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Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br

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Completam-se nesta segunda-feira (20) dois anos da morte do senador Antônio Carlos Magalhães. A data será lembrada às 9 horas, com a apresentação do novo mausoléu para onde foram levados os restos mortais do velho cacique.

O deputado ACM Neto pretende fazer do ato um acontecimento político. Em seu discurso, vai enaltecer a memória do avô e afirmar que ACM colocou a Bahia na rota do desenvolvimento, enquanto hoje – com Wagner – a terra do trio elétrico estaria perdendo investimentos, assistindo ao avanço da violência e ao sucateamento da educação.

A manifestação – mais funesta do que fúnebre – pretende demarcar território na disputa eleitoral que se avizinha. E se propõe a explorar decepções do presente, trazendo à tona a saudade de um passado que não existiu.

Pode-se até reconhecer que Wagner não realiza um governo dos sonhos, porém muitas das travas existentes se devem ao fosso que sempre separou a Bahia da maioria dos estados brasileiros, sobretudo os do sul e do sudeste.

Querer passar a impressão de que tudo era lindo nos tempos de ACM – quando a Bahia consolidou o status de pior educação do país – é acreditar demais na tese de que o povo tem memória curta.

Foi  sob aquele reinado de triste lembrança que a Bahia ostentou por anos seguidos as mais vergonhosas posições nos rankings do saneamento básico, urbanização, industrialização, emprego, alfabetização. Se hoje o Estado luta para construir um Porto Sul, é porque durante décadas não existiram investimentos significativos em logística de transportes, o que desviou cargas e receitas para estados mais desenvolvidos… Tipo, Pernambuco e Ceará!

Mais grave: a Bahia foi desprestigiada durante mais de quarenta anos, nos quais ACM foi amigo, aliado ou participante de todos os governos brasileiros. Era uma voz ouvida e, muitas vezes, temida, mas que não se fez valer para melhorar as deploráveis condições de vida dos baianos.

Lamente-se a falta do homem, do pai, do avô, do amigo, mas é notório que o falecimento ou a falência de um modelo caracterizado pelo mandonismo político, falsa eficiência administrativa e maquiagem publicitária trouxe ares mais respiráveis para a Bahia. ACM Neto sabe disso, tanto que hoje tem espaço para conversar com gente como Antônio Imbassahy, Jutahy Magalhães Júnior e – quem sabe – Geddel Vieira Lima.

Sonhar com dias melhores para a Bahia não implica em ter saudade da velha e atrasada política. Esta se encontra morta e enterrada para sempre, amém!

Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do Pimenta.

0 resposta

  1. Zelão, diz: Tinha que ser um canceriano!

    Equlíbrio, oportunidade,insenção e clareza. O que mais se pode dizer desse artigo? O mais, será superfluo. Tudo foi dito com maestria.

  2. Nobre Catatau,

    este teu artigo veio a calhar com o que acabo de ler no Bahia Notícias. Datado de 28 de dezembro de 1995, fala do processo de empobrecimento da Bahia. O governador à época era Paulo Souto (DEM).

    Os riscos da Bahia

    Samuel Celestino

    A Bahia experimenta o risco de perder a corrida para o desenvolvimento e entrar em processo de empobrecimento. Há sinais evidentes de enfraquecimento: é só observar o processo de quebra de empresas tradicionais do estado. Nos últimos dois anos é possível contar-se, pelo menos, cinco quebras, o que leva à constatação de que, a continuar tal processo, excluindo-se o Pólo Petroquímico de Camaçari (já sem o brilho de outros tempos), o padeiro voltará a ser o mesmo industrial de vanguarda no estado. Ou, então, a Bahia regride à condição de empório comercial, como na época do domínio português.

    Empresários, políticos, acadêmicos e trabalhadores têm, nos últimos tempos, manifestado preocupação com a necessidade de assegurar-se a continuidade do desenvolvimento baiano, especialmente no campo industrial. Como se sabe, não se conta com a ajuda do governo da União, até porque são outros os tempos e a equação mudou radicalmente. O País está sendo redesenhado e procura seus caminhos dentro de uma economia moderna e globalizada. Houve uma mudança do modelo nacional de industrialização, com a substituição das proteções pela inserção internacional competitiva. Ou seja: busca-se um País mais aberto e menos protecionista.

    Para que se tenha uma idéia, no período compreendido entre 1976 e 1985, a Bahia aumentou a sua participação no PIB brasileiro de 4% para pouco mais de 5%. Entre 86 e 90, o ritmo de crescimento tornou-se mais lento, exibindo taxas de crescimento do produto interno relativamente menores do que as registradas no País, retrocedendo sua participação no PIB nacional em nível de 1980. A década de 90 fechou sua primeira metade com perspectivas pouco favoráveis para a retomada do crescimento da economia baiana. A Bahia terá que se inserir no novo ciclo econômico para o qual o País se prepara e, em razão, a Federação das Indústrias editou, e vai lançar no dia 3, o livro “Industrialização na Bahia: Construindo uma Nova Estratégia”. Pretende-se que seja um acontecimento marcante, na sede do Desenbanco, presidido pelo governador Paulo Souto. Como se trata de uma proposta de discussão da industrialização estadual em bases modernas, apontado os constrangimentos ao crescimento e atualização tecnológicas, etc, com a finalidade de contribuir para o surgimento de uma nova política industrial, o documento parte da constatação de que a abertura da economia internacional traduz-se numa ruptura para a indústria baiana.

    O eixo Centro-Sul será privilegiado no contexto, enquanto a indústria da Bahia, segundo a FIEB, passa por uma crise de identidade expressa na desarticulação de sua trajetória passada, e na incerteza quanto ao futuro. Em síntese, ou a Bahia se insere no processo, ou será fatalmente atropelada na sua pretensão de crescimento. A concepção de novos vetores está apoiada em algumas premissas, entre as quais, a) a formação de renda será correlacionada à competitividade internacional; b) prioridade para especialização sinérgica em nichos multisetoriais em termos globalizantes; c) a indústria deve ser dinamizadora do emprego e não, necessariamente, empregadora; d) prioridade para arranjos empresariais permeáveis à parceria internacional, tipo “joint-ventures”; e e) prioridade para a capacidade dinamizadora frente a outros critérios nos programas de fomento. A FIEB lança seu documento em momento mais do que oportuno.

  3. O ilustre escritor esqueceu-se de citar além do Porto Sul a duplicação da BR101 em toda sua extensão na Bahia, a ponte ligando Itaparica a Salvador, o novo aeroporto de Ilhéus, a ferrovia ligando Ilhéus a Goiás e a duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna… Lula vai vir prestigiar a inauguração… Jussara capricha na farofa para receber o homem… Em tempo… todas essas obras teremos em função do trabalho do Deputado Geraldo Simões.

  4. OPORTUNO!!!!

    Este é na minha modesta avaliação o que representa este ARTIGO!!! Aliás mais um de tantos outros que merecem DESTAQUE!!!

    Concordo em número, genero e grau!!! acrescento ainda a situação em que eram submetidos alguns JORNALISTAS!!! Que “respeito” o então IMORTAL ACM dispensava aos homens livres!!

    Com todo respeito que cabe aos familiares do ser humano ACM, mas o LEGADO deixado para os baianos em quatro décadas é digno de VERGONHA, chega a ser desastroso e, teremos com certeza pelo menos mais duas décadas para tentarmos chegar ao patamar (econômico, social, educacional, ambiental, etc…) que deveríamos já estarmos há algum tempo.

    Seguro essa ACM Neto!!! e tenha respeito aos MORTOS e enterrados.

  5. Concordo que na época do carlismo a Bahia sofreu com a centralização de tudo em Salvador, RMS e alguma coisa para Feira de Santana, mais nada, com um atraso colossal na educação. Tanto é que apesar do ACM gozar da amizade dos mandatários do país, por muitos anos, nunca trouxe uma Universidade Federal para o interior da Bahia. Tudo era para Salvador, …!!!

    Agora, dizer que isso que está aí é uma beleza, est´[a longe de acontecer, …!!!

    Só escuto muitas promessas de grandes realizações, algumas delas até mesmo lunáticas, como uma suposta ponte Salvador – Itaparica, mas as realizações – mesmo – até agora, são pífias, tímidas, dignas de Prefeito de vilarejo, …!!!

    Eu, enquanto eleitor do Wagner na eleição passada para Governador, esperava muito mais, no entando, hoje sou um crítico, convicto de que errei, pois assim como muitos outros eleitores, não conseguimos ver nada, ou quase nada, mesmo tendo o Presidente da República a favor, Deputado Federal eleito por aqui dizendo que iria fazer e acontecer, pois se diz amigo do Governador e, também, do Presidente, no entanto atéagora muito blá, blá, blá, muita promessa, mas nada de concreto, nunca esta cidade, e região, teve tantos representantes nos escalões mais representativos no Governo estadual, no entando, …!!!

    Esse negócio de Porto Sul, Ferrovia, duplicação de BR415, e por aí vai, até parece que é para enganar o povo, pois só veio à tona faltando pouco tempo para as próximas eleições, pois tamanha coincidência só nos deixa cada vez mais desconfiados, afinal de contas, promessa de político, …!!!

    Mais uma vez eu digo, sinceramente, de coração: Pelo bem da nossa região e, também, da nossa cidade, espero queimar minha língua, espero estar errado, redondamente enganado nos meus ponos de vista, nas minhas concepções, nas minhas convicções, pois confesso que eu ficaria muito feliz em errar desta vez. Tomara, …!!!

    Agora, só me resta aguardar, …!!!

    Mas o fato de continuar desconfiado, creio que seja um direito que me assiste, …!!!

  6. Concordo plenamente com o artigo,Parabéns pela lucidez e quanto ao ” Senador ah… este esteve há 45 anos ditatoriando tudo na Bahia…. e porque há tempos não somos um estado de destaque?. Para mim, são dois anos de libertação do ACM… Antônio Carcinoma Magalhães e toda a sua coarja.! Quanto ao “Grampinho” que abra o seu caminho político por conta propria , se tiver cacife e sem a máquina do estado e avô mandando.

  7. Simplesmente, a figura mais nefasta que já tivemos a infelicidade de nos ter governando. Não só porque era extremamente mal-intencionado (o que é comum), mas porque, em matéria de fazer mal e se dar bem, era extremamente competente. Seria uma lástima (a mais) para nossa história não vê-lo derrotado ainda vivo.
    Vivia dizendo amar a Bahia. Pudera… Em outras terras era simplesmente tratado como o que na verdade era, um extemporâneo Coronel.
    Se o ACM Neto quer um dia ter o mínimo de respeito, que mostre-se cada vez mais distante da figura de seu avô. Se insiste em querer ser continuação dele, não merece mais que deseprezo de qualquer cidadão que queira o progresso humano na Bahia. Na “melhor” das hipóteses, temor.

  8. Oportuno os esclarecimentos prestados nos artigos e comentarios o Governo Wagner não atende as espectativas de quem não quer respirar democracia, respeito e liberdade, quer favores, armações e truculencia, ainda, devemos entender que o governo JW enfrenta uma crise economica mundial que dificulta o crescimento, esqueçamos o passado e suas sombras nefastas.

  9. Ricardo,
    Parabéns. Artigo lúcido, profundo, pôe o dedo na ferida. Publiquei na íntegra no meu Blog.
    A bem articulada propaganda que durante décadas colocava ACM como o homem que amava a Bahia, não conseguiu esconder os efeitos desse amor materializado nos terríveis indicadores sociais (dois milhões de analfabetos…) e em uma política realizada sob a égide do governar para os amigos.
    A ansiedade dos baianos com a eleição de Wagner, acima da capacidade de execução pratica em quatro anos, aos poucos vem sendo materializada com políticas publicas concretas que olham as necessidades imediatas do homem e vislumbram a construção da estrutura de uma nova Bahia.
    Wagner já construiu mais de 200 PSF. Até o fim do governo serão 400. Em todo este tempo dos governos carlistas, o povo não tinha as necessidades de atendimento à saúde proporcionada por estas unidades?
    A ferrovia Oeste-Sul, o Porto Sul, realidade concreta do governo Wagner, não havia esta necessidade nos governos carlista de Paulo Souto?
    Enfim. A oportunidade de seu artigo força a reflexão e comparação com o governo Lula. Nosso país ainda tem muito a ser feito. Mas, em sete anos de mandato Lula fez muito mais do que décadas e décadas de atraso e o povo relegado à segundo plano.
    Assim é Wagner. Décadas e décadas de atraso a ser superado, onde você já pode ver que em dois anos e meio, se fez muito mais, em varias áreas, do que décadas e décadas do exercício da política para os amigos praticada pelas forças que, hoje, ACM Neto representa e muito bem.

    Antonio do Carmo (WWW.politicacomdedonaferida.blogspot.com)

  10. Sobre o excelente artigo, tres observações, a saber:

    1) Assino embaixo todas as afirmações;
    2) Ninguém é mais parecido com ACM que o tal de Geddel, talvez pior;
    3) Wagner, Geraldo Simões et caterva, uma baita decepção. São homens pequenos e sem competência. Bons mesmo para serem lideres de ruas, vilarejos e por aí vai.

    A nossa Bahia somente vai melhorar quando arregaçarmos as mangas e começarmos a trabalhar duro, deixarmos de ficar dependendo de favores e cargos de “Pulíticos” e atacarmos firmemente os nossos atrasos na educação e na saúde.

  11. Grande Antônio, obrigado! Para os que não entenderam a menção de Pernambuco e Ceará como estados mais desenvolvidos que a Bahia, quero explicar que se trata, obviamente, de uma ironia (a exclamação ali diz tudo). Valeu!

  12. É mais do que justo se fazer uma homenagem ao grande Senador Antônio Carlos Magalhães, o Senador deixou a Bahia nos trilhos certos, onde o desenvolvimento do Estado e ações independetes eram notórias em toda a Bahia, ainda mais quando vimos o Estado da forma em que está, totalmente endividada, sem obras importantes na nossa região, nem em canto nenhum da Bahia, dizem as pessoas da finanças do Estado, que hoje estão sendo liquidadas dívidas referente ao ano passado, numa demonstração clara de desgoverno e despreparo para administrar a máquina pública, já se falam em atraso de salário dos servidore, pois todos os meses estão sendo feito adiantamentos junto ao Banco do Brasil para a quitação da folha. Isso que é um bom Governo??!??!? Enquanto as obras citadas, do aeroporto, ferrovia, etc… oq Ilhéus recebeu do Governador Wagner é fechamento do Aeroporto, e conversa bonita… pq o novo aeroporto, se feito, não será pelo Governo da Bahia e sim pelo Governo Federal e o Wagner não terá o prazer de inaugurar essa obra e sim quem nunca devia ter saído do Governo do Estado.
    Um forte abraço!!

  13. (Ironia ON) Interessante como Jaques Wagner conseguiu destruir em 3 anos o legado de desenvolvimento, educação, cultura, controle das finanças, estradas bem pavimentadas etc…
    Me faça um garapa viu DEM….

  14. Sempre ACM!!

    Saudades eternas do nosso grande Senador, que colocou a Bahia na trilha do desenvolvimento, reordenou as finanças do Estado e fortaleceu a nosa Economia.

    ACM morreu apenas para os baianos ingratos, pois para os que efetiva e verdadeiramente amam a nossa terra, ele continuará eternamente vivo na cabeça e em nossos corações.

    Saudades eternas!

  15. ACM morreu para os ingratos não, morreu realmente, graças a Deus para todos. Só os puxa-sacos viúvos dele que estão ainda a chorar lágrimas de crocodilio como ele próprio chorava dizendo amara a Bahia. Podia até ser que amasse a Bahia, mas odiava os baianos como nunca. Jamais admitia adversários. Vade retro. Na TV Bahia, dele, alguem hoje disse que tinha um apelido. Realmente, só que mentiram e disseram outro apelido. O verdadeiro era este aqui: MALVADEZA. Vão chorar nos infernos!

  16. Pra não dizer nos tempos de ACM. Em comparação, os governos anteriores sim foram melhores que este governo atual, tão “fuzilado” pela alta taxa de criminalidade, pela educação depressiva, pela saúde esquecida, pela cultura bebada, dopada… Parece o Rio de Janeiro do Jornal Nacional, ora! que engraçado.. o Governador baiano é carioca! concidência é claro!

    É apenas uma comparação.

    Concordo com todas as letras, relembrar o passado como tempos de avançado é absurdo! Só que louvar o governo de Jacques Wagner é vergolhoso!

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