Bel no Itabuna de 1971: na foto, Zé Lourinho, Americano, Raminho, Perivaldo, Douglas Paulo Viana e Genival_ Cipó, Santa Cruz, Élcio, Bel Santana, e Jaci
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A competência demonstrada em campo foi essencial para sua convocação para a Seleção Amadora de Itabuna, a hexacampeã baiana que enchia os olhos dos espectadores e ouvintes das narrações esportivas da época.

 

Walmir Rosário

No futebol amador de Itabuna tivemos craques à mancheia, como diria nosso conterrâneo Castro Alves. Cada um na sua especialidade. Desde os goleiros que “abriam as asas” e fechava a área; os pequenos zagueiros e laterais que subiam mais que os grandes atacantes; os clássicos que não faziam faltas (à vista do árbitro); os meio campistas que desarmavam e construíam; os atacantes que faziam muitos gols.

Mas hoje vamos lembrar de um meio campista especial: Bel, batizado Abelardo Brandão Moreira, que iniciou sua carreira no futebol amador muito cedo, ainda meninão, isso pelos anos 1963, quando aportou de vez em Itabuna, vindo de Itajuípe. O garotão bom de bola encantava – também – pelo seu comportamento junto aos craques já estabelecidos. Era um boa praça, um menino com pinta de craque.

E exibia seu bom futebol nos campinhos de pelada de Itabuna, despertando a atenção dos futebolistas. Estudou e se diplomou na modalidade de futebol de salão, dominando, não só a bola, mas o jogo, para a alegria da torcida. Nem me lembro mais quantas vezes fomos campeões pelo Colégio Estadual de Itabuna, no qual estudávamos o ginásio. Antes de qualquer reclamação, aviso, de pronto, que eu era um jogador medíocre, mas estava lá.

E foi o futebol de salão (hoje Futsal) que deu régua e compasso a Bel, credenciando-o a brilhar nos campos de futebol de Itabuna e região, com toda a desenvoltura que Deus lhe deu. Não escolhia o melhor campo para jogar, mas tinha inteligência suficiente para superar as dificuldades dentro das quatro linhas (isso quando era marcado), se desviando dos buracos, da grama malcuidada e dos adversários.

No meio campo era um maestro, e foi assim por onde passou. No velho campo da Desportiva, não importando o time por qual jogava, estava ali cercado dos melhores craques de Itabuna. Exibia seu estilo com desenvoltura, aproveitando a força da juventude com a qualidade do futebol que sabia praticar. Incorporou seu estilo de jogo no pequeno campo de futebol de salão, adaptando-o ao campo oficial de futebol.

E Bel Jogava com precisão. Não sei em quem ele se espelhava, se no futebol exibido por Didi ou, quem sabe, Gérson o canhotinha de ouro, na casa sagrada do futebol brasileiro, o Maracanã. Não precisava correr em campo. Com elegância, fazia a bola circular em passes curtos ou longos, a depender do andamento do jogo e da posição de seus companheiros em campo, surpreendendo os adversários.

Embora não precisasse correr em campo, como um bom meio campista sabia se antecipar ao adversário para matar uma jogada e construir as condições necessárias para facilitar a entrada dos colegas atacantes e marcarem os gols. Muitas das vezes, ele mesmo se encarregava de estufar a rede adversária. Defendia, atacava, marcava gols, o que demonstrava sua capacidade de dominar os espaços no gramado.

A competência demonstrada em campo foi essencial para sua convocação para a Seleção Amadora de Itabuna, a hexacampeã baiana que enchia os olhos dos espectadores e ouvintes das narrações esportivas da época. E passa a atuar naquele escrete de ouro, onde a concorrência de craques era a maior da Bahia. Entrava um e saia o outro sem que a qualidade do jogo sofresse qualquer alteração negativa.

O garoto Bel, Santinho e Tombinho, na Seleção de Itabuna hexacampeã em 1966

Surpreendia-me os passes de longa distância encaminhados por Bel. Eram na medida exata, e quem o recebia não precisava se esforçar, esticar a perna ou dar um grande impulso para cabecear. Ele chegava na medida certa, bastava um maneio de cabeça, uma matada no peito, uma emendada com o pé para que chegasse ao seu destino: o gol adversário. Mesmo não entrando nos três paus, dava a sensação e o grito abafado de gol.

Até hoje nunca perguntei a Bel como ele aprendeu a despachar a bola com tanta elegância e fidalguia. Às vezes me dá a impressão que antes ou depois dos treinos ele saia com uma fita métrica medindo as distâncias e idealizando a potência dos passes. Precisão milimétrica disparada pela força das pernas e o jeito do pé, como vemos hoje com a tecnologia disponível aos mísseis teleguiados.

Com a criação do Itabuna Esporte Clube, em 1967, Bel foi um dos primeiros a se profissionalizar e mostrar seu futebol para novas plateias. Se antes jogava ao lado de craques feitos em casa, passou a conviver e atuar com jogadores vindos do Rio de Janeiro, São Paulo e outras grandes praças esportivas, o que lhe garantiu um maior conhecimento do futebol.

Em seguida, foi jogar em Ilhéus, atendendo a insistentes convites feitos por amigos. Na vizinha e rival cidade continuou jogando o seu futebol arte, encantando aos que ainda não o conheciam. Uma certa feita estava no Rio de Janeiro, quando se encontra com Pinga, seu colega de seleção e Itabuna profissional e vão a um teste no Botafogo carioca. No treino, marcam cinco gols, três de Pinga e dois de Bel, que resolveu voltar a Itabuna.

E todo o conhecimento de futebol adquirido nos campos por onde jogou foi transferido para a garotada, atendendo a um convite de João Xavier, diretor da AABB de Itabuna. Também jogou e treinou várias seleções de veteranos de Itabuna, exibindo-se para uma geração mais jovem, que não conheceu o futebol arte. Pra mim, Bel e outros craques deveriam mostrar aos de hoje, o futebol eficiente e elegante do passado.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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Do Uol

Pinga acabou sem a 51.
Pinga acabou sem a 51.

Por intermédio da Loducca, uma das agências de publicidade mais respeitadas pelos profissionais do mercado, a Pirassununga 51 entrou em contato com o Santos e o meia Pinga com a intenção de patrocinar o jogador. A empresa queria aproveitar o apelido do atleta, mas não obteve sucesso no negócio, pois o clube não permitiu a ação de marketing.
O Comitê Gestor do Santos considerou que seria ruim associar o clube com uma marca de bebida alcoólica, já que os destilados não têm ligação com o esporte. A Lei Brasileira, inclusive, não permite que os clubes realizem esse tipo de propaganda em uniformes e até estádios de futebol.