Luciana é doadora de leite humano || Foto Álbum pessoal
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A profissional de saúde Luciana Simões Gripp Barros doou o excedente de leite até os nove meses da filha mais velha e parou com o início da pandemia de covid-19 porque não ainda havia estudos sobre a doença. Agora, com a filha mais nova com menos de um mês, ela voltou a doar no Banco de Leite do Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz), situado no bairro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro.

Segundo Luciana, quando a mulher vira mãe começa a olhar para o bebê de outra forma. “Começa a se colocar no lugar daquela mãe que tem filho prematuro, que não tem leite suficiente ou que não pode amamentar. Tudo muda. O nosso olhar fica mais atento ao bebê”. Ela explicou que quando a mulher tem filho, os hormônios ficam tão à flor da pele que trazem uma sensibilidade que leva a perceber e se colocar realmente no lugar do outro. “É um emaranhado de sentimentos. É gratidão, empatia, é você também ser grato a Deus por ter a oportunidade de amamentar suas filhas. Então, fazer isso pelo outro é uma forma de retribuição pelo que você tem”.

SURGIMENTO

O primeiro banco de leite humano do país foi criado em outubro de 1943, no Instituto Nacional de Puericultura, hoje IFF/Fiocruz, alcançando cinco unidades até os anos 80. O número começou a aumentar a partir daí e se configurou como Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (Rede BLH-BR) durante um congresso, em 1985.

A coordenadora da Rede BLH-BR, Danielle Aparecida da Silva, também coordenadora do Banco de Leite Humano (BLH) do IFF/Fiocruz, informou que em outro congresso, em 2010, essa rede se estendeu como rede global de bancos de leite humano. “Porque só de 2005 em diante, a gente conta com a participação de outros países da América Latina e, depois, da Península Ibérica, do Caribe, da América e África”.

Mais recentemente, aderiram países do Brics (bloco que reúne o Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul). A rede brasileira serviu de inspiração para a Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH). “Ela se amplia para uma rede global. Somos um único modelo, uma única ação”.

REFERÊNCIA

A Rede BLH-BR se tornou referência mundial pelo modus operandi (modo de operação), disse Danielle. O modelo introduzido no Brasil na década de 40 era anglo-saxão e entendia o uso do leite humano como um medicamento para as crianças que não respondiam bem ao tratamento quando internadas. Mas, quando o trabalho dos bancos foi iniciado em rede, o leite humano passou a ser visto muito mais do que um medicamento, como um alimento funcional, com características próprias, capazes de promover o crescimento e desenvolvimento de recém-nascidos vulneráveis internados na UTI neonatal.

“E mais que isso: A gente traz para dentro do banco de leite assistência e atenção ao aleitamento materno. Ou seja, o banco de leite passa a ser um centro de apoio à amamentação, um centro de proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno”, reforçou Danielle.

Qualquer mulher que tenha dúvidas sobre algumas intercorrências durante o período de amamentação pode se dirigir a um banco de leite humano, onde a equipe multidisciplinar irá apoiá-la nesse momento, indicou a coordenadora. Por isso, o banco passa a ser visto também pelo Ministério da Saúde como ferramenta de promoção do aleitamento materno e instrumento para diminuição da mortalidade infantil nesse quesito neonatal. Aí, começa a ter a visibilidade para outros países. “Assim, a gente começa a implementar uma cooperação técnica em bancos de leite humano”, destacou a coordenadora.

O Brasil conta, atualmente, com 228 bancos de leite humano e 240 postos de coleta. São Paulo é o estado com maior número de bancos (58) e tem 49 postos de coleta. Do total de mais de 234 mil litros de leite humano coletados durante o ano passado pela Rede BLH-BR, o Distrito Federal foi a unidade federativa que coletou a maior quantidade de leite humano: 15.162 litros. “É onde existe maior autossuficiência de leite humano”. O estado do Rio de Janeiro tem 17 bancos de leite humano e 18 postos de coleta.

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Quem vive como se tudo soubesse ou possuísse perde uma grande oportunidade de ser mais. De viver mais!

 

Manu Berbert 

Tenho resgatado uma das coisas que as responsabilidades do empreendedorismo me furtou, que é o prazer pela leitura e pela escrita. Devagarinho, porque não é todo dia que a gente acorda muito inspirado e talvez seja o excesso de informações (muitas desnecessárias) que as redes sociais nos trazem logo cedo, mas essa pauta eu vou deixar para outro texto…

Tenho seguido sem estabelecer dia, tema ou qualquer outra dinâmica para a escrita, mas, às vezes, já acordo com vontade de abrir o computador e soltar umas palavrinhas ao vento. Experiências, observações sobre o cotidiano e, por vezes, contos enriquecidos com a imaginação fértil desta escritora adormecida são as minhas prioridades. Hoje, por exemplo, abri o computador disposta. Na sequência, como que num chamado sobrenatural, apitou o meu whatsapp e fui dar uma olhadinha. Era um amigo, enviando uma foto de um caminhão de mudança à sua frente, desabafando: “Minha gente, olha como a gente não é nada: minha vida em um caminhão-baú! Depois o corpo vai em outra caixa! E a vida é assim, né?!” Fantástico! Vou escrever sobre isso!

O medo que as mudanças acarreta é altamente proporcional à imprevisibilidade da vida, e a gente nem se dá conta. Não sabemos se estaremos sequer vivos amanhã, mas vivemos como se tudo fosse eterno, apegados a coisas, pessoas e situações por vezes desesperadamente. Lembrei, automaticamente, da minha saída da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna. Foram oito longos anos no Marketing da instituição até me perceber não mais lá, embora estivesse presente todos os dias. Queria realizar eventos, ser livre para ousar em outras áreas, mas o medo do novo me impedia de avançar. O famoso medo da troca do “certo pelo duvidoso”, que a gente aprende bem pequenininho sem nem saber quem criou!

Um dia acordei cheia de coragem, sentei de frente para o então diretor, André Wermann, e pedi o meu desligamento. Ele pediu que retornasse à minha sala e encaminhasse o pedido via e-mail, com os demais em cópia. Assim o fiz, abri as minhas gavetas e, atônita, decidi não levar nada. Saí, cheguei em casa e chorei muito com uma sensação de “aquilo ali vai funcionar sem mim!”. Um vazio devastador que durou até o anoitecer. No outro dia, quando acordei, sorri do meu próprio sofrimento e segui. Alguns anos se passaram e até hoje tento lembrar quais foram os objetos pessoais que abandonei naquelas gavetas. Mas, claramente, nunca me fizeram falta!

A vida não permite ensaios e o destino não erra de endereço. Quando ele quer que algo aconteça na sua vida, ele vai te encontrar esteja você onde estiver. Porém, ele não entra em portas emocionais fechadas! As mudanças nos trazem novas oportunidades, experiências, pessoas e, claro, lembranças. Quem vive como se tudo soubesse ou possuísse perde uma grande oportunidade de ser mais. De viver mais! E escrevo esse texto para que eu mesma também me recorde disso tudo nos momentos de apego excessivo ao que de fato carece de ir. O que a vida quer da gente, sem sombra de dúvidas, é sempre coragem para seguir!

Manu Berbert é publicitária!
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Um viva à vida. Que deixemos que as amenidades nos invadam e nos ajudem a viver com maior humanidade.

 

Rosivaldo Pinheiro

Hoje, resolvi escrever sobre amenidades, às vezes, tão necessárias para a convivência com a intensidade que a vida moderna se impõe.

Estamos numa era em que as informações nos atropelam Sim! No mundo do algoritmo, somos literalmente induzidos e conduzidos. Não selecionamos mais o que queremos nas redes sociais. As notícias, por exemplo, chegam a partir dos nossos movimentos e comportamentos captados a cada vez que visitamos o ambiente virtual.

Por isso, precisamos fazer filtros permanentes e até desligarmo-nos um pouco desse mundo em ebulição para ouvirmos a voz que ecoa do silêncio das nossas consciências. Deixar, como diz a música de Jota Quest, “ouvir a voz do próprio coração”.

Nesse mundo de hostilidades e nessa nação de culto à barbárie, faz-se necessária uma permanente vigília para não repetir atos e produzir fatos que estabeleçam vínculos com tiranos corações.

A nossa nação precisa de justiça social e um sistema jurídico eficiente. A gente precisa se sentir gente, urgentemente!

Os lares precisam de pais, a consequência será um país de paz. Cada ser precisa de Deus, independentemente de religião. Busquemos, portanto, os nossos encontros, fortalecendo os pontos para construirmos uma nação, onde possamos ser indivíduos com paz no coração.

Um viva à vida. Que deixemos que as amenidades nos invadam e nos ajudem a viver com maior humanidade.

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades (Uesc).

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Mas um nó, cheio de questionamentos, foi crescendo na garganta e vomito, quase sem querer, palavras que ecoam dentro de mim: A VIDA É URGENTE. E do nada, ela acaba; Viver é finito.

 

Juliana Soledade

Tem dores que somos legitimados a sentir, principalmente quando mais uma tragédia acontece. Quando pequenos aprendemos nos livros de biologia sobre o ciclo de uma vida e todos os seres constituem em nascer, crescer, frutificar e morrer. Mas para além, nesse inteirim, construímos, entre sonhos, vitórias e derrotas, a nossa história.

Esperamos o envelhecer para então morrer. E inocentes nessa espera, atropelamos sonhos, quereres, abraços, desculpas, palavras impensadas, somente por acreditar piamente que o amanhã estará a nossa espera. Mas nem sempre está. Não há garantias de vida. Aliás, a vida foi feita para acabar, só não se sabe quando, nem onde, nem por que e nem como. Viver é se agarrar a finitude.

Outubro foi um mês intenso, novembro acompanha a impetuosidade. E ontem, com a agenda lotada de afazeres com planos mirabolantes, ouvi a notícia. Elevei uma prece e pedi que fosse mentira. Não era. Sucessivamente, senti todas as dores em um milésimo de segundo. Esqueci da artista, lembrei-me da humana, com vertigens sobre esse mundo enlouquecido e sentei para acomodar meu coração em disparate. Por um segundo pensei em tirar a urgência do mundo dos meus planos e me permitir sentir. Vinte seis anos, poderia ser oitenta, sempre é cedo. Um filho. Família. Amigos. Uma multidão. E é nessa contradição de subir e decolar para voar, sempre mais alto, sempre mais longe, que somos vítimas, da nossa própria armadilha. E o show da vida se acaba sem despedida. Com a cortina aberta e pessoas boquiabertas.

Faltam certezas, sobram dúvidas.

É comum me calar sobre esses alvoroços ensandecidos quando alguém se desliga desse plano. Normalmente eu silencio, fico a sentir e imaginar a dimensão da perda, faço orações, sempre chove pelos meus olhos, porque inevitável pensar sobre os meus e sigo, porque precisamos seguir, com dor ou sem ela. Mas um nó, cheio de questionamentos, foi crescendo na garganta e vomito, quase sem querer, palavras que ecoam dentro de mim: A VIDA É URGENTE. E do nada, ela acaba; Viver é finito.

E a gente vive com a certeza do depois.
E guarda tudo para mais tarde.
E, talvez, não dê tempo, não tenha oportunidade.
Porque viver é finito.
E, do nada, acaba.

Escrevo olhando para o horizonte, despejando palavras frenéticas em um programa de texto para evitar olhar e sentir ainda mais, porque a ficha não cai. A nossa humanidade é colocada em xeque. E faz-me sentir.

Com amor e sentimento,

Juliana Soledade é advogada, escritora, empresária e teóloga, pós-graduada em Direito Processual Civil e Direito do Trabalho, além de autora dos livros Despedidas de MimDiário das Mil Faces e 40 surtos na quarentena: para quem nunca viveu uma pandemia.

Bahia recebe 159 novos respiradores
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O Governo da Bahia recebeu uma carga com 159 respiradores mecânicos na noite desta quarta-feira (20). “São respiradores que, a partir de amanhã [21], começam a ser distribuídos nas nossas unidades hospitalares em Salvador e no interior do estado, em várias regiões”, afirmou Rui Costa.

De acordo com o secretário da Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas, os equipamentos foram comprados de uma empresa do Rio Grande do Sul . “ Os respiradores foram fabricados no Brasil e têm capacidade para ventilar todos os pacientes de coronavírus, incluindo adultos, crianças e recém-natos. Eles também servem para transportar pacientes de uma unidade hospitalar para outra”, explicou Vilas-Boas.

O secretário informou que a Bahia investiu mais de R$ 3,5 milhões na compra dos respiradores. “As partes móveis desses equipamentos serão submetidas a esterilização amanhã e no mesmo dia serão distribuídos para as unidades de saúde. A nossa previsão é de que já estejam em funcionamento na noite desta quinta-feira (21)”.

Além do material recebido na noite desta quarta-feira (20), outras duas aquisições de respiradores devem chegar ao estado nos próximos dias. Uma das compras foi feita pelo Governo do Estado e outra pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), totalizando 110 respiradores que virão da China. A outra compra foi feita com fornecedor da Inglaterra e tem previsão de chegada no início da próxima semana, segundo informou o secretário de Saúde.

A gestão estadual também deve receber uma nova leva de 200 monitores, equipamentos utilizados em conjunto com os respiradores, até o dia 10 de junho. Na última terça-feira (19), o Estado recebeu 100 monitores que já foram distribuídos para as unidades de saúde.

TOQUE DE RECOLHER MAIS CEDO EM JEQUIÉ

Na ocasião, o governador comentou sobre o aumento dos casos de covid-19 em Jequié, no sudoeste do estado, e anunciou a ampliação na restrição da circulação no município. “Hoje a cidade que mais nos preocupa, pela taxa de crescimento, é Jequié”.

“Já havíamos feito o decreto para restringir a circulação das pessoas a partir das 20h.  Hoje combinei com o prefeito e vamos antecipar esse horário para 18h a partir de quinta-feira. A Prefeitura vai publicar um novo decreto restringindo ainda mais as atividades sociais e econômicas. Precisamos segurar esse crescimento e a única forma é diminuindo o convívio social. Peço o apoio e a compreensão da população de Jequié, pois não podemos continuar com essa taxa de crescimento”, disse Rui.

Produção de cacau e de chocolate muda vida de indígenas || Foto Istoé
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A quaresma e a Páscoa provocam o aumento da procura por chocolates em várias partes do mundo. A tradição de se consumir chocolates nesta época vem do século XIX, e foi incorporada aos símbolos da Páscoa e da ressurreição.

No Brasil, para indígenas yanomami e ye’kwana, o chocolate também é sinônimo de vida nova. Os índios transformaram a cultura tradicional do cacau, já utilizado nas comunidades como remédio, em alternativa de sustento e luta contra o garimpo que assola a terra indígena Yanomami nos estados de Roraima e Amazonas.

A liderança indígena Júlio Ye’kwana explicou como o cacau e o chocolate vêm mudando as perspectivas das comunidades frente às ameaças do garimpo ilegal, que traz doenças e mortes.

“É uma alternativa ao garimpo porque alguns jovens estão sendo aliciados por garimpeiros. Então, os jovens se envolvem por algum dinheiro. Mas o ouro pra gente é sagrado, não pode mexer. Mas o cacau não é assim. O cacau é remédio tradicional. E não derrubamos. Em vez de destruir, plantamos mais. Dá pra gerar renda sem nenhuma destruição do meio ambiente” contou.

Desde o ano passado, os Yanomami e Ye’kwana estão comercializando o chocolate produzido com cacau nativo, beneficiado na comunidade waikás e transformado em barras pelo chocolatier César de Mendes. O produto é composto por quase 70% de cacau puro, e cerca de 30% de rapadura orgânica.

Mais de mil pessoas são beneficiadas com a produção do Chocolate Yanomami, que, segundo especialistas, tem perfume e sabor diferenciados. O incentivo, a produção e distribuição do produto têm o apoio do Instituto Socioambiental.

Equipe do Costa do Cacau faz captação de múltiplos órgãos com sucesso
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A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT) do Hospital Regional Costa do Cacau (HRCC), em Ilhéus, realizou a primeira captação de múltiplos órgãos em 2020. A captação ocorreu neste domingo (8), conforme a direção do hospital.

A equipe multidisciplinar, formada por psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros, junto com o CIHDOTT, acompanhou a família do paciente, esclarecu e sensibilizou a mesma sobre a importância da doação. Com a sensibilização, a família autorizou a captação dos órgãos.

Anteriormente, ainda este ano, o HRCC já havia captado quatro córneas. Nesse último procedimento, a equipe do hospital realizou a captação de fígado, rins e córneas, órgãos que podem possibilitar uma nova expectativa de vida, em média, a cinco pacientes possíveis receptores.

De acordo com Ronaldo Vital Pereira, enfermeiro coordenador do CIHDOTT do HRCC, quando há a suspeita de morte encefálica do paciente, a equipe multidisciplinar e o CIHDOTT avaliam o caso. A partir desse momento são feitos os exames clínicos, teste de reflexos de todo o organismo, sem pretensão da captação de órgãos em si.

AUTORIZAÇÃO E ACOMPANHAMENTO

O coordenador assegura que depois desse processo avaliativo a família começa a acompanhar os desdobramentos. “Chamamos os familiares e falamos sobre o quadro clínico, comunicamos que vamos abrir um protocolo de morte encefálica, baseado na legislação vigente. A família tem todo o direito de acompanhar, saber de tudo que acontece e, a partir de então, cabe única e exclusivamente a ela, legalmente, a autorização ou a negativa da doação de órgãos”, relatou.

Ronaldo Pereira ainda lembrou a importância da parceria externa da Organização de Procura de Órgãos (OPO) Sul de Itabuna, a coordenadora Silvana Batista e Luciana Alves e o suporte da entidade ao CIHDOTT do HRCC. O enfermeiro também agradeceu em especial às famílias dos pacientes doadores que possibilitam a esperança de outras pessoas possíveis receptores de órgãos.

CAPTAÇÕES COM ÊXITO

O médico Almir Gonçalves, diretor assistencial do HRCC, disse que, no Brasil, os transplantes de órgãos começaram na década de 1960 e em 1997 foram, por fim, regulamentados em todo o território nacional, por meio da Lei 9.434/1997, Decreto nº 2.268. “Devido ao excelente trabalho realizado pela equipe multidisciplinar do Hospital Costa do Cacau, mais uma captação foi realizada com êxito, possibilitando a reabilitação de inúmeros enfermos e promovendo um clima de satisfação irradiante dentre os pacientes, familiares e equipe assistencial”, concluiu.

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Davidson Magalhães

 

Na pedra fundamental da sede da OIT, erguida às margens do Lago Léman, na Suíça, está grafada uma frase em latim que bem orienta nossos passos por um trabalho centrado no bem-estar do ser humano, cujo benefício é a paz mundial: “Si vis pacem, cole justiciam” (Se deseja paz, cultive justiça).

 

Imagine o mundo do trabalho sem folga nos finais de semana, sem jornada diária de oito horas ou mínimas condições de saúde e segurança, com exploração de trabalho escravo ou infantil, sem a mínima proteção para trabalhadores vulneráveis ou grávidas.

Estas e outras conquistas sociais são resultado de 100 anos de ações da Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência multilateral da Organização das Nações Unidas (ONU), criada em 28/06/1919, por ocasião da assinatura do Tratado de Versalhes, que encerrou oficialmente a I Grande Guerra.

A Bahia também comemora com extensa programação (dia 11, 15 h, Teatro Castro Alves) o centenário da instituição que norteia nossa jurisprudência, com status supralegal e validade jurídica submetida à Constituição da República; cujo texto conduz à centralidade do trabalho como direito social umbilicalmente ligado à salvaguarda da dignidade humana.

Na Bahia, o Trabalho Decente tornou-se uma estratégia de desenvolvimento. A redução das disparidades, o combate a condições laborais degradantes e a inserção de grupos vulneráveis em ocupações de qualidade motivaram o Governo da Bahia, por meio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), a mobilizar trabalhadores, empregadores e sociedade civil para a criação da Agenda Bahia do Trabalho Decente (ABTD), em 2007.

O Trabalho Decente é alicerce básico para a superação da pobreza e redução das desigualdades, garantia da
governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. O conceito inclui não apenas o trabalho formalizado, mas igualmente o subcontratado, terceirizado ou autônomo, em domicílio ou na informalidade, em cooperativas ou associações.

A Setre criou, em 2011, o Fundo de Promoção do Trabalho Decente (Funtrad) para captação de recursos que implementem os nove eixos prioritários: Erradicação do Trabalho Infantil, Erradicação do Trabalho Escravo, Saúde e Segurança do Trabalhador, Promoção da Igualdade da Pessoa com Deficiência, Promoção da Igualdade de Gênero e Raça, Trabalho Doméstico, Juventude, Serviço Público e Empregos Verdes. De lá para cá, já foram investidos R$ 10,4 milhões beneficiando milhares de pessoas.

O Funtrad é um dos instrumentos de resistência à pauta trabalhista regressiva dos anos mais recentes. Tivemos a
Reforma Trabalhista e o fim do Ministério do Trabalho, e a recente MP 873 que, no mesmo compasso desastroso, enfraquece os sindicatos.

Para piorar o que já está ruim, bate à porta do Brasil a Reforma da Previdência, com reflexos fatais na vida de todos, particularmente dos mais necessitados. Alguns dos direitos e garantias laborais universais conquistados ao longo de décadas correm o risco de descarte oficial no país.

Por outro lado, 100 anos após a criação da OIT, estamos diante de um novo e inusitado desafio no mercado de trabalho, qual seja o de enfrentar as mudanças provocadas pela revolução da indústria 4.0 no limiar do século XXI.

O Governo da Bahia sinaliza claramente a intenção de enfrentamento dessa nova era. Por isso, a Agenda Bahia do Trabalho Decente se fortalece e amplia suas ações, em busca de melhores condições, qualidade e renda; para uma vida mais digna, com saúde, segurança, educação, alimentação, lazer e moradia, para todos os baianos.

Torna-se oportuno, neste momento de centenário da OIT, uma profunda reflexão sobre os seus postulados de origem, que o Brasil sempre assimilou: a salvaguarda dos direitos sociais como o caminho mais seguro para a paz duradoura.

Na pedra fundamental da sede da OIT, erguida às margens do Lago Léman, na Suíça, está grafada uma frase em latim que bem orienta nossos passos por um trabalho centrado no bem-estar do ser humano, cujo benefício é a paz mundial: “Si vis pacem, cole justiciam” (Se deseja paz, cultive justiça).

Davidson Magalhães é secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte e suplente de senador pela Bahia.

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rosivaldo-pinheiroRosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br

 

Foquemos na prática do bem e lutemos a partir dos nossos lares por uma cidade e um país melhores. Não nos deixemos cair em tentação e sigamos na busca por ciclos que nos façam cidadãos e cidadãs com maior inserção no mundo das coisas positivas.

 

O ano está terminando e com ele vem a certeza da realização de alguns planos, o registro de alguns nascimentos, a não realização de objetivos traçados e a despedida de pessoas importantes para a nossa comunhão. São os ciclos da vida…

Além deles, os ciclos da vida em comunidade: o nosso país e a clara realidade de classes jurídica e política envoltas em um tsunami de problemas, a corrupção e a teia de interesses ramificada nos mais altos escalões e estruturas de decisões. Ciclos da ganância.

Assistimos ao perdão de dívidas de grandes empresários. A fixação de teto para despesas com saúde, educação e seguridade social, reforma da previdência e leis trabalhistas. Ciclos do capital.

Estamos vivendo um momento que nos impacta diante das centenas de narrativas que nos deixam boquiabertos ao percebermos quanto de dinheiro é surrupiado dos serviços essenciais. São tantos os casos que já não conseguimos reagir com tenacidade, nos sentimos fracos, oprimidos e incrédulos. Ciclos do silêncio.

Um novo ano bate à nossa porta… Esperamos que sejam estabelecidos novos paradigmas e que nossas vidas melhorem. Precisamos continuar nossas lutas, vencer os desafios que aparecerão no caminho e estabelecer objetivos novos. Manter a fé na vida e no que virá será o que nos fortalecerá no percurso da vida. Ciclos da existência.

Foquemos na prática do bem e lutemos a partir dos nossos lares por uma cidade e um país melhores. Não nos deixemos cair em tentação e sigamos na busca por ciclos que nos façam cidadãos e cidadãs com maior inserção no mundo das coisas positivas.

Feliz Ciclo Novo!

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades pela Uesc.

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aldineto mirandaAldineto Miranda | erosaldi@hotmail.com

Fiquei olhando para a minha querida aluna, parecia dormindo num sono profundo e mais do que nunca pensei no sentido da vida, na brevidade da existência, e em tudo que não tem valor e que damos tanto crédito.

A morte andou me mostrando suas faces esta semana, e de alguma forma rondando próximo à minha vida. Uma vizinha da minha noiva, muito querida por todos, gente boníssima, faleceu. Era uma senhora distinta que vendia salgados deliciosos, lembrei-me da palavra saber, do latim sapere, que significa sabor. O sabor delicioso dos salgados de D. Dora não estava simplesmente no gosto dos alimentos, mas no amor, dedicação que empreendia na confecção destes e na generosidade e felicidade com que trabalhava com ardor e delicadeza. Ela sabia que esses eram ingredientes fundamentais, daí ela imprimia o saber/sabor na feitura dos deliciosos alimentos. Deixará saudade. Quando estava indo para o enterro da querida D. Dora, eis que encontro alguns ex alunos da Uesc, do programa PARFOR, me gritam, ao me ver passando, estavam numa lanchonete próxima ao cemitério, e me informam, desconsolados, que sua colega tinha falecido, uma ex-aluna, que tinha em torno de trinta e seis, trinta e sete anos. Um colega no enterro comentou comigo: “como diria Renato Russo, os bons morrem jovens.”
Fui ao velório e fiquei realmente triste e pensativo, lembrei-me de todas as teorias sobre a morte que a filosofia me concedeu, e cheguei à conclusão de que teorizar é diferente de vivenciar a morte. O corpo antes animado, sedento de saber, de repente imóvel, inerte. Fiquei olhando para a minha querida aluna, parecia dormindo num sono profundo e mais do que nunca pensei no sentido da vida, na brevidade da existência, e em tudo que não tem valor e que damos tanto crédito. Pensei nas pessoas que na vida querem ou quiseram me prejudicar e tive pena delas, pensei em mim e em meus problemas, e percebi que são tão minúsculos… Vi a dor nos olhos dos familiares e me senti solidarizado, e indignado, no momento, com as tramas do destino. Mas, parando pra pensar, compreendi um pouco mais as palavras de Heidegger, filósofo alemão, ao afirmar que o ser humano é “um ser para a morte” e viver autenticamente é não fugir dessa condição.
Lutamos, casamos, construímos coisas, por vezes não perdoamos os erros, somos duros conosco e com os outros, egoístas, mesquinhos, e para que? Carpe diem! Aproveite o dia! Essa é uma sábia frase, pois o dia é só o que temos. Sejamos melhores e intensos em cada dia, pois só temos este momento agora! Sejamos bons agora, amáveis hoje. Não inconsequentes,pois a inconseqüência machuca os outros. E a morte nos joga na cara nossa condição, não temos o direito de nos achar diferentes do outro. Temos um destino comum! Pensei nisso tudo, e no meio do pensamento veio a tristeza, uma tristeza que não posso exprimir porque palavras e teorias não explicam os sentimentos mais recônditos do ser humano.
Mas, no sábado fui a um aniversário em Ilhéus, crianças pulando, a vida transbordando no sorriso de cada menino e menina, esqueci por momentos dos fatos funestos ocorridos na semana, voltando de carro com minha família, a estrada, em um determinado trajeto, estava com os veículos parados, sinalizando um acidente ocorrido. Pergunto o que ocorreu a um homem, ele diz: “acidente entre um carro e uma moto, o casal que estava na moto faleceu”.
Passou a cena na minha cabeça, imaginei todo o ocorrido. Pensei na fragilidade humana, e qual significado daquilo tudo ter ocorrido numa só semana. Talvez não haja significado, seja puramente o absurdo da existência. Talvez, como salienta Albert Camus, sejamos como no mito de Sísifo, homens condenados a levar uma pedra acima da uma montanha, e quando lá chegarmos com ela, fatalmente ela rolará pra baixo de novo, e mais uma vez levaremos a pedra incessantemente, sem refletir sobre a inutilidade e o absurdo de tanta correria para colocarmos a pedra lá em cima. Estamos agindo, e nem sempre refletindo. Viemos a ser um dia, mas um dia também deixaremos de ser. Já pensaram sobre o que vale ou não a pena na vida? Acredito que valeu para D. Dora, e valeu para minha querida aluna. Foram pessoas que viveram com saber/sabor, e dedico este despretensioso texto a elas.
O homem vale por suas ações nessa existência. Tudo o mais, como afirma o belo texto de Eclesiastes, parece-me que é “fugaz e correr atrás do vento (…)”. Carpe Diem! Vivamos com mais saber/sabor.
Aldineto Miranda é graduado e especialista em Filosofia, mestrando em Linguagens e Representações e professor do Instituto Federal da Bahia (Ifba).