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José Nazal
 

Experiente, Romualdo logo achou a solução: “volte lá e diga a Choule para vir. Já contratei um guarda-cu para ficar atrás dele o tempo todo!”.

 
Na eleição de 2004 tive o privilégio de ver nascer uma nova profissão: guarda-cu. Explico.
Romualdo Pereira, candidato à vereança, inovou a política com a apresentação do boneco “Romualdão”, inspirado na tradição carnavalesca pernambucana. Contratou “Choule” para carregar a peça. Feita em fibra, suficientemente leve para ser carregada, tinha o incômodo de limitar os movimentos do seu carregador, fato esse que passou a ser o deleite da criançada que perambulava pelos comícios e atos políticos.
Passar o dedo na traseira do boneco era um divertimento pela eles e um transtorno para “Choule”, que levava alguns segundos para dar uma volta de 360º, sem enxergar direito devido aos pequenos furos que permitiam a visão. Quando rodava, os meninos rodavam antes… e tome dedada!

O boneco com o “guarda-cu” de Romualdo || Acervo José Nazal

Certo dia “Choule” não apareceu. Todo mundo preocupado, Romualdo também, forçando o candidato a mandar alguém buscar o Romualdão. Quando chegou o preposto, logo lhe foi dito a razão da falta: “Choule” não aguentava mais tanta dedada. Mandou que procurasse outro para carregar.
Experiente, Romualdo logo achou a solução: “volte lá e diga a Choule para vir. Já contratei um guarda-cu para ficar atrás dele o tempo todo!”. Foi assim que nasceu essa nova ocupação e o boneco permaneceu ativo até o final da campanha.
José Nazal é memorialista, fotógrafo e vice-prefeito de Ilhéus.