Goleiro Plínio de Assis foi dos grandes nomes do futebol itabunense || Acervo Walmir Rosário
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Reza a lenda que Pelé correu pra área, suspendeu Betinho puxando pela camisa e teria dito: “Levanta goleirão, vou lhe levar pro Santos!”.

 

 

 

 

 

 

Walmir Rosário

Recentemente recebi do colega radialista e advogado Geraldo Santos Borges, uma mensagem por WhatsApp me incentivando a mostrar os bons goleiros que passaram por Itabuna, desde os amadores até os profissionais. E mais, o Jurista, como nos tratamos, ainda catalogou bons nomes e informações dos que fizeram a alegria dos itabunenses, em seus clubes ou na brilhante Seleção de Itabuna amadora.

E como não poderia deixar de ser, Carlito, colega nosso de Ceplac, encabeça a lista. Em 4 de abril de 1957, titular da Seleção de Itabuna no Torneio Antônio Balbino, foi um dos responsáveis diretos pela conquista do título. À época, na disputa por pênaltis, que eram batidos por um só jogador. E nessa final foram cobradas três séries de cinco penalidades, cada. Pela Seleção de Itabuna Santinho marca todos os 15 e Carlito defende um. Classificada para a final contra Alagoinhas, Itabuna vence por 2X0 e é Campeã.

Esse mesmo selecionado, no segundo semestre, se sagra vencedor do Campeonato Intermunicipal Baiano de Amadores, desta vez com o goleiro Asclepíades (se revezava com Carlito). E Geraldo Borges ressalta que além de defender, Asclepíades era um excelente batedor de pênaltis, o que fazia com frequência no Flamengo, time em que jogava. E ele era o terror dos atacantes nas cobranças de escanteio contra o time que defendia, pois saia do gol pra socar a bola ou algum atacante que se descuidasse na tentativa de cabecear para o gol.

Outro merecedor de destaque é Plinio Assis, também do Flamengo. Tranquilo, frio, extraordinário. Diziam que o time era Plinio e mais dez. Na seleção de Itabuna, em um jogo na desportiva contra a seleção de São Felix, a bola já havia passado e ele a tirou com o calcanhar. Fatalmente entraria. Após o jogo, o narrador Geraldo chama de lance de pura sorte. Plínio ficou possesso e ressaltou que fez a defesa de forma consciente.

E tudo indica que foi mesmo. De outra feita, conta o Vasco da Gama, no campo da Desportiva, Delém chuta a bola na marca do pênalti e Plínio parte para a jogada, a bola bate no seu peito e não entra. Contra a seleção de Muritiba, o atacante cabeceia, Plínio foi vencido e levanta seu calcanhar como último recurso, conseguindo evitar o gol. E Geraldo Borges arremata: “Que Higuita que nada”, ao ver o goleiro da Colômbia fazer malabarismos e artes deste tipo, até em jogos de Copa do Mundo. Plínio já fazia antes.

Luiz Carlos foi outro goleiro inesquecível. Fechava o gol. Era uma segurança. Alto, esguio, elegante, preciso, seguro. Se ele não tivesse sido jogador antes de Leão – do Palmeiras e da Seleção Brasileira –, certamente não faltaria quem dissesse que ele imitava o Leão. Até o gesto que fazia quando a bola ia pra fora era semelhante ao do goleiro Leão. Luiz Carlos e Plínio se revezavam na Seleção de Itabuna.

– E o Betinho? Este tem uma história difícil de acreditar para quem não viveu àquela época – lembra Geraldo.

E Geraldo Borges continua: “Já ouviram falar em alguém que acertou na loteria e rasgou o bilhete? Pois foi quase isso que aconteceu com Betinho. Trazido a Itabuna para jogar no Janízaros de Gerson Souza, se superava a cada partida. Alto, bom porte, ‘como um gato’ (diria Tadeu Schimidt) pegava tudo e mais alguma coisa”.

O Santos – então melhor time do mundo – veio jogar um amistoso em Ilhéus, trazendo Pelé e o time completo. “Os ilheenses buscaram Betinho para jogar na seleção de Ilhéus que seria a equipe adversária do Santos. Betinho, fechou o gol. Pegou tudo. Mesmo assim o Santos ganhou pelo placar de 3X1.

Durante a partida, o ponta-esquerda Pepe, conhecido pelo chute forte como o canhão da Vila Belmiro, era o cobrador de faltas do Santos. Chovia, campo molhado, bola pesada. Falta na intermediária de Ilhéus e Betinho desafia Pepe, mandando abrir a barreira. Pepe cobra forte, como sempre. E Betinho segura e cai com a bola. A mão ficou em frangalhos, mas a bola não passou e ele continuou no jogo como se nada tivesse acontecido.

Reza a lenda que Pelé correu pra área, suspendeu Betinho puxando pela camisa e teria dito: “Levanta goleirão, vou lhe levar pro Santos!”. Betinho foi. Mas não ficou. Com saudades dos amigos e das farras itabunenses, pegou um ônibus e voltou pra Itabuna. De nada adiantou as recomendações de Claudio, então titular no gol do Santos. “Calma baiano, você vai jogar no gol do melhor time do mundo!…”.

Daqui de Itabuna o Betinho foi para o Vitória. E segundo me disseram, morreu em Jequié, sua terra, trabalhando como carregador de caminhão – uma pena!… Ressalta o escritor esportivo Tasso Castro, que nunca viu um goleiro segurar (sem encaixar) chutes fortes de fora da área como Betinho. Ele era diferente.

– Sua colocação e segurança eram impressionantes. Parecia que a bola o procurava. Tinha poucos defeitos como nos cruzamentos para área, por exemplo. Vi um jogo do Itabuna contra o Bahia no estádio da Graça. No empate de 1 x 1, que deu o título do segundo turno ao Itabuna, ele fechou o gol. Eu estava lá –, comenta Tasso Castro.

Também passaram outros bons goleiros por Itabuna, a exemplo de Ivanildo, do Fluminense, que tinha bastante colocação e segurança ao disputar as bolas na área. Pelo Itabuna Esporte Clube também jogaram grandes goleiros, como Geraldo (do Rio de Janeiro), que morreu afogado no rio Cachoeira, próximo ao Salobrinho; Zé Lourinho, Laércio e Getúlio, cada um deles dando conta do recado.

Wagner Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor d´Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Jorge Caetano entrevista o Rei Pelé || Foto Arquivo Pessoal
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– Jorge Caetano, você viu que cacete? – pergunta o narrador Paulo Kruschewsky.

Até hoje não se sabe ao certo a informação de Jorge Caetano, mas segundo a galera do radinho de pilha colado ao ouvido, ele teria dito:

– Vi, sim, Paulo Kruschewsky, estava em cima dele!

Walmir Rosário

Itabuna e Ilhéus possuíam vários times, todos recheados de craques. Isto quase todos sabem. Entretanto, poucos conhecem os craques dos microfones esportivos daquela época. Eram muitos e bons, afirmo com toda a tranquilidade. E um deles era (e é) Jorge José Caetano Neto, ou simplesmente Jorge Caetano, que atuou durante anos na reportagem de campo e na narração de jogos, o que ainda faz até os dias de hoje.

E pra começo de conversa, Jorge Caetano foi revelado em Ilhéus, onde morava, e passou a integrar a equipe da Rádio Bahiana, inicialmente como plantonista, depois como repórter. E o início foi obra do acaso e das boas amizades. Um belo dia, o empresário Moisés Bohana, que tinha sido colega de escola, perguntou se queria trabalhar na emissora. Não deu outra, começou no dia seguinte, para ganhar experiência.

Com o traquejo, pouco tempo depois passou para a Rádio Jornal de Ilhéus (hoje Santa Cruz), de Osvaldo Bernardes, já como repórter esportivo. E por lá foi ampliando os conhecimentos, tanto que em pouco tempo já era um disk joquei. Nessa época conheceu o radialista Seara Costa, com quem passou a formar dupla. E o rádio ilheense parecia um zoológico, dada a quantidade de “feras” no microfone.

Djalma e o irmão Fernando Costa Lino, Armando Oliveira, o futuro governador Paulo Souto, Juarez Oliveira, Paulo Kruschewsky, eram as figurinhas carimbadas com os quais passou a dialogar no rádio esportivo ilheense. Em 1970 é aprovado num concurso da Ceplac e conhece o radialista Geraldo Santos (Borges), que lhe abriu caminho no rádio itabunense, onde predominavam profissionais de altíssimo nível.

Nessa época se transfere para a Rádio Jornal de Itabuna e o diretor Waldeny Andrade o escala para substituir Geraldo Santos, ocupado com o mestrado no Rio de Janeiro. De início, como era costume, passou a narrar em companhia de Cordier, cada qual um dos tempos dos jogos. E nesta época trabalhou lado ao lado de Nílson Rocha, Lucílio Bastos, Lima Galo, Orlando Cardoso, Ramiro Aquino e outros craques do microfone esportivo.

E Jorge Caetano viveu muitas histórias nas transmissões esportivas nos campos do interior baiano. Certa feita, em Maracás, foi transmitir o jogo das seleções de Itabuna e a local. Sem saber, o sinal da rádio Difusora, para quem narrava, estava sendo retransmitido para o serviço de sonorização da cidade. De repente, o céu escurece e cai um toró. Como a chuva não parava, o campo se transformou num imenso lamaçal.

Desconhecendo que toda a cidade o escutava pelo serviço de som, passou a falar das péssimas condições do campo. De repente, ouve o pipocar de fogos. E Jorge Caetano pensava que a torcida apenas comemorava a entrada de sua seleção em campo. Mas como os fogos vinham na direção da equipe da Rádio Difusora, se deu conta que seus comentários sobre o gramado mexeu nos brios da população local.

Jorge Caetano em seu estúdio em Itajuípe || Foto Walmir Rosário

Após se casar, Jorge Caetano passa a residir em Itajuípe e continua a trabalhar no rádio esportivo. Com o tempo, se elege vereador, se torna presidente do Legislativo e passa a ser tratado pelos colegas – no ar – como o Repórter Presidente. Certa feita, viaja a Santo Antônio de Jesus com o narrador Orlando Cardoso, para transmitir uma partida entre o Leônico e Itabuna pelo Torneio de Acesso.

Só que o ônibus em que viajaram não entrava na cidade e desembarcaram na BR-101, com enormes sacolas de equipamentos. Aquela seria a última narração esportiva de Orlando Cardoso. Enquanto caminhavam em direção à cidade, comentavam a cena que viviam: dois radialistas e vereadores tendo que transportar aquela bagagem, por não atentarem para o itinerário do ônibus, até que uma providencial carona os salvaram dos fardos.

As transmissões do Campeonato Intermunicipal eram antecedidas por verdadeiras batalhas radiofônicas, insuflando a rivalidade entre os torcedores. Certa feita, numa partida entre os selecionados de Itajuípe e Coaraci, a animosidade se agravou. E os torcedores de Coaraci prepararam a vingança jogando pedaços de melancia, sendo que um delas bate na cabeça de Jorge Caetano.

Noutra feita, num jogo entre Cachoeira e Itajuípe, ao chegar ao estádio, um torcedor grita: olha, seu “fdp” se você gritar um gol aqui eu te jogo dentro do rio. Quando Jorge Caetano se dá conta, estava localizado no final da arquibancada, quase em cima do muro e o rio logo abaixo. A Seleção de Itajuípe ganhou por três a zero ele teve que narrar o jogo bastante apreensivo.

Todo o radialista, ao se preparar para a área esportiva, um dos métodos mais fáceis é se inspirar nos colegas famosos. E com Jorge Caetano não foi diferente. Mesmo não gostando de imitar, ouvia com atenção José Carlos Araújo, César Rizzo, Edson Mauro, Orlando Cardoso e Geraldo Santos, e às vezes até puxava nuances do estilo de cada um deles para sedimentar um estilo próprio.

Já com bastante experiência, um lance deixou o repórter Jorge Caetano bastante famoso. Jogavam no estádio Mário Pessoa Flamengo e Colo-Colo de Ilhéus. E o atacante do Flamengo, Parará, dribla dois zagueiros do Colo-Colo e dá um chute violento em direção ao gol, que passa raspando a trave. E então o narrador Paulo Kruschewsky aciona o repórter Jorge Caetano para completar a informação.

– Jorge Caetano, você viu que cacete? – pergunta o narrador.

Até hoje não se sabe ao certo a informação de Jorge Caetano, mas segundo a galera do radinho de pilha colado ao ouvido, ele teria dito:

– Vi, sim, Paulo Kruschewsky, estava em cima dele!

Mas garante Jorge Caetano, que a frase correta teria sido:

– Vi, sim, Paulo Kruschewsky, estava em cima do lance!

E essa passagem notabilizou Jorge Caetano para o resto da vida, que se orgulha de ter entrevista Pelé e outros grandes jogadores brasileiros. Atualmente Jorge Caetano se divide entre o site http://www.webnewssul.com.br/; a apresentação de um programa às segundas-feiras, ao meio-dia, na FM 91,2; e o programa A Agenda da Cidade e transmissões esportivas na rádio web Pitangueiras FM.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor d´Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Rei Pelé foi o único jogador a conquistar três copas do mundo de futebol || Foto Redes Sociais
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A certidão de óbito de Pelé, emitida hoje (30), mostra que a morte do Rei do Futebol foi causada por adenocarcinoma de cólon, broncopneumonia, insuficiência renal e insuficiência cardíaca. Os médicos que atestaram o óbito foram Juliana Cardoso Zogheib e Cesar Martins da Costa. A morte ocorreu, segundo o documento, às 15h27min de ontem.

O corpo de Pelé, único jogar a conquistar três copas do mundo de futebol, permanece no hospital Albert Einstein, na capital paulista, onde ele ficou internado por um mês antes de morrer. O velório, aberto ao público, será no Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro, a partir das 10h (horário de Brasília) da próxima segunda-feira (2).

“O corpo seguirá do Hospital Albert Einstein direto para o estádio na madrugada de segunda-feira (2) e o caixão será posicionado no centro do gramado”, diz nota do Santos FC. O acesso de populares ao velório será feito pelos portões 2 e 3, enquanto as autoridades terão acesso pelo portão 10.

A cerimônia seguirá até as 10h de terça-feira (3), quando será realizado o cortejo pelas ruas de Santos, que passará pelo Canal 6, onde mora a mãe de Pelé, dona Celeste, seguindo até a Memorial Necrópole Ecumênica, para o sepultamento reservado aos familiares.

Pele chega ao Estádio Mário Pessoa em Ilhéus, em 1967 || Foto Acervo Santista
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Bicampeão mundial de clubes, o Santos da década de 1960 era o queridinho da criançada da época, segundo o ex-vice-prefeito de Ilhéus, fotógrafo e memorialista José Nazal (Rede). Foi naquela década que ele viu Pelé, falecido hoje (29), jogar no Estádio Mário Pessoa contra a Seleção de Ilhéus.

O memorialista relembra a atmosfera da cidade naquele 7 de maio de 1967. “Euforia geral, era o que se falava, era o assunto da cidade. Eu tenho um amigo, um vizinho, que o pai levou no Ilhéus Hotel pra tirar foto com Pelé. Eu não consegui ir”, disse Nazal em conversa com o PIMENTA.

O time paulista venceu o duelo por 3 a 1. Adilson, Pele e Toninho marcaram para os visitantes. Americano descontou para o time da casa. Apesar da derrota da Seleção de Ilhéus, Nazal, então com 11 anos, gostou do resultado e, hoje, confessa: “torci pelo Santos”.

Pelé faleceu nesta quinta-feira (29) || Foto Ricardo Stuckert
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Edson Arantes do Nascimento, Pelé, faleceu nesta quinta-feira (29), aos 82 anos, no Hospital Albert Einstein, na cidade de São Paulo, onde estava internado desde 29 de novembro. Ele lutava contra um câncer de cólon, não resistiu à doença e morreu em decorrência da falência múltipla de órgãos.

Autor de 1.283 gols na carreira e tricampeão mundial de futebol (1958, 1962 e 1970), Pelé foi eleito Atleta do Século, em 1980, em votação que reuniu jornalistas das vinte maiores publicações esportivas do mundo. Dos 26 títulos conquistados pelo Santos, destaque para duas Libertadores e os Mundiais de 1962 e 1963.

Pelé deixa a viúva Márcia Aokki e os filhos Edinho, Kelly, Rosemeri, Joshua, Celeste e Flávia, além de netos. Em 2006, ele havia perdido a filha Sandra Regina, que lutou na Justiça pelo reconhecimento da filiação.

O vídeo a seguir reúne os 12 gols de Pelé em Copas do Mundo. Confira.

Rei do futebol faz tratamento contra câncer no cólon || Sebastião Moreira/EFE
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Edson do Arantes do Nascimento, Pelé, de 81 anos, voltou a ser internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, nesta quarta-feira (8), para dar continuidade a tratamento contra um tumor cancerígeno no cólon.

A previsão do boletim médico é de que o rei do futebol, que tem quadro de saúde estável, receba alta nos próximos dias. O tumor foi identificado em setembro deste ano, quando ele fazia exames de rotina na mesma unidade.

Hospital faz captação de múltiplos órgãos
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Em parceria com a Central de Transplantes da Bahia, o Hospital Calixto Midlej Filho, em Itabuna, realizou captação de múltiplos órgãos, doados por familiares de um paciente de 62 anos, que residia em Ilhéus. No caso específico, por causa da idade do doador, o gesto de generosidade ajudará a salvar até quatro vidas.

A coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) da Santa Casa de Itabuna, a enfermeira Patrícia Betyar, afirma que decisões, como da família do ilheense, são fundamentais para salvar vidas. Ela faz um apelo para quem ainda não se declarou doador pense com carinho sobre o assunto.

Um levantamento da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) aponta uma redução de 33% das doações de órgãos no Brasil. Para os envolvidos no processo de doação, essa queda deve-se à pandemia do novo coronavírus. Nos últimos seis meses, a negativa da família subiu 68%. Isso significa que as pessoas estão tendo que esperar muito mais tempo para serem transplantadas.

Atualmente, na Bahia há 2.227 pacientes na fila de espera por um órgão. Desse total, 1.282 sonham com um rim para ter uma qualidade de vida melhor. Para córneas, são 931 pessoas na longa fila. À espera de um fígado existem 14 pacientes, conforme dados do Registro Geral da Central de Transplantes da Bahia.

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Pelé e a Taça Jules Rimet, conquistada pelo Brasil na Copa de 1970 || Foto Ricardo Stuckert
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Edson Arantes do Nascimento, Pelé, teve uma instabilidade respiratória na madrugada de sexta-feira (17) e foi transferido para a unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Israelita Albert Einstein, onde está internado, na cidade de São Paulo.

Aos 80 anos, o tricampeão mundial de futebol e maior atleta do século 20 tem quadro de saúde estável, conforme o boletim mais recente do hospital.

No dia 4 deste mês, Pelé foi submetido a uma cirurgia para retirada de tumor no cólon direito, descoberto durante exames de rotina.

Segundo Kely Nascimento, filha do rei do futebol, seu pai se recupera bem. “No quadro normal de um senhor da idade dele, depois de uma operação dessas, às vezes, são dois passos para a frente e um para trás. É muito normal. Ontem [16] ele estava cansado e deu um passinho pra trás. Hoje ele deu dois para a frente”, escreveu Kely, em publicação desta sexta-feira (17) nas redes sociais. Com informações da Agência Brasil.

Pelé chega ao Estádio Mário Pessoa em ônibus da velha Sulba
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Como a porta estava entreaberta, ouvi a voz inconfundível de Pelé: “Deixe o menino entrar, eu dou a entrevista…”. Entrevistei o Rei durante 15 minutos e ainda de quebra ouvi Haroldo e Lima.

Ramiro Aquino

Devia ter um ano de rádio quando o Santos Futebol Clube, o inigualável Santos de Pelé, veio pela primeira vez a Ilhéus. Corria o ano de 1964, salvo engano, e o timaço do Santos jogaria contra a Seleção local, soube mais tarde reforçada pelo excelente goleiro Betinho, do Janízaros, de Itabuna. A delegação do Santos vinha de Belém, a capital do Pará, e viajaria para o exterior em duas ou três semanas.

Cabe aqui um retrocesso nesse caso, pois o goleiro Betinho jogaria na véspera contra o Grêmio Esportivo pelo Campeonato amador de Itabuna na velha e acabada (sempre foi) Desportiva. E foi Pelé quem pediu a presença de Betinho, pois ele já sabia da fama do jogador.

Não existia ainda a ponte Ilhéus-Pontal e os moradores do bairro do Pontal, veranistas e passageiros do aeroporto, eram transportados nas pequenas lanchas e desembarcavam bem defronte ao Ilhéus Hotel, de Jocelin, amigo velho de meu pai.

O Betinho era irresponsável (disse “era” porque ele já morreu) e jogou a partida toda do sábado contra o Grêmio, mesmo depois de ter rasgado a mão, em lance fortuito. Mas, mesmo assim, confirmou a presença no jogo contra o Santos.

Apesar de novo no rádio o Geraldo Santos, meu narrador e meu chefe, me escalou para cobrir o Santos. Cheguei a Ilhéus duas horas antes e revi alguns companheiros de Salvador e de Ilhéus. E aí…

Chegou o Santos na lancha e não vi o Pelé. Lá estavam os outros jogadores do time santista, como Peixinho, Mengálvio, Pepe e os menos votados. Como era perto da hora do almoço, todos se dirigiram para o restaurante do Ilhéus Hotel, e lá estavam as aparelhagens das rádios de Salvador e Ilhéus. Vi ali Nílton Nogueira, que já conhecia, o ilheense Djalma Costa Lino, acoplado ao irmão Fernando, que por permanecer na terra levava alguma vantagem.

Entrevistei Peixinho, Pepe, etc. E vi também um técnico de som meu conhecido de uma rádio de Ilhéus, Nivaldo, que foi a minha salvação.

Ele conhecia todos os investigadores de Polícia da cidade e disse ter visto Pelé, Haroldo e Lima subirem direto para os aposentos onde iam ficar no mesmo quarto. Conversou com dois amigos da polícia e estes deixaram nós subirmos. O mais difícil estava na porta do quarto. Dois “guarda-roupas” guardavam Pelé e Cia. Conversei com eles, que tinha menos de 9 meses e era novo no rádio, disse ter viajado 300 kms (aumentei somente uma “pequena porcentagem”) só para entrevistar o Rei. Como a porta estava entreaberta, ouvi a voz inconfundível de Pelé: “Deixe o menino entrar, eu dou a entrevista…”. Entrevistei o Rei durante 15 minutos e ainda de quebra ouvi Haroldo e Lima.

Desci ao restaurante e encontrei todos os radialistas atrás de uma entrevista com Pelé. Como eram de Salvador e Ilhéus passei para eles sob a condição ser citado e em que condições eu consegui a entrevista.

Entrei no carro e voltei rapidamente para Itabuna. Até hoje, com menos qualidade, guardo essa entrevista. A primeira boa entrevista a gente não esquece.

Ramiro Aquino é radialista, jornalista e cerimonialista.

O repórter Ramiro Aquino e o narrador Geraldo Santos
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No dia seguinte, ao chegarem à emissora para apresentarem a resenha esportiva, o jovem Borrachudo, destaque no jogo, esperava os radialistas para que consertassem um mal-entendido que lhe causou dissabores em casa.

Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

O futebol é pródigo em tudo! E por isso mesmo – acredito eu – a razão de tanto sucesso. No futebol, as coisas erradas acabam dando certo e nem mesmo o politicamente correto consegue sobreviver. Ainda bem! É o futebol que faz muitos jogadores famosos – alguns conceituados –, embora efêmeros, não importa, embora também seja perverso com outros tantos que vão do céu ao inferno em bem pouco tempo.

Se todo o jogador que se preze pudesse jogar como atacante, marcando gols, por certo estaria em alta constante com a torcida, endeusado pelos feitos, um drible desconcertante ali, um gol de placa para ganhar o jogo, quem sabe o campeonato. É a glória. Já outras posições, principalmente as defensivas, já não conseguem sempre conviver com esse clímax, que digam os goleiros.

Pra não ter que encompridar esse “nariz de cera”, vamos ao que interessa: os apelidos dos jogadores. Sejam eles oriundo da infância – de casa ou da rua – ou os recebidos nos campos de futebol. Não causa espanto que uma grande parte dos apelidos tenha sido dados pelos cronistas esportivos – notadamente os repórteres de campo e narradores de partidas inconformados com a pronúncia ou bizarria.

No nosso futebol paroquiano – seja Itabuna, Ilhéus ou Salvador – os jogadores conhecidos por apelidos não são poucos e muitos fizeram história sem se importar de como passaram a ser conhecidos. O importante era jogar bola, e bem, seja em que posição atuasse. Há também casos em que os nossos cronistas esportivos simplesmente não gostaram do apelido e passaram a chamá-lo pelo nome, o que nem sempre deu certo.

Alguns apelidos são inesquecíveis e se encaixam perfeitamente nas pessoas – no caso os jogadores em questão – e o exemplo mais límpido é o de Pelé (Edson Arantes do Nascimento soa estranho); Garrincha, Mané Garrincha, tanto faz; Didi, o Folha Seca, o Príncipe Etíope, o Senhor Futebol, todos conhecem, mas se perguntarmos por Waldir Pereira…dará um trabalho danado para sabermos de quem se trata.

O Furacão da Copa também atende por Jair Ventura Filho, ou Jairzinho, sem qualquer problema, já o também botafoguense Heleno de Freitas era chamado de Príncipe Maldito, o que, convenhamos, não pega bem. Artur Antunes Coimbra ainda é chamado de Zico, um diminutivo dado pela família, mas os narradores da época gostavam de chamá-lo pela alcunha de Galinho de Quintino, sem qualquer problema.

Agora imaginem a mãe de um jogador de futebol ter que aturar a crônica esportiva chamar o seu mimoso filhote de Leandro Banana, Flávio Caça-Rato, Pinga (o herói do Hexa da Seleção de Itabuna). Cláudio Caçapa? Melhor a morte! Pior, ainda, é Cascata, Ruy Cabeção (ex-Botafogo), Yago Pikachu, Boquita, Rafael Ratão, embora pouco importassem que nomes os chamassem e sim o que futebol que jogavam.

Em certos casos os nomes de batismo e registro civil não pegam bem para um jogador de futebol. Imagine o narrador ter falar com rapidez que Parmênides passou a pela para Ariclenes, que driblou Pelópidas Guimarães. Esses nomes não deram certo nem no cinema e televisão, tanto que Ariclenes se transformou em Lima Duarte e Pelópidas passou a ser conhecido e chamado por Paulo Gracindo.

E assim é por esse mundo afora. Não foi diferente com um lateral-esquerdo do meu Botafogo do bairro Conceição, conhecido por Borrachudo. Para não perder a embocadura, nesta época o Botafogo de Rodrigo tinha o jovem Iaiá como um promissor goleiro e mecânico da empresa de ônibus Sulba. Ao ser convocado para Seleção de Itabuna não quis saber do apelido e só aceitava ser chamado por Aderlando, conforme lembra outro não menos famoso goleiro Raul Vilas Boas, também conhecido no futebol por Marcial (goleiro do Flamengo) pelas pontes que cometia para pegar as bolas altas.

Como sempre, a mídia acredita que sempre sabe das coisas e o grande narrador da época, Geraldo Santos (hoje Borges), e o repórter e comentarista Ramiro Aquino resolveram dar uma forcinha para Borrachudo. Apesar de experiente, a dupla nunca tinha visto um apelido desse, e logo no jovem reserva do Botafogo que assumiria a titularidade o apelido poderia ser um fator negativo.

Tudo combinado na emissora e no dia seguinte começa o jogo no velho campo da desportiva entre o Botafogo e Fluminense. E o nosso lateral-esquerdo fez valer sua ascensão e foi um dos destaques do jogo. Só que em vez de Borrachudo, os radialistas Geraldo Santos e Ramiro Aquino se esmeraram em chamar o jovem pelo seu nome de batismo: José Carlos, como tinham prometido.

No dia seguinte, ao chegarem à emissora para apresentarem a resenha esportiva, o jovem Borrachudo, destaque no jogo, esperava os radialistas para que consertassem um mal-entendido que lhe causou dissabores em casa. É que a senhora mãe de Borrachudo – agora José Carlos – passou-lhe o maior sabão por ele ter dito que jogaria naquela tarde e seu nome sequer apareceu no rádio. Ela não tinha ouvido uma vez sequer na transmissão.

Desse dia em diante a dupla Geraldo Santos e Ramiro Aquino desistiu do intento de mudar os nomes dos jogadores, se esmerando para tornar as transmissões mais humanizadas. José Carlos voltou a ser chamado de Borrachudo e o seu colega goleiro Aderlando, que não teve grande êxito na seleção itabunense, voltou a ser chamado pela crônica esportiva de Iaiá. Sem traumas!

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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DanielThameDaniel Thame | danielthame@gmail.com

A Seleção Brasileira pratica, indiscutivelmente, o melhor futebol da América.

Classificou-se para a Copa da Rússia com quatro rodadas de antecedência e vem de inéditas 8 vitórias nas Eliminatórias, uma trajetória mágica que incluiu shows de bola contra Argentina (3×0), Uruguai (4×1) e Paraguai (3×0).

Mais do que os resultados expressivos, vem jogando um futebol que resgatou a paixão pela Seleção, fazendo inclusive com que o exigente torcedor paulista (de vaias memoráveis e atitudes incivilizadas como atirar bandeiras do Brasil no gramado do Morumbi num jogo horrendo contra a Colômbia), se rendesse ao time de Neymar e Cia.

titeAo time de `seu` Adenor, mais conhecido como Tite.

O que se viu na Arena Corinthians foi uma verdadeira lua de mel entre time e torcida, com direito a um “olê, olê, olê, Tite, Tite…” no final do jogo.

Consagrador.

O Brasil voltou o ser o Rei da América.

Ponto.

Parágrafo.

Como quase tudo nesse paraíso tropical bipolar (há controvérsias quanto ao paraíso) vai-se do inferno ao céu e vice-versa num piscar de olhos.

A Seleção, com praticamente os mesmos jogadores, era um quase-Ibis há menos de um ano atrás. Agora é o suprassumo do suprassumo do mundo da bola.

A maravilha da galáxia.

Neymar que era um craque mascarado e individualista, que pipocava na Seleção, agora já é melhor do que Messi e Cristiano Ronaldo juntos, um quase-Pelé.

E por aí vai…

Galvão Bueno puxa o coro da louvação, seguido pelos colegas da imprensa, numa unanimidade em que se ouvem poucas vozes sensatas.

E é preciso mesmo um pouco se sensatez.

Se é verdade que Tite fez da Seleção uma equipe respeitada, que pratica um futebol de primeiro nível, transformou Neymar num craque que joga para o time, letal e as vezes genial, não é menos verdade que a conquista do mundo em 2018 não é algo líquido e certo, como se a gente fosse lá pra Russia, tomasse umas vodcas, dançasse umas balalaicas na praça Vermelha, comprasse umas matrioskas pra agradar as filhas e a patroa, pegasse a taça e voltasse pra casa.

Seria ótimo se fosse assim, mas não é.

Falta combinar com os russos, como diria o saudoso Mané Garrincha. Agora literalmente.

O time está bem, Neymar joga cada dia melhor, Casemiro, Paulinho e Phillipe Coutinho tem se revelado gratas surpresas, mas é preciso manter o foco, saber que tem que evoluir sempre e não cair na tentação do `já ganhou`.

A história está repleta – e Tite sabe disso- de times e seleções que ganharam de véspera e na hora na oncinha beber água ficaram de bico seco.

Ou engoliram um 7×1 ainda não devidamente digerido.

Portanto, é de bom alvitre deixar a torcida e a mídia com os pés nas alturas e manter as chuteiras com pés no chão.

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É PÊNALTI – A FIFA e seu espírito de Máfia. A punição a Lionel Messi é absolutamente desproporcional e pode custar a vaga da Argentina na Copa. Verdadeira vinditta contra Maradona e sua coragem de denunciar os ´santinhos` da entidade.

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É GOL – Tite para Presidente? Então tá! E Neymar, seria o quê? Ministro da Fazenda ou superintendente da Receita Federal?

Fora Temer (ops!), quem mais se candidata?

Daniel Thame é jornalista e editor do Blog do Thame.

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marivalguedesMarival Guedes | marivalguedes@gmail.com

Garrincha joga, o Brasil detona os tchecos e é bicampeão. Um mês depois Esteban, é convidado pela CBD, antecessora da CBF, para passar um mês de férias no Brasil, com familiares.

Sempre desconfiei que as grandes decisões do futebol não saem dos pés dos jogadores. Os maiores dribles são dos cartolas que divertem o povo e enchem os bolsos de dinheiro. Sem conhecimento suficiente sobre o assunto, conversei com quem entende: o jornalista Daniel Thame que, além de passar informações pelo celular, me enviou um texto.

Daniel lembra da Copa do Mundo de 1962 no Chile. O Brasil vence a seleção da casa por 4×2 na semifinal e está na decisão contra a Tchecoslováquia. Garrincha é expulso e não poderá jogar. O Brasil, que já não tinha Pelé, ficaria sem o craque que estava carregando o time nas costas. Era o cara do Mundial.

Mas, em plena Guerra Fria, a FIFA não iria permitir que um país comunista ganhasse a Copa. E acontece a mágica: o bandeirinha uruguaio Esteban Marinho, que viu a agressão que gerou a expulsão de Garrincha, volta repentinamente para casa. Na verdade, foge sem dar o testemunho para o juiz escrever a súmula com a expulsão.

Garricha joga, o Brasil detona os tchecos e é bicampeão. Um mês depois Esteban, é convidado pela CBD, antecessora da CBF, para passar um mês de férias no Brasil, com familiares.

Copa do Mundo de 1994, Estados Unidos. Entressafra no futebol e sem craques para chamar a atenção, num país onde o futebol nunca foi preferência nacional, Maradona, semiaposentado, mergulhado no drama da dependência de cocaína, mas ainda um nome estelar, entra em cena blindado pela FIFA.

Era pra ser apenas uma estrela, mas resolveu jogar seu futebol genial e transformou a limitada Argentina em favorito. Isso não estava no script, como também não estava no script o fato de Maradona ter dito, bem ao seu estilo, que a FIFA era dirigida por um bando de ladrões.

O método para alijar Maradona da Copa foi digno da Máfia: um nebuloso caso de doping que tirou El Dies da Copa e destroçou a Argentina. Brasil campeão numa insossa disputa de pênaltis com a Itália.

Final da Copa do Mundo de 1998, França, ou o dia em que o Brasil chorou. Horas antes do jogo, contra a seleção francesa, Ronaldo Fenômeno, tem uma convulsão e vai parar no hospital. Os alto-falantes do Stade de France anunciam a escalação do Brasil com Edmundo substituindo a estrela.

Meia hora antes do jogo, Ronaldo aparece e diz que vai jogar. Zagalo cede. Em campo, Ronaldo é um fantasma dele mesmo e o time não sabe o que fazer: joga ou se preocupa com seu atacante? Não joga. A França passeia, vence por 3×0 e é campeã do Mundo. O que de fato aconteceu com Ronaldo, porque ele insistiu em jogar e porque Zagalo cedeu? Mistério que a ´omertá` ainda não permitiu vir à luz.

Daniel Thame recomenda as seguintes leituras: Como eles roubaram o jogo, de David Yallop; O jogo sujo da FIFA e O Jogo cada vez mais sujo da FIFA, de Andrew Jennings.

Marival Guedes escreve crônicas às sextas, no Pimenta.

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Pelé recebe alta (Foto Marcello Casal Jr/ABr).
Pelé recebe alta (Foto Marcello Casal Jr/ABr).

O ex-jogador Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, 74 anos, recebeu alta no início da tarde de hoje (9) do Hospital Israelita Albert Einstein, na zona sul da capital paulista, informa a Agência Brasil. Pelé foi internado no dia 24 de novembro, quando os médicos constaram que ele estava com infecção urinária.
No dia 13 de novembro, foi submetido, no mesmo hospital, a uma cirurgia para retirada de cálculos renais. No dia anterior, havia sido internado após passar mal. Durante os exames, constatou-se que o problema era causado por cálculos renais, ureterais e vesicais, o que causa obstrução do fluxo urinário. Ele teve alta no dia 15, dois dias depois da operação.
Em 2012, o ex-jogador também internou-se no Albert Einstein para uma cirurgia no quadril. No procedimento, foi retirada parte do osso e colocada uma prótese de titânio e cerâmica. Antes da operação, Pelé sentia dores constantes no quadril.

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CÉSAR E UMA CONFUSÃO DE DOIS SÉCULOS

Ousarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br

Júlio César, aquele mesmo, morreu em 44 a.C., por falta de informação. Sem o Ibope, a Gasparetto Pesquisas ou o Vox Populi, não percebeu que, a exemplo de alguns prefeitos regionais, tinha a popularidade no chão. Enquanto o ditador estava “se achando”, um grupo de senadores tecia seu assassinato, com a ideia geral de que cada um dos ilustres parlamentares desse uma facada no homem, de modo que todos dividissem a culpa pela execução. À frente do complô estavam Marcus Brutus e Decimus Brutus, respectivamente filho (para alguns historiadores, apenas amigo) e companheiro de armas do general romano. E aqui começa uma confusão que já dura mais de dois séculos.

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2Júlio CésarUma frase inventada por Shakespeare

Já furado feito um queijo suíço, César vê Brutus (qual deles?) vindo em sua direção, de adaga em riste, e, surpreso, teria decidido deixar uma frase para a história. Pronunciou um Et tu, Brute? (Até tu, Brutus?), segurou na mão de Deus e foi-se. Há controvérsias. Diz-se que a frase foi dita em grego, Kai su, teknon? (Até tu, filho?), enquanto a latina teria sido inventada por Shakespeare, em Júlio César (Ato III, cena 1). Para o cientista político Michael Parenti (O assassinato de Júlio César – Record/2005), é tudo mentira, pois César nunca pensou em  Marcus Brutus como filho: se o general ficou mesmo consternado teria sido com o traiçoeiro Decimus Brutus, companheiro de guerras.

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Líder popular hostil aos privilégios

Segundo Parenti (na contramão da história oficial), César foi o último de uma linhagem de reformistas assassinados por conservadores, por abraçar a causa do povo, tido em Roma como uma turba interessada apenas em pão e circo. Por que um seleto grupo de senadores assassinou Júlio César, aristocrata como eles? – inquire o autor. E responde: mataram César porque viam nele um líder popular hostil a seus privilégios de classe. O assassinato teria sido mais um dos atos violentos que marcaram grande parte do século, “manifestação dramática da velha disputa entre conservadores ricos e reformistas apoiados pelo povo”. A morte de César é, vista assim, algo bem contemporâneo.

ENTRE PARÊNTESES, ou

4VelinhaE assim se passaram doze meses…
Parece que foi ontem. Em agosto de 2012, centenário de Jorge Amado, o UNIVERSO PARALELO voltou a “circular” aqui nas asas do Pimenta. Antes, ficáramos no ar durante dois anos, de 2009 a 2011. A coluna, se nos perdoam o que possa parecer cabotinismo, é aquilo que os publicitários chamam de case de sucesso: surpreendeu os leitores, o Pimenta e, sobretudo, a mim surpreendeu-me (adoro esta redundância!). Valho-me do humor e do talento de Aldir Blanc e digo como aquela Miss Suéter: “Dedico esse êxito ao Pimenta/ que tantos sacrifícios fez/ pra que eu chegasse aqui no apogeu/ com o auxílio de vocês”. Obrigado a todos.

AS PIORES VOZES JÁ GRAVADAS EM DISCO

Quem seria o maior vocalista do Brasil? Orlando Silva, Dick Farney, Cauby, Nelson Gonçalves, Agnaldo Timóteo, Sílvio Caldas, Emílio Santiago? E a melhor voz feminina? Elis Regina, Nana Caymmi, Gal Costa, Ângela Maria, Alcione, Marisa Monte, Elizeth Cardoso? Difícil dizer, pois toda opinião de valor porta em si o perigo da injustiça. E como música é arte e técnica, sequer me acho no direito de apontar os melhores, o que poderia ser feito, se muito, por alguém de grande saber musical – área de que, sem demagogia, estou muito distante. Mas abro uma exceção: creio ter, há muito tempo, identificado as duas piores vozes que já ouvi gravadas em disco: Xuxa e Pelé.
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Deus perdoa aos bêbados e aos  loucos

5Xuxa-PeléObservem que não falo de amadores, sambistas de mesa de bar, cantores de caraoquê (eu os detesto, mas Deus perdoa aos bêbados e aos loucos!) ou vocalistas de banheiro. Falo de profissionais, de gente que grava música, põe no mercado e ainda encontra colher de chá na mídia. Xuxa é, todos sabem, grande vendedora de discos, com o apoio da Globo/Som Livre; Pelé, em 1969, no auge da fama, teve o desplante de gravar com Elis Regina duas canções da autoria dele. Felizmente, ficou nessas duas, salvo uma ou outra investida pela publicidade. Se a gentil leitora nunca ouviu o disco da dupla Pelé-Elis, aceite meu parabéns.

COMPROMISSO RENOVADO COM A (BOA) MPB

7CanindéCanindé, ou Francisco Canindé Soares, nasceu em Currais Novos/RN, em 1965, e, cerca de 20 anos depois, mudou-se para Jacobina/BA. Cantor da noite, só ficou conhecido do grande público a partir de 2000, quando gravou seu primeiro CD. Vieram outros seis, até o DVD História de amor, em 2010. Já com um quarto de século na estrada (o tempo voa!) ele se mantém compromissado com a boa música brasileira, do forró à balada romântica. Nos últimos tempos, revisitou temas muito conhecidos, a exemplo de Canteiros (Fagner-Cecília Meireles), Tocando em frente (Almir Sáter) e Cidadão (Lúcio Barbosa). Meiga senhorita (Zé Geraldo?) é sua gravação mais ouvida, no momento.
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Sem medo de Belchior nem Elis Regina

Cultor das baladas românticas, o artista norte-rio-grandense-quase-baiano conserva a influência daqueles que se dizem menos cantores do que “cantadores”. Vem da linhagem de Geraldo Azevedo, Xangai, Almir Sater e Elomar, mas com sintaxe própria. De Xangai ele gravou o engraçadíssimo ABC do preguiçoso (que me parece velho tema do folclore, adaptado). De Belchior, no vídeo, uma composição cheia de brasilidade, misturando passado e futuro, clima interiorano, incertezas da juventude e velhas canções da riquíssima pauta nacional. Poucos cantores gravam Belchior – talvez intimidados pelas interpretações de Elis Regina. Canindé tocou em frente, com Tudo outra vez.

O.C.
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Alexandre Lyrio | Correio

A Bahia esportiva engasgou com o almoço naquele dia. O radialista França Teixeira, que morreu ontem aos 69 anos, abriu o programa com uma bomba. O ano era 1971 e o Bahia estava contratando Pelé. O próprio “Negão”, assim o Brasil chamava o Rei, confirmava no ar. Como bem assinalou o colega Hailton Andrade, era como se hoje o principal programa de esportes na TV anunciasse a chegada de Messi para fazer dupla com Fernandão no tricolor. Tudo armação.

“E o negão disse que tava já mantendo as negociações com Osório (Vilas Boas, ex-presidente do Bahia). A gente armou tudo com ele”, confessou Teixeira. “Foi uma brincadeira que fizemos, porque eu estava sempre na Bahia nessa época”, lembrou o próprio Pelé. Mais difícil que o Bahia contratar Pelé, dizem os mais antigos, era encontrar um aparelho de rádio na cidade que, na Resenha do Meio-Dia, não estivesse sintonizada nos quilohertz da Rádio Cultura da Bahia.

Da rua, a partir das janelas dos casarões e prédios sem garagem, na Salvador do final dos anos 60 e início de 70, era possível ouvir quase em eco o vozeirão com o seu mais célebre bordão: “É ferro na boneca, minha cara e nobre família baiana”, largava França, cheio de gosto, antes de falar de esporte e depois de colocar o Hino ao Senhor do Bonfim. Nos casos que marcaram sua carreira, muita polêmica e, principalmente, irreverência.

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