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Carlos Demeter

“Todos manipulam de acordo com os seus

interesses e na medida de suas forças”

Mais uma vez a ONG Floresta Viva, sitiada em área Uruçuca-Serra Grande, entra em ação através de um Projeto sem pé e sem cabeça “ Criação de um parque marinho na Pedra de Ilhéus”.

Na verdade o que está por trás desta manobra é criar obstáculos para impedir o desenvolvimento em Ilhéus.

Explicando:

Se esta medida for aprovada, este parque ficará entre três portos:

– O porto atual;

– O Porto Pesqueiro que ficará na baía do Pontal; e

– O Futuro Porto Sul.

É preciso esclarecer para a população – e principalmente para os pescadores artesanais – quais são os verdadeiros impedimentos e restrições estabelecidos com um Parque Marinho:

Futuramente, haverá uma grande movimentação de barcos pesqueiros, cargueiros, lanchas e com certeza eles vão criar uma área de amortização e de não-movimentação que certamente irá chocar com a rota natural.

Além do mais, está na hora de exigir estudos mais profundos para avaliar quais os efeitos positivos e negativos na vida dos habitantes com a criação deste parque marinho. Isso, para não ocorrer o mesmo que ocorreu com o Parque do Conduru quando o Estado deu o maior calote nos proprietários.

Até hoje tem fazendeiro que ainda não recebeu por suas propriedades. Hoje o Parque é o maior centro de retirada de madeira, pois não há fiscalização. Na verdade, está servindo apenas para o Floresta Viva arrecadar fundos de instituições estrangeiras e repasses dos governos Federal e Estadual. Come uma parte e outra eles fingem que estão trabalhando com as comunidades tradicionais.

Vejam o exemplo do que esta acontecendo na vizinha cidade de Canavieiras com a criação da Reserva Extrativista.

Outro exemplo vergonhoso é a criação do Parque da Esperança, uma área de aproximadamente 500 hectares que hoje serve de refúgio para foragidos da lei, ladrões de lenha e madeira. O município não se dá ao trabalho de colocar uma fiscalização e estimula criar mais uma Unidade de Coisa Alguma (UCA). Certamente, há por trás alguma fundação com muito dinheiro para repassar e deixar mais rico alguém…

Pergunto – Porque a Universidade e este Sr. Gil Marcelo Reuss não estabelecem um projeto para tentar melhorar a vida das pessoas que estão morando nos manguezais?

Além de ajudar as pessoas a solucionar seus problemas indiretamente, estará ajudando o MERO-CANAPU. “Este com certeza tem um vasto oceano para morar e não paga aluguel” ;

Por que o Floresta Viva não se junta à Universidade e faz um projeto de cunho social, no Salobrinho, por exemplo, que tem uma comunidade de pescadores de pitu, camarão e curucas? Sabe por que? Porque o bicho-homem não dá lucros para estas ONGs de fachada que dispõem de uma infraestrutura vasta para execução de projetos com animais e vegetais, afinal eles não falam!!!

E se falassem, iriam desmascarar quem são estas pessoas travestidas de bons cidadãos cheios de boas intenções.

Carlos Demeter Filho é advogado e agricultor.

0 resposta

  1. É interessante constatar que o Insituto Floresta Viva se empenha na criação de um Parque Marinho na Pedra de Ilhéus, luta desesperadamente para impedir o Projeto Porto Sul e NADA FAZ em defesa da Mata da Esperança, 437 hectares de matas
    “que fica a poucos quilômetros do centro da cidade, onde temos rios e cachoeiras e onde coexistem três ecosistemas diferentes: floresta, mangue e vegetação de brejo, em pequeno espaço. A flora impressiona pela variedade e exuberância, com árvores centenárias e muitas flores tropicais. Há ainda uma grande quantidade de espécies animais, principalmente aves e diversos tipos de roedores, como coelhos e saruês. Um tipo raro de pássaro, que recebeu o nome científico de Acrobartonis Fonsecae, jamais visto em outro lugar, foi catalogado no parque.”
    Qual a razão do pessoal do Floresta Viva não defender a Mata da Esperança?

    Carlos Mascarenhas

  2. Zelão diz: – Na alça de mira

    Definitivamente todos aqueles que “ousarem se interpor entre os interesses econômicos e a defesa do meio ambiente, serão mal vistos e combatidos.”

    Em um país onde por séculos foi adotada a política do “se extraindo tudo rende,” é uma luta desigual querer mudar conceitos tão arraigados. Não defendo indistintamente a todos os projetos “protecionistas ou preservacionistas”, bem como a todas as entidades a eles ligadas (no meio, deve sim existir os picaretas oportunistas). Porém, não acredito que todos, indistintamente, lutam por interesses pessoais dos seus dirigentes ou que buscam cinicamente impedir o desenvolvimento dos povos.

    A luta pela preservação dos recursos naturais é hoje aceita no mundo, como a única forma de preservar a vida das gerações futuras no planeta. É certo também que no afã de lutar pela preservação, existem exageros. No entanto, um equilíbrio entre os interesses haverá de existir.

    No tocante a instalação do projeto aeroportuário intermodal, no litoral norte de Ilhéus, exageros estão existindo de ambos os lados: – Não cremos que os benefícios sejam tão incomensuráveis que não se permita uma avaliação mais aprofundada, sobre os malefícios que poderá vir a causar ou se o preço a ser pago no futuro, compensará os decantados benefícios imediatistas.

    Equilíbrio deve ser a palavra chave e a tônica das ações que digam respeito à vida de muitos.

  3. Zelão : Luta pela preservação é uma coisa. Luta contra qualquer tipo de progresso em Ilhéus é outra bem diferente. Esse pessoal do floresta viva só quer saber do próprio bolso e pra eles quanto mais miséria mais facil pegar dinheiro federal para “projetos sociais ambientais”

  4. Essa é boa: o Pimenta está censurando e tesourando os comentários. Que bonito…

    Da Redação:
    Sr. “Jonas”, o blog é responsável pelos comentários que libera. Caso contenha palavras de baixo calão ou informações que não sejam comprovadas, o comentário não será publicado na íntegra. A regra é expressa e vale para qualquer blog ou site. Basta ter uma boa dose de bom senso para que seja publicado sem quaisquer alterações.

  5. Minha Gente
    È chegado o momento de muita reflexão!Os dois lados estão exagerando,os prós e contras. A decisão de construir uma obra desta razão já esta decidido a muito tempo, não adianta esbarvejar. Por outro lado temos que nos unir para exigir e fiscalizar que ela chegue com um minimo possivel de impactos e que sejam mais positivos.Afinal quem conhece o trecho que será ocupado sabe que esta antropizado.Portanto, vamos exigir medidas compensátórias e mitigadoras, mesmo que seja via judicial, mais continuar dando muro em ponta de faca só vai prejudicar a uma porção de cidadões que almeja por dias melhores.

  6. O Zelão ainda v~e muito romantismo nessa canhestra defesa ambiental do Floresta Viva. Teoricamente ele está certo, mas na prática a realidade é outra. Existtem ONGs sérias, mas a grande maioria está é de olho e foi criada com o simples objetivo de angariar recursos federais, estaduais e internacionais. Só isso. Faem um verdadeiro brain stormy para criar e propor os mais estapafúrdios projetos e as incautas instituições internacionais, ávidas por investirem em reparação nos males que causaram entram tamb´me na dança. É uma mão lavando a outra e um veio de riquezas e dinheiro fácil que a cada dia mais crescem e o principal interessado e necessitado de investimentos, o povo, que se lasque.

  7. Estamos próximos de um colapso nos recursos naturais. A própria TV que antes andava à caça de consumidores, agora está conclamando a população, desesperadamente a agir em defesa dos habitantes do Planeta.

    o mundo contemporâneo precisa redimencionar conceitos arraigados contra o desenvolvimento. Cuidar das pessoas é cuidar primeiro da educação das pessoas. ficam fazendo campanha pelo consumo de frutos do mar, mas que frutos, se o potencial piscoso está no fundo, o peixe “por hora da morte”, num oceano contaminado, onde baleias e golfinhos morrem intoxicados de lixo. O desenvolvimento hoje tem que ser bem planejado, fundamentado na sustentabilidade, do contrário a avareza desmedida engolirá tudo e todos.

  8. Zelão para Jonas Ribeiro:

    Voce parece ser uma pessoa inteligente e isso demonstra na defesa dos seus argumentos. No entanto, sinto, que a debalde da sua inteligência, está se deixando trair por alguma forma de “ódio” ou de repulsa e não diria que contra a causa ambientalista, mas, contra alguém que de alguma forma as defende.

    Renovo o apelo que fiz no comentário acima, no sentido de que seja buscado um equilíbrio e que o mesmo se entenda também nas discusões entre os prós e os contra.

  9. SOBRE ESTE ASSUNTO, HOUVE UMA AUDIENCIA NA Z-19 COM A APRESENTACAO DESSE PROJETO QUE AINDA ESTA EM ESTUDO , E FOI EXPLICADO QUE A PEDRA DE ILHEUS HE COMPROVADAMENTE UMA ZONA DE REPRODUCAO DO MERO CANAPU.
    A IDEIA HE INTERESSANTE, FOI COMPREENDIDA POR TODOS, E FOI CONSENSO QUE ALGUMA COISA TEM DE SER FEITO, A PESCA SUBMARINA QUASE ACABOU COM TUDO.
    DEVE TRAZER MAIS ASPETOS POSITIVOS QUE NEGATIVOS, E SOBRE SE VAI HAVER FISCALIZACAO, TAMBEM NAO ACREDITO, POIS TUDO QUE O PODER PUBLICO DEVERIA FAZER , NAO O FAZ OU FAZ MAL.SOU PESCADOR ,E DAQUI A POUCO NAO TEM MAIS PEIXE PARA SE PESCAR.

  10. Olá, olá… Sr Carlos Dementer, creio que deveria participar de umas das reuniões de consulta publica, realizada pelo projeto, pra não difundir idéias erradas como esta: ” Explicando:

    Se esta medida for aprovada, este parque ficará entre três portos:

    – O porto atual; [MENTIRA]

    – O Porto Pesqueiro que ficará na baía do Pontal; [MAIS UMA MENTIRA, que coisa hein?] e

    – O Futuro Porto Sul. [Oh God, vai deixar de ser parque marinho e virar diversão neh?]”

    Só a titulo de informação:
    1. É proibido a pesca em toda area a menos de 1 km da costa, CONFORME O ART. 7 DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 14 DE 14 DE OUTUBRO DE 2004 DO IBAMA.

    2. Vale ressaltar que o local que o projeto propõe, como area prioritaria para preservaçao, é somente entorno da PEDRA DE ILHÉUS. O que o projeto propoe é a devida dermacação para que haja a devida fiscalização.

    2.2 Alguns setores da comunidade ilheense propuseram a criação de uma Unidade de Conservação Marinha para proteger o local. Resultou na LEI MUNICIPAL Nº 3.212 DE 30 DE JANEIRO DE 2006 QUE CRIA UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA EM ILHÉUS.

    3. Foram realizadas, desde abril de 2008, pesquisas na Pedra de Ilhéus e entrevistas com pescadores, com o intuito de levantar as informações necessárias para minimizar conflitos entre os usos tradicionais – pesca de linha (artesanal e esportiva), pesca de arrasto, caça submarina e trânsito de pequenas embarcações e navios de cruzeiros ou de carga – que acontecem na área do parque marinho.

    3.2 Além disso, foram efetuados os seguintes trabalhos: monitoramento dos usos do mar, mapeamento do fundo marinho, levantamento de comunidade de peixes recifais, demarcação dos locais de agregação reprodutiva do mero-canapu e, por fim, delimitação das áreas prioritárias.

    POR FIM, CONVIDO OS DEMAIS INTERESSADOS PARA PARTICIPAR DA PRÓXIMA CONSULTA PUBLICA QUE SERÁ REALIZADA NA Z-34 NO DIA 26/10. NO MÁXIMO SAIREMOS DE LÁ COM A ACEITAÇÃO OU NÃO DA POPULAÇÃO. NO MINIMO, CONHECERÃo COMO SE FAZ UM PROJETO VISANDO, REALMENTE, UM PLANEJAMENTO DEMOCRATICO*.

    * p.s: se prestarem atenção o projeto do Porto Sul até hoje nao foi devidamente exposto à população, nem tal projeto nem tais estudos de impactos ambientais e socias.

    FICA A DICA!!

  11. O meu medo é que Antonio Olimpio e Ruy Rocha consigam criar este Parque Marinho e depois o transformem num Estado independente, quem sabe um Principado. Teremos então o Principado da Pedra de Ilhéus, com Antonio Olimpio como Principe Mor e Ruy como Principe Adjunto.
    Com tanta coisa importante para ser feita objetivando a defesa do Meio Ambiente na nossa Cidade e estes dois Senhores ficam preocupados com monstros marinhos…
    O pior é que ainda tem a Princeza Kalline para apoiá-los.

    Observador

  12. As Ong,s em nosso país estão todas desacreditas!!!!! sou a favor da CPI das Ong,s!!!!! os recursos tem que ser fiscalizado para ser bem aplicados.

  13. Acho debates interessantes só que todos os Projetos tem um mesmo fim! Eles conseguem ser aprovados e as obras também. Então devemos debater para que possamos extrair o máximo de contrapartida do governo em projetos socio-ambientais, sociais, sustentáveis etc.

  14. Prezados Senhores, há alguns dias foi veiculada neste site uma matéria envolvendo meu nome. Gostaria agora de ter meu direito de resposta.

    Inicialmente, peço licença para me apresentar. Sou formado em Oceanologia pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande (1989), tenho mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (1997) e doutorado em Meio Ambiente pela Universidad de Las Palmas de Gran Canaria, Espanha (2004). Atualmente sou professor adjunto da Universidade Estadual de Santa Cruz. Tenho experiência na área de geoprocessamento aplicado à gestão de recursos marinhos, com ênfase em monitoramento planejamento e manejo de Unidades de Conservação Marinhas. Atuo principalmente nos seguintes temas: geoprocessamento e sensoriamento remoto, planejamento ambiental, conservação da biodiversidade marinha, Unidades de Conservação Marinhas e monitoramento da biodiversidade. Sempre me interessei por parques e reservas marinhas. Trabalhei durante 5 anos como Oceanógrafo na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo. Este foi o tema de minha dissertação de mestrado. Em minha tese de doutorado, realizei os estudos para criação da Reserva da Isla de Lobos, em Fuerteventura, Ilhas Canarias, Espanha.

    Concursado aqui na UESC desde 2005, fiquei sabendo há cerca de dois anos da iniciativa da Secretaria de Meio Ambiente e da Câmara de Vereadores de Ilhéus para criação do Parque Marinho da Pedra de Ilhéus. A idéia foi concretizada com a publicação da Lei Municipal 3212 de 30/01/06, que transforma os ilhotes em frente à Praia da Avenida em um Parque Municipal. Em se tratando de um assunto de meu interesse, montei um projeto para apoiar o poder público municipal no processo de criação do parque. Seu principal objetivo de preservação é o mero-canapu, espécie ameaçada, cuja população em nossa costa sofreu um grande declínio nas últimas décadas, devido à pesca predatória (caça submarina), além do aterro e degradação dos mangues.

    O canapu é uma espécie que necessita viver em mangues durante sua fase juvenil, passa a habitar a plataforma continental durante a vida adulta e se reúne em recifes próximos a mangues para a reprodução. Um desses recifes é justamente a Pedra de Ilhéus, onde a espécie foi intensamente capturada por caçadores submarinos desde a década de 70 até hoje. Além do canapu, varias outras espécies de peixes de pedra possuem estratégias de vida parecidas. Acreditamos, assim, que com a preservação do habitat de reprodução do mero, estaremos criando refúgio para outras espécies de interesse comercial, como vermelhos e badejos, que irão colonizar áreas próximas ao parque onde poderão ser pescadas. A criação de parques e reservas marinhas é considerada em todo o mundo a estratégia mais eficaz de gestão de recursos marinhos, para garantir a manutenção de estoques pesqueiros. No Brasil há alguns exemplos, como o da APA da Costa dos Corais em Alagoas e Pernambuco e a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo em Santa Catarina. Isso sem falar de Fernando de Noronha e Abrolhos, que, além de serem parques marinhos, são motivos de orgulho para todos os brasileiros. Será que todos esses exemplos são contrários ao desenvolvimento? O desenvolvimento somente é possível pela destruição de recursos naturais? Quem vai falar para nossos filhos e netos que eles não terão o direito de pescar porque seus pais e avós já pescaram tudo?

    Um exemplo que deveria ser seguido vem de Porto Seguro. Lá o município criou o Parque Municipal Marinho do Recife de Fora, sobre um recife de coral situado a cerca de 5 milhas da costa. No ano passado, o parque foi visitado por 25 mil pessoas. Cada visitante pagou R$ 40,00 pela visita, sendo que R$ 10,00 é a entrada no parque e R$ 30,00 é o valor do passeio de escuna. Isso significa que a Prefeitura de Porto Seguro arrecadou R$ 250.000,00 só no ano passado com o parque. Alem disso, é preciso lembrar que os visitantes movimentam o comercio local gastando com pousadas, restaurantes, lembrancinhas, etc. Será que esses recursos não trouxeram desenvolvimento para a cidade?

    Por outro lado, durante o verão aqui em Ilhéus, assistimos a chegada de pelo menos 4 navios de cruzeiro a cada semana. Cada navio traz cerca de 2000 pessoas, que desembarcam para passar o dia na cidade e, simplesmente, não tem praticamente nada o que fazer. Eles têm poucas opções para deixar seu dinheiro aqui, além do chocolate caseiro e das lembrancinhas, muitas das quais iguais as de Salvador. Será que alguns desses turistas não teriam interesse em passar parte do dia mergulhando na Pedra de Ilhéus? Ainda mais se, em um futuro próximo, alguns pudessem tirar fotos de um mero-canapu de 250 Kg? A Prefeitura de Ilhéus não arrecadaria com a cobrança de entradas no parque? Isso não geraria emprego e renda para a população de Ilhéus? Esse emprego e renda não gerariam desenvolvimento? É claro que não esperamos um volume de visitação semelhante ao do Recife de Fora, pois a Pedra de Ilhéus será um parque exclusivo para o mergulho. Quem quiser visitá-lo deverá saber mergulhar, o que irá reduzir bastante a procura. Porém, o mergulho foi um dos esportes que mais cresceu nas últimas décadas. E, além da Pedra de Ilhéus, há inúmeros recifes inexplorados próximos a costa do município, que poderão colocar Ilhéus na rota nacional do mergulho, caso haja uma estratégia de marketing eficiente.

    Gostaria agora de falar um pouco de nosso projeto. A proposta é uma iniciativa da UESC. Conseguimos levantar junto à FAPESB, SOS Mata Atlântica e Fundação O Boticário os recursos necessários para desenvolver um estudo aprofundado. O Instituto Floresta Viva foi escolhida para administrar os recursos do projeto, por ter experiência nesse tipo de serviço e por ter um termo de cooperação técnica firmado com a UESC. Antes que sejam levantadas dúvidas quanto ao uso desses recursos, posso assegurar que meu salário é pago somente pela universidade e que todos os relatórios técnicos e prestações de contas foram devidamente aprovados por nossos patrocinadores. Além disso, as contas estão à disposição para quem quiser verificar onde o dinheiro foi gasto.

    O principal objetivo do projeto era identificar possíveis conflitos advindos da implantação do parque, de maneira a avaliar a viabilidade de sua criação. Para identificar os conflitos, passamos um ano monitorando os usos da área (pesca artesanal e esportiva, caça submarina, trânsito de barcos e navios de cruzeiro, etc). Esse trabalho foi feito com 2 teodolitos, manejados por alunos de graduação e mestrado da UESC, que aplicaram uma técnica de posicionamento remoto chamada intersecção avante. Muitos dos alunos do Piedade devem lembrar de quando passávamos 4 horas por semana monitorando. O resultado desse esforço foi uma série de mapas de usos do mar. Além disso, foi preciso delimitar as áreas prioritárias para a preservação. Isso foi feito com o mapeamento dos locais de reprodução do canapu, censos de peixes recifais que habitam a área e o mapeamento da Instrução Normativa 14 do MMA de 14/10/2004, que proíbe o arrasto de camarão a menos de 1 Km da costa. Por meio da sobreposição entre os mapas das áreas prioritárias para conservação e os mapas de uso, foi possível identificar os conflitos.

    Além disso, foi realizado um levantamento socioeconômico da pesca artesanal em 4 comunidades pesqueiras de Ilhéus. Por meio desse trabalho foi possível verificar que a grande maioria dos pescadores artesanais não pescam na Pedra de Ilhéus. Eles preferem a quebra da plataforma ou o Banco Royal Charlotte, onde o rendimento é maior.

    Somente alguns pescadores que saem da Prainha do Malhado estão restritos àquela área, pois navegam em embarcações a vela ou a remo. Porém, muitos dos pescadores da Prainha não vivem exclusivamente da pesca. A pesca de arrasto, como já foi dito, é proibida a menos de 1 Km da costa. Assim, um dos maiores usos do lugar é a caça submarina, que acontece somente durante o verão.
    Com as informações obtidas pelo projeto, estamos propondo em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente de Ilhéus, a delimitação do parque.

    Esta proposta está passando por processo de consulta pública, de modo a assegurar que a tomada de decisão seja o mais democrática possível. Estamos realizando uma série de reuniões para apresentar os resultados do projeto, discutir o parque e acolher propostas. Os editores do blog Pimenta na Muqueca foram convidados a participar de pelo menos um destes fóruns, porém preferiram não contribuir com sua presença. Após as reuniões, todos os resultados do projeto, incluindo os mapas gerados, serão divulgados na internet.

    Para finalizar, gostaria de comentar a sugestão publicada no blog Pimenta na Muqueca, de realizar um projeto para encontrar soluções para o desaparecimento do pitu, que vem preocupando os pescadores artesanais do Salobrinho. Agradeço a esse veículo de comunicação por lembrar-nos de um exemplo tão claro do uso inadequado dos recursos naturais, que praticamente resultaram no desaparecimento do pitu no Rio Cachoeira. No entanto, não me parece necessário realizar um projeto de pesquisa para isso, pois todos sabemos o motivo pelo qual esse processo vem acontecendo. O pitu é uma espécie extremamente exigente em relação ao oxigênio dissolvido na água. Ele não tem como viver em um rio cuja água praticamente não corre em tempos de seca e cujo leito vem sendo usado como esgoto por todas as cidades que atravessa, sem esquecer a Universidade onde trabalho. Para que volte a ter pitu no Cachoeira é preciso recuperar a sua saúde. Isso só pode ser feito com saneamento básico de todas as cidades banhadas por ele e com o replantio da mata ciliar em toda a sua extensão. Tenho certeza que a UESC seria parceira de um projeto como esse. Porém, saneamento básico é obrigação do estado. Essa incumbência é do governo do estado e da Embasa. Mesmo um projeto de criação de larvas em cativeiro e repovoamento, estaria fadado ao fracasso caso as condições ambientais do rio continuem adversas. Recuperar o rio é um projeto de alguns milhões de reais. Não é com os minguados recursos que conseguimos levantar para execução do projeto na Pedra de Ilhéus que iremos realizar isso.

    Gostaria ainda de dizer que estou com a consciência limpa, certo de estar cumprindo com minhas atribuições de professor e pesquisador de uma instituição pública de ensino superior. Por meio deste projeto, a UESC está saindo das salas de aula para levantar conhecimento sobre o seu entorno. Estamos levando esse conhecimento à sociedade e estamos dando a ela a oportunidade de opinar. Meus alunos e eu temos experimentado uma oportunidade impar de aprender com esse processo. E, por isso agradeço a todos que têm contribuído. Inclusive aos que se contrapõem com críticas, questionamentos e palavras de desânimo. Esta é a única maneira que temos para exercer nossa cidadania. Muito obrigado.

    Dr. Gil Marcelo Reuss
    Professor DCAA–UESC

  15. Obrigado, prof. Gil, por responder ao Pimenta na Muqueca.

    Nós do Instituto Floresta Viva nos orgulhamos de apoiar o seu projeto.

    Aos que gostariam de conhecer mais este e outros projetos do instituto, estamos a inteira disposição de todos.

    Atenciosamente,

    Rui Rocha

    Da Redação: Sr. Rui, o professor respondeu ao autor do artigo. O Pimenta fomenta o debate e abre espaço a quem deseja expor suas ideias. Abraços,

  16. Parabens pela resposta Gil. Quanto ao Pitu, bem alem de tudo que já foi alegado, não cabe a um unico professor resolver os problemas do mundo, mas não é por que não pode resolver os problemas do pitu que vai-se largar o resto. Já pensou se fosse assim? ah não posso resolver o problema do pitu então vou deixar o melro, o mico leão, a onça pintada, e todo o resto.

  17. Dizer mais o quê? O professor Gil já disse tudo. Parabéns pela resposta!

    Ontem, participando de um mini curso sobre Urbanização e produção de cidades, no X Encontro de Geografia da UESC, falávamos com o professor Jânio Laurentino (UESB) sobre a cidade de Ilhéus. Quando perguntado de quem era a hegemonia (econômica)da Microrregião Ilhéus-Itabuna, sem titubear ele respondeu: “Itabuna. Devido ao poder de atração de empresas e investimentos que a cidade conseguiu pós crise do cacau em relação a Ilhéus. Mas não podemos desconsiderar uma cidade do porte de Ilhéus, que tem no Turismo seu ponto forte, mas cidades que tem como base o Turismo, tem seus altos e baixos, não mantendo uma constante, e Itabuna se consolida por ter uma base econômica forte no setor secundário e terciário.”

    Vira e mexe, eu comparo ILhéus a outros municípios litorâneos e vejo como a cidade se encontra “anos-luz” atrás, devido a mentes retrógradas que por exemplo querem impedir ou se opõe a criação, falando sobre o assunto sem conhecimento de causa. A criação de um Parque Marinho na cidade, que seria uma boa alternativa à sua base econômica (turismo), que a cada alta temporada que passa, perde espaço para as vizinhas Canavieiras e principalmente Itacaré. Ilhéus tem muito a crescer ainda e não se pode deixar que mentes retrógradas a atrapalhe.

    Encerro dizendo que: Se Itabuna fosse uma cidade litorânea, e houvesse um projeto idêntico a esse de Ilhéus, com certeza aqui não se encontraria obstáculos, porque antes de mais nada vem o avanço da minha cidade. Ilhéus perde investimentos para nós, devido a esse tipo de “frescura”, como pode ocorrer no caso do heliporto, e como ocorreu na criação do Shopping em Itabuna em 2000.

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