As igrejas São Francisco de Assis e Nossa Senhora do Carmo no centro de Mariana || Foto PIMENTA
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Quem gosta de história e arquitetura antiga apaixona-se por Mariana, única cidade colonial mineira com traçado planejado. Com verdadeiros tesouros culturais, a primeira capital de Minas Gerais está entre os municípios brasileiros com maior número de patrimônios históricos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O turista que escolhe fazer o Circuito do Ouro precisa reservar ao menos um dia para conhecer museus, igrejas e casarões edificados ao longo de ruas estreitas e íngremes.

Um lugar para passeio tranquilo em Minas Gerais || Foto PIMENTA

É tanta riqueza histórica que o dia passa tão rápido sem que o visitante perceba. Por isso, é importante traçar, antes de sair para a aventura pelas ruas de pedra, um roteiro, definindo por onde começar o passeio e o que não deve deixar de fora. Muitos dos atrativos ficam próximos uns dos outros, como é o caso da Casa Cadeia (Paço Municipal) e das igrejas São Francisco de Assis e Nossa Senhora do Carmo, que formam um lindo e rico conjunto arquitetônico na Praça Minas Gerais.

A arte barroca na Nossa Senhora do Carmo || Foto PIMENTA

Um dos últimos exemplares da arte rococó em Minas Gerais, a Igreja Nossa Senhora do Carmo (foto acima) tem, no seu interior, uma beleza impressionante, sendo que a sua estrutura conta com traços marcantes do artista Francisco Xavier Carneiro, discípulo do mestre Manuel da Costa Athaíde. Xavier é apontado como responsável pela pintura do teto e o douramento dos altares laterais da igreja.

O risco do retábulo-mor é de autoria do reverendo e escultor Félix Antônio Lisboa. A Igreja sofreu o incêndio (até hoje não se sabe como foi causado) em janeiro de 1999, e foi completamente restaurada em 2002.

Igreja de São Pedro dos Clérigos é um dos patrimônios de Mariana || Foto PIMENTA

Meio que ao lado, quase em frente à Nossa Senhora do Carmo, fica a Igreja São Francisco de Assis, que apresenta traços de artistas como Manuel da Costa Athaíde, Francisco Vieira Servas e Francisco Xavier Carneiro. Athaíde foi responsável pelo douramento do retábulo do altar-mor e do altar de Santa Izabel. De acordo com o Iphan, os trabalhos de douramento dos demais altares foram realizados entre fins do século XVIII e início do século XIX.

A antiga cadeia de Mariana está sendo restaurada || Foto PIMENTA

Terceiro patrimônio do conjunto arquitetônico, a Casa de Câmara e Cadeia é o local onde funcionou a casa de fundição e senzala, além de ter sido cadeia. Atualmente abriga a Câmara de Vereadores de Mariana, mas está fechada para visitação, pois passa por reforma. Quando em funcionamento, o turista pode visitar a sala de exposições Antônio Pacheco Filho, com obras de artistas de Mariana.

Centro histórico de Mariana || Foto PIMENTA

Do conjunto arquitetônico, somente a Igreja Nossa Senhora do Carmo encontra-se aberta à visitação. A Igreja São Francisco e a Casa de Câmara passam por obras de restauração. A previsão é de que a igreja seja reaberta para visitação a partir de agosto, quando o trabalho de restauração será concluído.

O patrimônio histórico de Marina conta ainda com as igrejas Catedral Nossa Senhora de Assunção (Igreja da Sé), Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, São Pedro do Clérigos, Nossa Senhora dos Anjos, Bom Jesus do Monte, Nossa Senhora das Mercês, Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora de Nazaré.

Centro de Mariana (MG) mantém calçadas da época do Brasil colonial || Foto PIMENTA

Além das capelas de Santo Antônio, Sant´Ana e Nossa Senhora de Boa Morte e São Jorge; Seminário Maior São João José, Centro de Cultura Cine Teatro Mariana, e dos museus Arquidiocesano de Arte Sacra e Casa dos Alphonsus de Guimaraens, Casarão dos Morais, Casa do Conde Assumar. São cobradas taxas simbólicas de visitação e, com exceção  do Arquidiocesano de Arte Sacra, o turista pode fotografar as obras sem usar flash.

Entrada de Mariana (MG) || Foto PIMENTA

O Museu Arquidiocesano é considerado o mais rico em arte sacra de Minas Gerais e tem em seu acervo obras do Mestre Athayde e peças atribuídas ao escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, além de esculturas, pinturas, indumentária e vestes litúrgicas; mobiliário e objetos de cerimônias religiosas.

O museu funciona de terça a domingo, das 9h às 12h e das 13h às 17h, na rua Frei Durão, 49, Centro. É cobrada taxa de R$ 5,00 e o visitante é proibido de filmar e fotografar as obras no seu interior. O turista pode escolher se hospedar em Mariana ou Ouro Preto. Recomendamos a segunda cidade, pois oferece mais opções e mais atrativos.

Elenco da novela Renascer em 1993 em Ilhéus || Arquivo Luiz Fernando Carvalho
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O território ilheense desde a sua condição de capitânia hereditária tem tradição em ter gestores omissos, com as raras exceções. Jorge de Figueredo Correia, donatário da Capitania, deu a senha de como não gerenciar os encargos assumidos.

 

Efson Lima || efsonlima@gmail.com

A notícia veiculada pelo site Pimenta anunciando o início de pesquisa pela Rede Globo de Televisão para a realização do remake da novela Renascer em 2024, cujo folhetim foi sucesso em 1993, reabre as esperanças de reposicionar Ilhéus novamente no cenário turístico nacional.

Mas, a cidade guarda uma série de desafios. A consulta feita ao Conselho de Cultura de Ilhéus para conceder o espaço para a implantação de uma companhia de polícia militar deixa um desconforto na sociedade ilheense e também no estado da Bahia.

A eterna cidade do cacau, berço da civilização regional, teve a oportunidade de ser universalizada pelas obras do escritor Jorge Amado. Outa figura pouco citada, mas que colaborou para inserir a cidade definitivamente no contexto jurídico nacional foi João Mangabeira.

A novela Gabriela, inclusive, o remake, atualizou os brasileiros de uma cidade à beira mar com uma beleza extraordinária de seu mar, rios e mata no sul da Bahia. A própria Itacaré, nos finais dos anos 90, ajudou a promover o turismo de Ilhéus. Milhares são as pessoas que chegam pelo Aeroporto de Ilhéus. Mas, o que tem para os turistas? Se eu posso ser turista na minha terra, recorrendo à turismóloga Anna Lívia, eu posso dizer que é muito pouco.

Ilhéus foi abençoada pela natureza, pelo patrimônio histórico  e por sua gente simples, mas tem muito a implorar por lideranças comprometidas com a cidade. As atuais lideranças são responsabilizadas diretamente em razão da contemporaneidade com o nosso tempo, mas o território ilheense desde a sua condição de capitânia hereditária tem tradição em ter gestores omissos, com as raras exceções. Jorge de Figueredo Correia, donatário da Capitania, deu a senha de como não gerenciar os encargos assumidos.

A Princesa do Sul, que sempre recebeu anualmente milhares de turistas e é um constante lazer para a população sul-baiana, sofre com a depredação de seu patrimônio. As praças que são reformadas na cidade padecem de um gosto duvidoso. A Praça Pedro Mattos, em frente ao teatro, é um exemplo do que não se deve fazer em uma cidade histórica e turística. Se não temos a capacidade de inovar, copiamos e damos os devidos créditos.

A polêmica levantada pelo cacauicultor e fabricante de chocolate Gerson Marques, cujo vídeo foi publicado também no Pimenta,  cuja informação desde o final do ano passado já circulava  nos bastidores ilheenses,  sinaliza qual o nosso compromisso com a educação, com a cultura e com o turismo da cidade. Particularmente, não tenho nada contra que os equipamentos de segurança pública tenham o melhor conforto para que os seus servidores e, inclusive, os usuários dos serviços que para lá precisam se dirigir, possam ser acolhidos com a melhor dignidade.

Entretanto, substituir o espaço do antigo Colégio General Osório, que foi desmobilizado para ser a Biblioteca Adonias Filho e o Arquivo Público Municipal, que atualmente, encontram-se fechados, para sediar uma Companhia da Polícia Militar é um soco simbólico no estômago da sociedade baiana. E, no caso de Ilhéus, é colocar no porão da história toda busca pela valorização de seu patrimônio histórico-cultural.

Então, com a provável nova versão da novela Renascer, renascem as esperanças, mas os desafios permanecem. Os problemas de Ilhéus só poderão ser minimizados se os diversos setores se unirem e debaterem seus desafios e  na caminhada irem superando os boicotes individuais e coletivos. Pensar cultura e turismo em Ilhéus de forma separada é jogar recurso público fora de forma ineficiente e meio-ambiente e educação têm suas parcelas de responsabilidade.

Efson Lima é doutor e mestre em Direito (UFBA), advogado e professor universitário.