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Walmir Rosário | wallaw1111@gmail.com

Diversos compromissos de retribuição da generosidade ilheense foram prometidos, porém todos eles em vão, sem qualquer reciprocidade. Mão de via única.

Nestes últimos cinco anos o município de Ilhéus vem passando por um período de pobreza extrema. Não sei se é justo comparar, mas lembra muito a crise desencadeada pela introdução da vassoura-de-bruxa na região cacaueira da Bahia. Só que desta vez a miséria não reinou absoluta como antes, maltratando perversamente todos os segmentos da economia regional, mas atingindo diretamente o setor público, responsável pelo desenvolvimento social da comunidade.

E Ilhéus reunia todas as condições econômicas e políticas para se transformar na “bola da vez” do Sul da Bahia, voltando a desfrutar do título de “Princesinha do Sul”, da época dos coronéis do cacau, quando esbanjava riqueza, histórias e estórias. Pasmem os senhores, reunidas todas as condições favoráveis, a exemplo de ser destacada nas revistas econômicas como uma dos 100 melhores municípios para receber investimentos e, ainda por cima, sediar megaempreendimentos como o Complexo Intermodal do Porto Sul e suas variantes, Zona de Processamento e Exportação (ZPE), dentre outros projetos.

Como já disse acima, com as variáveis e pontos fortes favoráveis nas áreas econômicas e políticas, as autoridades de Ilhéus não conseguiram “cortar nenhum laço de fita” para inaugurar uma só obra, por mais ínfima que fosse. E não foi por falta de amizade, afinal, o prefeito Newton Lima sempre foi ressaltado pelo governador Jaques Wagner como um correligionário de primeira hora, daqueles que “comeram poeira na estrada”, um companheiro comprometido com as causas de Ilhéus, a cidade mais bonita da Bahia, como se referia costumeiramente o governador Wagner.

E olha que o “dever de casa” foi feito com todo o carinho pelo prefeito Newton Lima e retribuído pela população ilheense com uma avalanche de votos, contribuindo diretamente para alçar Wagner a cargo de mais alto mandatário da Bahia. E a história se repetiu – mesmo não sendo em forma de farsa – na eleição seguinte, o que garantiu sua permanência no cargo com novo mandato. Diversos compromissos de retribuição da generosidade ilheense foram prometidos, porém todos eles em vão, sem qualquer reciprocidade. Mão de via única.

O que teria faltado para que o governador pudesse cumprir seus compromissos, feitos em praça pública para quem quisesse ouvir? Incapacidade de execução por falta recursos orçamentários e financeiros do Estado para investir em Ilhéus? Dificuldades por falta de tempo para elaborar e operacionalizar os projetos? Não creio, pois a vontade política sempre prevalece. Quando é vontade do “rei”, os técnicos se debruçam sobre o problema e conseguem viabilizar o mais intricado obstáculo.

Há quem afirme ser simples ingratidão, afinal, as palavras ditas o vento as leva, as gravadas podem ser esquecidas, as impressas apagadas ou incompreendidas. Foi-se o tempo em que prevalecia a palavra do político, o compromisso assinado simbolicamente através de um “fio do bigode”. Uma prova viva e resistente da promessa política é a antiga ponte Lomanto Júnior, que liga o centro da cidade ao bairro do Pontal, realizada e cumprida pelo governador Antônio Lomanto Júnior, que faz parte de uma saga de político em extinção.

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