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Moinho de Ilhéus desperta interesse de grupo gaúcho (Foto Roberto Santos).
Moinho de Ilhéus desperta interesse de grupo gaúcho (Foto Roberto Santos).

Representantes do Grupo Motrisa visitarão o Moinho de Trigo do Porto de Ilhéus, nesta quinta (10). O grupo gaúcho pretende investir R$ 35 milhões para reativar o moinho, segundo Eloy José Coutinho, diretor da Motrisa. O moinho está instalado em uma área de 11 mil metros quadrados do Porto Internacional.

A visita ao moinho, desativado há mais de dez anos, será feita pelo diretor em comitiva da qual também fará parte o presidente da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), Pedro Dantas.

O Grupo Motrisa estima produzir 9 mil toneladas em Ilhéus, com trigo importado, a cada três meses, da Argentina, do Uruguai e da América do Norte, segundo Eloy José Coutinho.

Dos R$ 35 milhões previstos, a Motrisa investirá parte em aquisição de novos equipamentos e reconfiguração da infraestrutura industrial do moinho ilheense.

MERCADO CONSUMIDOR

A Bahia é o maior consumidor regional de farinha de trigo e mistura para bolo da marca Sarandi, razão que levou o Grupo Motrisa, originário de Porto Alegre (RS), a planejar investimento no moinho.

A empresa demonstrou interesse no moinho, mas a Codeba ainda fará a licitação da estrutura. A contratação do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), de acordo com o presidente, já foi aprovada pela diretoria executiva da Codeba. O estudo vai gerar subsídio para o edital de licitação para cessão de uso onerosa. Na última licitação, em março deste ano, não houve interessado.

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Porto ilheense sofre concorrência desleal de terminal privado em Cotegipe (Foto Ed Ferreira).

O porto de Ilhéus utiliza atualmente menos de 5% da sua capacidade de movimentação de cargas anuais, estimada em 5 milhões de toneladas. Dá cerca de 230 mil toneladas de produtos, o que praticamente o inviabiliza. Desse total, 150 mil toneladas são de soja. Para se ter uma ideia, em 2005 o terminal público ilheense exportava cerca de 914 mil toneladas do grão produzido no oeste baiano.

A queda na movimentação de soja se deu porque o porto ilheense foi atravessado por interesses de um grupo econômico que envolve o Moinho Dias Branco e empresa controlada pelo publicitário Fernando Barros.
O grupo tem ligações com o carlismo e teria feito enormes pressões sobre multinacionais como a Cargill e a Bunge para que retirassem as cargas de Ilhéus para o Terminal Portuário de Cotegipe (TCP), segundo o deputado federal Geraldo Simões (PT-BA).

Geraldo denuncia grupo privado

O parlamentar denuncia a manobra ilegal do grupo desde 2006, mas alerta que essa movimentação aumentou nos últimos anos. Ele cobrou da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) uma sindicância no terminal privado.
Criado originariamente para movimentar 300 mil toneladas de trigo da Moinho Dias Branco ou produtos de terceiros de forma complementar, observa Geraldo, hoje o terminal privado supera esse limite. São 1,5 milhão de toneladas de soja e outras 300 mil de trigo de outras empresas. No ano passado, apenas 12% das cargas eram do grupo.
Em contato com o Pimenta, o parlamentar federal e membro da Comissão de Transporte da Câmara dos Deputados, disse que se a Antaq não atender rapidamente o seu pedido, irá denunciá-la. “Não é só a União que deixa de arrecadar R$ 10,4 milhões, por ano, mas Ilhéus que perde dinheiro e sofre com desemprego”. O valor se refere a tarifas e mão-de-obra.
Pior, acrescenta, é que o mesmo grupo trabalha na surdina para também desviar do município sul-baiano a exportação da celulose produzida no extremo-sul da Bahia. “Essa produção viria em barcaças para o porto ilheense e seria exportada daqui [do sul da Bahia]. A Antaq tem de agir”.