Ronald Kalid visita o Senadinho no Café Pomar
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“A cada convidado ou cliente que chega, o cardápio é a política nacional, estadual e municipal, esta em alto escala. Alguns deles se apresentam como candidatos a candidato ao Executivo ou Legislativo e mostram uma prévia do plano de governo”.

Walmir Rosário

Confesso que me divirto bastante com os meandros da política de Itabuna. Diferente de outras cidades, ela é viva, presente nas esquinas, nos café, bares, becos, escritórios, repartições públicas, enfim, em todos os locais onde se juntam eleitores e pré-candidatos. Nesses locais são discutidos desde as ruas esburacadas, as constantes falta de água, o cumprimento ou não das promessas dos prefeitos e o comportamento dos vereadores.

Um desses lugares é o tradicional Café Pomar, por anos a fio sob o comando da família Mariano, que se aposentou, embora os clientes continuam fiéis aos novos proprietários. À disposição dos clientes, um chá mate especial, doces, salgados e um cafezinho de fazer inveja aos concorrentes. Não só pela qualidade do pó, da água, do modus operandi, ou de quem gentilmente o serve, e sim por uma turma que o bebe pela manhã e à tarde.

Na verdade, alguns deles nem mesmo têm o hábito de tomar café, e sim encontrar seus pares da tradicional conversa política. Não é de hoje que o Café Pomar é conhecido como o “Senadinho”. Esse nome foi dado há décadas, quando ainda a Câmara de Vereadores era localizada no centro da cidade (praças Olinto Leone e José Bastos) e frequentado por alguns vereadores e outros políticos.

Pelas minha lembranças, um outro bar e lanchonete era o local preferido do políticos: o Avenida, de Olímpio, ponto de encontro de prefeitos, vereadores, cacauicultores, profissionais liberais e quem mais gostasse de política e futebol. O prefeito José de Almeida Alcântara era um frequentador habitué e passava pelo Avenida várias vezes por dia, nem que seja para cumprimentar os amigos.

E José de Almeida Alcântara sempre foi um político nato, populista como só ele sabia ser para ganhar as eleições de prefeito ou deputado. Pois um dia Alcântara se encontrava engraxando os sapatos em frente ao Avenida, rodeado por amigos e correligionários, quando um popular se apresentou e pediu uma ajuda financeira. Imediatamente, Alcântara mostrou os bolsos vazios e disse que a única coisa que tinha eram os sapatos.

O popular retrucou que estava precisando e o político os tira dos seus pés, entrega ao pedinte, e vai embora calçado em meias brancas. Pois bem, Alcântara morreu em seu segundo mandato, mas elegeu seu parente Fernando Cordier. Ainda hoje é lembrado pelos antigos eleitores e colaboradores, um deles, seu chefe de Gabinete, Paulo Lima, ou Paulo Índio, jornalista, grande tribuno e um dos líderes das conversas políticas do Café Pomar.

Todos os dias, os jornalistas Paulo Lima e Joselito Reis, entre outros confrades, recebem no Senadinho candidatos a candidatos de todos os matizes para conversas sobre Itabuna e as influências políticas. Por ser um local eminentemente democrático, a frequência muda constantemente, que até temos que lembrar a frase da “raposa política” Magalhães Pinto: “A política é como as nuvens; você olha, está de um jeito. Olha de novo e já mudou”.

A cada convidado ou cliente que chega, o cardápio é a política nacional, estadual e municipal, esta em alto escala. Alguns deles se apresentam como candidatos a candidato ao Executivo ou Legislativo e mostram uma prévia do plano de governo. Encerrado o expediente, uma foto é feita num celular e imediatamente distribuída pelas redes sociais, dando visibilidade ao pretenso futuro prefeito ou vereador.

Um dia desse recebi a foto com uma pequena nota com a presença do empresário, cacauicultor e arquiteto Ronald Kalid, o médico Ronaldo Neto, o ex-prefeito de Barro Preto Sérgio Costa, o aposentado José Verdinho, o advogado Rui Correa, Paulo Lima, dentre outros. Me chamou a atenção Ronald Kalid, tido como o mais capaz secretário de Viação e Obras de Itabuna, um dos responsáveis pela modernização da cidade.

Em 1998, apesar dos esforços para ser o candidato do prefeito Ubaldo Dantas, Ronald declinou do convite, o que equivale a deixar passar o cavalo selado. Em outras eleições, encontrou dificuldades em homologar sua candidatura a prefeito pelo PSDB, partido que se perdeu no tempo e no espaço da política nacional, estadual e municipal. Em Itabuna, não conseguiu eleger um prefeito, só pouquíssimos vereadores.

Dentre as dificuldades encontradas por Ronald Kalid junto aos partidos, estava seu comportamento sisudo, sem a disposição de dialogar com eleitor por meio de artifícios como os tapinhas nas costas e as promessas feitas para não serem cumpridas. Ronald acreditava que o diálogo com o eleitor deveria ser diferente, baseadas na construção de plano de governo bem estruturado e com perfeitas condições de executá-lo.

E aí é que estava – e está – seu maior erro na velha e atual política de tirar vantagem em tudo, principalmente a econômica. Ainda consigo recordar as reclamações dos políticos do PSDB contra uma possível candidatura de Ronald Kalid a prefeito de Itabuna: “Ora, como é que vamos ganhar com um candidato que sequer cumprimenta um eleitor enquanto está caminhando no calçadão da Beira-Rio?”. O PSDB perdeu sem Ronald Kalid, que por sua vez não aceitou ser secretário de Obras de outro qualquer prefeito de Itabuna.

Acho muito simpático o modo do pessoal do Senadinho fazer política, que embora improdutiva, incentiva e promove candidatos a candidatos. E o motivo é somente um: hoje as candidaturas não são mais decididas em redutos como o Café Pomar, mas em Salvador e Brasília, nas reuniões sigilosas em gabinetes da Assembleia Legislativa, Congresso Nacional e sedes de Executivos. Mas a política do Senadinho jamais perderá seu charme.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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Marco Wense
O ex-prefeito Fernando Gomes, o comprador João Botti e o deputado federal Geraldo Simões. Sem dúvida, os principais protagonistas da transação comercial envolvendo a Rádio Difusora.
Nilton Cruz, presidente da ACI de Ilhéus, e Tiago Feitosa, filho do parlamentar, ficam como coadjuvantes. Raimundo Vieira foi o articulador, o articulador-mor da inusitada aproximação dos ex-prefeitos, que agora são aliados na sucessão de 2012.
PS – A coordenação política da nova Rádio Difusora vai ficar sob a batuta dos jornalistas Eduardo Anunciação e Daniel Thame, profissionais de inteira confiança do deputado Geraldo Simões.
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BOATOS

Com a proximidade do dia da eleição, os boatos, que são inerentes ao processo eleitoral, vão crescer em projeção geométrica.
O último é que Tom Ribeiro, do programa Alerta Total, na telinha da TV Cabrália, teria sido convidado para ser o vice na chapa encabeçada pela petista Juçara Feitosa.
Tom é filiado ao PRB, o mesmo partido do prefeiturável Claudevane Leite, o vereador Vane do Renascer. Na política, existe o boato e o “boato”.  Com e sem aspas.
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AZEVEDO, CASTRO E SANTANA

Na medida em que o deputado Geraldo Simões se aproxima de Fernando Gomes, o prefeito José Nilton Azevedo fica cada vez mais refém dos deputados estaduais Augusto Castro (PSDB) e do coronel Santana (PTN).
Uma coligação com o PMDB do médico Renato Costa passa a ser imprescindível para o projeto de reeleição do demista. O PSDB continua firme com a pré-candidatura de Ronald Kalid.
Santana e Castro vão pedir o céu ao chefe do Executivo. O céu tem que ser de brigadeiro. Nada de nuvens cinzentas.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Walmir Rosário | wallaw2008@hotmail.com
 

Apesar de ser considerado um profissional competente, um urbanista experimentado, um secretário de Viação e Obras que teve competência para mudar “a cara” de Itabuna, Ronald Kalid não é analisado por essas qualidades.

 
Cara feia, não dá risada no meio da rua, não cumprimenta as pessoas. Esses são três das características consideradas negativas para um candidato a qualquer dos cargos políticos existentes. Em Itabuna, um dos pretendentes ao cargo de prefeito pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Ronald Kalid, é distinguido por possuir justamente esses três atributos, ou mais.
Daí, se torna voz corrente em alguns grupos políticos e até de profissionais da imprensa, a impossibilidade de Ronald Kalid se eleger prefeito de Itabuna. Os motivos citados são os mesmos de sempre: não dá tapinha nas costas, beijinhos nos eleitores e tampouco promete rios de leite e ribanceira de cuscuz assim que consiga se eleger.
É assim que a banda toca. O mais absurdo é que as avaliações partam justamente de pessoas que têm o dever de conscientizar a população e não construir mitos para depois derrubá-los, num ato explícito de iconoclastia. Ascendeu a um cargo de destaque, vamos cortar seus pés, conforme a prática costumeira de tempos bem remotos. Criamos os mitos, mas não idolatramos.
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Marco Wense

O caminho para a formação de uma boa coligação é complicado. As legendas da base aliada do governo Wagner estão descartadas.

O arquiteto Ronald Kalid, ex-secretário municipal de Viação e Obras do então governo Ubaldo Dantas, é um bom nome para a sucessão do prefeito José Nilton Azevedo (DEM).
Não há nenhuma voz que ponha em dúvida a capacidade, honestidade e, principalmente, a sua coerência diante do emaranhado jogo político, onde o interesse pessoal prevalece sobre o público.
Ronald Kalid, em que pese o apoio incansável e entusiasmado de José Adervan, presidente do PSDB de Itabuna, tem inúmeros obstáculos, alguns até intransponíveis.
O primeiro entrave é a cúpula estadual do tucanato, ainda indecisa sobre o lançamento de candidatura própria na disputa pelo cobiçado Centro Administrativo Firmino Alves.
O caminho para a formação de uma boa coligação é complicado. As legendas da base aliada do governo Wagner estão descartadas. As que fazem posição – DEM, PPS, PR e o PMDB – não vão se juntar ao PSDB.
O DEM de Maria Alice, se não houver nenhuma surpresa, deve apoiar a reeleição do prefeito Azevedo. O PPS é uma gigantesca interrogação. O PR do vereador Roberto de Souza quer distância do PSDB de Adervan. O PMDB de Renato Costa quer Ubaldo Dantas como candidato.
É evidente que os diretórios municipais não têm autonomia para uma decisão definitiva. Os partidos vivem sob a batuta autoritária do comando estadual. É o manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Para complicar, ainda tem o deputado tucano Augusto Castro contrário a qualquer iniciativa de candidatura própria pelo PSDB, já que é aliado do prefeito Azevedo.
Como não bastassem todas essas dificuldades, o prefeiturável Ronald Kalik tem pela frente a opinião dos amigos que acham sua candidatura uma loucura de Adervan.
PS – A “loucura” de Adervan lembra a dos ceplaqueanos quando lançaram Geraldo Simões na disputa pela prefeitura de Itabuna. Deu no que deu: o petista virou chefe do Executivo por dois mandatos.
UBALDO DANTAS
O comando estadual do PMDB, tendo a frente o deputado Lúcio Vieira Lima, presidente estadual da legenda, vai conversar com o ex-prefeito Ubaldo Dantas sobre a sucessão municipal.
Lúcio, irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, gostou da lembrança do nome de Ubaldo para a disputa da prefeitura de Itabuna na eleição de 2012.
O nome de Ubaldo causou um rebuliço no processo sucessório. Para muitos, a candidatura de Ubaldo elimina qualquer chance de vitória do PT, seja com Juçara Feitosa ou Geraldo Simões.
Marco Wense é articulista da Contudo.