Ronda Maria da Penha foi criada para combater a violência contra a mulher || Foto Divulgação
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O crime de feminicídio registrou queda de 85,7% em agosto deste ano se comparado a igual período do ano passado. Nenhum caso foi registrado em Salvador e nas 13 cidades da Região Metropolitana. Um caso foi registrado no interior do Estado. Em 2019, no oitavo mês do ano, a polícia havia contabilizado sete ocorrências contra mulheres.

Dos sete casos que aconteceram em agosto de 2019, seis foram em cidades do interior e um caso ocorreu na capital baiana. Na Região Metropolitana de Salvador não houve registros nos dois períodos.

“É um trabalho muito difícil, mas que desempenhamos com total dedicação. Assim que sabemos da situação vulnerável da mulher, aproximamos e iniciamos um acompanhamento. Não podemos atuar dentro dos lares, educando aqueles que imaginam a mulher como objeto, mas seguiremos repreendendo essas práticas machistas”, declarou a comandante da Operação Ronda Maria da Penha de Lauro de Freitas, tenente Luana Queiroz Braga.

Major Denice deixa comando da Ronda Maria da Penha sendo homenageada pelo governador || Foto Manu Dias
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Virtual candidata do PT à Prefeitura de Salvador, a major Denice Santiago foi exonerada do comando do programa Ronda Maria da Penha, criado pela Polícia Militar. Assinado pelo governador Rui Costa, o ato está publicado na edição desta terça (10) do Diário Oficial do Estado.

Ontem, o programa completou cinco anos e o governador anunciou a ampliação do Maria da Penha para mais oito municípios baianos: Teixeira de Freitas, Camaçari, Bom Jesus da Lapa, Cruz das Almas, Jequié, Irecê, Catu e Entre Rios.

Com a exoneração de Denice Santiago, assumirá o comando do programa a major Flávia Barreto. A Ronda Maria da Penha é reconhecida nacionalmente como uma das maiores ações de enfrentamento à violência contra a mulher.

NOME DE RUI

Denice Santiago é a aposta do governador Rui Costa para a disputa à Prefeitura de Salvador em 2020. O nome dela foi defendido pelo governador e já apresentado ao ex-presidente Lula.

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Ronda foi criada para combater violência contra a mulher em Itabuna || Foto Marina Silva

Na semana em que a Lei Maria da Penha, criada em 7 de agosto de 2006, completa 12 anos, dados revelados ao Correio24H pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostram uma situação que reforça a importância da lei: de 2017 e até o final de julho deste ano, foram abertos 38.670 processos judiciais de violência contra a mulher, o que dá 67 processos abertos a cada dia ou quase três ações judiciais a cada hora.

O número de mulheres vítimas de violência no Estado, contudo, ainda pode ser maior, sobretudo porque nem todos os casos são denunciados e nem todos os que que chegam às delegacias viram processo judicial por vários motivos, sendo o principal deles quando a vítima retira a queixa dada pelo agressor. Veja mais.

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Major da PM-BA é finalista de maior prêmio feminino da América Latina | Foto Pablo Saborido/Claudia
Major baiana é finalista de maior prêmio feminino do continente || Pablo Saborido/Claudia

Aos 18 anos, Denice Santiago ingressou na primeira turma feminina da Polícia Militar da Bahia. “Tudo era estranho. Havia uma regra segundo a qual mulheres não podiam entrar no quartel após as 22 horas. Tivemos que acabar com aquilo”, conta.

Foi só a primeira das mudanças de que fez parte. Em 2005, ela participou da comemoração dos 50 anos da mulher na polícia de São Paulo. Ali, ouviu depoimentos dramáticos das colegas paulistas. “Havia casos de depressão e até suicídio. Percebi que nós todas vivemos uma realidade parecida e muito dura”, diz.

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A experiência deu origem, no ano seguinte, ao Centro de Referência Maria Felipa, núcleo de gênero dentro da PM baiana que tem a missão de valorizar e melhorar as condições de trabalho da mulher no batalhão.

Entre outras vitórias, o grupo conquistou a aprovação de uma portaria que assegura direitos às policiais grávidas. Ali, Denice passou a receber também queixas de mulheres de PMs agredidas pelos maridos. “Aquilo chamou minha atenção para a violência doméstica”, afirma.

Pouco tempo depois, quando já trabalhava na Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres, ela teve a ideia de criar um recurso específico para garantir a segurança de quem está sob medida protetiva (aguardando o processo contra o agressor).

Assim nascia a Ronda Maria da Penha, batalhão especial que faz visitas periódicas e acompanha de perto as vítimas de violência doméstica. Os casos são encaminhados pelo Tribunal de Justiça. Na primeira visita, os policiais avaliam, de acordo com a gravidade da situação, a frequência com que devem voltar àquela residência.

Não à toa, o grupo ganhou o apelido de Salvadores de Marias. “Em menos de três anos de atividade, acompanhamos 1 039 mulheres e realizamos 63 prisões ou, como costumo dizer, evitamos 63 feminicídios”, afirma Denice, que hoje é major. Ela criou também o Ronda para Homens, encontros com agressores ministrados por policiais homens em que discutem as várias formas de violência doméstica. Giuliana Bergamo/Claudia.