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Joselito Reis lança livro de poesias
Joselito Reis lança livro de poesias

Com prefácio do professor Raimundo Galvão e apresentação do jornalista Nilson Andrade, ambos já não mais entre nós, o poeta e jornalista Joselito dos Reis lança o seu primeiro livro de pensamentos e poesias, Grito Sem Eco, nesta quinta (27), às 19h, no Centro de Cultura Adonias Filho, em Itabuna.

O livro conta com as participações dos jornalistas Rosi Barreto, Waldyr Montenegro, Odilon Pinto e Paulo Lima e da professora Zélia Possidônio, que também é poeta e atriz, aparecendo com uma reflexão e um grito existencial num mundo perdido pelo individualismo e pelo consumismo.

O poeta diz que o livro tem esse título – Grito Sem Eco, porque, no passado, cada pessoa no campo ouvia o eco do seu próprio grito transpirando nos vales e montanhas, “o que não acontece nos dias de hoje devido à poluição que impregnou nossas ruas ou até mesmo o nosso espaço sideral infestado de gadgets e equipamentos dos mais diversos”.

“Ao leitor, cabe adquirir o livro e descobrir muitos outros conceitos que transcendem aos limites de uma poesia lírica, romântica, social, sempre numa linguagem clara e direta, que perpassa de forma transversal o campo das metáforas, para, com certeza, sensibilizar mais ainda aqueles que buscam a essência das coisas e são sensíveis ao universo que nos cerca”, diz o jornalista e poeta.

APOIO

Com tiragem de mil exemplares, numa produção independente, o poeta que esperou 36 anos para lançá-lo, diz que a publicação do livro só foi possível devido à sensibilidade e à colaboração direta do empresário Delson Mesquita, da Editora e Gráfica Mesquita. Delson ofereceu o apoio decisivo e embarcou de cabeça no projeto editorial, cuidando dos detalhes e da arte final.

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Um dos assuntos do Universo Paralelo desta semana é o jornalista itabunense Nelito Nunes de Carvalho. Ousarme Citoaian, com propriedade, presta bela homenagem a um dos nomes sagrados do jornalismo praticado neste chão. “Nelito era bom e não sabia, talvez porque seu credo de comunista nunca teve como ponto focal a bondade, mas a justiça”.
O fundador do SB – Informações e Negócios, relembra Ousarme, foi laboratório que projetou muita gente no jornalismo regional.
De memória, o colunista cita Paulo Afonso, Jorge Araujo, Kleber Torres, Cyro de Mattos, Mário de Queiroz, Alberto Nunes, Plínio Aguiar, Raimundo Galvão, Marival Guedes, Eduardo Anunciação, Chiquinho Briglia, Pedro Ivo, Antônio Lopes, Helena Mendes, Roberto Junquilho, Manuel Lins.
Confira essa e mais na coluna desta semana (clique aqui para ler)

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Essa história, hilária e educativa, foi contada pelo colunista Ousarme Citoaian, do Pimenta:

O (falido) Supermercado Messias resolveu dar aos clientes bombons como troco, alegando dificuldades para obter moedas de pequeno valor. O jornalista Raimundo Galvão estrilou, é claro. Estrila de cá, explica de lá, terminou aceitando as balas: levou para casa o inusitado troco e continuou a levá-lo, durante meses. Certo dia, terminadas as compras, foi-lhe apresentado o total a pagar e ele, sem piscar, depositou no balcão um avantajado saco de bombons (e algumas formigas, é claro).

“Que diabo é isso?” – pergunta a atônita moça do caixa.

“É o dinheiro que vocês me deram de troco” – retruca Galvão.

Confusão, chama o gerente, traz o diretor, convoca o bispo, e Galvão  lá, apoiado em seu inseparável guarda-chuva, a tudo assistindo, com a tranqüilidade dos justos. Depois de meia hora de “aceita, não aceita”, o “dinheiro” foi recebido e Galvão saiu, com as compras do mês e a alma em festa. Ria-se. Ganhara mais uma.

Confira esta e outras histórias no Universo Paralelo desta semana (clique aqui).

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TELMO E GRACILIANO RAMOS

Ousarme Citoaian

Festejado escritor nascido em Ferradas, Telmo Padilha é lembrado em recente artigo no Agora, de Itabuna: “Padilha imaginou como teria sido a administração de Graciliano Ramos (foto), o autor de Vidas secas, São Bernardo, Caetés, etc., frente à Prefeitura de Quebrângulo [sic], hoje Palmeira dos Índios [sic), em Alagoas”. O artigo, infelizmente, labora em lamentável erro: a confusão a respeito do nome da cidade onde nasceu o velho Graça (aliás, objeto de profundo – e premiado – estudo do professor Jorge de Souza Araujo).  E ainda acrescenta um equívoco comprometedor, com a expressão “hoje Palmeira dos Índios”. Palmeira e  Quebrangulo não apenas  municípios vizinhos e amigos, mas independentes e harmônicos.

GRACILIANO EM QUEBRÂNGULO?

O trecho em referência foi bebido no livro Canto de amor e ódio a Itabuna, publicado após a morte de Telmo (Editus-Uesc/2004), e se intitula “Graciliano em Quebrângulo” (pág. 175).  Um erro palmar:  a cidade onde GR veio à luz chama-se Quebrangulo (nunca Quebrângulo!) e tenho todos os motivos para imaginar que Telmo Padilha, poeta e prosador, culto e lido, estava cansado de saber que a palavra não leva circunflexo. É, por isso, paroxítona, não proparoxítona. O erro, obviamente, nasceu na revisão: alguém cheio de boas intenções resolveu “corrigir” o poeta itabunense e acentuou Quebrangulo. Telmo e o velho Graça se mexeram na tumba.

SONORIDADE QUE ACARICIA

O articulista, portanto, involuntariamente, repetiu o equívoco que, a meu juízo, foi gerado na Editus/Uesc. Por minha vez, vali-me dessa embrulhada para recordar que o Estado de Alagoas é rico em nomes de municípios com sonoridade que acariciam nossos ouvidos: além dos citados Quebrangulo (foto) e Palmeira dos Índios, lá estão: Jacaré dos Homens, Santana do Ipanema, Olho d´Água das Flores, São Miguel dos Campos, São Luís do Quitunde, Coité do Nora, União dos Palmares, São Miguel dos Milagres, Porto Real do Colégio. Já visitei todos – incluindo o museu Graciliano Ramos, em Palmeira. A exceção é Coité do Nora, que acabo de ver numa lista do Google, e nem sei pra que lado fica (mas que o nome é delicioso, é).

ESTRANHO DIÁLOGO NO QUIOSQUE

Tenho especial predileção pela língua portuguesa de Portugal, pois a mim me parece delicioso o som, gerado pelo sotaque e, muitas vezes, pela posição dos pronomes na frase. Veja-se este texto, adaptado do gramático lusitano Raul Machado (de preferência, leia-o com a entonação lisboeta): Aqui há umas semanas dirigi-me a um quiosque onde vendem tabaco, e pedi uma caixa de fósforos. Uma donzela, amável e sorridente, respondeu-me: “Não temos.” “Ora essa!” – volvi, estupefacto.  “Pois a mim me parece que estão logo ali”. “Não, não”– replicou-me a donzela, com ar feliz.  “Aquilo não são caixas de fósforos; são caixas com fósforos”.  Ora, pois!…

RAPARIGA PRESSUROSA E AMÁVEL

Logo a seguir, por uma espécie de intuição, e à guisa de teste, disse-lhe: “Faz-me o favor, dá-me um maço de cigarros”. E ela, pressurosa e amável, entregou-mo, imediatamente. “Ó minha gentil rapariga, não estou a perceber bem o que há pouco me disse. Pedi-lhe uma caixa de fósforos e respondeu-me que só tinha caixas com fósforos. Agora, peço-lhe um maço de fósforos (caixas que contêm fósforos). O que, afinal, está a suceder neste seu honrado quiosque”?

GARRAFA (FEITA) DE VINHO

O que “está a suceder” com o honrado quiosque da rapariga e que deixa “estupefacto” o gajo lusitano é o desconhecimento do emprego da preposição “de”. Pasmem: o mencionado autor informa que “essa preposição tem nada menos do que dezoito significativos”, sendo os de conteúdo, matéria e finalidade os que mais nos molestam. Na contenda do quiosque, caixa de fósforos é o recipiente que contém fósforos (conteúdo), não que seja feita de fósforos (matéria); já escova de dentes não é uma escova feita de dentes, nem com dentes, mas escova para limpar os dentes (finalidade). Veja-se o exemplo de garrafa de vinho, em que a referência é ao conteúdo, não à matéria de que é feita a garrafa. Que coisa mais estúpida seria fazer uma garrafa de vinho e não de vidro! Logo, o vinho é conteúdo; o vidro, matéria.

JOTAÉ DERRAPOU NA BOLA

Jararaca Ensaboada, de certa feita, pediu aqui um copo com água (na verdade, uma taça com água, pois Jotaé acha que copo é coisa de pobre). Besteira. É copo de água mesmo, ou, também aceito pela língua culta, copo d´água e, claro, caixa de fósforos (como bem falou o gajo à rapariga), cesto de uvas, taça de champanhe, lata de azeite, barril de chope e assim por diante. Há casos em que o “de” sinaliza, ao mesmo tempo, conteúdo e finalidade: o repisado copo de água é expressão que indica recipiente para água (finalidade) e com água (conteúdo). Jotaé está por fora. Quer outra expressão lusitana muito interessante, nesta linha da preposição “de”? Pedaço d´asno! Eu sempre quis dizer, e agora o digo, à moda lisboeta: Jararaca Ensaboada, és um pedaço d´asno!

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NOSTALGIA DO TREMA

É provável que eu seja o único brasileiro que tem saudade do trema. Gostava dele. Sua supressão, pelo Acordo Ortográfico, me deixou com alguma nostalgia. Palavras como cinqüenta, freqüente, ungüento e similares perderam seu ar de nobreza secular, deixaram – para usar uma expressão recorrente nesta coluna – de ser “clássicas”. É como se um restaurante à la carte se transmudasse, de um momento para outro, num “comida a quilo”. Consequência virou o genérico de conseqüência, como se a palavra de despisse da sua identidade.  Uma enfermeira sem avental branco, se é que vocês me entendem. Mas conheço gente que, antecipando-se ao Acordo, já descartara o trema há muitos anos.

EXECUTIVOS “CONTAMINADOS”

Raimundo Osório do Couto Galvão, jornalista dos mais competentes, era um valenciano ímpar. Conservador, casmurro, de amplas leituras, cronista, poeta bissexto e, principalmente, dono de ferino senso de humor. Protagonizou muitas situações curiosas em Itabuna – testemunhadas por seus companheiros de redação, em vários veículos. Entre os que lidaram com a verve, as exigências e o bem conservado mau humor de Galvão citam-se Orlando Cardoso, Luiz Conceição, Ramiro Aquino, Jorge Araujo, Geraldo Borges, Valdenor Ferreira, Charles Henri, Joselito Reis, Vily Modesto, Antônio Lopes, Ederivaldo Benedito, Joel Filho e Walmir Rosário. Um de seus lados mais agudos era o de cidadão, sempre pronto a reagir contra qualquer tentativa de espoliação de seus direitos, num tempo em que não se falava tanto em cidadania quanto hoje.

GALVÃO ELIMINOU O TREMA

Galvão não usava trema. Chegou a dizer, na coluna “Contexto”, publicada no Diário de Itabuna, que sua velhíssima Remington não possuía esse sinal. Meia verdade. O trema em máquina de escrever é feito mediante certa ginástica: escreve-se o “u”, dá-se um retrocesso (alguém ainda sabe o que é isso?) e bate-se aspas, aquelas duas virgulinhas que ficavam acima, à esquerda, tal e qual está no teclado do meu computador. Galvão não se habituou a essa manobra e entregava ao Diário seu texto (de primeira qualidade, diga-se) sem ligar para exigências de trema. Antecipou-se, assim, aos doutos signatários do Acordo Ortográfico, rifando o trema uma década antes. Se vivo estivesse (morreu quando nasciam os anos 90) talvez reivindicasse copirraite – tendo por advogado Francisco Valdece, seu amigo de fé.

BOMBONS VIRARAM DINHEIRO

O Supermercado Messias resolveu dar aos clientes bombons como troco, alegando dificuldades para obter moedas de pequeno valor. Galvão estrilou, é claro. Estrila de cá, explica de lá, o jornalista terminou aceitando as balas: levou para casa o inusitado troco e continuou a levá-lo, durante meses. Certo dia, terminadas as compras, foi-lhe apresentado o total a pagar e ele, sem piscar, depositou no balcão um avantajado saco de bombons (e algumas formigas, é claro). “Que diabo é isso?” – pergunta a atônita moça do caixa. “É o dinheiro que vocês me deram de troco” – retruca Galvão. Confusão, chama o gerente, traz o diretor, convoca o bispo, e Galvão  lá, apoiado em seu inseparável guarda-chuva, a tudo assistindo, com a tranqüilidade dos justos. Depois de meia hora de “aceita, não aceita”, o “dinheiro” foi recebido e Galvão saiu, com as compras do mês e a alma em festa. Ria-se. Ganhara mais uma.

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O FENÔMENO KEITH JARRETT

Keith Jarrett é um indiscutível fenômeno do piano de jazz: menino prodígio, começou a tocar aos três anos, e aos sete fez o primeiro recital, tornando-se músico profissional ainda adolescente. Em 1962 era líder do seu próprio grupo, em 1965 passa a tocar com Art Blakey (foto), uma lenda da bateria de jazz, fica três anos com o Charles Lloyde Quartet e de 1969 a 1971 está com Miles Davis, na histórica fusão jazz-rock liderada pelo Divino. Depois, lança-se definitivamente em carreira solo. Tendo freqüentado a Berklee School of Music, Jarrett se sente muito à vontade tocando Bach e Mozart, dentre outros mestres. Até formou um grupo, o Jarrett Standards Trio, muito respeitado como executante de música de câmera.  Aqui, sua leitura de um tema muito caro a músicos e apreciadores do jazz: Autumn leaves.

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(O.C.)