daí, teve início um movimento gradual de conscientização acerca do direito de acesso ao Judiciário, antes visto como um direito restrito às elites. Porém, a facilitação do acesso não significa necessariamente dizer que haja promoção de justiça.

Para além da boa vontade do legislador constituinte, não se pode olvidar que o sistema é uma “máquina lenta e pesada”, necessitando de tempo para se adaptar às mudanças. Obviamente, essa demora na resposta aos conflitos tem consequências para o próprio Judiciário, na medida em que este não fornece soluções prontamente, sujeitando o cidadão às facetas cruéis dos diversos mecanismos de manobras: insegurança jurídica, violação do próprio acesso à justiça, desrespeito à duração razoável do processo e a consequente sensação de impunidade, além de prejuízos à economia de modo geral.

Leia Mais

Tempo de leitura: 2 minutos

Ricardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com

 

É ilusão acreditar que sozinhos os professores conseguirão promover a transformação que se faz necessária.

 

Os problemas que afetam a rede pública de ensino em Itabuna não são diferentes dos que se verificam no resto do País. Entre os mais corriqueiros, estão os baixos salários, o modelo arcaico e desestimulante, a dificuldade em estabelecer um relacionamento efetivo entre escola e comunidade. Neste último ponto talvez se encontre o grande desafio dos educadores, principalmente em se tratando de escolas situadas em bairros muito pobres, com famílias desestruturadas e onde a droga se estabelece, cria estados paralelos e convida até mesmo as crianças a entrar por um caminho que não leva a lugar algum.

Sempre menciono dois casos que me chamaram bastante atenção. O primeiro é o de uma amiga que pertence à Pastoral da Criança e certa vez foi a um bairro da periferia de Itabuna, num domingo, Dia das Mães. A intenção era fazer com que as famílias daquela comunidade vivessem momentos de harmonia, expressando o amor entre mães e filhos. Para surpresa dessa amiga, a maioria das mulheres não conseguiu a menor espontaneidade quando o grupo da Pastoral pediu que as crianças as abraçassem. A impressão clara foi a de que o carinho e o afeto eram elementos ausentes daquelas vidas.

Em outro bairro, uma professora conta que os alunos de determinada escola choram quando toca a sirene que marca o encerramento do dia de aula. Muitas têm medo dos pais, da violência e da droga. Vivem numa situação que lhes rouba a infância, ao deparar cotidianamente com a pior e mais cruel face da miséria.

Diante de quadros como esses, qual é o papel da escola? O que ela pode fazer para ir além do programa curricular e promover mudança efetiva?

O primeiro passo certamente é assumir a incapacidade de encarar tal empreitada sem um concerto social amplo. É preciso chamar a sociedade, toda ela, apresentar-lhe o problema e dividir responsabilidades. É ilusão acreditar que sozinhos os professores conseguirão promover a transformação que se faz necessária. Nem mesmo com valorização salarial, formação continuada e escolas bem equipadas esse milagre será possível.

Há problemas intra e extramuros e o que se vê até o momento é uma escola incapaz de enfrentá-los. Percebe-se um conformismo que resulta da impotência para combater o inimigo, como quem joga a toalha.

A escola precisa sair das cordas, juntar forças com a sociedade e iniciar a revolução. Mas não só ela, pois essa é uma luta de todos nós.

Ricardo Ribeiro é advogado e blogueiro.

Tempo de leitura: 2 minutos

Ricardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com

 

Nenhum país cresce verdadeiramente onde vigoram os atalhos abertos para atender indivíduos isoladamente.

 

O nível de inversão de valores em nossa sociedade é provavelmente uma das principais barreiras para que a mesma avance para patamares mais elevados. Onde vigora o jeitinho, a exceção amiga, o favor e o quebra-galho em nome da amizade ou da conveniência, é impossível construir-se um grupo social que se respeite e seja capaz de enfrentar seus principais problemas.

O Brasil é o 73º país mais corrupto do mundo de acordo com a ONG Transparência Internacional, que avalia 183 nações nesse quesito. E onde está a corrupção, senão incrustada, enraizada em cada setor da sociedade? Do governo às empresas, das igrejas às feiras livres. A malandragem é tão presente, que chega a ser vista como traço cultural e atávico, herdado do DNA dos primeiros invasores a desembarcar em Pindorama.

Carma ou safadeza pura e simples, o fato é que a corrupção é praticada inclusive por gente que se acha convictamente honesta. É de praxe, é o modus operandi inescapável, que torna mais fácil o acesso a benefícios pelo cidadão e “azeita” as relações no campo da política. Quem age diferente é ingênuo e incapaz de compreender que a vida é desse jeito mesmo.

E o que esse modo peculiar de agir tem dado de retorno ao país? Assim como jamais se viu alguém que vende o voto melhorar de vida, o mesmo se observa num espectro mais amplo quando se analisa a corrupção na sociedade. Os jeitinhos da vida resolvem o problema de muita gente no imediato. Já no longo prazo só servem para perpetuar o atraso.

Nações democráticas que evoluíram tiveram que consolidar seus ordenamentos jurídicos, que materializa a vontade geral, as opções coletivas voltadas ao bem comum. Nenhum país cresce verdadeiramente onde vigoram os atalhos abertos para atender indivíduos isoladamente. Ou se pensa e age coletivamente, ou o que se tem é um país fragmentado e desmoralizado.

A mensagem serve para a política e para o dia-a-dia de cada cidadão. No judiciário, ela foi bem expressa no discurso de posse do ministro Joaquim Barbosa, novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ao desaconselhar juízes de prestar favores para ascender na carreira.

Trazendo para o local, uma das críticas mais recorrentes ao futuro secretariado da Prefeitura de Itabuna é de que alguns nomes são “corretos demais”. Dizem isso, por exemplo, do futuro secretário de Transportes e Trânsito, Clodovil Soares, frisando que ele será incapaz de flexibilizar ou, para ficar mais claro no exemplo, mandar, a pedido de algum político aliado do governo, “soltar um veículo apreendido”.

Percebam como a inversão de valores se manifesta nessa avaliação. Se o “defeito” do futuro secretário é ser correto, quem tem que mudar é a sociedade. Sob pena de perecer.

Ricardo Ribeiro é advogado e blogueiro.

Tempo de leitura: 3 minutos

Karoline Vital | karolinevital@gmail.com

 

É bonito e importante valorizar a cultura brasileira. Mas precisamos de revanchismo para isso?

 

O café da manhã dos filmes norte-americanos me deixava intrigada. Qual seria o gosto da panqueca? Redonda, fofinha, dourada, coberta com xarope de bordo… Parecia deliciosa! Há cerca de um ano, tentei reproduzir a receita em casa. O resultado? Um disco disforme, murcho, borrachudo, queimado e coberto com um enjoativo xarope de milho.

Segui a receita tim-tim por tim-tim novamente e consegui algo menos ruim. O gosto lembrava muito o crepe francês. Pedi ajuda ao oráculo do Google e descobri que a coincidência de sabores não era por acaso. A diferença entre os pratos é que a panqueca norte-americana é mais alta, com cerca de meio centímetro. Um dos meus grandes símbolos do american way of life tinha sotaque francês!

A partir deste intercâmbio culinário, embarquei na viagem sobre o que poderíamos chamar de cultura pura, verdadeira, genuína? Afinal, cultura é tudo o que é produzido pelos seres humanos. E, como gente é um bicho inquieto, em permanente aprendizado, seus saberes e fazeres nunca estão totalmente prontos, vivem em constante transformação cultural.

No meu primeiro semestre do curso de comunicação, em 2000, vi uma entrevista do filósofo francês Michel Serres no programa Roda Viva. Uma de suas falas grudou em minha mente: “Culto é quem vai buscar outra cultura”. A afirmativa me ajuda a avançar mais um pouco em minha associação de ideias e tentar entender uma das últimas campanhas das redes sociais: “Halloween, não! 31 de outubro é dia do saci!! Deixe de pagar pau pra gingo! Valorize a cultura brasileira!”.

Leia Mais

Tempo de leitura: 2 minutos

Ricardo Ribeiro | redacao@pimentanamuqueca.com.br
 

Se o ilheense, diante do presente maravilhoso que Deus lhe deu, permanecer com uma atitude passiva, dificilmente esse tempo virtuoso chegará.

 
O último sábado de fevereiro foi um dia lindo em Ilhéus, propício à praia, pois o astro-rei torna ainda mais encantadoras as belezas dessa cidade. Seguia em direção a Olivença e, no Pontal, diante da baía, não resisti, parei para tirar um foto com o celular, enquanto comentava: “como Ilhéus é linda!”.
Outro dia, no Facebook, contestei alguém que dizia achar Ilhéus feia no presente, embora a visse bela no passado. Considerando aquilo um extremo absurdo, argumentei que a cidade continua linda e o povo precisa se apropriar de Ilhéus, brigar por ela, defendê-la dos maus ventos, dos maus presságios, dos maus governos. Também afirmei sentir faltar ao ilheense um pouco mais de autoestima e uma relação melhor com a cidade. Ao desprezá-la, o ilheense concorda com os desmandos, pois acaba aceitando que a cidade merece o que não presta.
Sinceramente, não consigo acreditar que qualquer governo, por mais bem intencionado que seja, consiga avançar muito na requalificação da cidade sem que haja uma conscientização geral, uma postura cidadã coletiva, com uma defesa firme e apaixonada que cobre respeito de quem a governa, assim como que cada um assuma suas responsabilidades.
Ontem mesmo, já em Olivença, outras pessoas também mostravam entusiasmo com o belo dia de sol e um amigo enveredou pela política, afirmando que Ilhéus recebeu praticamente tudo de Deus e precisaria apenas de um governo que fizesse o mínimo, cuidasse das pequenas coisas, um gestor que pelo menos não atrapalhasse.
Eu disse que falta um pouco mais, como ações de marketing bem construídas para promover a imagem da cidade fora e uma campanha para desenvolver a autoestima e o amor por Ilhéus entre os que aqui vivem. A partir daí vem uma série de outros pontos, como a organização do turismo, que ainda é explorado com um amadorismo suicida.
Se o ilheense, diante do presente maravilhoso que Deus lhe deu, permanecer com uma atitude passiva e indiferente, de eterna espera por dias melhores, dificilmente esse tempo virtuoso chegará. E a cidade continuará a viver com a tal síndrome de Gabriela (“Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim…”).
Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do PIMENTA.

Tempo de leitura: 2 minutos

José Augusto Ferreira Filho |  
 

É preciso focar o debate nas propostas e esquecer as questiúnculas de bastidores, que não raro alimentam desejos pessoais mesquinhos.

 
Nesses tempos “pré” (digo de pré-candidatos, pré-campanhas, pré-alianças, pré-eleição), todos acompanhamos – com curiosidade cidadã – as declarações externadas por figuras públicas que, mesmo hoje afastadas da disputa por cargos eletivos ou do poder, ainda ou sempre circulam com desenvoltura pelos grupos políticos dos principais atores desse cenário.
Em artigo anterior, externei breves considerações sobre a Greve da Polícia Militar, quando ressaltei, ou ao menos pretendi fazê-lo, a importância do debate sobre soluções efetivas para a melhoria na Segurança Pública, que deveria ter maior ênfase do que a mera repercussão dada à conduta dos agentes envolvidos na paralisação que, por força do destino ou da vontade popular, figuraram em lados opostos do conflito.
Em Itabuna, cidade que me acolheu e me honrou com o Título de Cidadão, julgo ser preciso reconhecer, em sua história, o papel importante de suas lideranças políticas, ainda que na opinião de alguns a elas não se deva valor algum atribuir, pelo simples fato de figurarem hoje ou terem feito parte no passado a um grupo político de cujas ideias não se comunga. E aqui vale o pensamento para aqueles que atuam ou atuaram nas três esferas públicas, seja municipal, estadual ou federal.
Assim é a dinâmica da vida pública. As alianças entre os diversos atores, desde que tenham por objetivo precípuo e final o desenvolvimento da cidade ou região, nada se pode, desmotivadamente, opor, tanto mais sob argumentos político-ideológicos ultrapassados, vez que a maioria da população não mais os identifica e os partidos, todos sem exceção, já os reservaram apenas para as suas cartilhas e estatutos.
Leia Mais

Tempo de leitura: 2 minutos

Luiz Cláudio Sena
Pois bem, diário, as coisas não caminharam conforme planejei. Aliás, hoje, os 12 Apóstolos da Operação Salvador sem Carnaval estamos a caminho do nosso Apocalipse. Atribuo minhas dores, de um lado, às frágeis estratégias que traçamos e, de outro, à participação diabólica da Rede Globo (ai, se eu te pego, Patrícia Poeta!). E, por falar em poeta, senti falta, em tudo que li acerca dos acontecimentos que pautaram a mídia nos últimos 12 dias (maldito 12!!), de uma análise minimamente romântica acerca do gesto do general Gonçalves Dias (quer maior prova de sentimento poético, diário?), comandante da Sexta Região Militar, que, pasmemo-nos, foi afastado do comando da operação criada para reprimir-nos. Comeu do nosso bolo e, para os que estávamos nas adjacências, foi possível ouvir três sonoros arrotos, prova cabal de que gostara. Ora, em que pese estivéssemos em campos opostos, isso jamais poderia ser óbice a um gesto de humanidade, ainda que advindo de uma patente como aquela. O general é maior que todos. E, se ele quiser, será uma honra tê-lo em nosso quadro de apóstolos. Como diria seu xará maranhense, “a vida é luta renhida, viver é lutar! A vida é combate que os fracos abate, mas que aos fortes e bravos só deve exaltar!”.
Ainda sofro, diário, as consequências daqueles infames abarás. Mal posso me sentar. Já amaldiçoe até a quarta geração as mãos que puseram aquela pimenta malagueta em doses cavalares para meu consumo. O fato de eu ser um líder, o maior de todos, o Rei do Nilo, não me torna proprietário de um intestino de ferro, ora essa! A mídia vem dizendo, diário, que nossa investida nos últimos 12 dias (maldito 12!) resultou num prejuízo de, aproximadamente, 400 milhões ao comércio baiano. Eu fico impressionado com a matemática desse povo! Não houve prejuízo. Houve redução de demanda. Só. Pra mim, prejuízo é outra coisa. Comer abará com 3 colhes de sopa de pimenta, isso sim gera um tremendo prejuízo.
Tardiamente, nossos companheiros do Rio entravam em greve. E houve quem dissesse que, por seu turno, vão procurar fazer tudo diferente do que fizemos, já que aprenderam com nossos erros. Legal isso, né, diário? Deixam a gente à míngua e são capazes de capitalizar em cima de nossos erros. Carioca é esperto mesmo, hein? Vou à casinha, diário. Nos últimos 12 dias (maldito 12!) só fiz isso mesmo: m(*).
Luiz Cláudio Sena é filósofo
Texto publicado orignalmente no Blog do Fábio Sena.

Tempo de leitura: 4 minutos

Allah Góes | allah.goes@hotmail.com

Assim, os vices que hoje são prefeitos, apenas estarão impedidos de disputar as eleições de 2012, caso tenham substituído o titular nos seis meses anteriores às eleições de 2008.

Assunto requentado é novamente trazido à baila por alguns veículos de comunicação de nossa região, só que desta vez, ao invés de falarem sobre a candidatura de Azevedo, abordam a pseudo-impossibilidade do atual prefeito de Itapé, Jackson Rezende, disputar sua reeleição.
Falo que o assunto é requentado, pois no mês de setembro do ano passado também se aventou a impossibilidade daqueles que, a exemplo de Azevedo e Rezende (que foram vices na gestão passada, assumiram o cargo de prefeito substituindo o titular e venceram o pleito de 2008), poderem se candidatar nestas eleições de 2012.
Naquela oportunidade, o jurista Ademir Ismerin se manifestou a respeito do tema no jornal “A Tarde”, edição n.º. 33.760 de 13/09/11, onde, ressaltando o ponto de vista por nós defendido, afirmou:
“O TSE já firmou jurisprudência sobre a questão. Se ele assumiu nos seis meses que antecederam a eleição, seja lá por quanto tempo for, está inelegível. Se assumiu apenas anteriormente, nada impede”.
Leia Mais

Tempo de leitura: 2 minutos

Os líderes da greve perderam a grande chance de ter o apoio da sociedade, que entende o pleito, mas não aceita que a polícia deixe de ser polícia.

 
A crítica feita ao governador Jaques Wagner, por este ter apoiado o movimento grevista da PM em 2001, é cínica e oportunista, além de revelar um viés político-partidário que confere à greve objetivos outros, além do meramente reivindicatório.
Em 2001, Wagner, oriundo do movimento sindical, exercia seu terceiro mandado como deputado. Se apoiou a greve da PM naquele ano, o fez por coerência com o seu histórico político. Neste 2012, porém, Wagner é governador da Bahia e tem deveres de governador. Como imaginar que ele apoie ou seja brando com um movimento radicalizado, que utiliza a desordem e o pânico como estratégias? Alguns parecem querer constrangê-lo a juntar-se aos policiais amotinados na Assembleia Legislativa, integrando-se ao comando de greve…
Essa situação nos remete novamente a 2001, quando o então vereador itabunense Luís Sena, do PCdoB, “montado” num carro de som, foi até a porta do 15º Batalhão da Polícia Militar conclamar os soldados a aderir à greve. Indignado, o comandante da corporação na cidade, à época tenente-coronel Gilberto Santana, deu voz de prisão ao vereador e causou o maior rebu numa Itabuna que era então governada por Geraldo Simões (PT), tendo o PCdoB de Sena como um de seus aliados. A confusão foi parar no gabinete do prefeito, com uma discussão áspera entre Santana, Geraldo, Davidson Magalhães, entre outros.
Não podemos dizer se Santana estava certo ou errado ao prender o vereador, mas é preciso reconhecer que ele fez jus à sua posição de comandante do 15º BPM. Da mesma forma, não é coerente imaginar que um governador aja como sindicalista, mas única e exclusivamente como governador, com todos os deveres que tem e as prerrogativas de que dispõe.
As reivindicações da PM são justas e toda a Bahia sabe disso. Salários baixos, condições de trabalho vergonhosas, super-exposição ao risco por falta de equipamentos básicos de proteção, são alguns dos problemas evidentes na polícia. A população é solidária a esses pleitos, mas não aceita o banditismo e o caos implantados em várias cidades do Estado, às custas de enormes prejuízos materiais e perdas de vidas humanas.
Os líderes da greve perderam a grande chance de ter o apoio da sociedade, que entende o pleito, mas não aceita que a polícia deixe de ser polícia.

Tempo de leitura: 2 minutos

Manuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br
Eu nunca fiz parte da imprensa marrom. Respeito a decisão de quem optou por isso, mas não me insiro nesse contexto. Vejo uma corrida absurda para quem dá a notícia mais trágica, o maior número de mortos num acidente, e tenho náuseas só de pensar. Prefiro escrever sobre o que me garante prazer e satisfação. A vida é feita de escolhas, e eu fiz a minha.
Ontem, o jornalista Eduardo Anunciação discorreu em sua coluna, no jornal Diário Bahia, sobre as mulheres candidatas à Prefeitura de Itabuna. Aproveitou o tema e cobrou minha posição partidária. Escreveu que indefinição era inaceitável, já que não existe democracia sem povo. Eu tenho “lado” sim, Eduardo. Sempre tive. Repito que a vida é feita de escolhas, e que eu escolhi trabalhar tecnicamente e ficar ao lado de homens e mulheres de bem, íntegros e honestos, até que os mesmos me provem o contrário.
Cito o secretário de Educação de Itabuna, Gustavo Lisboa, como exemplo. Excelente profissional que se mantém no cargo político única e exclusivamente por COMPETÊNCIA TÉCNICA. Atravessando mandatos, agora se prepara para uma nova fase: um curso de doutorado, a realização de um sonho pessoal e profissional, fora da Bahia.
Eu poderia citar aqui o que já foi noticiado em diversos veículos sobre o trabalho de Lisboa, mas prefiro me ater à informação de pouca mídia e muito impacto: o secretário teria conseguido, junto ao prefeito da cidade, co-financiar a compra de mais de 240 bicicletas reforçadas para que alunos da zona rural chegassem com mais rapidez e segurança aos pontos de ônibus, e em seguida aos seus respectivos Colégios. Gustavo é desses que trabalha sem mídia e sem vaidade. Honra a cadeira que senta, apenas. E é desse tipo de gente e de ação que eu gosto de falar.
Eu poderia escrever, também, aquelas frases clichês, lembrando que Itabuna irá perder um excelente profissional, mas ando tão desacreditada nessa politicagem descarada, que prefiro separar o joio do trigo. Registro somente ser uma pena que um homem de caráter se vá, e que alguns duvidosos fiquem.
Manuela Berbert é jornalista e colunista do jornal Diário Bahia.

Tempo de leitura: 2 minutos

Comunista reúne políticos dos mais diversos partidos nesta quinta-feira, 26

O ano é eleitoral e político que almeja candidatar-se aproveita toda oportunidade para “mostrar serviço”. É o que fará hoje o vereador Wenceslau Júnior, pré-candidato a prefeito de Itabuna pelo PCdoB.
Wenceslau faz aniversário e a festa será um ato político, quase um início de campanha. Estarão no evento caciques do PCdoB, como o presidente da Bahiagás, Davidson Magalhães, e a deputada federal Alice Portugal, além de representantes de outros partidos, como Leninha Alcântara e Renato Costa (PMDB), José Adervan (PSDB), Acácia Pinho (PDT) e, muito provavelmente, Geraldo Simões e Juçara Feitosa (PT).
O comunista quer ter a chance de, pelo menos em seu aniversário, reunir em torno de si o maior número possível de partidos. Cada um deles tem suas próprias pretensões, mas hoje – pelo menos – o vereador do PCdoB poderá sair na foto como o centro das atenções. Um ensaio para a disputa sucessória, é claro, embora falte “combinar com os russos”.
O PCdoB afirma que terá candidato próprio e, em verdade, nesse momento todos os têm, mas não se sabe se continuarão a tê-los daqui a alguns meses. O PT, historicamente acostumado a receber o apoio dos comunistas, quer contar com o mesmo auxílio em 2012. Portanto, a presença do casal petista na festa cururu é uma gentileza de quem deseja tratamento recíproco, isto é, que o PCdoB ajude o PT a fazer sua própria festa em outubro.
Wenceslau é hoje o ator principal, mas há quem acredite que poderá vir a ser coadjuvante em futuro próximo, compelido por uma “promoção legislativa” ou pelo argumento de que, dividida a oposição, não é nada improvável que o DEM continue fazendo a festa em Itabuna por mais quatro anos.

Tempo de leitura: 2 minutos

Jean Duarte dos Santos foi assassinado diante do filho (reprodução do Jornal Agora)

A foto do repórter Léo Machado que ilustra a manchete do jornal Agora nesta quarta-feira, 25 de janeiro, poderia passar como tantas outras imagens da violência cotidiana com a qual terrivelmente nos habituamos. Sobre o chão de terra batida, o corpo de um homem que veste camisa vermelha, cor do sangue que que tinge a terra e mancha a alma de quem não se conforma em ver homicídio simplesmente como estatística.
Jean Duarte dos Santos, 32 anos, era pedreiro, usuário de drogas e tinha quatro filhos. Andava de bicicleta por uma rua do bairro Pedro Jerônimo, levando um dos rebentos, de quatro anos de idade. Ao passar em frente a uma igreja, por volta do meio-dia, foi abordado por outro homem, que lhe atingiu com vários tiros. O filho de Jean assistiu a todo aquele horror e marcou sua vida para sempre com uma experiência que não deveria fazer parte da história de uma criança.
O pedreiro foi a sexta vítima de homicídio em Itabuna, nos últimos cinco dias. Mais um numa série de mortes que tem a droga como elemento central e atingem não somente quem perde a vida, mas quem perde um filho, um irmão e também quem vê a própria infância se acabar de repente, aos quatro anos de idade.
Essas mortes atingem igualmente toda a nossa sociedade, incapaz de encarar a violência como problema social. Em vez disso, aparenta um prazer macabro diante de fotografias de corpos, estampadas em jornais e na internet. Assim como há quem se divirta com programas que procuram fazer humor com miseráveis presos com migalhas de crack, expostos feito bichos num circo de horrores, para deleite de uma plateia ensandecida e demente.

Tempo de leitura: 2 minutos

Se tem uma coisa que hoje parece certa é que José Sérgio Gabrielli, demitido da Petrobras, não passará nem perto da candidatura a governador da Bahia em 2014. Caso tal ideia já tenha pairado pela cabeça do governador Jaques Wagner, certamente se desfez pela fragilidade de Gabrielli, tanto no aspecto político quanto administrativo.
Em artigo publicado hoje no jornal A Tarde, Samuel Celestino lembra uma definição do velho Toninho Malvadeza para políticos da marca de Gabrielli. “É inelegível”, dizia o velho, e não porque existisse qualquer óbice na justiça eleitoral, mas simplesmene porque o sujeito não tinha voto mesmo.
Se politicamente é um zero a esquerda, administrativamente Gabrielli também não é lá essas coisas. Deixa a Petrobras, de certa forma, pela porta dos fundos e sem prestígio. Não saiu porque quis, para dar prioridade a um projeto político, mas sim porque a presidente Dilma Rousseff já o queria fora do cargo há um bom tempo.
A repercussão do anúncio no mercado financeiro, altamente positiva, com impacto nas bolsas, foi uma demonstração de como o investidor via a gestão de Gabrielli na Petrobras. Um sinal claro de que ele não está com essa bola toda para almejar a condição de candidato à sucessão de Jaques Wagner.
De fato, hoje o chefe da Casa Civil, Rui Costa, encontra-se muito mais próximo de Ondina, pelo patrimônio político acumulado no período em que atuou como secretário das Relações Institucionais, eleito em seguida para deputado federal com expressiva votação. Agora, Costa amplia sua aproximação com prefeitos e lideranças regionais, acumulando combustível para 2014.
E combustível é algo que Gabrielli, definitivamente, não tem mais.

Tempo de leitura: 2 minutos

"Pai, livrai-nos desses políticos estúpidos! Amém!"

O Pai Nosso obrigatório do vereador Gurita, chancelado pelo prefeito Newton Lima, foi o assunto mais comentado na semana por estas plagas e alhures, pois ultrapassou as fronteiras ilheenses e mais uma vez divulgou a inesgotável capacidade dos conterrâneos de produzir besteiras.
Sucede ao ato legislativo, sancionado pelo Executivo, um festival de argumentos tolos, emitidos por gente do governo, inclusive a ilustre secretária da Educação, que deveria – pelo cargo que ocupa – preocupar-se um pouco mais ao abrir a boca. Sim, porque uma estupidez proferida por um educador é sempre mais grave.
Como a questão se transformou também num debate entre religiosos e agnósticos, cristãos e ateus, é preciso ressaltar que o menos importante nessa discussão é exatamente o aspecto religioso. Não se trata de ser contra o Pai Nosso ou contra Deus, pois a celeuma se resolve na base da lei. Aliás, da Constituição Federal, a chamada lei maior.
Pela Constituição, na qual se assenta o Estado brasileiro e que é o eixo de todo o ordenamento jurídico, este é um país laico onde vigora a liberdade religiosa. Todos são livres para professar sua fé, mas ninguém pode ser obrigado a adotar ritos de qualquer religião.
Não importa que o vereador Gurita ou este blogueiro admire a ideia de que as crianças rezem o Pai Nosso em sala de aula. Essa é uma questão de preferência, de afinidade, mas não pode ser convertida em lei, pois esta será inconstitucional, pelo menos até que mudem o ordenamento jurídico.
As escolas precisam de muitas coisas, entre elas novos recursos pedagógicos para estimular os alunos e prepará-los de fato para a vida; mais incentivo aos educadores, em termos financeiros e de formação; melhor estrutura; mais interação com a comunidade… Podem precisar também de muita oração, mas isso pode ser no máximo uma opinião e nunca uma norma.
A tal lei do Pai Nosso obrigatório, além de inócua, pode até criar repulsa nas crianças, que em geral não se dão muito bem com imposições. Lei inconstitucional e burra, portanto. Não deveria ter sido proposta, muito menos aprovada pela Câmara de Vereadores e menos ainda sancionada pelo prefeito, que ficou de saia justa no genuflexório depois de referendar a “guritada”.

Tempo de leitura: 4 minutos

Walmir Rosário | wallaw2008@hotmail.com
 

Apesar de ser considerado um profissional competente, um urbanista experimentado, um secretário de Viação e Obras que teve competência para mudar “a cara” de Itabuna, Ronald Kalid não é analisado por essas qualidades.

 
Cara feia, não dá risada no meio da rua, não cumprimenta as pessoas. Esses são três das características consideradas negativas para um candidato a qualquer dos cargos políticos existentes. Em Itabuna, um dos pretendentes ao cargo de prefeito pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Ronald Kalid, é distinguido por possuir justamente esses três atributos, ou mais.
Daí, se torna voz corrente em alguns grupos políticos e até de profissionais da imprensa, a impossibilidade de Ronald Kalid se eleger prefeito de Itabuna. Os motivos citados são os mesmos de sempre: não dá tapinha nas costas, beijinhos nos eleitores e tampouco promete rios de leite e ribanceira de cuscuz assim que consiga se eleger.
É assim que a banda toca. O mais absurdo é que as avaliações partam justamente de pessoas que têm o dever de conscientizar a população e não construir mitos para depois derrubá-los, num ato explícito de iconoclastia. Ascendeu a um cargo de destaque, vamos cortar seus pés, conforme a prática costumeira de tempos bem remotos. Criamos os mitos, mas não idolatramos.
Leia Mais