Projeto PSI mobiliza voluntários para ação do Setembro Amarelo
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A Associação Beneficente e Cultural Teosópolis (ABCT) vai promover escuta psicológica gratuita na Praça José Bastos, no Centro de Itabuna, neste sábado, das 9h às 12h. A ação do Projeto PSI faz parte do Setembro Amarelo, campanha nacional de prevenção ao suicídio.

Segundo os organizadores, para receber atendimento, basta ir à Praça no horário informado e apresentar documentação pessoal. O trabalho voluntário vai mobilizar 15 psicólogos, além de assistentes sociais e atendentes.

A coordenadora do Projeto PSI, Antônia Ferreira, explica a motivação do trabalho social. “A ideia de levar o atendimento à Praça é por conta do setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio. Ajudar aqueles que precisam”, disse a voluntária.

A ABCT é responsável pelas ações sociais da Igreja Batista Teosópolis de Itabuna. Além da ação pontual na Praça, os atendimentos terapêuticos são prestados na sede da Associação, localizada na Rua Catucicaba, número 192, no Conceição. Interessados podem buscar a instituição para obter mais informações sobre o serviço.

Funcionários do HRCC assistem à palestra da psicóloga Juliana Campos || Divulgação
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O Hospital Regional Costa do Cacau (HRCC), em Ilhéus, promoveu palestra com o tema Campanha de Prevenção ao Suicídio: se precisar, peça ajuda!. A ação faz parte das atividades do Setembro Amarelo na unidade hospitalar.

Na ocasião, a psicóloga do HRCC, Juliana Campos, falou sobre a importância de o suicídio ser encarado a partir da singularidade de cada caso. “É uma manifestação humana, uma forma de lidar com o sofrimento ou, simplesmente, uma saída para se livrar da dor de existir”, disse.

Para a psicóloga, trata-se de fenômeno complexo, que deve ter o máximo de atenção. “Pode ser, também, uma forma de barrar o transbordamento de existir, que algumas pessoas sentem de maneira muito forte e permanente. É importante fazer a ressalva de que a intenção de obter êxito com o ato suicida nem sempre está presente”, sinalizou Juliana durante a palestra, que foi organizada pela Comissão de Humanização do Hospital, na última terça (12).

Por outro lado, uma tentativa é sempre um sinal de alerta, enfatizou a profissional de saúde. “Não se deve nunca desconsiderar, como uma coisa banal, uma pessoa que tentou se matar e não teve êxito”.

SINAIS DE RISCO

Juliana Campos descreveu características e comportamentos que sinalizam os riscos de suicídio, a exemplo de transtornos mentais, limitações socioeconômicas severas e condições clínicas incapacitantes. Segundo ela, esses não são fatores determinantes, mas costumam aparecer em casos de suicídio ou de tentativa.

Outro ponto levantado pela palestrante foi a importância do diálogo sobre o tema nas rodas de amigos, na família e em outros ambientes seguros, onde pessoas que tentaram o suicídio podem e devem ser acolhidas. “Só assim podemos vislumbrar uma forma de lidar com um fenômeno tão complexo”.

CVV

Ao perceber em si mesmo ou em pessoas próximas o risco potencial de suicídio, o cidadão pode buscar apoio nas redes de acolhimento disponíveis. O Centro de Valorização da Vida, por exemplo, oferece suporte emocional gratuito de prevenção ao suicídio. “Caso você ou alguém precise de apoio emocional, o CVV pode te auxiliar”, informou a psicóloga Juliana Campos. O serviço é acessado pelo telefone de emergência 188, por chamada gratuita.

Além de números absolutos, estado viu subir taxa de vitimização por suicídios
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Para marcar o Setembro Amarelo, campanha nacional de conscientização e prevenção ao suicídio, a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) atualizou o painel de dados sobre esse tipo de caso no estado. Na comparação do triênio de 2017-2019 com o de 2020-2022, o número de suicídios cresceu 29,8%, conforme a Superintendência.

Os principais resultados do painel apontam que na Bahia, em 2022, foram registrados 850 casos de suicídios. O número representa um aumento de 1,0% em relação ao ano anterior (2021). No decorrer dos últimos 22 anos, é possível observar que os suicídios são um fenômeno em expansão no estado e que se intensificaram a partir da segunda metade desse período. A taxa média anual de crescimento, considerando o período 2000-2022, foi de 7,4%.

“Esse último período foi quando a pandemia da covid-19 se manteve mais intensa no Brasil. Diante disso, diversos desdobramentos da pandemia sobre a vida social podem ser aventados. No entanto, não é possível afirmar que essa expansão do número de suicídios dos últimos anos foi em função exclusivamente dos efeitos nocivos da pandemia, haja vista a tendência de crescimento já observada desde o início da série histórica”, explica o técnico responsável pelo painel, Jadson Santana.

As informações são extraídas dos microdados da base de registros da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), sistematizadas a analisados pela Diretoria de Indicadores e Estatística da SEI.

TAXA DE VITIMIZAÇÃO

Além do crescimento no número absoluto de casos, as taxas de vitimização confirmam a expansão desse fenômeno no estado. No ano 2000, foram 1,5 vítimas de suicídio a cada 100 mil baianos. Já em 2022, esse indicador saltou para 5,7, o que sinaliza para um aumento de mais de cinco vezes da taxa de vitimização por suicídios na Bahia.

A análise do perfil da vítima de suicídio aponta para algumas observações importantes. A primeira delas é de que os homens têm maior risco de vitimização por suicídios. Em 2022, de cada dez vítimas de suicídios oito eram homens. Em termos proporcionais, isso equivalia a 82,2% dos casos. As mulheres representavam 17,8%.

Quando analisada a idade da vítima, os adultos (de 30 a 59 anos) representavam a maior parte dos casos: 59,5%. Outro padrão observado é a concentração de casos entre as vítimas solteiras. Pouco mais de 58,9% se encontravam nesse estado civil. Já os casados eram 17,4%.

De acordo com a SEI, o reconhecimento de um padrão de ocorrência e de vitimização possibilita a criação de ações mais efetivas para a prevenção desse tipo de violência, já que os suicídios são evitáveis com intervenções oportunas, baseadas em evidências e muitas vezes de baixo custo.

O padrão diz respeito ao perfil da vítima e aos fatores situacionais da ocorrência, tal como a escolha do método e o acesso a determinados instrumentos. A identificação desses fatores visa apontar para as condições em que há um aumento do risco de ocorrência desses eventos.

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Psicólogo Fernando Berbert, do Núcleo de Atendimento em Psicologia da Unime || Foto Pimenta
Psicólogo Fernando Berbert, do Núcleo de Atendimento em Psicologia da Unime || Foto Pimenta

Setembro é o mês de intensificação de atividades de prevenção ao suicídio em todo o país. As ações no mundo foram iniciadas pela Associação Internacional para Prevenção do Suicídio (Iasp). No Brasil, Associação Brasileira de Psiquiatria, Conselho Federal de Medicina (CFM) e Centro de Valorização da Vida (CVV) coordenam as atividades neste mês.

De acordo com o coordenador de estágio em Psicologia da Unime, professor Fernando Berbert,  a campanha Setembro Amarelo é um passo para enfrentar um tema complexo e que envolve fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais e culturais. O professor critica a falta de atendimento gratuito para as pessoas que perderam o interesse pela vida e reclama da insuficiência de profissionais especializados em Itabuna.

Fernando Berbert diz que tabus e mitos sobre o assunto suicídio só fazem agravar uma situação que já é crítica. Ele alerta familiares para ficarem atentos às mudanças de comportamento, principalmente quando a pessoa apresentar desinteresse pelas coisas que sempre foram prazerosas, sentimento de inutilidade, cansaço extremo e despreocupação com a falta de higiene.

A seguir, trechos da entrevista concedida por Berbert ao PIMENTA.

Blog Pimenta – Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil registra média de 12 mil suicídios por ano. É uma taxa alta?

Fernando Berbert – Quando analisado a quantidade de ocorrências, principalmente as envolvendo pessoas com idade na faixa de 14 a 29 anos, o número parece pequeno, mas não é, porque existe uma subnotificação de casos.

Pimenta – Por que ocorre essa subnotificação?

Fernando – Enfrentamos um  grande tabu quando o assunto é suicídio. Pesquisas apontam que, historicamente, as famílias sentem vergonha, quando um dos seus membros comete o ato.  Por isso, acabam não notificando a causa mortis corretamente às secretarias de Saúde dos municípios. Muitas vezes, até solicitam aos médicos que coloquem em seus relatórios algum tipo de doença que justifique a morte.

Pimenta – O assunto é complexo e pouco abordado, não?

Fernando – Existem alguns quadros sobre mitos e verdades. Há quem acredite, por exemplo, que falar sobre o assunto é uma forma de propagação e incentivo à prática do suicídio. Isso é uma inverdade. Os estudos mostram que, quanto mais se fala e se debate sobre o assunto, a população fica mais ciente e, consequentemente, aumenta as chances de redução das taxas.

Pimenta – Há um aumento do número de brasileiros que abrem mão da própria a vida?

Fernando – A taxa de suicídios entre os jovens aumentou em torno de 10% ao ano no Brasil. De 2004 a 2012 foi verificado aumento substancial de ocorrências, principalmente entre os homens. E temos um ponto a ser esclarecido: embora o índice de suicídio seja maior entre as pessoas do sexo masculino, as mulheres fazem mais tentativas. As mulheres quase sempre tentam usando medicamentos; enquanto os homens recorrem, na maioria das vezes, a arma de fogo.

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As mulheres conseguem participar de redes sociais, vão mais ao médico para falar sobre o assunto e fazem o tratamento. Já o homem não tem essa iniciativa. A cultura nos coloca que temos que ser fortes.

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Pimenta – Essa seria a única justificativa?

Fernando – Não. As mulheres conseguem participar de redes sociais, vão mais ao médico para falar sobre o assunto e fazem o tratamento. Já o homem não tem essa iniciativa. A cultura nos coloca que temos que ser fortes. A pessoa do sexo masculino já faz a tentativa e comete o ato em um estágio bem avançado de algum transtorno. Por isso, a taxa de suicídios entre homens é maior.

Pimenta – Há como descobrir que a pessoa desistiu de viver?

Fernando – Nem a medicina nem a psicologia têm como determinar e antecipar que uma determinada pessoa vai cometer suicídio. O que sabemos é que quem tentou uma vez e não conseguiu tem 50% de chance de fazer uma nova investida. Mas, infelizmente, as pessoas não dão a devida atenção porque se apegam ao mito de que uma nova tentativa não será feita. A segunda tentativa acaba sendo concretizada em 50% dos casos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Pimenta – O que leva a pessoa desistir do mundo?

Fernando – Mais de 90% dos casos de suicídio têm relação com transtornos mentais. As ocorrências estão relacionadas com a depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia e uso substâncias psicoativas, que vão potencializar para que a pessoa cometa o suicídio.Leia Mais