Hyllo morreu afogado no Rio Almada || Instagram/Reprodução
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O corpo localizado hoje (2) no Rio Almada, na zona norte de Ilhéus, é de Hyllo Matheus da Rocha Dias, de 23 anos. Ele estava desaparecido desde domingo (30), quando se afogou no Joia do Atlântico. Morador de Itabuna, Hyllo deixa a esposa, Victória Freire, e uma filha pequena.

Atleta de muay thai, Hyllo também praticava outros esportes, como ciclismo. Ele se afogou na mesma região onde seu corpo foi encontrado,  numa localidade conhecida como Praia do Mineirinho. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) foi acionado para fazer o levantamento cadavérico.

Luciano morreu após o carro que dirigia cair no Rio Almada
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O motorista do carro que caiu no Rio Almada ao cruzar uma ponte da BA-262, nesta quarta-feira (16), não resistiu ao acidente e faleceu no local. Identificado como Luciano Silva do Carmo, ele tinha 45 anos e era mecânico de automóveis em Gandu, onde vivia com a família.

Luciano dirigia um Corolla prata. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192) foi acionado, mas encontrou a vítima já sem vida. As causas do acidente ainda são desconhecidas.

A Ilhéus-Uruçuca chegou a ser interdita no início da tarde de hoje (16), mas o trânsito já foi liberado. O impacto da colisão destruiu parte do parapeito da ponte, o que exige atenção redobrada dos motoristas que trafegam no local.

Genilton Inácio olha o barranco atrás da casa da família, onde sua esposa foi soterrada || Fotos Jaque Cerqueira
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Dois meses após tragédia no sul da Bahia, várias famílias ainda vivem em áreas condenadas e sem apoio do poder público

Jaque Cerqueira

É com profunda tristeza que o senhor Genilton Inácio de Souza lembra o dia em que um barranco desmoronou e invadiu a casa onde ele mora com a esposa, a filha e uma neta. O barro invadiu a cozinha, o banheiro e um quarto.

Sua mulher, Solange, que no momento da chuva estava nos fundos do terreno, fazendo uma valeta para que a água escoasse, ficou soterrada pelo barro. Milagrosamente, foi resgatada por vizinhos e hospitalizada com vários ferimentos graves. Hoje, está recuperada dos traumas físicos, mas permanecem as sequelas emocionais.

A história do senhor Genilton, que mora no Basílio, em Ilhéus, é apenas uma dentre várias de sofrimento e abandono. As chuvas de dezembro só colocaram em evidência o antigo problema das encostas na cidade, que é um dos principais destinos turísticos da Bahia e do Brasil, consagrada pelas obras do escritor Jorge Amado.

A Defesa Civil chegou a mapear 48 áreas de risco, onde vivem cerca de 5 mil famílias. Em dezembro, a Prefeitura de Ilhéus decretou estado de calamidade pública por causa dos temporais.

Alto do Basílio em Ilhéus: moradores vivem com medo constante

Na Avenida Palmares, localizada no Alto do Basílio, aproximadamente sessenta famílias foram atingidas direta ou indiretamente pelo deslizamento de encostas. Bairros como Teotônio Vilela, Banco da Vitória, Alto da Soledade, Alto da Tapera e outros tantos ainda sofrem com as consequências da chuva e também com o descaso do poder público.

Dona Maria Lúcia diante da casa que foi obrigada a deixar após queda de barranco

Na Avenida Palmares, também entrevistamos dona Maria Lúcia, que teve a casa invadida pelo barranco e perdeu quase todos os móveis. Com voz embargada e olhos marejados, lamenta a situação em que vive.

Ela saiu da casa onde morava com a família e hoje precisa pagar aluguel para viver em um local seguro. Contudo, diz não receber nenhum tipo de auxílio do poder municipal. “Além de pagar aluguel, água e luz da casa onde estou morando, tenho que pagar água e luz da minha casa, que está fechada, para não cortarem o funcionamento e acumular as dívidas”, conta Maria Lúcia.

Com o marido desempregado, ela se desdobra para arcar com as despesas e ainda enfrenta a dificuldade de ter perdido vários móveis e eletrodomésticos.

Funcionários da Defesa Civil fizeram cadastros e preencheram formulários, mas, até o momento, nenhuma política pública foi efetivada no local, como o auxílio-aluguel. Também não foi feita qualquer avaliação técnica do terreno para obras de contenção da perigosíssima encosta ao fundo de 60 residências.

Cozinha de Maria Lúcia destruída por queda de barranco

O prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre (PSD), anunciou, em fevereiro, o pagamento de aluguel social para famílias que vivem em áreas condenadas. Entretanto, moradores do Basílio questionam a informação e relatam não ter recebido tal auxílio.

“Não tivemos apoio em nada. Não recebemos nem cesta básica. Agora, fomos informados que se tirarmos o barro de dentro de casa e colocarmos na rua, seremos multados pela Prefeitura”, lamenta Genilton Souza, em tom desolado, diante do dilema.

Se deixar o barro dentro da casa, não poderá viver ali, pois a situação é insalubre e caótica; se retirar o barro, será multado. A pobreza é duplamente penalizada.

Mais de 60 dias após a enchente, vemos nas ruas de Ilhéus amontoados de lama, como na Avenida Princesa Isabel, importante ligação do centro com a rodoviária. Moradores retiraram o barro das residências com as próprias mãos. Passados dois meses, a Prefeitura não fez nenhuma limpeza. Além da sujeira, o barro causa transtornos ao trânsito de pedestres e veículos.

A FORÇA DO VOLUNTARIADO

Assim como no Alto do Basílio, moradores do Teotônio Vilela tiveram suas casas afetadas pelas chuvas desde 10 de dezembro. Foi uma recorrência de sofrimentos e alagamentos até 1º de janeiro.

Sem atuação do poder público municipal, contam com a mobilização de instituições que fazem trabalho voluntário. Constatamos que as ruas pavimentadas não receberam qualquer obra de melhoria. Quanto às de barro, não existe previsão orçamentária de pavimentação.

Vanessa Cardoso mora com duas filhas na rua Amanda das Neves, no bairro Teotônio Vilela. Um córrego passa na frente da casa e, com as chuvas, a água invadiu a residência, chegando a atingir um metro de altura.

A família passou semanas numa escola pública que acolheu desabrigados. Além de perder o pouco que tinha, Vanessa precisa de um local seguro para viver com as filhas. Toda a assistência que recebeu, até o momento, veio de doações da comunidade, a exemplo de alimentação, roupas, medicamentos e móveis.

Rua Amanda Neves, no Teotônio Vilela, bairro que acabar de completar 40 anos

AÇÕES DO GRUPO AMIGOS DA PRAIA

O Grupo Amigos da Praia (GAP) se uniu para apoiar as famílias afetadas. O trabalho da ONG, ainda em andamento, é feito em três etapas. A primeira foi a arrecadação de alimentos e outros donativos na ajuda humanitária emergencial; a segunda foi a realização de resgates e transporte de pessoas em áreas alagadas.

Percebeu-se a necessidade de levar atendimento médico às famílias atingidas pelas chuvas, principalmente em áreas de difícil acesso, como Banco do Pedro, Sambaituba, Castelo Novo, Lagoa Encantada e outras áreas rurais.

A terceira fase é a distribuição digna de roupas, calçados e utensílios doados por milhares de pessoas. No Bazar Solidário, cada ente da família tem liberdade e autonomia para escolher os itens necessários ao recomeço de seus lares.

Em outra frente, o GAP mobilizou-se com pescadores locais para limpar trechos do Rio Almada, onde plantas aquáticas formaram ilhas que impediam a navegação e o transporte dos donativos. A limpeza facilitou o acesso de barcos a várias comunidades que precisavam de atenção, como Lagoa Encantada, Urucutuca, Campinhos, Vila Juerana, Aritaguá e Sambaituba.

“Não podíamos transportar todos os alimentos doados por terra. A situação piorava, porque as pequenas canoas, aquelas que passavam nos caminhos estreitos, têm limite de carga pequeno. Imagina transportar uma ou duas cestas básicas por viagem, sendo que a quantidade de ribeirinhos é gigantesca na zona norte de Ilhéus”, relembra Gabriel Macedo, presidente do GAP e técnico da Confederação Brasileira de Surf (CBSurf).

Na última fase da operação humanitária, o GAP avalia, de forma pontual, casas que precisam de pequenos reparos ou mesmo ser reconstruídas, principalmente nos bairros Teotônio Vilela e Salobrinho.

São várias famílias que necessitam de intervenção urgente em suas residências e, hoje, só podem contar com o voluntariado e o engajamento comunitário. O número de desalojados é grande. Diversas pessoas ainda estão em casas de parentes e vizinhos. Dessa forma, sequer entram na estatística oficial.

Segundo contato com a Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (SPS), apenas 26 pessoas receberam aluguel social, o que não corresponde à necessidade real da população afetada.

Limpeza do Rio Almada contou apenas com trabalho voluntário

Diante do cenário devastador na região, apenas uma junção de iniciativas poderá amenizar os transtornos causados, sendo a efetivação da política pública de moradia a mais relevante.

Além de medidas emergenciais, como auxílio-aluguel, para retirar as pessoas que ainda se encontram em áreas de extremo risco, é necessária a implantação de políticas voltadas ao planejamento do uso e gerenciamento do solo, como zoneamento geoambiental, planos preventivos de defesa civil e educação ambiental.

Em Ilhéus, negligenciar a necessidade de contenção de encostas, implantação de sistemas de drenagem e reurbanização de áreas degradadas é ocultar uma tragédia anunciada.

Ao todo, 25 pessoas morreram em decorrência dos temporais que atingiram toda a Bahia e 661.508 foram afetadas. Vidas perdidas, famílias inteiras sem moradia e outras tantas ainda vivendo em áreas de risco.

Mesmo esse cenário trágico e catastrófico parece não comover quem, por lei, tem a responsabilidade de intervir na resolução de problemas e, no mínimo, amenizar o sofrimento humano.

FRUSTRAÇÃO ILHEENSE

No final de janeiro, o Governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder), autorizou obras de requalificação urbanística em 37 municípios afetados pelas chuvas na Bahia. Para isso, foram disponibilizados cerca de R$ 57 milhões de recursos estaduais.

Serão feitas 43 intervenções, por meio de convênios com o órgão ligado à Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia. O que espanta e frustra os moradores que sofrem as consequências das chuvas em Ilhéus é que a cidade não foi incluída em nenhum dos projetos de pavimentação e implantação ou requalificação de equipamentos urbanos.

Ainda em janeiro, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), anunciou o início do Programa Bahia Minha Casa, que deverá construir residências para as famílias que viviam em áreas afetadas pelas enchentes. O trabalho será uma parceria entre as secretarias estaduais de Desenvolvimento Urbano (Sedur), via Conder, e de Relações Institucionais (Serin).

Segundo o secretário de Relações Institucionais Luiz Caetano, os prefeitos e as prefeitas precisam fazer o cadastramento das famílias que tiveram 100% de perda das casas.

Ainda segundo o secretário, muitos municípios têm atrasado esse cadastramento, o que impossibilita o acesso dessas famílias ao benefício. Atrasar este tipo de cadastro é condenar estas famílias ao relento.

TRAGÉDIAS E MORTES VIRAM ROTINA

Nos últimos meses, o Brasil inteiro vê perplexo a quantidade de famílias desabrigadas e inúmeras vidas perdidas após uma sequência de desastres ambientais, principalmente nos estados da Bahia, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

As tragédias são reflexos, principalmente, da falta de planejamento urbano e de suas áreas de risco. À essa situação, juntam-se as mudanças climáticas intensificadas pela ação humana, conforme pesquisas científicas amplamente divulgadas.

Área de deslizamento de terra em Petrópolis || Foto Florian Plaucher/AFP

Em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, 232 pessoas morreram após as fortes chuvas que atingiram a região. A Defesa Civil registrou 2.199 ocorrências desde o dia 15 de fevereiro, sendo 1.764 por deslizamentos.

Ainda segundo a Defesa Civil, com base nos dados disponíveis até 24 de fevereiro, dos 208 mortos identificados até aquela data, 124 são mulheres e 84 homens.

O que mais espanta é que, após as tragédias, não existe nenhuma ação que resulte na identificação de responsabilidades pelo ocorrido, seja por omissão ou pela falta de medidas administrativas e ações capazes de prevenir ou amenizar novas ocorrências.

Já é de conhecimento público que a ocupação desordenada do solo, como construções em montanhas, fundos de vale e margens de cursos d’água, é prenúncio de tragédia. Porém, essa realidade se repete em praticamente todo o país.

Assim como Petrópolis, o relevo de Ilhéus, o tipo de solo e as condições pluviométricas associadas à ocupação irregular resultam em uma série de ocorrências nos períodos de chuva forte e levam, rotineira e exaustivamente, à perda de vidas, além dos danos materiais.

O que se espera do poder constituído são políticas públicas que orientem o crescimento urbano para áreas que não ofereçam risco à população; que realize planos de contingência e tenha programa de mitigação dos impactos da crise climática global.

No entanto, após tantas tragédias, o que de fato foi feito? Em Ilhéus, as ocupações ao longo das margens dos rios, mangues e encostas não param de se expandir. A única certeza é a de que, mesmo com tanta tecnologia e recursos, não há planejamento urbano e infraestrutura eficazes para o crescimento sustentável das cidades.

Vice-prefeito Léo da Capoeira, Marcone Amaral e Rui Costa || Reprodução/Instagram
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Na tarde desta terça-feira (28), o governador Rui Costa (PT) foi a Itajuípe, no sul da Bahia, para avaliar os estragos causados pela cheia do Rio Almada. A visita atendeu apelo do prefeito Marcone Amaral (PSD), que, em vídeo publicado ontem (27), relatou as dificuldades enfrentadas pela população (veja aqui). Ainda na noite de segunda-feira (27), a cidade recebeu mantimentos enviados pelo Governo do Estado.

“Nosso Governador @ruicostaoficial esteve conosco realizando uma vistoria na cidade nos pontos afetados pelas chuvas. Muito obrigado, meu governador, por toda ajuda prestada a nossa população e pela preocupação e interesse em nos ajudar. Itajuípe agradece por tudo!”, escreveu Marcone, ao compartilhar numa rede social imagens da visita de Rui ao município.

Segundo o prefeito, a população ainda precisa de alimentos e água potável. Hoje (28), o Grupo Amigos da Praia (GAP), entidade de Ilhéus, enviou 300 cestas básicas para famílias de Itajuípe.

A Prefeitura de Itajuípe estima que 70% dos cerca de 20.400 habitantes do município tenham sido afetados direta ou indiretamente pela enchente. Mais de 700 famílias estão desalojadas.

Rio Almada avança sobre casas da Vila Juerana, em Ilhéus
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Parte significativa da comunidade da Vila Juerana faz da pesca no Rio Almada sua principal fonte de renda. O cenário bucólico também atrai muitos visitantes aos bares da vila. Pescado na foz do Almada, o robalo é o peixe preferido da clientela. Pode ser frito, assado ou feito moqueca. A terceira opção inclui dendê produzido na vizinhança. No entanto, após as chuvas da última semana, o nível do Almada elevou-se rapidamente e, no fim da tarde de domingo (26), a cheia atingiu a zona norte de Ilhéus, inclusive a Juerana, transformando em algoz a principal fonte de riqueza da população ribeirinha.

A situação da comunidade ainda é crítica na tarde desta terça-feira (28), conforme declaração do voluntário Fred Ribeiro ao PIMENTA. Nas ruas onde o nível da água impede o tráfego de veículos terrestres, os voluntários usam barcos para levar comida e água potável às famílias isoladas.

A Capela de Santa Isabel de Portugal abriga quinze famílias que deixaram suas casas em razão da enchente. O templo também é o ponto de coleta de doações para a vila. Neste momento, segundo Fred Ribeiro, a comunidade precisa de água potável, alimentos, colchões e material de limpeza e higiene. O WhatsApp para contato com o voluntário é (73) 99129-9532.

Léo da Capoeira e Marcone Amaral pedem socorro para lidar com efeitos das chuvas
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No fim da tarde desta segunda-feira (27), em vídeo publicado no Instagram, o prefeito Marcone Amaral (PSD) pediu a ajuda dos governos estadual e federal para lidar com os impactos da cheia do Rio Almada em Itajuípe, no sul da Bahia. Cerca de 70% dos 21 mil habitantes da cidade foram afetados de alguma forma pela tragédia socioambiental que, até o momento, deixou 72 municípios baianos em situação de emergência.

Ao lado do vice-prefeito Léo da Capoeira (PSD), Marcone informa que a população sofre com a falta de água potável e comida. “Todo mundo já está sentindo sérias necessidades em tomar água, em se alimentar”, declarou o prefeito, em tom de desabafo, visivelmente emocionado (assista abaixo). Na noite de ontem (27), após o apelo, o Governo da Bahia enviou um caminhão com mantimentos para Itajuípe.

Barco cruza rua tomada por cheia do rio em Sambaituba
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A situação das comunidades que margeiam o Rio Almada, ao norte de Ilhéus, agravou-se na noite de domingo (26) e mantém-se crítica nesta segunda-feira (27). Com a cheia do rio, a água invadiu casas de Sambaituba, Vila Juerana e Lagoa Encantada. Moradores temem que o mesmo aconteça em residências do condomínio Joia do Atlântico, onde o problema é menos grave até o momento. A Prefeitura informa que o município tem 585 famílias desalojadas, que recebem abrigo em escolas públicas. Confira vídeos que circulam nas redes sociais.

Na Lagoa Encantada, muitas casas foram quase cobertas pela água.

Famílias da Vila Juerana também foram obrigadas a abandonar suas residências.

Cheia do Rio Almada atingiu casas em Sambaituba.

Emasa pede liberação de aumento de vazão na Barragem do Colônia para oxigenar o Cachoeira || Foto Pedro Augusto/Arquivo
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O longo período de estiagem nas bacias dos rios Almada e Cachoeira, responsáveis pelo abastecimento de água de Itabuna, tem preocupado a Gerência Técnica da Empresa Municipal de Águas e Saneamento (Emasa). O Brasil vem passando por uma das maiores crises hídricas dos últimos 90 anos, correndo grave risco de haver apagão elétrico em função da falta de chuvas.

Segundo o gerente Técnico da Emasa, João Bitencourt, a diminuição do volume das calhas dos rios que abastecem a cidade já apontam a diminuição da vazão. “É muito importante que com a chegada das estações mais quentes – primavera e verão – todos façam o consumo de água consciente, evitando o desperdício para que a Emasa não seja obrigada a realizar um programa de racionamento no futuro”, apela.

BARRAGEM DO COLÔNIA

Bitencourt já manteve contato com a direção da Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb), que administra a barragem do Rio Colônia, situada no município de Itapé, para aumentar o volume da vazão que vem por gravidade até a estação de captação e tratamento de água da Emasa, no Nova Ferradas, zona oeste de Itabuna.

“O aumento da vazão da Barragem do Rio Colônia, além de ajudar no abastecimento de Itabuna, contribuirá para manter o nível do espelho d’água do Rio Cachoeira no centro da cidade”, afirma João Bitencourt.

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Obras de barragem são fiscalizadas por equipe de consórcio || Foto Divulgação

Técnicos do Consórcio do Território Litoral Sul fiscalizaram as obras de recuperação da Barragem do Almada, em Itajuípe, no sul da Bahia, nesta segunda (19). A ação busca prevenir e minimizar os riscos de acidentes ambientais durante a execução da obra. A barragem abastece a população de Itajuípe e, no local, também há estação de tratamento da água.

O engenheiro Lucius Flavius Ouries, do Consórcio Litoral Sul, liderou a equipe de fiscalização. O Consórcio foi ao local a convite da Secretaria de Meio Ambiente de Itajuípe. Segundo o secretário de Meio Ambiente, Vinícyus Guimarães, a fiscalização busca reduzir a possibilidade de acidentes neste tipo de construção.

– Os técnicos do consórcio colaboram diretamente no acompanhamento, na análise do parecer técnico e para a estruturação, observando a real situação ambiental e de risco da construção para o município e a população – explicou Guimarães.

Lucius Flavius, do Consórcio Litoral Sul, diz que o acompanhamento “permanente e sistemático da situação da estrutura” vai no sentido de “coibir desmates ilegais e outras infrações e crimes ambientais”.

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Na localidade de Volta Grande, bela imagem do Rio Almada || Foto José Nazal

O Rio Almada abastece mais de 300 mil moradores no sul da Bahia. É água que chega a lares de municípios como Itajuípe, Uruçuca e Itabuna. Nasce em Almadina e encontra o mar em Ilhéus. Não importa o que o ser humano faça. Nem os obstáculos. O Almada segue o seu curso. Generoso. São dezenas de quilômetros gerando o sustento de milhares e imagens como a captada pela sensibilidade do fotógrafo José Nazal, um dos maiores conhecedores da alma dessa gente sul-baiana.

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Rio Almada recupera vazão gradualmente (Foto Ecivaldo Nascimento/FB).
Rio Almada recupera vazão gradualmente (Foto Ecivaldo Nascimento/FB).

O prefeito Claudevane Leite e o presidente da Emasa, Ricardo Campos, farão uma visita técnica, amanhã (3), à estação de captação de água em Rio do Braço. A análise das condições da vazão do Rio Almada e das condições de captação serão fundamentais para o município decidir pelo fim ou continuidade do racionamento de água.

O Rio Almada responde por, aproximadamente, 70% da água que abastece os lares itabunenses. Independente do racionamento continuar ou não, a ordem é economizar. Ou viver (de novo e mais rápido) o drama da água “temperada”.

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Rio Almada sofre efeitos de 6 meses de seca na região cacaueira.
Rio Almada sofre efeitos de 6 meses de seca na região cacaueira.

Se Itabuna sofre com a água salobra em decorrência da estiagem, os moradores de distritos de Itajuípe e Coaraci, que margeiam o rio, sofrem  ainda mais. Tanto Itabuna como os dois municípios dependem do Rio Almada para o abastecimento de água. O nível do rio reduziu-se a nível crítico e em vários trechos não há vazão de água, assim como em sua nascente, em Almadina.

As fotos captadas na tarde deste sábado (16) em um pequeno trecho do Almada, em Sequeiro Grande, em Itajuípe, são desoladoras e comprovam que o fluxo de água em direção ao mar está integralmente suspenso.

As pessoas do distrito de Itajuípe somente se utilizam da água retirada em alguns poços para gasto, já que a decomposição de matéria orgânica – folhas, galhos de árvores etc – causa mau cheiro. O rio, com seus pequenos poços e filetes d´água, insiste em sobreviver.

O abastecimento à população somente tem sido possível por meio de carros-pipa. O cenário é mais drástico em Itajuípe, obrigada a suspender o abastecimento. Nos distritos, muitos lamentam que políticos e pretensos candidatos a prefeito da Velha Pirangi façam mercância de votos em troca de água potável para o consumo humano.

Uns míseros filetes d´água são alívio para moradores de Sequeiro Grande, em Itajuípe.
Uns míseros filetes d´água são alívio para moradores de Sequeiro Grande, em Itajuípe.

REFLEXO EM ITABUNA

A seca no leito do Rio Almada tem reflexo direto no abastecimento em Almadina, onde a população protestou contra a Embasa por falta de água, Itajuípe e Coaraci, além de Itabuna.

Para se ter ideia, cerca de 600 litros de água por segundo eram captados do Almada para abastecer Itabuna. Hoje, a Emasa praticamente interrompeu a captação em Rio do Braço, em Ilhéus, dependendo apenas da captação em Castelo Novo, onde a maré afetou a qualidade da água, elevando os níveis de cloreto e tornando-a salgada.

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Dentro de canoa, prefeito vistoria de perto motobomba em Castelo Novo (Foto Gerson Teixeira).
Dentro de canoa, prefeito vistoria de perto motobomba em Castelo Novo (Foto Gerson Teixeira).

A longa estiagem no sul da Bahia comprometeu, de vez, o abastecimento de água em Itabuna. As estações de captação de Rio do Braço e de Castelo Novo, ambas em Ilhéus, e a de Ferradas operam em níveis críticos, de acordo com o presidente da Empresa Municipal de Águas e Saneamento (Emasa), Ricardo Campos.

Ontem, o dirigente visitou estações com o prefeito Vane do Renascer e o vice-prefeito e secretário do Planejamento, Wenceslau Júnior. A captação em Ferradas caiu para pouco menos de 30% do volume habitual, saindo de 250 para 70 litros de água por segundo.

Já a estação de Rio do Braço, a principal do sistema de abastecimento, terá que operar com intervalos de 72 horas. A situação vai perdurar até que haja aumento do volume de água, de acordo com o presidente da Emasa, Ricardo Campos.

A salvação tem sido a estação de Castelo Novo, também em Ilhéus, mas que opera em nível baixo. Por enquanto, não há perspectiva de aumento da maré, o que comprometeria a qualidade da água fornecida aos lares itabunenses, deixando a água salobra.

A Emasa definiu cronograma para que todas as regiões da cidade sejam abastecidas nesse período de longa estiagem no sul da Bahia. A população pode colaborar evitando lavagem de garagem e veículos e reduza uso de máquinas de lavar.

Segundo Ricardo Campos, a Emasa contratou mais carros-pipas para levar água às residências em áreas mais altas de Itabuna. “Vamos torcer para que chova e possamos normalizar o fornecimento de água o mais rápido possível”.

Vice Wenceslau Júnior e o prefeito Vane vistoriam estação em Rio do Braço.
Vice Wenceslau Júnior e o prefeito Vane vistoriam estação em Rio do Braço.
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Rio Almada transborda e deixa famílias desabrigadas (Foto Marcos Japu).
Rio Almada transborda e deixa famílias desabrigadas (Foto Marcos Japu).

As chuvas que caem fortemente no sul da Bahia também causam prejuízos em Itajuípe. Nesta manhã de quinta (18), o Rio Almada transbordou na área central da cidade, em frente à sede da prefeitura e ao Banco do Brasil. Dezenas de famílias estão desabrigadas no município.
Almada transborda e deixa ruas do centro de Itajuípe alagadas (Foto Marcos Japu).
Almada transborda e deixa ruas do centro de Itajuípe alagadas (Foto Marcos Japu).

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Só pra variar, os ambientalistas ilheenses poderiam voltar suas preocupações também para o Rio Almada, que está sendo destruído aos poucos devido à falta de saneamento nas comunidades que vivem em suas margens.
Em Aritaguá, distrito situado na zona norte de Ilhéus, metade dos esgotos domésticos é lançada diretamente no rio. Outros 25% vão para os quintais das casas e, fatalmente, também contaminam o Almada. O restante segue para fossas sépticas.
Há um pedido de construção de 150 fossas mofando há seis anos na Prefeitura de Ilhéus (a solicitação foi feita em novembro de 2004, no apagar das luzes do governo Jabes Ribeiro). Quem assina é o líder comunitário Ailton Nascimento dos Santos, que até hoje assiste com tristeza a morte lenta do Almada.
Além do esgoto, Nascimento aponta outro problema: o lixo. Ele conseguiu junto à Prefeitura a liberação de um caminhão-basculante para fazer a coleta, mas grande parte dos moradores ainda joga seus resíduos sólidos no rio.
Um crime que os “ambientalistas” não veem, porque sua pauta é como “samba de uma nota só”: é Porto Sul e nada mais.