"Um corpo de palavras" vai ser transmitido pela internet || Foto Mariana Cabral
Tempo de leitura: 2 minutos

Produzida em Ilhéus, no sul da Bahia, a peça de teatro de sombras Um corpo de palavras, da multiartista Naiara Gramacho, disputa o Prêmio Braskem de Teatro na categoria infanto-juvenil. A cerimônia de premiação será na próxima quarta-feira (18), no Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador.

O espetáculo conta a história de uma menina chamada Paula, cujo corpo se cobria de palavras sempre que ouvia, dos adultos, rótulos e julgamentos que diziam quem ela era ou deveria ser. A estreia foi em abril de 2021, com transmissão pelo YouTube. A peça fica em exibição na mesma plataforma até este domingo (15).

INQUIETAÇÕES DA AUTORA

Naiara Gramacho explica que a história surgiu de inquietações e, no início da pandemia de Covid-19, em 2020, chegou pronta a sua mente, transformando-se logo no que seria o texto para teatro.

A artista comemora a presença de uma obra ilheense entre as indicadas ao prêmio, considerado o maior do teatro baiano. “Celebro essa indicação com muita alegria, porque foi fruto de um trabalho lindo feito com mães e crianças, em plena pandemia. Montar um espetáculo com crianças fazendo parte do processo foi um grande  desafio, mas também uma satisfação imensa ver que também foi possível ter os pequenos inseridos no processo e não apenas como espectadores. Foi possível, mesmo imersas nos desafios da maternidade e da pandemia, nos unirmos para realizar esse espetáculo”.

Um corpo de palavras teve atuação e manipulação de figuras da atriz Driely Alves, narração de Brisa Morena, fotografia e gravação em vídeo de Mariana Cabral, vozes de Márcia Mascarenhas e Pedro Albuquerque, sonoplastia de Eli Arruda, produção das figuras da artista plástica Olga Gómez e comunicação de Tacila Mendes e Valdiná Guerra. O apoio financeiro é do Estado da Bahia, com recursos do Programa Aldir Blanc Bahia, via Lei Federal Aldir Blanc.

Tempo de leitura: < 1 minuto

Amaurih Oliveira é anunciado como vencedor na categoria Revelação (Foto Divulgação).
Amaurih Oliveira é anunciado como vencedor na categoria Revelação (Foto Divulgação).

O ator ilheense Amaurih Oliveira sagrou-se vencedor, na categoria Revelação, do Prêmio Braskem de Teatro. O premiação foi entregue nesta noite de quarta (23), no Teatro Castro Alves, em Salvador.
Amaurih faturou o prêmio por sua atuação na peça Éramos gay. O prêmio chega em um momento singular do ator. Em janeiro, Amaurih protagonizou com a colega Patrícia Pillar, em Amores Roubados (Globo), uma das cenas mais comentadas da televisão brasileira nos últimos anos.
Amaurih integrou por três anos o elenco do Teatro Popular de Ilhéus (TPI). Assim que foi indicado ao prêmio Braskem, o ator ilheense concedeu entrevista à jornalista Karoline Vital. Amaurih fala da carreira, do teatro e da cultura sul-baiana. A entrevista pode ser conferida aqui.

Tempo de leitura: 5 minutos

Amaurih Oliveira

O ator ilheense Amaurih Oliveira é um dos indicados ao Prêmio Braskem de Teatro 2014. Ele concorre com mais três atores e um diretor, na categoria Revelação, pelo seu desempenho no musical Éramos Gays. O resultado será divulgado no dia 23 de abril, durante cerimônia na sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador.

Ao longo de 10 anos de carreira, o artista já trabalhou no teatro, cinema, publicidade e televisão. Criado no bairro do Malhado, filho de um mecânico e uma dona de casa, Amaurih Oliveira estreou na peça Amigas de breves e longas datas, do dramaturgo Gildon Oliveira. Durante mais de três anos, integrou o elenco do Teatro Popular de Ilhéus e da Cia. Boi da Cara Preta, participando dos infantis Ita – um tupinambá em busca do manto sagrado e Auto do Boi da Cara Preta, além do épico Vida de Galileu.
Em 2010, Amaurih foi aprovado no curso de Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no qual se graduou no início deste ano. Após mudar para a capital baiana, trabalhou com o Bando de Teatro Olodum, em Cabaré da Rrrrraça, e participou de montagens didáticas dirigidas por grandes nomes do teatro, como Hebe Alves, Meran Vargens e Elaine Cardim.
No cinema, o ilheense fez participações em A Última Estação e A Coleção Invisível. Na televisão, o jovem participou das minisséries da Rede Globo Como Aproveitar o Fim do Mundo, contracenando com Danton Mello e Alinne Moraes, e Amores Roubados, na qual sua cena quente com Patrícia Pillar foi bastante comentada na blogosfera. Confira principais trechos da entrevista concedida por Amaurih à jornalista Karoline Vital, especialmente para o Pimenta.
BLOG PIMENTA – Como a indicação ao Braskem te impactou?
AMAURIH OLIVEIRA – Fiquei muito feliz com a indicação, ela veio no momento certo. Não esqueçamos que este é o ano da justiça. Os impactos são positivos, começam a notar ainda mais o seu trabalho. Ser reconhecido pelo seu empenho é muito bom!
PIMENTA – Ao longo dos seus 10 anos de carreira, quais os maiores desafios ao viver da arte?
AMAURIH – Todos nós sabemos que não é nada fácil administrar os altos e baixos da profissão. O que a gente tem que ter é coragem para arriscar e, de alguma forma, descobrir o caminho mais leve, mais tranquilo.

______________Amaurih Oliveira vivendo André no musical Éramos Gays -  foto Diney Araújo

A avaliação da arte é algo muito subjetivo. Às vezes, você se prepara bem para um teste, sabe que seu desempenho foi bom, mas o avaliador não simpatizou tanto com você

______________

 
PIMENTA – E o fator sorte existe para dar certo no meio artístico?
AMAURIH – Existe. A avaliação da arte é algo muito subjetivo. Às vezes, você se prepara bem para um teste, sabe que seu desempenho foi bom, mas o avaliador não simpatizou tanto com você.
PIMENTA – O que a mudança para Salvador acrescentou em sua vida?
AMAURIH – Minha vinda para Salvador me ajudou a enxergar a carreira de uma forma mais profissional, mais exigente. Não sou perfeccionista, mas  a gente tem que saber o que quer. Os desafios são muitos e eles sempre existirão.

______________Vida de Galileu do Teatro Popular de Ilhéus - foto Anabel Mascarenhas

Desde criança, com sete, oito anos de idade, eu sabia que queria ser ator. Inventava brincadeiras fantásticas, ora imitava um cantor de axé, uma loucura gostosa.

______________

PIMENTA – A formação acadêmica foi decisiva para sua carreira?
AMAURIH – Não precisa fazer faculdade de Teatro para ser ator. Eu escolhi fazer por uma questão de vivência prática. A universidade nos dá um suporte de aprendizado legal. Desde criança, com sete, oito anos de idade, eu sabia que queria ser ator. Inventava brincadeiras fantásticas, ora imitava um cantor de axé, uma loucura gostosa. Aos 15 anos, estreei na minha primeira peça. A graduação foi importante para eu ter contato com os mestres da UFBA, o que é necessário a partir do momento que você está aberto ao aprendizado.
PIMENTA – Qual trabalho julga o mais importante na sua carreira?
AMAURIH – Nós aprendemos com todos os trabalhos que fazemos. O artista se constrói com muito suor, é difícil escolher um. Ter produzido com o Teatro Popular de Ilhéus, com o Bando de Teatro Olodum, ter vivido três anos de prática contínua na universidade e de sobra vivenciar gostosas participações na TV, fazem de mim um homem grato. Julgo todas as experiências importantes.
PIMENTA – Como encara a repercussão da cena tórrida que fez com Patrícia Pillar, na minissérie Amores Roubados?
AMAURIH – Foi incrível. O mais interessante é perceber que nós, atores negros, podemos ser vistos na TV fazendo não só empregados domésticos, escravos ou ladrões. Eu tive a oportunidade de reencontrar a Patrícia Pillar logo depois que a cena foi ao ar.

______________Amaurih e P Pillar

Foi uma cena muito difícil para nós dois. Mas, graças ao desempenho de toda equipe, modéstia à parte, ficou bem feita.

______________

 
PIMENTA – E como foi esse reencontro?
AMAURIH – Ela ficou empolgadíssima com a repercussão. Foi uma cena muito difícil para nós dois. Mas, graças ao desempenho de toda equipe, modéstia à parte, ficou bem feita.
PIMENTA – Depois de ingressar nesse novo universo, como é a relação com Ilhéus e suas origens?
AMAURIH – Costumo dizer que Salvador me dá régua e compasso. Ilhéus é o meu ninho, sempre vou querer o melhor para nossa cidade, para minha família, meus amigos queridos e os colegas do Teatro Popular de Ilhéus.
PIMENTA – Como a vivência no Teatro Popular de Ilhéus te influenciou?
AMAURIH – Esse grupo é massa! Guardo boas lembranças dos tempos do espetáculo “Vida de Galileu”, do “Auto do Boi da Cara Preta”… Nossa, vivi tanta coisa boa com eles! Parafraseando Márcio Meirelles, diretor do Bando de Teatro Olodum, o TPI é um grupo que se faz necessário e essencial. Eu não sei o que seria da nossa região e da minha história sem eles. Quem ainda não viu o trabalho do grupo, tem a obrigação de conhecer. O que estão fazendo lá na Tenda é incrível!

Amaurih Oliveira no Auto do Boi da Cara Preta, da Cia. Boi da Cara Preta - foto Felipe de Paula______________

Precisamos que o poder público e toda a sociedade respeitem mais o trabalho dos nossos artistas e procurem investir com dignidade. Temos atores, cantores, bailarinos de qualidade.

______________

 
PIMENTA – O que falta em Ilhéus e na região para o fortalecimento das artes cênicas?
AMAURIH – Precisamos que o poder público e toda a sociedade respeitem mais o trabalho dos nossos artistas e procurem investir com dignidade. Temos atores, cantores, bailarinos de qualidade. Os profissionais querem muito produzir mas, de um modo geral, não se facilita nada. Não tem apoio, não tem investidores, é uma crise que vem desde antes da vassoura-de-bruxa. Espero que a mentalidade mude. Torço muito para que as coisas melhorem em nossa região.