Ana Melo, Ednei, Adélia, Cijay e Enilda no evento na Apcef || Foto PIMENTA
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Um grupo de mulheres promoveu ato de apoio à pré-candidatura da secretária da Educação da Bahia, Adélia Pinheiro, a prefeita de Ilhéus. O evento recebeu a adesão de militantes e dirigentes do Partido dos Trabalhadores, ao qual a pré-candidata vai se filiar em breve. Estavam lá o presidente local do PT, Ednei Mendonça; a vereadora Enilda Mendonça e o deputado estadual Rosemberg Pinto, líder do Governo Jerônimo Rodrigues na Assembleia Legislativa.

Também marcaram presença o presidente municipal do PV, Rogério Matos; o ex-vereador Alisson Mendonça; o artista plástico Goca Moreno; o ex-prefeito de Itajuípe Marcone Amaral (PSD); a diretora do Colégio Vitória, Ana Carolina Melo, que é irmã de Adélia; e a professora Marlucia Mendes da Rocha, ex-secretária de Educação de Ilhéus.

Dos partidos que integram a Federação Brasil da Esperança, PT, PV e PCdoB, apenas os comunistas não tiveram representante no evento deste domingo (18), na Apcef, onde foi servida uma feijoada aos presentes.

Tupinambás manifestam apoio a Adélia || Foto Dayanna Monstans

No final do evento, o PIMENTA observou a Adélia Pinheiro que o PCdoB não havia escalado representante para o ato. “Eles vão vir”, comentou a pré-candidata, referindo-se não ao ato deste domingo, mas à construção de sua pré-candidatura.

BENTO?

Também ouvida pelo PIMENTA na Apcef, figura experiente da política local atribuiu a ausência dos comunistas a uma suposta interferência do secretário de Gestão do município, Bento Lima. Ele teria ficado insatisfeito com a divulgação de imagem em que representantes da Federação Brasil da Esperança apareceram ao lado de Adélia Pinheiro, na semana passada.

Ainda segundo a fonte, o secretário, que tenta viabilizar a própria pré-candidatura a prefeito, teria ameaçado retirar os cargos do PCdoB do Governo Marão, caso algum comunista fosse comer a feijoada de Adélia.

O QUE DIZ O PRESIDENTE DO PCdoB

Procurado pela reportagem, o presidente do PCdoB em Ilhéus, Rodrigo Cardoso, afirmou que, se o secretário Bento Lima ficou mesmo insatisfeito com a reunião da Federação com Adélia, ele não tratou disso com ninguém do partido. “E essa ameaça também não ocorreu.
Pelo que conheço do secretário e de seu diálogo respeitoso com o PCdoB, também não creio que o faria”, completou.

Rodrigo também fez a ressalva de que o PCdoB ocupa espaço limitado no Governo Marão, como um gesto a favor da construção da unidade da base de Jerônimo na sucessão do prefeito. Na visão dele, Mário Alexandre acumulou capital político para liderar o diálogo com os partidos aliados.

“No mais, os espaços do PCdoB no governo do prefeito Mário Alexandre são tão restritos, que qualquer liderança experiente saberia que essa [suposta ameaça ao Partido] não seria uma ação eficiente”, acrescentou.

OUTRA FALTA

Adélia discursa em evento na Apcef || Foto Dayanna Monstans

Faz tempo que o PT não se anima tanto com a possibilidade de disputar a Prefeitura de Ilhéus. A última vez foi em 2012, com a Professora Carmelita, que faleceu em novembro de 2023. Para outra pessoa presente no evento, que falou ao PIMENTA sob reserva, a única objeção que pode ser feita ao discurso de Adélia foi não ter citado Carmelita. “Ela ganhou o público, mas, assim, fecharia com chave de ouro”.

Pule deixa legado na política partidária e nos movimentos sociais
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Ativistas sociais e o mundo político grapiúna se despedem, nesta quarta-feira (25), de uma das figuras mais proativas de Itabuna, Edson Gomes Menezes. Militante do PCdoB e servidor público, Pule, como era mais conhecido, faleceu nesta terça-feira (24), após dias internado no Hospital Costa do Cacau. A causa da morte foi pneumonia.

Em vida, Pule, além de servidor público em Ilhéus teve intensa vida social em Itabuna, onde residia, foi dirigente da Federação das Associações de Moradores do Estado da Bahia e membro do Conselho Estadual das Cidades.

Pule também comandou o setor de Habitação da Prefeitura na gestão de Claudevane Leite (Vane do Renascer). Candidatou-se a vereador nas duas últimas eleições.

O corpo de Pule está sendo velado no SAF de Itabuna, na Avenida Juca Leão, em frente ao Grapiúna Tênis Clube. O enterro está marcado para as 13h, no Cemitério Campo Santo, em Itabuna. Ele deixa esposa, Ruth Menezes, dirigente da APLB-Sindicato, além dos filhos Jonathas e Jeniffer e dois netos.

HOMENAGENS

Nas redes sociais, centenas de amigos prestaram homenagens a Pule. O ex-vereador ex-vice prefeito de Itabuna Wenceslau Júnior ressaltou a figura humana. “Muito mais que um militante, ele [Pule] foi um grande amigo, camarada lutador, acolhedor, humano e sincero. Pule deixa um grande legado que é o exemplo de militante comunista”.

Bebeto Galvão: "minha pré-candidatura está colocada" || Foto Classe Política
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O vice-prefeito Bebeto Galvão (PSB) já manifestou ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) e ao prefeito Mário Alexandre, Marão (PSD), o desejo de ser o candidato da base à Prefeitura de Ilhéus em 2024. “Minha pré-candidatura está colocada”, disse Bebeto ao PIMENTA, nesta segunda-feira (25), por telefone.

“Conversei com o governador há algum tempo, mas disse a ele que só o faria [anunciaria a pré-candidatura] após ter uma conversa com o prefeito Mário. Fiz a conversa com o prefeito Mário. Perguntei se ele havia decidido um candidato dele, ou se o PSD teria [escolhido um nome]”, acrescentou o vice-prefeito, antes de enfatizar que Mário Alexandre não se posicionou sobre o assunto.

Para Bebeto, foi importante inteirar o prefeito das suas conversas com lideranças da base de Jerônimo e de outros campos. Segundo ele, em Ilhéus, conduzir o processo eleitoral é prerrogativa de Marão. “[Cabe ao prefeito] juntar esses pré-candidatos, de modo a construir coesão interna do nosso bloco de governo, no estado e no município, para ver quem tem a melhor condição de liderar o projeto de cidade”.

O vice-prefeito considera natural que Marão se reserve o direito de iniciar o diálogo sobre as eleições de 2024 mais à frente. O prefeito tem dito que deixará o assunto para o ano que vem.

CONVERGÊNCIA

Quando o PIMENTA solicitou que Bebeto descrevesse a reação do prefeito ao ouvir que ele pretende ser o candidato do grupo, o socialista reivindicou seu papel na reeleição de Mário Alexandre, em 2020, e na eleição de Soane Galvão a deputada estadual pelo PSB, no ano passado.

– Soane elegeu-se, sem falsa modéstia, com minha ajuda decisiva. Eu posso dizer quais foram as cidades [nas quais a deputada colheu frutos da entrada no PSB] – reforçou Bebeto Galvão, que, apesar do sobrenome, não tem parentesco com a primeira-dama de Ilhéus.

Também citou o desejo de reproduzir essa aliança. “[Quero] que a gente faça esse entendimento e continue convergindo no projeto eleitoral para 2024 e para o futuro de Mário, o futuro do nosso bloco de poder na cidade”.

ENTRADA DO PCdoB NO GOVERNO

Lideranças do PCdoB não escondem simpatia ao nome de Bebeto Galvão como possível candidato a prefeito. O PIMENTA questionou se a entrada dos comunistas no Governo de Ilhéus fortalece a posição do vice-prefeito no grupo.

“Fui um dos coordenadores da campanha presidencial de Lula em Ilhéus, em 1989. De lá pra cá, tenho me perfilado sempre à esquerda. Isso gera raízes, confiança. Fui do PCdoB, tenho relações construídas no PCdoB. É natural que um ou outro companheiro possa ter inclinação pelo meu nome. Agora, a chegada do PCdoB [no Governo] não tem a ver com essa decisão relacionada a 2024″, respondeu Bebeto.

Marão (de amarelo) durante encontro com lideranças do PCdoB, no sábado (23)
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A chegada do Partido Comunista do Brasil na gestão do prefeito Mário Alexandre (PSD) faz parte de um movimento estadual de olho nas eleições de 2024, afirma o presidente da sigla em Ilhéus, Josenaldo Cerqueira. A adesão foi anunciada no último sábado (23), após encontro político com a presença de Marão, do vice-prefeito Bebeto Galvão (PSB) e de lideranças do PCdoB, a exemplo do próprio Josenaldo e do vereador Cláudio Magalhães.

“O PCdoB vem discutindo participação no Governo Marão há muito tempo”, disse Josenaldo ao PIMENTA, ao ser questionado sobre o momento da aliança, a pouco mais de um ano do fim do segundo mandato do prefeito. “Agora, o partido definiu, através do vereador Cláudio Magalhães, junto com o Diretório Municipal, que seria o momento [certo], porque vai discutir, lá na frente, quem vai ser o candidato a prefeito do grupo que faz parte do Governo do Estado”, disse Josenaldo.

Ele acrescentou que esse é um posicionamento dos comunistas em toda a Bahia, de alinhamento com as bases de apoio ao governador Jerônimo Rodrigues e do presidente Lula, ambos do PT. “Isso está definido, é uma posição do PCdoB estadual, que aqui a gente está respeitando, como é em Itabuna, com [o prefeito] Augusto Castro”.

Josenaldo vê Partido melhor posicionado para debate eleitoral

Ainda explicando o timing, Josenaldo reforçou que o movimento melhora a posição do PCdoB no debate da base de Jerônimo sobre o processo eleitoral de Ilhéus, que, segundo ele, tende a ser dirigido por Marão em diálogo com as demais forças do grupo.

CARGOS

O PCdoB indicou quatro nomes para o Governo Municipal, todos já nomeados. Marivaldo Santos Pereira é o novo assessor de Gabinete da Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer. Sosígenes do Amaral e Silva Junior assume a chefia do setor de Projetos e Convênios da Secretaria de Saúde. Vice-presidente do Partido em Ilhéus, Cris Calabraro foi nomeada coordenadora de Desenvolvimento Social. Militante histórico do PCdoB ilheense, Eduardo César Correia foi incumbido da administração da Casa de Cultura Jorge Amado.

Conforme Josenaldo, os quatro membros do Partido vão desempenhar funções para as quais estão preparados. “[Isso] eu garanto”.

FORA DA FOTO

A pedido do PIMENTA, o presidente do Sindicato dos Bancários de Ilhéus, Rodrigo Cardoso, das figuras mais proeminentes do PCdoB na cidade, esclareceu que sua ausência na foto do anúncio do embarque no Governo não tem nenhum significado especial. “Só conflito de agenda. Já tinha um compromisso em Itabuna no horário”.

Aldenes Meira vai para o governo e levará o PV para a base
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Ex-presidente da Câmara de Vereadores e dirigente do PV de Itabuna, Aldenes Meira será nomeado para um cargo de supervisão no Governo Augusto Castro. O martelo foi batido e a nomeação deverá ser publicada ainda hoje. Aldenes vai trabalhar na Secretaria de Planejamento com o titular da Pasta, José Alberto.

Com a nomeação, Augusto Castro puxa para o seu governo, oficialmente, mais um partido da Federação PT, PV e PCdoB e tira um pré-candidato do páreo. A Federação tinha, até agora, dois nomes prefeituráveis. Além de Geraldo Simões, o próprio Aldenes. As negociações de apoio envolvem também nomeação de alguns quadros do PV itabunense.

Nos bastidores, a chegada de Aldenes é atribuída às articulações do secretário de Governo, Rosivaldo Pinheiro, que vinha trabalhando pelo apoio do ex-correligionário desde o início do ano e é visto como dos principais conselheiros do prefeito Augusto Castro na adoção de mudança de rumos no governo.

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O professor Júnior Brandão deixou a Secretaria de Educação e assumirá a Pasta da Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), após articulação do prefeito Augusto Castro (PSD) que oficializou a entrada do PCdoB no Governo. O partido indicou a professora Adriana Tumissa para a Secretaria de Educação.

Antes de assumir a SEMPS, o professor Josué Brandão Júnior foi titular da Secretaria de Governo, de janeiro de 2021 a maio de 2022, e da Secretaria Municipal da Educação, onde passou a liderar o processo de reforma e requalificação de 90 unidades escolares da Rede Municipal de Ensino e a criação Escola Municipal João Rodrigues da Silva, no Bairro Pedro Jerônimo, processos iniciados com a advogada e professora Janaína Araújo.

Nova secretária de Educação de Itabuna, Adriana dos Santos Souza Tumissa é pedagoga, professora efetiva da rede estadual desde 2001. Ela é pós-graduada em Comunicação Social e foi gestora do Ciso-Estadual no período de 2016 a 2020.

Anúncios dos pré-candidatos Augustão e Makrisi não empolgam comando do PT ilheense
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Faltam 17 meses para as eleições de 2024, mas engana-se quem vê o pleito distante no horizonte. Para os políticos, a corrida já começou. A Federação Brasil da Esperança, que reúne PV, PCdoB e PT, acaba de anunciar o seminário “Pensando o Futuro de Ilhéus”, a ser realizado no próximo dia 29, no Centro de Convenções.

A atividade contará com os deputados federais Jorge Solla e Josias Gomes e com os deputados estaduais Rosemberg Pinto e Paulo Rangel, todos do PT, além dos secretários estaduais Maurício Bacelar (Turismo) e Adélia Pinheiro (Educação).

Também foi confirmada a participação dos presidentes estaduais do PT e do PV, Éden Valadares e Ivanilson Gomes, respectivamente, assim como do secretário de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia, Davidson Magalhães, que preside o PCdoB no estado.

DISPUTA INTERNA 

A mesma Federação já tem dois pré-candidatos a prefeito de Ilhéus, o vereador Carlos Augusto, Augustão, e o ex-vereador Makrisi Angeli, ambos petistas. Presidente municipal da legenda, Ednei Mendonça não se empolgou com os anúncios dos companheiros. O dirigente, em mais de uma ocasião, afirmou que deseja ver Adélia Pinheiro candidata ao Executivo ilheense pelo PT.

Até o momento, a secretária não tem partido. Ouvida recentemente pelo PIMENTA, Adélia comentou as especulações sobre seu futuro político (relembre).

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O ex-vereador e ex-vice-prefeito de Itabuna Wenceslau Júnior (PCdoB) lançará a sua pré-candidatura a deputado federal em ato nesta sexta-feira (20), no salão nobre da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), em Itabuna. O evento está programado para as 18h.

Wenceslau diz que é fundamental ter um representante do sul da Bahia na Câmara Federal ao lado do pré-candidato a presidente da República pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva e diz porque é importante, na visão dele, ter parlamentares progressistas. “Não podemos ficar nas mãos dos deputados do Centrão, que só conhecem a política do toma lá dá cá”, afirma.

“Estarei no time de Lula, Jerônimo e Otto para mudar o Brasil e manter a Bahia no rumo certo”, afirma, enfatizando que o desafio de defender a democracia nunca foi tão atual e intenso como hoje”, afirma o advogado e professor de Direito da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

Com mais de 30 anos de experiência na política baiana, ele acumula ao longo de sua carreira, diversas funções públicas, por isso saberá colaborar com as mudanças necessárias para a verdadeira transformação do Brasil. “Na Câmara Federal poderei ajudar a devolver o país ao povo brasileiro. Lá, teremos subsídios para acabar com a fome e a miséria, restabelecendo os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”, explica.

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Quando faleceu, em 24 de março de 2021, o ex-deputado federal Haroldo Lima (PCdoB) já havia escrito boa parte da sua autobiografia. Aos 81 anos, o comunista deixou os manuscritos aos cuidados da família, antes de ser internado no Hospital Aliança, em Salvador, onde perderia a luta pela vida contra a Covid-19, doença que já matou 665 mil brasileiros, segundo os números oficiais.

Coube ao ex-deputado federal Aldo Arantes, correligionário de Haroldo no PCdoB, a tarefa de organizar e concluir a obra, que será lançada nesta terça-feira (17), às 18h, no Sindicato dos Bancários de Itabuna, com o título Haroldo Lima – coragem e dedicação à luta do povo (Ed. Anita Garibaldi).

Natural de Caetité e formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Haroldo Borges Rodrigues Lima participou ativamente da militância estudantil. Durante a ditadura (1964-1985), foi um dos fundadores da Ação Popular (AP), movimento de resistência armada ao regime golpista. Deputado constituinte, teve cinco mandatos na Câmara Federal. Deixou a Casa em 2002 e, de 2003 a 2011, dirigiu a Agência Nacional de Petróleo (ANP).

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O vereador de Ilhéus Cláudio Magalhães (PcdoB) confirmou, nesta quarta-feira (4), o seu apoio ao deputado estadual Fabrício Falcão, também do PCdoB. O parlamentar é pré-candidato à reeleição e o apoio foi selado durante encontro em Salvador, do qual participaram o cacique Sussuarana Tupinambá e José Raimundo Melgaço Tupinambá, além de Élvio Magalhães.

Segundo Cláudio Magalhães, Fabrício se comprometeu a viabilizar recursos para a reforma da Praça Cláudio Magalhães, em Olivença, além de garantir apoio a demandas coletivas da comunidade Tupinambá. Por meio de emenda parlamentar de Fabrício, a Associação Tupinambá receberá um motor para o barco de pesca e um kit irrigação.

De acordo com Cláudio, o mandato de Fabrício também articulou para Ilhéus e Olivença cursos de qualificação profissional, uma Feira de Economia Solidária e apoio para o São João de Olivença.

JOGOS ESTUDANTIS E SEMINÁRIO

O vereador Cláudio e o cacique Sussuarana estiveram ainda em reunião na Secretaria de Educação da Bahia para debater a realização do VII Jogos Estudantis Indígenas dos Tupinambás de Olivença, que ocorrerá de 18 a 24 de julho deste ano. O evento é organizado pelo grupo de jovens Tupinambá Paranã e conta com o apoio de toda comunidade indígena.

Fabrício também se comprometeu em articular apoio institucional para um seminário e a tradicional Caminhada dos Tupinambás de Olivença, que ocorrerá nos dias 23 a 25 de setembro. A iniciativa culmina com a Marcha Tupinambá, que inicia na Igreja de Olivença e segue até o Cururupe.

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Presidente do PCdoB de Itabuna, o ex-vereador Wenceslau Júnior parabenizou o professor, advogado e escritor Efson Lima, que será empossado como novo membro da Academia de Letras de Ilhéus (ALI), em solenidade na sede da instituição, nesta sexta-feira (22), às 19h.

– Ele dará uma importante contribuição para que a Academia cresça ainda mais, pois se trata de um jovem doutor com inteligência imensurável. Tenho certeza que seus conterrâneos, assim como eu, que o admiram e acompanham sua trajetória acadêmica estão orgulhosos. Parabéns!

Efson Lima ocupará a cadeira 40 da ALI. Jovem doutor, Efson é um dos articulistas do centenário jornal A Tarde e do Diário de Ilhéus. O mais novo imortal também é um dos responsáveis por articular a realização do Festival Literário Sul-Bahia (Flisba).

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A experiência do fascismo na Itália tinha, pelo menos, três características centrais: nacionalismo chauvinista, autoristarismo e antissocialismo. É revelador que o nascimento do Partido Nacional Fascista tenha se dado oito meses após a fundação do Partido Comunista Italiano, criado em 21 de janeiro de 1921. Quando recrudesceu o regime, a partir de 1925, Benito Mussolini o fez com apoio da burguesia industrial, da monarquia italiana e do Vaticano, que só romperam com o Duce nos estertores da Segunda Guerra.

No Ocidente, a experiência italiana serviu de modelo para os regimes destinados a conter a expansão do comunismo, impulsionada pela Revolução Russa de 1917. No Brasil, o Golpe de 1930, além de extinguir a República Velha, mobilizou as oligarquias nacionais contra a ameaça comunista. Nessa época, antes do segundo golpe de Getúlio Vargas, em 1937, os principais adversários ideológicos dos comunistas eram os integralistas, que emularam o discurso nazifascista quando Hitler e Mussolini ainda eram exaltados por fatias expressivas da sociedade brasileira.

O lema Deus, pátria e família, dos integralistas, ganhou eco na Marcha da Família com Deus e pela Liberdade, que antecedeu o golpe responsável pela instauração da ditadura civil-militar, em 1º de abril de 1964. As reformas de base do então presidente João Goulart eram, segundo a propaganda golpista, a encarnação do comunismo no Brasil. Nas eleições de 2018, Jair Bolsonaro (PL) foi eleito presidente da República com sua adaptação do lema integralista: Brasil acima de tudo, Deus acima de todos. Às vésperas de tentar a reeleição, Bolsonaro retoma os ataques aos partidos e movimentos de esquerda, reduzindo o campo político adversário, mais uma vez, à ameaça comunista.

Nesta entrevista ao PIMENTA, o presidente do Sindicato dos Bancários de Ilhéus e ex-candidato a vice-prefeito, Rodrigo Cardoso, 43, resgata parte da história do Partido Comunista do Brasil no sul da Bahia e atribui a Jair Bolsonaro a peculiaridade da representação de um neofascismo antinacionalista. Também interpreta o significado da provável aliança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) e defende a continuidade do projeto liderado pelo PT no governo baiano. Leia.

PIMENTA – Quando nasceu, oficialmente, o comunismo brasileiro?

RODRIGO CARDOSO – No dia 25 de março de 1922, em Niterói, fundado como Partido Comunista do Brasil (PCB). Em 1962, dentro de uma discussão interna do partido, uma ala mudou a sigla para PCdoB e outra mudou o nome para Partido Comunista Brasileiro, mantendo a sigla PCB. A gente pode dizer que, hoje, esses dois partidos são da herança da fundação do PCB de 1922.

Ainda existe disputa por essa herança?

Acho que não. Os dois partidos são herdeiros dessa tradição de luta em defesa do povo brasileiro, dos interesses nacionais, dos direitos sociais e dos direitos dos trabalhadores. Acho que isso não é mais visto como motivo de disputa.

Como o projeto revolucionário aparece no horizonte do PCdoB hoje?

O PCdoB entende que a luta pelo socialismo vive etapa, estrategicamente, defensiva desde o fim da experiência socialista no leste europeu. Apesar disso, já no século XXI, algumas experiências socialistas permanecem pujantes, como na China, que é a segunda economia do mundo e, potencialmente, a médio prazo, se tornará a maior. Outros países seguem firmes na luta pelo socialismo, além dos lutadores nos mais variados países do mundo. O cenário mais recente da crise estrutural do capitalismo, a crise financeira, apresenta a construção de uma alternativa socialista como necessidade para o mundo. No entanto, entendemos que esse é o processo de uma revolução longa, de retomada de iniciativa e de apresentação de um projeto socialista, com a consciência e a convicção de que o mundo, sob o capitalismo, estabelece um futuro muito difícil para as grandes massas e a maioria das nações.

Temos visto muitas comparações do comunismo como nazismo, a exemplo das declarações do youtuber Monark no programa Flow, que defendeu a legalização do partido nazista no Brasil. Como você analisa essa comparação?

Essa comparação só interessa aos fascistas e aos nazistas, tendo em vista que os comunistas foram os principais responsáveis pela derrota do nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial. Há uma contradição direta entre o comunismo e o nazi-fascismo. Quem estava alinhado com as experiências democráticas para derrotar o nazi-fascismo foi o bloco dos partidos e países socialistas. É absurdo estabelecer qualquer paralelo nesse sentido. O comunismo é uma ideologia humanitária, que busca a construção da igualdade, tanto da igualdade entre indivíduos, do ponto de vista dos direitos, quanto da igualdade econômica. O nazismo é a ideologia do racismo, da exclusão, da destruição, da barbárie. Esse é um paralelo falso. Alguns setores que buscam o liberalismo extremo acabam, na prática – e isso ficou muito claro na fala do Monark -, tentando naturalizar o nazismo.

No final da década de 1960, a vereadora Ida Viana Rêgo (MDB) deu apoio, em Ilhéus, à formação de um grupo de resistência armada à ditadura, que tinha militantes do clandestino PCdoB. Você tem informações sobre esse episódio?

A história dos comunistas em Ilhéus vem de Nelson Schaun, que era um intelectual, professor e teve relação com o movimento indígena do Caboclo Marcelino, dos tupinambás de Olivença. Na fase de pré-clandestinidade do período Vargas, Nelson Schaun foi uma das principais referências do Partido Comunista no sul da Bahia. Na ditadura, houve esse movimento clandestino, mas nós, do partido, temos poucas informações documentadas, apesar de termos rumores sobre essa questão. Durante o regime militar, Haroldo Lima era um dos principais dirigentes da Ação Popular, grupo da esquerda católica que acabou se incorporando ao PCdoB. Haroldo esteve na região, nessa tentativa muito embrionária de resistência armada, que não avançou. Posteriormente, na década de 1980, no processo de redemocratização, ainda na clandestinidade, mas funcionando dentro da ala progressista do MDB, os membros do partido vieram para a nossa região. Eram jovens militantes que tinham vínculo com o partido em Salvador. Foi o caso de Davidson Magalhães, de Itabuna, Gustavão, nosso principal dirigente de Ilhéus, doutora Fátima, advogada, doutor Renan. A partir daí, começaram a constituir a organização política do partido, que foi legalizado em 1985 e passou a se estabelecer na luta concreta da nossa região, tendo papel muito importante nos mais variados setores da juventude e dos trabalhadores. Militantes do PCdoB tiveram papel de protagonismo na luta pela estadualização da Uesc.

Quando começa sua história no partido?

Cheguei ao partido no ano 2000. Quando entrei na Uesc, em 1998, já havia o movimento estudantil forte e combativo, com uma história muito bonita dos comunistas na luta pela estadualização da universidade. O camarada Wenceslau Júnior, em especial, era referência muito forte no nosso movimento estudantil. A parti daí, entrei na militância. Fui do Centro Acadêmico de Direito, do Diretório Central dos Estudantes, dos conselhos da universidade. Depois, ingressei no movimento dos trabalhadores, porque já era funcionário do Banco do Brasil e me integrei à luta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Quais são os desafios da atuação do PCdoB em Ilhéus, na Bahia e no Brasil?

Conquistamos um mandato na Câmara de Ilhéus, do vereador Cláudio Magalhães, primeiro vereador indígena da cidade. Essa vitória foi muito importante, como em Itabuna, o outro polo da nossa região, onde o partido elegeu a servidora e presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Wilmaci Oliveira. A existência dos parlamentares dá esteio muito forte para a militância do partido, que tem o desafio de ser instrumento da luta do povo. No caso da Bahia, temos relações com o Governo do Estado, tendo em vista que o partido faz parte da base, com Davidson [Magalhães] na Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda e com participação na Secretaria de Política para as Mulheres, na Bahiagás e outros setores do governo estadual, nesse sentido de atrair políticas públicas que ajudem o desenvolvimento da região e melhorem as condições de vida do nosso povo.

Do ponto de vista político-eleitoral, o desafio é tentar manter esse projeto que tem trazido muitos avanços para a Bahia, que começou com Wagner, segue com Rui Costa e, a partir de agora, será liderado por Jeônimo Rodrigues. E o PCdoB também tem o objetivo de eleger seus parlamentares. Na região, temos como centro da tática política-eleitoral a pré-candidatura de Wenceslau Júnior, ex-vice-prefeito e ex-vereador de Itabuna, a deputado federal. Do ponto de vista nacional, o centro da nossa atuação política é derrotar o bolsonarismo. O Brasil não aguenta mais. O povo brasileiro está sofrendo demais, com perda do poder de compra [do salário mínimo], gasolina nas alturas, inflação disparada, desemprego alto. Um país estagnado, sem projeto, que precisa ser reconstruído. Na nossa visão, nesse momento, isso passa por um papel muito importante da liderança do ex-presidente Lula.

Temos visto dois argumentos sobre a provável aliança de Lula com Geraldo Alckmin, que deverá ser o vice do petista. De um lado, aponta-se acerto devido à necessidade de ampliação da frente democrática contra a reeleição de Bolsonaro. Entretanto, há quem diga se tratar de capitulação à política econômica que o ministro Paulo Guedes representa. Qual é o significado dessa nova parceria?

Está à altura da gravidade do momento político que vivemos. Como falei antes, nós, comunistas, damos muita importância ao enfrentamento do fascismo. E Bolsonaro é um dos principais representantes do mundo de uma corrente neofascista, de uma política de extrema-direita que busca restringir os espaços democráticos. No Brasil, temos a peculiaridade de ser um neofascismo antinacional, que busca ser autoritário e destruir os direitos do povo, mas também entregar o patrimônio nacional, a preço de banana, a grandes interesses econômicos estrangeiros. O fundamental desse governo de Bolsonaro, o que leva à unidade [da oposição], é a ameaça à democracia. Alguns dizem que a democracia é o pior governo que existe, mas o melhor já inventado. A defesa da democracia, que foi conquista histórica do povo brasileiro, leva à necessidade da maior união possível. Não vejo nenhum problema nisso. Tenho convicção de que isso não passa, necessariamente, por concessões do programa econômico. Afinal de contas, Alckmin, enquanto possível candidato a vice-presidente, já foi para o PSB, partido de centro-esquerda, que tem convicções do seu programa e é mais alinhado com o programa de Lula e das esquerdas. Portanto, se entrar nessa aliança, Alckmin entrará comprometido com o programa de governo de reconstrução do Brasil.

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Vamos recolocar o Brasil nas mãos dos Brasileiros e substituir o ódio pelo amor, a violência pela paz, o preconceito pelo acolhimento, a morte pela vida, o egoísmo pelo espírito colaborativo, o individualismo pela solidariedade, o medo pela confiança de que é possível transformar o mundo em um lugar melhor para se viver

 

Wenceslau Júnior

Nesta sexta-feira, 25 de março de 2022, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) comemora seu primeiro centenário de fundação. Em 1922, em um ambiente de luta por direitos sociais e trabalhistas embalados pelo ideal socialista fruto da Revolução Russa 1917, nove jovens, a maioria operários, e alguns intelectuais se reuniram em Niterói (RJ) para fundar o Partido Comunista do Brasil.

O ambiente nacional era de uma classe operária em formação e também de enorme ebulição cultural que buscava a formação de uma cultura genuinamente brasileira. Refiro-me especialmente à Semana de Arte Moderna, que também comemora seu centenário neste ano de 1922.

Impossível narrar a história deste século sem recorrer à história de lutas dos comunistas. Na organização dos primeiros sindicatos combativos, na luta pelas Reformas de Base e na resistência em defesa da democracia nos momentos de exceção, lá estavam os militantes e dirigentes comunistas. Mais da metade desse tempo o Partido viveu na clandestinidade.

Nas décadas de 30 e 40 enfrentamos a Ditadura do Estado Novo, que aliada ao nazifascismo oprimiu duramente o povo brasileiro que não aceitava a exclusão e brutalidade dessa política. O Estado Novo entregou covardemente Olga Prestes para morrer nos campos de concentração nazista.

De 1º de abril de 1964 a 15 de março de 1985, enfrentamos a Ditadura Militar, inclusive pegando em armas na heroica Guerrilha do Araguaia. Em 16 de dezembro de 1976 vários dirigentes do Comitê Central foram presos, torturados e mortos em São Paulo (SP), no episódio conhecido como Chacina da Lapa, entre os presos e torturados estava o saudoso Camarada Haroldo Lima, que sobreviveu à tortura, mas não resistiu ao negacionismo brasileiro, morrendo de Covid-19 em 24 de março de 2021.

Ao longo desses 100 anos o PCdoB sempre defendeu a democracia, a justiça social, o respeito à diversidade brasileira, o direito dos trabalhadores e trabalhadoras, a liberdade de culto religioso, incluída pela primeira vez em Constituição Federal pelo Deputado Comunista Jorge Amado na Constituição de 1946.

O desafio de defender a democracia nunca foi tão atual e intenso como hoje. A postura genocida, negacionista, machista, misógina, homofóbica, e para traduzir em uma só palavra, nazista, do atual Presidente da República, chama mais uma vez os comunistas à responsabilidade: Iremos honrar a memória dos brasileiros e brasileiras que tombaram na Guerrilha do Araguaia, na Chacina da Lapa, nos conflitos agrários e todos aqueles como Chico Mendes, Marielle Franco, Haroldo Lima, Moa do Katendê, que tiveram suas vidas ceifadas pela brutalidade daqueles que se desumanizaram no exercício do poder.

Vamos recolocar o Brasil nas mãos dos Brasileiros e substituir o ódio pelo amor, a violência pela paz, o preconceito pelo acolhimento, a morte pela vida, o egoísmo pelo espírito colaborativo, o individualismo pela solidariedade, o medo pela confiança de que é possível transformar o mundo em um lugar melhor para se viver, respeitando não só os seres humanos e tratando-os com equidade, mas respeitando também os limites da natureza.

Viva o Partido Comunista do Brasil! Viva a Paz! Viva o Socialismo! Fora Bolsonaro!

Wenceslau Junior é advogado, professor, presidente do PCdoB de Itabuna e membro da comissão política estadual do PCdoB.

Ex-deputada Kelly Magalhães morreu aos 52 anos, vítima de câncer
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A ex-vereadora de Barreiras e ex-deputada estadual baiana Kelly Magalhães (PCdoB) faleceu neste domingo (23), aos 52 anos, vítima de câncer, em Salvador. A notícia foi confirmada pelo presidente estadual do partido, Davidson Magalhães, em nota. Kelly enfrentava câncer há vários anos, segundo o dirigente.

Antes de eleita deputada estadual em 2010, Kelly foi vereadora e presidente da Câmara Municipal de Barreiras, comerciária e assessora do Sindicato dos Bancários da Bahia. Ela tinha formação em Letras pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e coordenou o Diretório Central dos Estudantes (DCE) do campus Barreiras da universidade estadual.

“A morte de Kelly é uma grande perda para os democratas e todos os que lutam por uma sociedade mais justa e fraterna. O PCdoB-Bahia lamenta profundamente a perda de nossa combativa companheira de tantas lutas e presta solidariedade aos familiares e amigos”, escreveu Davidson Magalhães.

A ex-deputada e presidente da Câmara de Barreiras por duas vezes deixa esposo e dois filhos.

HOMENAGENS

Além do dirigente do PCdoB, políticos como o senador Jaques Wagner e o deputado estadual e ex-colega de parlamento Rosemberg Pinto, ambos do PT, prestaram homenagem à ex-deputada, liderança política no oeste baiano. Rosemberg escreveu no Twitter que Kelly “muito contribuiu para a construção dessa nova Bahia”. E completou: “Perdemos uma guerreira””.

Walmir Rosário e Odilon Pinto, em Brasília, na comemoração do aniversário do Ministério da Agricultura || Foto Águido Ferreira
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Realmente, os esforços de Mílton e Zé Haroldo não foram em vão. Odilon era um artista nato; um músico que tocava os sete instrumentos e ainda cantava; um comunicador por excelência e que sabia fazer se entender pelo doutor e o operário rural.

 

Walmir Rosário

Que me perdoem os puristas acostumados a tecer comentários desairosos sobre os estabelecimentos dedicados à transferência de felicidade ao gênero humano por meio da venda de bebidas e tira-gostos. Desinformados ou rancorosos, não conhecem nada do que se passa entre aquelas quatro paredes e mesas e onde se conversa sobre todos os temas, com exaltação e nenhuma briga a perdurar.

Para mim, não há melhor local recomendado para aliviar o stress, enriquecer o conhecimento, construir amizades sólidas, duradouras, mesmo que não se conheça nada de nada sobre a origem e a família do quase irmão. Chego até mesmo a nomear um boteco como um templo da cultura, dada a amplitude dos assuntos ali abordados, enriquecendo o cabedal de conhecimento dos fiéis frequentadores.

Digo, afirmo e provo! E eis que, no sábado passado, eu e os amigos Batista e Arenouca resolvemos colocar a conversa em dia e nos dirigimos ao Laginha, em Canavieiras, boteco que se preza pela cerveja gelada e bons tira-gostos. Nem bem chegamos à mesa, encontro o colega advogado Leonício Guimarães (Léo), canavieirense, ex-vereador em Itabuna, às voltas das reminiscências sobre o rádio grapiúna.

Há muito queria lembrar o texto da vinhenta de encerramento do programa De Fazenda em Fazenda e Na Fazenda do Odilon, que apresentamos – o locutor que vos fala e Odilon Pinto – há bem mais de 30 anos. Confesso que não me lembrava, mas diante da insistência de Léo, começamos a falar sobre os programas, os estilos, a qualidade da informação que levávamos a um público urbano e rural.

Para os que não conheceram ou sequer ouviram falar, o programa de rádio De Fazenda em Fazenda foi um canal de comunicação entre a Ceplac e seu público-alvo: agricultores e trabalhadores rurais, traduzindo as mensagens técnicas ao homem do campo de forma simples, alegre e descontraída. Teria de levar a mensagem técnica de forma compreensível e que produzisse resultados positivos em toda a região cacaueira da Bahia.

Alguns formatos foram pensados e levados ao ar por grandes comunicadores, mas a interação não chegava ao pretendido, até o chefe da Divisão de Comunicação, Mílton Rosário, se bater com Odilon Pinto. Só que tinha um problema quase intransponível: Odilon Pinto era comunista de carteirinha, volta e meia interrogado e preso, e não poderia trabalhar num órgão do governo federal, principalmente nos tempos da revolução de 64.

Para convencer os militares, foi necessário o aval de Mílton Rosário ao secretário-geral José Haroldo Castro Vieira, que conseguiu convencer os militares.

– O homem é bom e eu respondo por ele – garantiu José Haroldo.

Realmente, os esforços de Mílton e Zé Haroldo não foram em vão. Odilon era um artista nato; um músico que tocava os sete instrumentos e ainda cantava; um comunicador por excelência e que sabia fazer se entender pelo doutor e o operário rural. Paralelamente ao programa de rádio, Odilon criou um grupo regional, que se apresentava nos eventos técnicos e culturais da Ceplac, ou nas noites festeiras das cidades próximas.

Mas eis que chega a democracia e os homens do PMDB mudam a direção da Ceplac e resolvem, também, trocar a emissora de rádio: em vez da Rádio Jornal de Itabuna, onde era apresentado, o De Fazenda em Fazenda passou a ser transmitido na Rádio Difusora, do político Fernando Gomes. De pronto, Odilon enfrenta a direção da Ceplac, se coloca à disposição da Dicom e passa a apresentar um seu programa, agora Na Fazenda do Odilon.

Para os ouvintes isto criou uma confusão danada, pois as duas emissoras apresentavam programas parecidos, com nomes e apresentadores diferentes. E assim continuou. Após um curto espaço de tempo e muitos apresentadores, acumulo a reportagem e a apresentação do De Fazenda em Fazenda, na Rádio Difusora, das 4 às 7 horas, sem abandonar o trabalho nos veículos impressos e de vídeo da Ceplac.

Para competir com o artista e amigo dos ouvintes, Odilon Pinto, fizemos uma reformulação no programa, criando quadros com a participação de engenheiros agrônomos, médicos veterinários, técnicos agrícolas, utilizando toda a estrutura dos escritórios da Ceplac na região, além de músicas. Deu certo, e por incrível que pareça, chegamos a receber cerca de até 600 cartas por semana, enviadas por uma população quase sem alfabetização.

E Odilon continuou fazendo sucesso com seu programa. Tempos depois deixo a Ceplac (depois retornei), e Odilon Pinto resolve se candidatar a deputado estadual.

– Está eleito, diziam, basta encomendar o terno para a posse – garantiam todos.

Odilon, que sempre foi filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), se candidatou pelo Partido da Reconstrução Nacional (PRN), de Collor de Mello, à época liderado na Bahia pelo empresário Pedro Irujo. A cada pesquisa o nome de Odilon Pinto aparecia com maiores pontuações. Essa confiança do eleitorado contagiou Pedro Irujo, que investiu pesado na campanha eleitoral de Odilon.

Proibido pela lei eleitoral de apresentar o seu programa, Odilon me convida para tomar seu lugar ao microfone da Rádio Jornal e entra de cabeça na campanha que poderia lhe dar uma vaga na Assembleia Legislativa. Devido a minha experiência em campanhas políticas, uma semana antes da eleição, perguntei ao candidato Odilon se já tinha elaborado o planejamento para a boca de urna. Recebi um não como resposta.

Me disse que no dia da eleição sairia de casa, votaria e retornaria ao lar, onde descansaria da campanha. Nesse dia, saí da rádio e fui a Itajuípe, onde atuava como assessor de comunicação. Uma rápida visita às entradas da cidade, observei como os políticos locais abordavam os eleitores que chegavam da zona rural para votar e recebiam promessas de vantagens. Me veio à cabeça a falta de planejamento e a mudança nas pesquisas.

Resultado, o consagrado Odilon Pinto obteve uma votação pífia, e sequer alcançou a suplência. Pouco tempo depois, Odilon conclui seu mestrado, depois doutorado em Linguística e se dedica ao ensino do português na Uesc e outras faculdades.

Antes que me esqueça, consegui lembrar do jingle de encerramento do programa:

– Acorda João Grilo, Porfírio e Odilon, que o momento é bom pra nós viajar, o jegue corre que faz até medo, e amanhã bem cedo nós torna (sic) a voltar.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.