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Na Campus Party, especialistas debatem segurança na internet || Foto Rovena Rosa/AB

Plataformas livres garantem mais segurança aos usuários de internet. Segundo especialistas que participaram, nesta sexta (20), de debates na edição de Brasília da Campus Party, um dos maiores eventos de tecnologia do país, a ideia é que, liberando o acesso a detalhes dos programas e até mesmo do design de eletrônicos, mais pessoas poderão identificar mais rapidamente falhas na segurança e corrigi-las.

Plataformas livres são aquelas que concedem liberdade aos usuários para acessar e modificar os códigos que as definem. Além disso, podem redistribuir cópias com ou sem modificações.

Software livre é importante. Primeiro, porque, com o código aberto, a gente sabe o que tem lá dentro. Segundo, porque pode desenvolver o que a gente precisa com aquele código”, afirmou o desenvolvedor do sistema operacional Debian João Eriberto Mota. O Debian é um sistema operacional composto inteiramente de softwarelivre.

A fragilidade na segurança nos meios digitais ficou em evidência com a divulgação de notícias publicadas pelo site The Intercept, que revelaram trocas de mensagens entre o então juiz federal e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e membros da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba. As mensagens teriam sido trocadas no aplicativo Telegram.

De acordo com Mota, que é especialista em segurança em rede de computadores, acessar qualquer celular é algo simples. “Em segundos, com o equipamento adequado, consegue-se entrar no celular. Para isso, é preciso apenas do número de telefone”, afirma.

Mota disse que isso se deve principalmente ao fato de os sistemas operacionais dos celulares serem raramente atualizados. Com isso, leva-se mais tempo para corrigir falhas na segurança. “E elas vão existir”, afirmou. Para se ter ideia, enquanto um celular demora, às vezes, meses para oferecer ao usuário uma atualização de sistema, o Linux, que é um software livre equivalente a, por exemplo, a Microsoft, oferece atualizações diárias.

APARELHOS LIVRES

Para garantir a segurança ou ao menos minimizar os riscos de invasões, não apenas os programas, mas também o hardware, ou seja, os equipamentos físicos, devem ser livres. É o que defende o diretor de operações do portal Embarcados, Fábio Souza.

“Um hardware aberto pode ser auditado pela comunidade, não é uma caixa-preta que pode estar captando informações. Além disso, quando se tem um hardware fechado, a gente depende do que a empresa faz. Quando é algo aberto, mais pessoas podem estar engajadas, reportando falhas de segurança e trabalhando em melhorias”, afirmou.

Os celulares, no entanto, ainda são desafios. “Essa é uma questão que está atrasada. A minha esperança é que venha uma empresa ou um consórcio que faça smartphones mais abertos. Hoje a gente depende muito de empresas, está muito fechado”, disse Souza.

Para ele, ter tanto códigos para a criação de programas quanto designs abertos é algo que pode beneficiar o desenvolvimento de países como o Brasil. “A gente não precisaria ficar toda hora reinventando a roda. Poderíamos partir de patamares mais altos e criar projetos mais avançados.”

USO DE CELULARES

De acordo com o suplemento Tecnologias da Informação e Comunicação da Pnad Contínua, divulgado hoje (20) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente, no Brasil, a maior parte das pessoas que acessam a internet, 97%, faz isso pelo celular.

Os brasileiros também usam bastante o aparelho – passaram mais de três horas por dia acessando o celular. Essa média colocou o país em quinto lugar no ranking global de tempo gasto com celulares. Os dados são do relatório Estado de Serviços Móveis, elaborado pela consultoria especializada em dados sobre aplicativos para dispositivos móveis App Annie, considerando um dos mais completos do mundo. Da Agência Brasil.