Associação agroecológica de Ilhéus é primeira marca coletiva do sul da Bahia || Fotomontagem
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Um estudo científico feito pelo advogado Mateus Santiago para o mestrado em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação, da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), resultou na criação da primeira marca coletiva do sul da Bahia, a AMAREA. O registro da associação foi deferido e reconhecido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Marca Coletiva é um signo distintivo que indica aos consumidores que determinado produto ou serviço é originário de membros de uma determinada coletividade (associação, cooperativa, sindicato etc.).

A primeira marca coletiva do sul da Bahia pertence à Associação dos Produtores e Agricultores Rurais do Rio do Engenho e Adjacências (AMAREA), instalada no município de Ilhéus. Os produtos ofertados são baseados na agricultura familiar e no respeito ao meio ambiente por meio do manejo agroflorestal. Dentre os cuidados com a preservação ambiental, está a utilização de materiais recicláveis, folhas e fibras naturais nas embalagens dos produtos.

Produtos da agricultura familiar são a base da Amarea, de Ilhéus

A marca expressa em seu logotipo os valores da associação de agricultores, representando a sustentabilidade ao aliar a produção com a preservação do bioma mata atlântica, e a valorização do patrimônio histórico e cultural presente na região do Rio do Engenho.

FORTALECER CADEIA PRODUTIVA

Produtos da agricultura familiar ganham embalagem especial da Amarea

O advogado Mateus Santiago diz que a AMAREA, enquanto associação, tem pautado seus esforços para amadurecer cada vez mais o associativismo, fortalecendo a organização produtiva e social, zelando pela melhoria da infraestrutura da região, para facilitar o escoamento da produção e a acessibilidade para a população local e para os visitantes que percorrem a trilha do Rio de Engenho através do turismo rural.

A marca coletiva, explica Mateus, vai agregar mais valor aos produtos, organizar e fortalecer a cadeia produtiva em que está inserida, potencializará ainda o trabalho em grupo dos produtores, trazendo mais maturidade de gestão do signo distintivo. Tudo isso, reforça, com o objetivo de conquistar novos mercados e fidelizar o público consumidor que valoriza a produção sustentável de alimentos saudáveis. A associação pode ser conhecida também pelo site www.amarea.com.br.

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Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

 

 

A Atil sempre foi forte, embora a individualidade tenha sido frequentemente seu calcanhar de Aquiles. A Atil de hoje não pode mais depender do poder público para participar dos grandes eventos turísticos, economizando migalhas como se não fosse investimento.

 

Fiquei bastante surpreso com a recepção dos segmentos do trade turístico de Ilhéus em relação à posse da nova diretoria da Associação de Turismo de Ilhéus (Atil), entidade com 30 anos de praia. Há bem pouco tempo ninguém ouvia falar nada sobre a Atil, nada de bem ou mal, simplesmente era ignorada, inclusive pelos seus quadros, em dia com as obrigações sociais ou não.

Numa município do porte de Ilhéus, que reúne todas as condições para bombar no turismo nacional, pouco se sobressai, atraindo apenas uma parcela ínfima dos que viajam em busca de descanso, lazer, conhecimento. Muitos do que aportam no aeroporto Jorge Amado embarcam em vans e se dirigem a outros destinos bem próximos, como Itacaré, Maraú (Barra Grande) ou Una (Comandatuba).

Esses mesmos turistas utilizam alguns equipamentos de Ilhéus, a exemplo do porto ou aeroporto, mas voltam para casa sem conhecer os atrativos de Ilhéus, incluindo as belezas naturais, seu casario colonial e da civilização do cacau, suas variadas praias, e a zona rural. Perdem eles [os turistas] por não conhecerem os atrativos, e mais, ainda, o segmento turístico de Ilhéus, essa grande oportunidade de negócio.

Se acaso fossem convidados para virem a Ilhéus, poderiam conhecer pessoalmente, ao vivo, o que leram e imaginaram nas histórias contadas por Jorge Amado, quem sabe beber um chope e comer um quibe no Vesúvio, experimentar a boa cachaça do Rio de Engenho, uma boa dose de Cauchaça, destilada do mais puro mel de cacau, conhecer as fábricas de chocolate artesanal e experimentar o verdadeiro e puro chocolate…

Se por acaso é aficionado por ecologia, pode e deve visitar a Mata Atlântica preservada por obra e graça das roças de cacau, conhecer o pé e o fruto do cacaueiro e todo o processo de transformação em chocolate e demais subprodutos. Tomar banho em cachoeiras, conhecer as famosas ilhas flutuantes, comer uma moqueca e depois se espreguiçar contemplando a deslumbrante natureza…

É pouco, tem mais: a cidade de Ilhéus foi localizada num dos pontos mais belos da costa baiana banhada pelo oceano Atlântico e rios, estes navegáveis em pequenas embarcações, próprias para se aventurar mata a dentro, visitar os manguezais. Pode, ainda, se maravilhar com o casario da época da colonização do Brasil e a linda arquitetura importada pelos coronéis do cacau, entre elas o majestoso convento da Piedade.

Quem sabe a nova direção da Atil poderá contemplar nativos e turistas estimulando o poder público com as melhorias no belvedere da Conquista, de onde se vislumbra, de uma só vez, a baia do Pontal, a praia da Soares Lopes e grande parte da cidade… Garanto que a Ilhéus dos tempos atuais é bem melhor para se visitar do que a Ilhéus das novelas, excelente para sonharmos com nossa história.

Presente à posse, o prefeito Mário Alexandre promete parceria em projetos e ações, aliás iniciadas antes mesmo da eleição e posse, com a finalidade de consolidar a Estrada do Chocolate, que liga Ilhéus a Uruçuca. No roteiro, indústrias moageiras de cacau, fazendas com fábrica de chocolate gourmet, o acervo histórico e arquitetônico construídos pelos “coronéis do cacau”, o Rio do Braço, Banco do Pedro, onde está localizada a Biofábrica do Cacau.

Que novas parcerias sejam firmadas com o interesse precípuo do desenvolvimento turístico de Ilhéus, apoiado nas experiências do passado, para que não se repitam os erros calcados no individualismo e pompas dos cargos. Mais do que nunca, compartilhar as ideias com a sociedade e construir projetos de interesse econômico e social, aglutinando forças positivas.

A Atil sempre foi forte, embora a individualidade tenha sido frequentemente seu calcanhar de Aquiles. A Atil de hoje não pode mais depender do poder público para participar dos grandes eventos turísticos, economizando migalhas como se não fosse investimento. É preciso se conscientizar do seu tamanho e seu poder, ser uma instituição determinada a promover seu próprio negócio, uma atividade sublime, a de tratar bem as pessoas.

O turismo é bem mais que uma atividade econômica. Acredito que seja um estado de espírito pelo qual ainda se tem a felicidade de ser remunerado. Se ficamos felizes por receber um parente ou um grande amigo em nossa casa, desfrutamos de sua agradável companhia, dos momentos de lazer e dos bate-papos e ainda ficamos com saudade quando eles nos deixam para voltarem às suas casas.

Se nessa condição ficamos agradecidos, imaginem se ainda tivermos as vantagens econômicas dessa relação? Uniremos o útil ao agradável: Hospedamos pessoas até então desconhecidas, recebemos um determinado pagamento pelo serviço prestado, e ainda ganhamos amigos. Serão essas pessoas que manterão nossos negócios por anos a fio, seja voltando para nos visitar ou nos indicando a amigos.

Não precisamos procurar chifre em cabeça de cavalo para verificar como qualquer negócio funciona, inclusive o turismo. Como temos que nos reinventar com frequência para enfrentar a concorrência e a dificuldade do mercado, temos que continuar tratando bem os nossos clientes e buscar os melhores técnicos da área para nos orientar no algo mais que poderemos oferecer.

Essa regra vale para Ilhéus, Rio de Janeiro, Porto Seguro, Paris, Canavieiras, Havaí ou o mais recôndito lugarejo escondido no meio das matas, na caatinga, numa praia sem acesso ou numa rua qualquer da cidade. Ilhéus somente será o point quando o negócio de cada um contribuir para tanto. Se cada um criar um diferencial no padrão de atendimento dos seus clientes, todos serão bem-sucedidos.

O que acontece com o turismo de Ilhéus é um filme já visto frequentemente com a cultura do cacau, que fracassou com a introdução da vassoura de bruxa num momento em que as plantas se ressentiam de uma seca impiedosa e da falta de atenção dos cacauicultores. Com sangue novo, tal e qual a fênix ressurgiu das cinzas e hoje deixou de ser uma simples commodities para se apresentar como um produto de excelência, com indicação geográfica.

À Atil cabe aproveitar as boas ideias, mesmo que velhas, incorporando às novas, desde que boas.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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Lixo e cupim ameaçam construção do século XVII

Capela corre o risco de desabar, segundo procurador da República (Foto MPF).

Rachadura e cupim comprometem um dos mais antigos patrimônios do Brasil (Foto Marineusa Cruz/Pimenta).

O Ministério Público Federal em Ilhéus acionou o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para que restaure, imediatamente, a Capela de Nossa Senhora de Santana, na localidade de Rio de Engenho, em Ilhéus. A estrutura corre risco de desabar devido ao nítido estado de abandono e avanço dos cupins.
De acordo com vistoria do procurador da República, Eduardo El Hage, existem goteiras em vários locais da capela, as alvenarias estão desgastadas e as esquadrias, danificadas.
Outros riscos averiguados pelo procurador: rachaduras na fachada principal, instalações elétricas precárias e imagens necessitando de recuperação.
El Hage ainda enfatiza o risco de dano de “difícil reparação do ponto de vista cultural, histórico e arquitetônico”. O MPF não identificou, nos cartórios locais, o responsável direto pela capela do Século XVII. A capela foi tombada pelo Iphan em 20 de fevereiro de 1984.
Em 2005, o município e o Sebrae iniciaram um projeto que tornaria a localidade onde encontra-se instalada a capela uma trilha do turismo histórico e religioso, mas as ações não avançaram.
Até mesmo objetos e símbolos do Brasil colonial se perderam com o tempo em Rio de Engenho, a exemplo do aqueduto construído por escravos e o que restou do engenho de Sant´Anna. Foi nesta localidade que ocorreu a primeira greve de trabalhadores do Brasil, ainda no século XVI.