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Daniel Thame | danielthame@gmail.com

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Num momento em que, por conta da disputa eleitoral de 2010, se tenta difundir a ideia de que o governo atual é um equívoco e que é preciso recolocar a Bahia nos trilhos do progresso e do bem-estar social, numa espécie de retomada do paraíso perdido, é de bom alvitre analisar os resultados do estudo anual sobre desenvolvimento dos municípios brasileiros.

O documento, elaborado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) é relativo aos anos de 2005 e 2006, não por acaso os dois últimos anos do sistema que controlou a Bahia com mão de ferro por mais de duas décadas e traz números reveladores.

Como uma espécie de corolário das desigualdades sociais, neste período a Bahia apresentou o pior desempenho no comparativo de 2005 e 2006 quando o assunto é desenvolvimento.

Os dados da Firjan, que levam em conta as áreas de Emprego/Renda, Educação e Saúde, demonstram que a Bahia caiu do 18º. para o 22º. lugar em desenvolvimento. Como se fosse possível (e foi) conseguiu-se piorar o que já era ruim.

Revelam mais: dos 500 municípios brasileiros com os menores percentuais de desenvolvimento, 188 são baianos. E mais ainda: quando se consideram os 100 piores, a Bahia ampliou de 27 para 34 o número de municípios (34% deles), em comparação com a avaliação anterior.

Se faltava uma espécie de título inglório para simbolizar esse quadro vergonhoso, não falta mais: Santa Luzia, cidadezinha encravada na Região Cacaueira da Bahia, apresenta o pior índice de desenvolvimento do país, superando localidades de estados que se julgava inferiores à Bahia como Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

Santa Luzia, com seus índices africanos de desenvolvimento, faz contraponto com a campeã São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, como índices dignos dos mais ricos países europeus.

Ilhéus e Itabuna também refletem a realidade baiana. Em Itabuna, houve um recuo de 1,5% (sinal de estagnação, o que não é bom). Em Ilhéus, a queda foi de 10%, o que é péssimo.
Um estado cujos indicadores de emprego/renda, saúde e educação (sentidos no dia a dia pelos baianos e apenas confirmado pelos números) o colocam na rabeira do desenvolvimento brasileiro, não se conserta da noite para o dia ou num passe de mágica.

Os avanços, e eles existem, às vezes demoram para aparecer., dada a situação de extrema desigualdade, ainda mais quando se abre mão de obras faraônicas, de grande apelo propagandístico, e se investe em projetos que melhoram a qualidade de vida dos baianos.

Saúde e Educação, além da geração de emprego e renda, devem estar entre as prioridades de qualquer governo que se proponha a reduzir o imenso fosso que separa os poucos muito ricos dos muitos muito pobres.

Que esses dados sirvam de alerta para evitar que o mantra muito bem engendrado e repetido à exaustão, ofereça um futuro que na verdade é a volta ao passado.

Um passado em que o que era cantado em prosa e verso como a terra da felicidade era o reino da desigualdade.

O rei se foi, mas os súditos e candidatos a sucessor estão aí, verdadeiros mercadores de ilusões, vendendo o que nunca entregaram e certamente nunca irão entregar.

Daniel Thame é jornalista

www.danielthame.blogspot.com

0 resposta

  1. Essa crise das cidades e esses títulos podem ser extendidos a quase todos os municípios da região cacaueira e não só Santa Luzia, ela foi apenas um exemppo. Fruto da Crise da Vassoua de Bruxa, de quererem transformar a região em terras indigenas de indios que não existem mais, da falta de representatividade política e da nossa completa omissão diante dos Governos. que trata a região cacaueira como peso morto e a lança a sorte vária. Estamos apanhando, pela nossa fraqueza.

  2. É de se embebedar, ler as crônicas do Thame.
    É como conversar com Veríssimo, prosear com João Ubaldo e bater um papo com Drummond.
    Parabéns!

  3. Abaixo texto transcrito do site da FIRJAM:

    “O Sistema FIRJAN é um importante parceiro das empresas do Estado do Rio de Janeiro na busca pelo desenvolvimento. As cinco instituições que compõem o Sistema oferecem soluções e serviços capazes de multiplicar a produtividade das empresas e melhorar a qualidade de vida dos funcionários.
    Juntas, FIRJAN – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, CIRJ – Centro Industrial do Rio de Janeiro, SESI – Serviço Social da Indústria, SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e IEL – Instituto Euvaldo Lodi, trabalham a fim de garantir uma posição de destaque para a indústria fluminense nos níveis político, econômico e social do cenário nacional.”

    Não confundam este índice da FIRJAM com o IDH ( Índice de Desenvolvimento Humano )o qual Itabuna ficou atrás apenas de Salvador e Lauro de Freitas. Além disso este índice FIRJAM refere-se ao ano de 2005.
    O que não vai me surpreender é se no próximo estudo Itabuna ficar ainda pior na fita, visto que sofreu bastante nos quatro anos administrados por FG.
    Lamentável!

  4. mas eu aposto como vai ter pessoas que vão votar nessa corja
    decendente de ACM!
    aqui na Bahia ninguem pensa em educação bem estar social,geração de emprego ,a bahia retornou a fazer transplante de orgãos mas o povo não enxerga isso!

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